Stellantis: tudo sobre a fusão de Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën
A fusão das marcas já é real, mas, na prática, o que isso significará para o consumidor? Teremos Peugeot com motor Fiat?
A fusão das marcas já é real, mas, na prática, o que isso significará para o consumidor? Teremos Peugeot com motor Fiat?
Quarto maior grupo automotivo do planeta, a Stellantis acaba de se tornar realidade na prática. A fusão entre FCA – Fiat Chrysler Automóveis e PSA Groupe (dona de Peugeot e Citroën) acaba de ser formalizada e aprovada pelos acionistas. Sites e e-mails corporativos das empresas já migram para o novo nome, cuja origem vem stello – algo como “iluminar com estrelas” em latim.
Mas o que essa união significa e no que vai resultar? AutoPapo resolveu iluminar – com estrelas ou não – o presente e o futuro desta fusão para você. Veja 10 fatos sobre a Stellantis, desde quais marcas ela vai reunir, que projetos em conjunto já podemos imaginar e como serão as operações, inclusive no Brasil.
É a fusão da FCA – Fiat Chrysler Automóveis com o PSA Groupe, que resulta em um gigante automotivo já sob o posto de quarto maior produtor de veículos do mundo. Em 2019, as duas obtiveram lucro operacional de 12 bilhões de euros.
Com 14 marcas distintas e sede em Amsterdã, na Holanda, o grupo atua em mais de 130 países, tem fábrica em pelo menos 30 deles e reúne cerca de 400 mil funcionários. No Brasil são quatro unidades: em Betim (MG), Campo Largo (PR) Goiana (PE), da parte da FCA, e Porto Real (RJ) da parte da PSA.
Na Argentina, ainda há linhas de produção em Córdoba e El Palomar, esta na Grande Buenos Aires. A capacidade total de produção no Mercosul é de 1,7 milhão de unidades/ano.
Preste atenção, para não se perder. São 13 marcas de automóveis diferentes. Do lado da FCA, Abarth, Alfa Romeo, Chrysler, Dodge, Fiat, Jeep, Lancia e Ram. Do lado francês, Citroën, DS, Opel, Peugeot e Vauxhall. Sem contar as divisões dos grupos automotivos, como Fiat Professional, Mopar, Peugeot Sport e Opel Performance, entre outras.
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Muitos caminhos foram percorridos – e se encontraram – antes de a Stellantis se formar. A PSA Peugeot Citroën nasceu em 1976, quando a marca do leão, que já tinha participação na compatriota, se tornou majoritária e assumiu o controle da empresa do deux chevron – quase 90%.
Mas, curiosamente, os destinos das marcas que hoje compõem a Stellantis se cruzaram em diferentes momentos – e bem antes. O “encontro” mais inusitado: em 1979 a PSA comprou as operações europeias da Chrysler – porém se deu mal e só teve prejuízo.
Depois de parcerias internacionais com Toyota (107, C1 e Aygo) e Mitsubishi (4007, C-Cross e Outlander), a francesa se encontraria com outra marca da Stellantis, só que desta vez a Fiat. Nos anos 2000, uma parceria com a Iveco iniciou a produção das linhas comerciais de vans e furgões. Da fábrica de Sete Lagoas (MG), saíram Peugeot Boxster, Citroën Jumper, Fiat Ducato e Iveco Daily.
Em março de 2017, a fabricante francesa, então, fez uma ofensiva forte na Europa. Comprou, à General Motors, a Opel e sua subsidiária britânica Vauxhall, se transformando em PSA Groupe, dona destas operações e que já incluía a DS – divisão de luxo da Citroën, transformada em marca própria.
Na parte da italiana, tudo começou a se formar no início da década de 2010. A Chrysler estava muito mal das rodas, o casamento com a Daimler (dona da Mercedes) tinha chegado ao fim em 2007 e a fabricante (dona de Dodge, Jeep e Ram) foi à falência após a crise financeira de 2008.
