Teorias da conspiração automotivas: acredite, se quiser
Diante de várias alternativas para explicar um fenômeno, a mais simples é a mais certa; exceto para quem acredita em teorias da conspiração como essas
Diante de várias alternativas para explicar um fenômeno, a mais simples é a mais certa; exceto para quem acredita em teorias da conspiração como essas
Elvis Presley não morreu! As pirâmides foram construídas por alienígenas! Celso Portiolli foi responsável pelos ataques do 11 de setembro! Essas são algumas das teorias da conspiração mais loucas que existem por aí, mas não pense que a indústria automotiva está fora disso.
A indústria automotiva existe há mais de 100 anos e cresceu junto das facilidade das pessoas se comunicarem. Se antigamente essas teorias ficavam guardadas pelo individuo ou presa a uma roda de conversa, hoje são espalhadas aos quatro ventos pela internet. Separamos aqui as teorias da conspiração automotivas mais loucas que existe.
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Sempre que há uma alta no petróleo volta essa velha história. Pessoas reclamam do consumo dos carros, alguém aparece com um produto milagroso para seu carro fazer 80 km/l e outro sujeito desenterra a conspiração de que o inventor do carro movido a água foi assassinado.
Isso vem sempre acompanhado da justificativa de que essa invenção acabaria com a dependência do petróleo. A existência de um carro movido a água não é impossível: separando molécula de hidrogênio das duas de oxigênio você consegue ter um combustível para o motor ou para uma célula de combustível. Esse processo se chama eletrólise.
O grande porém nisso é que, para fazer a separação, você demanda de mais energia do que a necessária para queimar o hidrogênio, não é viável. É como derrubar uma árvore para fazer apenas um lápis. Existem até os famigerados geradores de hidrogênio que vendem por aí prometendo economizar combustível, mas isso é uma picaretagem e ainda traz risco de explosão.
Estudos de célula de combustível existem até hoje. A Toyota comercializa em algumas partes do mundo o Mirai, que é abastecido com hidrogênio. Já a Nissan e a Volkswagen estudam no Brasil o uso do etanol para fazer a eletrólise e usar o hidrogênio tirado do nosso combustível vegetal para gerar energia.
O engenheiro e inventor britânico Colin Chapman, fundador da Lotus, foi um dos mais importantes do automobilismo. Ele tinha a máxima “simplifique e adicione leveza”, pois um carro mais leve consegue bom desempenho sem precisar de um motor grande e também é ágil nas curvas.
Seus projetos sempre conseguiam bons resultados nas pistas: Jim Clark quase conseguiu a primeira vitória da Lotus na Fórmula 1, os brasileiros Ayrton Senna e Emmerson Fittipaldi conseguiram várias vitórias pilotando os monopostos projetados por Chapman.
O engenheiro morreu jovem, aos 54 anos, a causa oficial foi um araque cardíaco. Mas as teorias da conspiração dizem que Colin Chapman não morreu em dezembro de 1982 e sim que ele forjou sua morte.
A desconfiança começou quando os pilotos Emmerson Fittipaldi e Mario Andretti ligaram para os britânicos interessados em ir no enterro do engenheiro, mas foram informados que o corpo já havia sido enterrado. Outro fator foi o aeroporto de Norwich não ter informações sobre o jato particular de Chapman ter retornado de uma viagem a Paris.
O suposto motivo para ele ter forjado a própria morte envolve o estadunidense John Z. DeLorean e a sua fábrica de carros, que fez o famoso esportivo de aço escovado do filme “De Volta Para o Futuro”. O governo britânico havia emprestado 54 milhões de libras esterlinas, em 1974, para DeLorean fazer sua fábrica na Irlanda.
O norte-americano assinou um acordo com Colin Chapman para a Lotus ajudar no projeto e na logística. Em janeiro de 1982 o governo descobriu que foram fabricados apenas 8.500 carros, equivalente a 23 milhões de Libras. Além disso, maior parte do investimento havia sido transferido pela Lotus a uma conta bancária no Panama.
O FBI entrou nessa história e começou a investigar, pois a DeLorean Motor Company tinha sede nos EUA. A história da morte forjada de Colin Chapman veio quando sua esposa voou ao Brasil para o GP de Jacarepaguá de 1983 e ficou um mês por aqui, após mais de 10 anos sem viajar.
A parte factual da história termina por aqui. Com base nessas informações foi criada a teoria de que o engenheiro britânico havia fugido para o Brasil e morou em uma fazenda no Mato Grosso. Para engrossar a teoria, as únicas pessoas que haviam visto o corpo antes do enterro foram o médico e a esposa de Chapman.
Se algum leitor mato-grossense conhecer essa tal fazenda ou teve contato com alguém muito parecido com Colin Chapman, avise aqui nos comentários por favor. Caso contrário, essas história continuará como teoria das conspiração.
