Seleção da França: os 11 carros mais marcantes já feitos naquele país
Muita gente duvida das habilidades do país quando o tema é automóvel, mas os franceses já produziram craques e marcaram golaços também no mundo dos carros
Muita gente duvida das habilidades do país quando o tema é automóvel, mas os franceses já produziram craques e marcaram golaços também no mundo dos carros
Enquanto todo o planeta saúda o futebol da França, que sagrou-se bicampeã mundial no último domingo, parte das pessoas, em especial os brasileiros, não dão o devido reconhecimento à indústria local. Algo muito injusto: o país é um dos berços do automóvel, junto com a Alemanha, e, assim como “les bléus” construíram uma campanha sólida na Copa do Mundo e Mbappé fez por merecer o prêmio de jogador revelação do torneio, os fabricantes de veículos de lá já marcaram vários golaços, inclusive nas pistas de corrida. Duvida? Pois o AutoPapo escalou um escrete com os 11 carros franceses mais marcantes da história. Confira:
Franceses e estadunidenses inventaram praticamente juntos o segmento de monovolumes para a família: em 1984, a Chrysler lançava na América do Norte a dupla Dodge Caravan e Plymouth Voyager, enquanto a Renault colocava à venda na Europa o Espace. Práticos e familiares por natureza, esses veículos eram, naquele momento, únicos e originais.
Precursor de um nova categoria, o modelo fazia jus ao nome e tinha como principal atrativo o interior espaçoso, que proporcionava ao mesmo tempo conforto para os ocupantes e versatilidade para transportar bagagens. O veículo continua sendo produzido e, atualmente, está na quinta geração.
Assim como o Peugeot 203, o Citroën 2 CV (Deux Chevaux) tinha proposta simples e popular: era uma alternativa barata e robusta para permitir a locomoção dos franceses após o maior conflito armado da história da humanidade. Logo foi aclamado pelo público, tanto nas grandes cidades quanto no campo, onde foi utilizado para desempenhar tarefas incomuns, como puxar arados.
Sua qualidade mais apreciada era a suspensão independente nas quatro rodas com internonecções por meio de fluido: dizia-se que o rodar, de tão confortável, permitia que ele circulasse por áreas agrícolas com um cesto de ovos a bordo sem que nenhum deles se quebrasse. O motor, de apenas dois cilindros, era modesto em desempenho, mas, por outro lado, permitia grande economia de combustível. A produção, iniciada em 1948, só foi encerrada em 1990!
Já ouviu falar que a Citroën tem fama de produzir carros com ótima estabilidade? Pois isso começou com o Traction Avant, que, como o próprio nome diz, tinha tração dianteira. Foi um dos primeiros automóveis que se tem notícia a adotar essa solução. A suspensão, que era do tipo independente na dianteira, era um dos segredos do bom comportamento em curvas; esse tipo de arquitetura, comum atualmente, era avançadíssima em 1934, quando as vendas começaram.
Não era só na mecânica que o sedã francês saía do lugar comum: a construção também era revolucionária, com uma carroceria do tipo monobloco, e não apoiada sobre chassis como se usava na época. De fato, era um modelo tão inovador que, mesmo em 1957, quando saiu de linha, ainda não parecia estar ultrapassado.
Ao contrário de outros modelos citados aqui, o 203 não conquistou sua fama devido a esportividade, exclusividade ou inovações. Seu lugar na história é garantido justamente por questões radicalmente opostas: simplicidade, confiabilidade e acessibilidade. O primeiro carro lançado pela Peugeot após a Segunda Guerra Mundial, em 1948, tinha proposta acessível e foi fundamental para remotorizar o país, então arrasado pelo conflito.
O modelo fez tanto sucesso que deu origem a uma série de derivados (perua, furgão, cupê, conversível), que foram os únicos produtos a compor a gama do fabricante francês entre 1949 e 1955. A produção durou 12 anos sem grandes mudanças, período durante o qual o 203 chegou à marca de quase 700 mil unidades comercializadas.
Eis aqui o produto mais sofisticado e luxuoso que a indústria automobilística francesa produziu durante os anos 50 e parte dos 60. Um de seus itens mais avançados era a suspensão hidropneumática, que proporcionava rodar seguro e confortável, além de permitir ao motorista regular a altura em relação ao solo.
Esses recursos, associados à lista de equipamentos e o bom acabamento, fizeram com que o DS desempenhasse até o papel de carro presidencial na França. Como se isso não bastasse, o design fluido e limpo recebeu vários prêmios: há unidades espalhadas em museus dedicados a esse tema em diferentes países do mundo. O reconhecimento é tanto que, hoje, a DS é uma submarca do grupo PSA (Peugeot-Citroën).
Outro Citroën que se destacou pela tecnologia embarcada e pelo design ousado e original dentro e fora da França, o SM adotou alguns recursos que, em 1970, ano em que foi lançado, pareciam coisa de ficção científica. Entre os equipamentos, havia direção hidráulica do tipo progressiva e faróis direcionais, que não utilizavam recursos eletrônicos, ainda indisponíveis na época.
Com uma carroceria do tipo cupê, o modelo procurava oferecer luxo e conforto sem abrir mão de um bom desempenho. Por isso, era equipado com motores V6 2.7 e 3.0, capaz de dar a ele uma performance compatível com a de automóveis de marcas conhecidas por fabricar veículos mais luxuosos, como Mercedes-Benz, BMW e Jaguar.
