7 carros injustiçados tal qual Vini Jr.

Mercado automotivo tem carros muito bons que também não foram reconhecidos nas vendas e não ganharam a Bola de Ouro do mercado

vini jr bmw real madri
Marmelada tirou a Bola de Ouro de Vini Jr., mas no mercado outros automóveis também foram preteridos (Foto: BMW | Divulgação)
Por Fernando Miragaya
Publicado em 03/11/2024 às 11h00

O mundo do futebol ficou indignado com a última escolha da Bola de Ouro, que deu o prêmio ao espanhol Rodri, do Manchester City. Para muitos, o troféu de craque global deveria ter ido para Vini Jr., do Real Madrid. Em um paralelo com o mercado automotivo, o que não faltam são casos de carros injustiçados tal qual o craque brasileiro.

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Separamos exemplos de automóveis que eram bons, tinham qualidades diversas, mas que não foram reconhecidos pelo consumidor. São 7 carros que passaram pelo Brasil e foram injustiçados pelo volume menor do que o esperado – ou baixo mesmo – nos emplacamentos.

1. Renault Mégane

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Sedã francês chegou num momento em que Toyota Corolla e Honda Civic faziam uma dobradinha no estilo Messi e Cristiano Ronaldo (Foto: Renault | Divulgação)

A segunda geração do Mégane foi produzida no Paraná e dava pinta de que faria sucesso. Confortável, com bom acabamento, plataforma moderna e alinhado ao modelo europeu, reunia todas as virtudes para o disputado segmento de sedãs médios. Só que foi um dos carros injustiçados como o craque Vini Jr.

O problema principal foi justamente o timing do carro no Brasil e, até certo ponto, a estratégia da Renault. O Mégane foi lançado em março de 2006, apenas um mês antes do Honda New Civic, carro que quebrou paradigmas na categoria e causava expectativa no mercado.

A marca também não acertou na campanha publicitária, sem dar a devida atenção à tecnologia embarcada e ao conjunto mecânico do modelo. O carro jamais fez cosquinha no mercado de sedãs médios e durou só quatro anos no país – menos que a variante station wagon Grand Tour, que foi esticada até 2013.

2. Fiat Marea

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Fiat Marea tinha muito futebol, mas sua manutenção complexa, gerou um preconceito que manchou a malemolência deste italiano

Um dos carros mais injustiçados do Brasil. Lançado em 1998, o Marea foi mais um automóvel que trouxe uma plataforma moderna para o Brasil e alinhada com a Europa. Além disso, o sedã da marca italiana foi pioneiro por aqui em alguns aspectos, como primeiro nacional a ser equipado com airbags laterais e comandos de áudio no volante.

Gozava de outras virtudes, como motor cinco cilindros, freios a disco nas quatro rodas e suspensão traseira independente. Sem falar que teve a variante turbo, mas foi justamente esta versão que originou todo o mal que paira sobre o Marea e lhe dá a péssima fama de “bomba” no mercado – o que afetou suas vendas.

Culpa também da Fiat. A fabricante ignorou o índice de etanol na gasolina brasileira e estipulou os prazos de troca de lubrificante do Marea Turbo a cada 20 mil km (igual à Europa), em vez de intervalos de 10 mil km. Resultado: diversos casos de veículos com formação de borra e motor fundido.

E lembra do motor de cinco cilindros que mencionei? O Fivetech foi inovador e agregava valor à linha do sedã, mas era complexo de mexer. As revisões eram caríssimas. Muitos clientes fugiram dos serviços das concessionárias da Fiat e deixaram o Marea em mãos, muitas vezes, pouco ou nada qualificadas. O resultado você já imagina. Mas quem levou a fama foi o carro.

3. Chevrolet Sonic

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Chevrolet Sonic era bonitinho e esperto, mas era caro demais devido a importação da Coreia do Sul, quando passou a vir do México já tinha queimando seu nome na praça (Foto: GM | Divulgação)

A General Motors já tinha uma penca de compactos na primeira metade da década de 2010, mas precisava de um com desenho mais sofisticado e com mais equipamentos para atuar naquele subsegmento inventado de compactos premium. A solução para isso foi importar o Chevrolet Sonic em 2012, inicialmente da Coreia do Sul.

Hatch e sedã tinham acerto dinâmico melhor que seus irmãos de plataforma, Onix e Cobalt. O recheio de itens de série incluía airbag duplo frontal, freios com ABS e EBD, Isofix, ar, direção hidráulica, trio elétrico e chave presencial.

Depois, foi importado do México com revestimento de couro, sensor de ré, controle de cruzeiro e central multimídia MyLink nas versões topo de linha. Tudo isso embalado pelo  bem disposto motor Ecotec 1.6 16V de 120/116 cv e com comando variável de válvulas na admissão e no escape.

Acontece que o Sonic tinha acabamento bastante simples e um quadro de instrumentos meio analógico e meio digital, com luz azul e ao estilo moto perereca que não fazia a cabeça do público brasileiro. Além disso, era mais caro e oferecia o mesmo espaço que Onix, e, no caso do sedã, bem menos que o Cobalt.