Em 2010, teve início, então, uma parceria com o Grupo Fiat, que resultou em produtos como o Freemont, a versão da marca italiana para o Dodge Journey. Depois, adquiriu 60% da estadunidense. Em 2014, a italiana concluiu o processo de compra do Grupo Chrysler e se tornou um gigante automotivo por meio da FCA.
Quer mais uma curiosidade de caminhos cruzados? A Fiat pegou um passivo da Chrysler aqui no Brasil anos antes de se imaginar qualquer coisa parecida com a FCA. Em 2008, a marca europeia adquiriu a fábrica de motores da Tritec, em Campo Largo (PR), que por alguns anos produziu motores para a americana e para a BMW.
Com base nos números de 2019, as duas empresas, somadas, venderam 8 milhões de carros. No ano passado, atípico devido à pandemia do novo coronavírus, foram mais de 6,8 milhões de unidades no planeta.
No Brasil, porém, são apenas cinco marcas em operação, de fato: Citroën, Fiat, Jeep, Peugeot e Ram. Segundo dados de emplacamentos da Fenabrave em 2020, foram quase 298 mil unidades, só que a esmagadora maioria da FCA: 276.017 (92%), contra 21.882 das francesas.
Antes de mais nada, os carros da Alfa Romeo. Se trouxer só o Giulia normal e sua variante esportiva Quadrifoglio – com seu V6 biturbo de 510 cv e 62 kgfm -, já nos damos por satisfeitos. Mas a Fiat só fica na promessa de voltar a trazer os belíssimos carros da marca italiana, que já teve produção aqui (o sedã 2300, projeto FNM) e importação entre os anos 1990 e 2000.
Mas para não nos acusarem de elitistas ou de só pensarmos grande, pois bem, tem carros legais da Opel que poderiam vir para cá. Que tal o Corsinha voltar, só que bem mais moderno e em uma geração com desenho bastante arrojado? Ou mesmo o Astra, para tentar reacender o quase morto segmento de hatches médios?
Tem mais. A DS, que já foi vendida aqui, poderia retornar com seus SUVs de luxo da gama Crossback (DS3 e DS7). Ou mesmo com o imponente sedã DS9. De repente, a parceria pode facilitar a produção/venda aqui de modelos como o Panda ou o novo Tipo, ambos da Fiat, ou mesmo a simpática linha Ypsilon, da Lancia.
Toda parceria dessa natureza busca principalmente diluir custos com o compartilhamento de projetos. O CEO da Stellantis, Carlos Tavares (oriundo do lado PSA da aliança), já avisou que o foco é reduzir em cerca de 40% os gastos por meio da sinergia de plataforma e em desenvolvimento de novos produtos.
Isso, obviamente, começará de fato a médio prazo, já que os próximos lançamentos foram pensados antes de qualquer fusão. De qualquer maneira, pense em novas gerações do 208 e do Corsa que servirão a futuros compactos da Fiat. Ou mesmo em renovações dos Jeep Renegade e Compass que darão base a novos Cactus, 2008 e 3008.
Com três fábricas no Brasil (Porto Real, Betim e Goiana), e duas na Argentina, a sinergia é certa. A Stellantis já até confirmou o primeiro lançamento de produto para o segundo semestre, o novo C3 “altinho”, baseado no modelo indiano e feito sobre uma plataforma simplificada da modular CMP, que deu origem ao novo 208.
Esse carro será lançado em outubro e é projeto de três anos atrás, claro, mas pode cair como uma luva para a Fiat ter um compacto para ficar abaixo do Argo e substituir o Uno.
Ou mesmo um crossover menor que o futuro SUV baseado no hatch – lembrando que, na programação da Citroën, teremos um jipinho do C3, em 2022, inspirado no XR chinês, além de um sedã.