Em 1963 ocorreu um dos maiores roubos na história da Inglaterra. Uma gangue parou um trem do Correio Real e fugiu com 2,6 milhões de Libras Esterlinas (valores da época), equivalente a R$ 333 milhões em valores corrigidos.
Existe uma teoria da conspiração que coloca Bernie Ecclestone, ex-piloto e ex-CEO da Fórmula 1, como piloto de fuga desse roubo. O envolvimento dele com polêmicas, incluindo ser pego em um aeroporto brasileiro com arma de fogo, ajudou a espalhar essa história.
Mas além de nunca ter sido confirmada pelas autoridades, o próprio Bernie Ecclestone já explicou de onde veio essas conspirações. O ex-piloto Roy James foi um dos pilotos de fuga do crime, quando saiu da cadeia foi atrás da equipe de Ecclestone para pedir emprego.
Ecclestone disse que Roy James foi contratado para fazer troféus. Ele não queria associar a imagem de sua equipe publicamente com um criminoso e James havia habilidade em trabalhar com prata e ouro.
O que não é conspiração sobre esse roubo do trem é que um dos envolvidos, Ronnie Biggs, fugiu para o Brasil. Seu filho Michael foi um dos integrantes da Turma do Balão Mágico.
O advogado Ralph Nader escreveu o livro Inseguro a Qualquer Velocidade, onde criticava a indústria automotiva norte-americana de fazer projetos sem preocupação com a segurança. Um foco foi o compacto Corvair, que trazia motor traseiro e a falta de uma barra estabilizadora deixava o comportamento dinâmico perigoso.
O livro e as campanhas de Nader derrubaram as vendas do Corvair. O que deveria ser um carro compacto de alto volume de vendas virou um fracasso e encalhou nas lojas. A conspiração é que a General Motors contratou investigadores particulares para caçar podres na vida pessoal do advogado.
Os conspiracionistas dizem que na falta de podres, a GM contratou prostitutas para ficarem próximas de Nader e sair em fotos. E dessa vez eles estão certos, o advogado processou o fabricante por essa perseguição e também por ter tentado minar sua imagem com as garotas de programa.
A justiça obrigou a GM a pagar US$ 3 milhões em indenização para Nader. Mas antes disso, o órgão responsável pela segurança viária aliviou a barra da empresa sobre a falta de segurança do Corvair. Segundo testes feitos em 1975, esse carro não era mais inseguro que outros, ele era tão inseguro quanto qualquer outro carro da época.
Hoje os motores movidos a óleo diesel convivem pacificamente com os do ciclo Otto (Gasolina, etanol e GNV). Mas quando Rudolf Diesel criou esse tipo de motor, que na época era movido a óleo de amendoim, temiam que a maior eficiência deles iria colocar em risco a indústria do petróleo.
A morte de Rudolf Diesel pareceu misteriosa mesmo. Ele estava em um navio a caminho de um encontro com autoridades navais britânicas para apresentar sua tecnologia, quando caiu no mar “misteriosamente”.
A conspiração é de que os magnatas do petróleo mandaram matar o inventor. A realidade estava no próprio diário de Rudolf: foi suicídio. Ele havia marcado a data no diário como o dia que morreria.
É sempre a mesma ladainha: aparece uma notícia de recall ou defeito em carro sendo descoberto, aí vem os “espertos” acusarem as montadoras de criarem os carros para quebrar e, assim, vender peças e movimentar as oficinas de concessionárias.
A realidade é bem diferente, os carros passam por milhões de quilômetros de testes pelas condições mais adversas para garantir que estarão no padrão de qualidade da marca. Mas esse padrão varia, algumas são mais exigentes que as outras.
Os próprios fabricantes gostam que os carros sejam confiáveis, afinal, isso cria uma boa imagem. Hoje a Toyota é o maior fabricante do mundo e muito disso se deve a imagem de durabilidade construídas pelos seus carros. É só ver as Hilux sendo usadas até em guerras.
Outro fator que desmente essa conspiração é o quanto que os motores modernos necessitam de revisões mais espaçadas que antigamente. Um Corcel II pede por vários serviços que o seu Fiat Cronos zero nem precisa fazer.
Já marcas que têm fama de terem carros problemáticos amargam com vendas baixas. A própria Jaguar já admitiu que perde clientes devido aos problemas de seus carros e que precisa resolver isso.
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Essa estorinha do motor movido a água, eu a conheço desde os anos 70.
Quanto ao Rudolf Diesel, eu não sabia dessa “teoria”. Foi uma pena a sua trágica morte.
Quanto ao Espirit de Chapman, é de uma beleza extraordinária.
Nunca o vi em Mato Grosso, nem em Mato Grosso do Sul, mas dias desses, vi um cara super parecido com ele na praia de tapema em SC.
Correção: ITAPEMA.
