10 dicas para que uma PcD escolha bem seu carro
Em um mundo em que a tecnologia adapta os carros aos usuários, as PcD ainda têm que se adaptar ao que os carros oferecem
Em um mundo em que a tecnologia adapta os carros aos usuários, as PcD ainda têm que se adaptar ao que os carros oferecem
O mercado de veículos destinados a pessoas com deficiência (PcD) cresceu muito nos últimos anos, devido à ampliação das patologias que dão direito às isenções de impostos para aquisição de veículo zero-quilômetro. Portanto, se tornou motivo de atenção das montadoras, que se esforçam para manter alguns modelos dentro do limite de valor para ter direito à isenção de impostos e lançaram ultimamente vários compactos e até subcompactos com câmbio automático ou automatizado. Porém, muitos destes são veículos com menos itens de tecnologia, segurança e conforto.
Em um mundo em que a tecnologia adapta os carros aos usuários, as PcD ainda têm que se adaptar ao que os carros oferecem. Além disso, raras exceções, não há acessórios específicos para esse público.
Por isso é tão importante saber o que observar ao escolher um carro que precise atender a determinada limitação. A pessoa com deficiência deve se atentar a algumas características dos veículos que possam facilitar o uso no dia a dia. E escolher acessórios que também a auxiliem de alguma forma.
O ideal é testar, ir às concessionárias dos veículos que tenha intenção de adquirir, verificar os itens que são mais importantes e fazer um test drive. Há muitos cadeirantes que não fazem isto por achar desnecessário, já que não vão poder fazer test drive, ou por vergonha. Conheço casos que o cadeirante só entrou no modelo escolhido quando o mesmo chegou em suas mãos!
Se não dá para fazer o test drive, dá para testar a entrada no carro, o espaço interno e verificar se a cadeira cabe bem no porta malas, e isso é fundamental para ter ideia de como será o dia a dia com aquele veículo. E assim tomar a melhor decisão.
Sei que há dezenas de deficiências que trazem outras dezenas de limitações, não tenho como atingir todas elas, mas posso dar ideias gerais que podem auxiliar muitas pessoas.
Vamos às dicas:
Quanto maior for o vão e o ângulo de abertura da porta, mais fácil vai ser entrar no veículo. E, também, mais próxima uma cadeira de rodas ficará do assento do carro, facilitando assim a transferência. Se a largura da porta não for boa, uma pessoa com muletas ou um cadeirante terão mais dificuldade ao entrar, e correm o risco de bater as costas no encaixe da trava de porta e se machucar. Este é outro item importante a se observar, esta trava deve ser arredondada, pois se for pontiaguda, pode causar um grande machucado.
Se for necessário utilizar adaptação veicular para acelerar e frear, ela ocupará um bom espaço embaixo do volante, o que reduz o espaço para as pernas do motorista. Se não houver espaço suficiente, ao acomodar as pernas, a adaptação pode causar machucados, ou as pernas podem atrapalhar na operação da adaptação. E ainda é preciso ter um bom espaço para os braços, já que um deles será trazido próximo ao peito e o cotovelo pode bater no forro de porta.
Quanto maior for o porta-malas, mais fácil será levar acessórios de auxilio à mobilidade e ainda alguma bagagem. Porém, é importante ficar atento ao formato do porta malas e das molduras ao redor, além da espessura da tampa do porta malas. Tudo isso define como ficará acomodada uma cadeira de rodas, por exemplo.
Também é bom verificar o tamanho da abertura do porta-malas e a altura da base dele. Sedãs com caimento do teto tipo fastback geralmente têm tampas do porta malas estreita, o que dificulta a colocação de uma cadeira de rodas. E se a base do porta malas for muito alta, será mais difícil elevar uma cadeira de rodas até ultrapassar a carroceria, e, então, acomodá-la lá dentro.
O Bluetooth é muito importante para quem usa adaptação para acelerar e frear, pois as mãos estarão sempre ocupadas, uma delas acelerando/freando e a outra dirigindo. Ele permite fazer chamadas ou atender o celular com um simples toque em um botão. Basta que o celular tenha a função e permita chamadas de voz para ligações. A configuração é simples, basta parear o telefone e toda vez que ligar o som, o telefone se conectará automaticamente. E o ideal é que o comando esteja integrado ao próximo item.
Ele é bom tanto para quem usa adaptação para acelerar e frear quanto a PcD que tem apenas um braço ou fraqueza muscular. O volante multifuncional permite controlar o som e ativar o celular sem tirar a mão da direção, o que aumenta ainda mais a segurança ao dirigir.
Observe também se os principais comandos do volante estão concentrados do lado da mão que estará no volante. Se a pessoa usa adaptação do lado esquerdo por exemplo, é melhor que os comandos de mídia, e principalmente telefone, estejam do lado direito. E vice-versa.
Quanto mais leve for a direção, melhor, pois como uma mão pode estar ocupada acelerando ou freando, a força a ser aplicada ao virar o volante deve ser a menor possível. Isto é ainda mais importante no caso da deficiência comprometer a musculatura e coordenação dos membros superiores. O tipo mais indicado hoje em dia é a elétrica. Mas uma direção hidráulica ainda deve ser preferida a uma mecânica.
Quem tem deficiência muscular e pessoas que precisam fazer artrodese para estabilizar a coluna cervical, podem ficar com os movimentos do pescoço restritos e costumam ter dificuldade para virá-lo e olhar para trás. Nestes casos é fundamental que o veículo tenha sensor de estacionamento e câmera de ré instalados, pois facilita muito a execução de manobras em ré. Experimente fazer uma baliza sem virar a cabeça para trás para ter uma noção.]
A maioria dos modelos têm apoio de braço central, mas há os que o tem individual, portanto, pelo menos para o motorista, é importante pedir. O motivo aparece na hora de guardar a cadeira de rodas dentro do carro, no banco do carona. É preciso passar a cadeira por cima do corpo, e apoiar o cotovelo nesse acessório facilita bastante, tanto para ir quanto para voltar. Além disso, pode ser descanso para a PcD que tem pouca força nos membros superiores.
Não é pela beleza, mas sim pela praticidade. PcD que tem lesão medular e incontinência urinária, acontece de vazar urina na roupa e no banco do carro. Para limpar depois, o banco de couro faz toda diferença. Em bancos de tecido, com o tempo a urina penetra na espuma e é possível que fique mal cheiro, e pode ser necessário até trocar tudo.
Este item deve ser observado na escolha do carro principalmente por PcD que tem maior comprometimento nos membros superiores. Quem tem pouca força nos braços ou menos coordenação nas mãos, terá maior facilidade para acionar botões grandes, largos e bem localizados. Este é mais um teste a ser feito ao ir a uma concessionária. O freio de mão por botão (eletromecânico) também é indicado nestes casos.
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Então Alessandro, as pessoas que trabalham no ramo e têm contato com as montadoras poderiam levar a sugestão a elas.
Eu gostaria que houvesse a opção de carro com duas portas, pois elas são maiores e facilita a entrada e saída da PCD.
Sem dúvida Antônio, é uma pena que há tão poucas opções de carros com duas portas no Brasil. Conheço pessoas que compram usado com duas portas para facilitar o acesso ao carro. Até para guardar a cadeira de rodas sozinho é mais fácil.
Importante e observar MERCADO DE COMPRA VENDA. Adquiri o meu ha um mes e pelas projeções vamos esperar 4 anos. Portanto cuidado com carros que desvalorizam mto rápido no mercado, no momento da troca a diferença ficará enorme depois.