Na outra direção, a PSA do Brasil já estuda usar os novos motores flex turbinados da parceira, aqueles que vão equipar Toro, Renegade, Compass este ano, e Argo e Cronos no início de 2022. Lembre que Peugeot e Citroën reduziram o uso do veterano THP nas linhas – o novo 208 só veio com o velho 1.6 aspirado.
Como dito, o ganho para a Peugeot e Citroën pode ser em termos mecânicos. Sem previsão de investimentos em novos motores, as marcas francesas devem se valer da nova gama turboflex que está para chegar. Ao mesmo tempo, a Stellantis pode ajudar a emprestar uma fama de mecânica simples para os carros das duas, que sofrem com o estigma de pós-venda complicado.
Por outro lado, a Fiat poderia melhorar o acabamento e design de seus carros. Os modelos da marca italiana até evoluíram no trato na cabine – como Argo e Cronos -, mas merecem um toque de sofisticação peculiar às francesas. Sem falar que os carros da Peugeot e Citroën costumam abusar quando o assunto é desenho.
Esse já é um recurso muito utilizado por concessionários Peugeot e Citroën, e uma ótima forma de diluir custos operacionais. Funciona assim: na frente, os showroom separados das marcas. Nos fundos, a oficina compartilhada entre elas. A curto prazo, incluir Fiat e Jeep nesta lógica vai demorar, mas quando os modelos começarem a usar a mesma plataforma, será uma opção.
A PSA no Brasil passa por uma crise e um profundo processo de reestruturação há pelo menos cinco anos. A empresa fez mudanças na rede e no pós-venda, e investiu pesado em ações para desmistificar questões de manutenção. Mesmo assim, Peugeot e Citroën, juntas, fecharam 2020 com participação de pouco mais de 1% – A Fiat anotou 16,5% e a Jeep, 6,6%.
A fusão no Brasil pode ser, senão uma tábua de salvação para as francesas, uma aceleração e otimização de suas operações para voltar a operar no azul – e vender. Hoje, a Citroën, por exemplo, só tem um carro na vitrine, o C4 Cactus, apesar de a marca garantir que ainda saem unidades de C3 e Aircross de Porto Real (RJ).
A Stellantis pode não só diversificar o portfólio das duas marcas da PSA, como solucionar o problema da ociosidade da fábrica fluminense. Com capacidade para 250 mil veículos ano, produziu nem 10% disso no ano passado.
Fotos: Divulgação
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Boa tarde ! eu acho que essa fusão sera muito importante , para o mercado internacional , porque assim haverá troca de ideias , entre as montadoras , onde uma tem a funcionalidade melhor que a outra , e com isso quem sai ganhado e o consumidor final.
Eu para minha concepção acho que cada carro tem que utilizar peças e componentes genuínos pois já nasceram e foram projetados para esta finalidade. Tive um Nissan Kicks que apresentou problema no marcados de combustível e parou imediatamente na rodovia com combustível. Ao comentar com especialista no assunto o esclarecimento foi que a fusão com a Renault não foi bem sucedida por compartilharem as mesmas peças. Enfim sou do tempo de auto latina e sociedade complicado. Sempre uma marca quer levar vantagem sobre a outra.
Olá boa noite, me chamo Samuel Gonçalves, procuro uma oportunidade de emprego, moro em Betim e tenho interesse em trabalhar na Fiat, existe algum email que eu possa encaminhar meu currículo ? Agradeço desde e pela atenção.
A UNICA COISA q presta da stellantis é o softtouch (acabamento interno), o resto é uma M…..inclusive a mecânica.
Disse Tudo! Jeep… Peugeot… Citroen logo estarão decadentes igual os carros da jeep e Fiat! Uma alegria quando compra e uma maior quando vende! Sou dono de um compass 1.3 turbo (novo Marea)!
Que a fusão beneficie o Brasil com o melhor de cada linha e mais empregos. Não podemos mais perder fábricas de automóveis, empregos e subsidiárias.