Um modelo considerado o melhor hot-hatch de todos os tempos: esse é o Peugeot 205 GTI, que recebeu esse título em uma eleição feita pelos sites britânicos AutoCar e PistonHeads.com, em 2016, com o apoio da fabricante de pneus Landsail Tyres e a participação de renomados jornalistas da área automotiva. Precisa dizer algo mais?
Talvez não, mas vale lembrar os motivos que levaram o compacto francês a se tornar tão icônico: lançado em 1984, trazia dirigibilidade melhorada em relação às versões convencionais e um motor 1.6 de entusiasmantes (para a época) 105 cv. Era o bastante para rivalizar de igual para igual com o Golf GTI de geração equivalente, mas o fabricante queria mais e, em 1986, ele era disponibilizado também com um propulsor 1.9 de 130 cv, que o tornou imbatível em sua categoria.
Esse não é bonito, ok, mas é craque de grande habilidade entre os destaques da França. Afinal, trata-se de um hot-hatch desenvolvido prioritariamente para as pistas de rali. É que, na década de 80, fazia parte da categoria o chamado Grupo B, formado por carros fortemente preparados, mas que, por força do regulamento, tinham que ter um número mínimo de unidades produzidas.
Interessada na publicidade resultante das vitórias nas pistas, e Renault pegou seu hatch popular, o despretensioso R5, e aplicou-lhe mudanças extensas. O motor migrou da dianteira para a parte central-traseira da carroceria (em consequência, o esportivo tinha só os dois bancos dianteiros) e ganhou um turbo. As suspensões também foram reprojetadas e a tração passou a ser traseira. O resultado era um dos carros eurupeus mais velozes do início daquela década.
A Renault repetiu a receita aplicada ao R5 GT no Clio: o motor dianteiro dava lugar a outro mais potente, instalado em posição central-traseira, ocupando o espaço do banco posterior. Danem-se os passageiros: o que importa é o desempenho, assegurado por um propulsor 3.0 V6 que, nas versões mais potentes, chegava a 255 cv, um número insano quando obtido em um hatch compacto bastante leve.
Ao contrário do R5 GT, o Clio V6 não foi desenvolvido para disputar competições. Era simplesmente o ápice da esportividade em um modelo que já havia tido outras versões “quantes”, como a RS e a Williams. Era também um resgate ao passado, que resultou em um hot-hatch exótico e desejado. O modelo foi produzido em pequena escala e teve duas séries: a primeira foi de 2001 a 2003, e a segunda, de 2003 a 2005.
A Alpine é uma marca pertencente ao grupo Renault, que produziu um dos esportivos europeus mais fantásticos dos anos 60: o A 108. Seu motor de quatro cilindros, por si só, não era um supra-sumo em desempenho, mas sobrava para a carroceria leve e compacta do modelo, cujo peso era de cerca de 800 kg.
A fama doi carrinho é decorrente não apenas da beleza e do comportamento dinâmico, mas também pelos triunfos nas pistas de rali. Detalhe interessante: ele foi produzido sob licença no Brasil pela Willys Overland, que o rebatizou de Interlagos. De tão célebre, ganhou uma versão atualizada, batizada de A 110, que será vendida no velho continente ainda neste ano.
O sucessor do A110 tinha a mesma fórmula básica: esportivo, pequeno e leve, mas acrescentava potência a fórmula. O motor mais potente disponível para ele, um V6 2.7, era capaz de levá-lo a aproximadamente 220 km/h, número impressionante para os parâmetros dos anos 70, quando o modelo foi lançado.
A carroceria mais retilínea tinha linhas típicas da época, que muitos não consideravam tão harmoniosas quanto as do modelo anterior. De qualquer modo, o novo design deixou o visual mais agressivo. O A 310 também foi amplamente utilizado em ralis e obteve êxito especialmente em provas realizadas na França.
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O brasileiro comum não costuma conhecer história e isso vale, naturalmente, para o caso do mundo dos automóveis, uma indústria que praticamente nasceu na França, que em 1910 concentrava quase a metade dos fabricantes europeus. Os fabricantes franceses criaram muita coisa na indústria automotiva, como a caixa de mudanças (Renault 1898), motor V8 (Levasseur, 1910), veículos tração dianteira, monobloco e suspensões independentes (Citroën – 1934), suspensão hirdropneumática (Citroën – 1955) e por aí vai. Nos anos 50, a Michelin criou os pneus radiais, de sucesso mundial a partir de então. Na Formula 1 moderna, foram os primeiros a usar os motores turbo, comando pneumático da distribuição, depois comando eletrônico da distribuição, motores V10 etc. E ainda tem gente que desconhece tudo isso e desfaz da tecnologia automotiva francesa… Aproveito para lembrar que a bateria, o efeito fotovoltaico também foram desenvolvimentos franceses.
Bela reportagem. Pena que hoje estamos vivendo a mesma mesmice. O zé povinho só quer saber de SUV que são caminhonetes cheias de vidros escuros.
São muito bons, os carros franceses, clássicos , classe, bom desenho.
Sou fã dos carros franceses, desde a minha infância/juventude meu maior desejo era ter o Citroen Tractio Avant, preto, eu era fã também do 2CV
Excelente reportam. Historica, ilustrativa e justa com a indústria automobilística francesa. Parabéns