Só durou até 2014 e acabou no rol de carros injustiçados pelo mercado, assim como nosso Vini Jr. E com parcela de culpa do seu posicionamento.

4. Toyota Etios

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A falta de carisma escondeu o futebol do Etios, que tinha os bons atributos dos carros da marca, mas pecava demais pelo visual (Foto: Toyota | Divulgação)

O Etios não foi um fracasso de vendas. Mas foi um dos carros mais injustiçados desde sua pré-estreia até o fim de sua vida. Nem quando continuou em produção no Brasil só para exportação teve sossego. Tudo por conta daquela coisa de expectativa e realidade de um projeto concebido na Índia.

Não bastasse o desenho para lá de controverso, o Toyota foi lançado em 2012 com praticamente o mesmo padrão de acabamento usado em mercados asiáticos. Para o consumidor, nem de longe parecia um carro da marca japonesa. O que acabou se sobrepondo às qualidades mecânicas irrefutáveis do Etios.

Quando chegou o Yaris, o primeiro a sentir o baque nas vendas foi o Etios. Tanto hatch quanto sedã saíram de linha em 2021. E apesar de terem somado 620 mil unidades produzidas no país, até hoje são dois carros injustiçados.

5. Honda WR-V

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Se o Fit era um carro fantástico, por que o WR-V não era? Simples, a Honda tentou vender o monovolume como se fosse um jipe e o carrinho ficou afamado (Foto: Honda | Divulgação)

Imagine que você tem o Fit, um carro querido e defendido por 10 em cada 10 clientes. Por que raios você trocaria o seu modelo por um WR-V, que nada mais é que o monovolume mais alto, parrudo e com vontade de ser um SUV? E pior: mais caro e com desenho longe de ser unanimidade.

Só que o WR-V é considerado um dos carros injustiçados porque ele tem as mesmas virtudes do Fit: bom nível de conforto, conjunto mecânico confiável e fama de carro que não dá problema. Mas não emplacou em vendas e a Honda pouco ajudou também nesse sentido.

Lançado em 2017, o crossover não passou por quase nenhuma mudança. Estreou um equipamento aqui ou ali e só em 2021 teve um discreto face-lift. E só aí recebeu controles de estabilidade e tração de série e uma nova opção de entrada. Ninguém nem entendeu essa atualização, já que sua produção foi encerrada em 2022.

6. Peugeot 2008

peugeot 2008 style
Peugeot 2008 foi outro injustiçado pelo mercado, mas a demora em ganhar motor turbo com transmissão automática prejudicou sua imagem (Foto: Peugeot | Divulgação)

Se você gostou do novo Peugeot 2008, aviso que a primeira geração do crossover já era boa, mas foi um dos carros injustiçados tal qual Vini Jr. Bom desempenho, dinâmica acertada, conforto na medida e ergonomia eficiente, além de um projeto alinhado com seu similar europeu.

Só que foi outro modelo que pecou pelo timing. O 2008 foi lançado em abril de 2015, espremido entre duas outras aguardadas estreias no segmento de SUVs compactos: Honda HR-V e Jeep Renegade. O mercado ávido por utilitários com a mesma proposta do EcoSport preteriu o Peugeot.

O carro foi até meio largado de mão pela própria marca francesa. Em 2019 teve uma reestilização e em 2022 ganhou alguns equipamentos, enquanto a segunda geração já rodava na Europa. Esta mesma que foi recentemente lançada depois que o velho e bom primeiro 2008 saiu de linha, no fim de 2023.

7. Volkswagen Up!

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VW up! foi um carrinho espetacular com toda malemolência de um craque, mas a estratégia de preços da VW não ajudou na sua carreira (Foto: VW | Divulgação)

O Up! é um daqueles casos de carros injustiçados no mercado brasileiro que lamentamos tanto quanto a perda da Bola de Ouro do Vini Jr. Isso porque o subcompacto que chegou ao Brasil no primeiro trimestre de 2014 trazia uma plataforma moderna, motores três-cilindros eficientes (com direito ao divertido TSI) e a dinâmica conhecida da Volkswagen.

Também figurou como um dos carros mais seguros produzidos e vendidos na região, com 4 estrelas (de um total de cinco possíveis) nos testes do Latin NCAP – um feito e tanto para um modelo do segmento de entrada. Cenário ideal para estourar em vendas, certo?

Esqueceram de combinar com a Volkswagen e com o mercado. O Up! era um projeto de custo mais elevado que os simplórios Gol e Fox. Resultado: era bem menor que os dois, só que tinha preço muito próximo ou até superior à veterana dupla de compactos da marca alemã.

Apesar de ter vendido bem e roubado vendas do Gol – que custou a liderança de 28 anos do hatch no mercado -, o Up! nunca teve o retorno esperado – e merecido. Saiu de cena no Brasil em 2021.

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