Sempre fui apaixonado por automóveis, como muitos brasileiros. Toda mudança organizacional enfrenta resistências e expectativas. Tenho certeza que essa nova estrutura trará grandes benefícios para todos os envolvidos nos negócios, seja para os fabricantes, para as suas redes de distribuição e, também, para o consumidor final. Será questão de pouco tempo a adaptação aos novos tempos pós pandemia. SUCESSO A TODOS!
Se PSA tem participação de 1% no mercado de novos. Imagina a tristeza dos proprietários quando precisam vender seus usados das marcas. Essas marcas só servem pra quem desvalorização do patrimônio não significa nada. Tive um C3 2003 e na época não tive grandes problemas na revenda, mas na atualidade acredito que a realidade seja bem diferente.
Irei compartilhar sua reportagem pois acho muito relevante este conteúdo para meus seguidores, carro é um assunto masculino e feminino e para o engajamento isso é relevante. Parabens pela reportagem.
Olha, gente, eu não tenho nada contra carrps franceses mas, … eu gosto (gostava …) de Fiat ! Porque é duro, porque a caixa é encrenqueira, porque é espaçoso, porque é ‘italiani’, parente da Ferrari.
Tive Uno 1.6R, Tipo 1.6ie, Tipo Sedicivalvole (está com 197m Km), e demorei muuuito para ter um Marea Weekend Turbo, porque tem a mão da GM, q me desagrada. GM é ruim ? Não. Mas, não é Fiat ! Agora, comprei, usado, aquele q me parece ser o último Fiat: um Txinqüetxênto Abarth ! Essas fusões e compartilhamentos só funcionam na cabeça de gente que NÃO curte carros: os caras do dinheiro das empresas e essas oragas chamadas marqueteiros. Sou engenheiro mecânico por formação e aposto que, se entrevistados, meus pares, em qq dessas empresas, seriam contra esse juntamentos. A tal sinergia pode (bem fraquinho, ‘tá ?), pode favorecer o consumidor mas, para quem curte carro … De onde um aficcionado pode curtir um Lamborghini com motor … VW ?! Fala sério ! ISSO NÃO É um Lamborghini ! O motor, a mecânica, são a alma do carro !!! Imagina uma Ferrari com um motor V8 hemi … Fala sério !!! Está cada vez mais sem graça. Tristeza.
Bem assim, Ruy Jr.
Meu primeiro foi um Spazio, aí sim, era câmbio duro. A Elba 1.6ie último modelo completa muito boa. E a icônica Marea 2.4 20v HLX, carro espetacular. Fiat é Fiat. Paixão.
F.J.P.C. = FUJAM PARA AS COLINAS!
Essas fusões para o consumidor final é tipo… tanto faz se vc comprar um fiat ou Renault! A exemplo do passado com a fusão VW-Ford, espero que tenha o mesmo fim. Sobreviver um período de crise e depois cada pro seu lado.
Será que teria alguma possibilidade de continuidade do c4 lounge?
F.J.P.C. = FUJAM PARA AS COLINAS!
No caso esse Uno será um Uno sedã ? Qual motorização ?
Tio Binho o motor é V8 1.0 turbo, o melhor do mundo e de todos os tempos
Eu não posso reclamar das francesas da PSA, pois as tenho e nunca tive qualquer problema com os veículos, inclusive já morei em sítio e utilizava bem a estrada de terra e os carros franceses? Esses se comportaram muito bem! Por isso continuo fã deles. Infelizmente não posso dizer de outras marcas.
Eu também já estou no meu segundo Peugeot e estou plenamente satisfeito. Nunca tive problemas com nenhum deles. Agora já com Fox comprado zero só tive problemas.
Comprei um Peugeot 207 e estou muitíssimo satisfeito, carro completo e muito gostoso de andar
Estou amando meu Peugeot 207 2008.
Imagina se eles lançam o novo 206 com mecânica de Marea
Não tenho nada a reclamar dos carros da Peugeot. Foram ótimos e nunca tive problemas.
Sabendo usar… Até bomba aguenta kkkkkk