7 carros injustiçados tal qual Vini Jr.
Mercado automotivo tem carros muito bons que também não foram reconhecidos nas vendas e não ganharam a Bola de Ouro do mercado
Mercado automotivo tem carros muito bons que também não foram reconhecidos nas vendas e não ganharam a Bola de Ouro do mercado
O mundo do futebol ficou indignado com a última escolha da Bola de Ouro, que deu o prêmio ao espanhol Rodri, do Manchester City. Para muitos, o troféu de craque global deveria ter ido para Vini Jr., do Real Madrid. Em um paralelo com o mercado automotivo, o que não faltam são casos de carros injustiçados tal qual o craque brasileiro.
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Separamos exemplos de automóveis que eram bons, tinham qualidades diversas, mas que não foram reconhecidos pelo consumidor. São 7 carros que passaram pelo Brasil e foram injustiçados pelo volume menor do que o esperado – ou baixo mesmo – nos emplacamentos.
A segunda geração do Mégane foi produzida no Paraná e dava pinta de que faria sucesso. Confortável, com bom acabamento, plataforma moderna e alinhado ao modelo europeu, reunia todas as virtudes para o disputado segmento de sedãs médios. Só que foi um dos carros injustiçados como o craque Vini Jr.
O problema principal foi justamente o timing do carro no Brasil e, até certo ponto, a estratégia da Renault. O Mégane foi lançado em março de 2006, apenas um mês antes do Honda New Civic, carro que quebrou paradigmas na categoria e causava expectativa no mercado.
A marca também não acertou na campanha publicitária, sem dar a devida atenção à tecnologia embarcada e ao conjunto mecânico do modelo. O carro jamais fez cosquinha no mercado de sedãs médios e durou só quatro anos no país – menos que a variante station wagon Grand Tour, que foi esticada até 2013.
Um dos carros mais injustiçados do Brasil. Lançado em 1998, o Marea foi mais um automóvel que trouxe uma plataforma moderna para o Brasil e alinhada com a Europa. Além disso, o sedã da marca italiana foi pioneiro por aqui em alguns aspectos, como primeiro nacional a ser equipado com airbags laterais e comandos de áudio no volante.
Gozava de outras virtudes, como motor cinco cilindros, freios a disco nas quatro rodas e suspensão traseira independente. Sem falar que teve a variante turbo, mas foi justamente esta versão que originou todo o mal que paira sobre o Marea e lhe dá a péssima fama de “bomba” no mercado – o que afetou suas vendas.
Culpa também da Fiat. A fabricante ignorou o índice de etanol na gasolina brasileira e estipulou os prazos de troca de lubrificante do Marea Turbo a cada 20 mil km (igual à Europa), em vez de intervalos de 10 mil km. Resultado: diversos casos de veículos com formação de borra e motor fundido.
E lembra do motor de cinco cilindros que mencionei? O Fivetech foi inovador e agregava valor à linha do sedã, mas era complexo de mexer. As revisões eram caríssimas. Muitos clientes fugiram dos serviços das concessionárias da Fiat e deixaram o Marea em mãos, muitas vezes, pouco ou nada qualificadas. O resultado você já imagina. Mas quem levou a fama foi o carro.
A General Motors já tinha uma penca de compactos na primeira metade da década de 2010, mas precisava de um com desenho mais sofisticado e com mais equipamentos para atuar naquele subsegmento inventado de compactos premium. A solução para isso foi importar o Chevrolet Sonic em 2012, inicialmente da Coreia do Sul.
Hatch e sedã tinham acerto dinâmico melhor que seus irmãos de plataforma, Onix e Cobalt. O recheio de itens de série incluía airbag duplo frontal, freios com ABS e EBD, Isofix, ar, direção hidráulica, trio elétrico e chave presencial.
Depois, foi importado do México com revestimento de couro, sensor de ré, controle de cruzeiro e central multimídia MyLink nas versões topo de linha. Tudo isso embalado pelo bem disposto motor Ecotec 1.6 16V de 120/116 cv e com comando variável de válvulas na admissão e no escape.
Acontece que o Sonic tinha acabamento bastante simples e um quadro de instrumentos meio analógico e meio digital, com luz azul e ao estilo moto perereca que não fazia a cabeça do público brasileiro. Além disso, era mais caro e oferecia o mesmo espaço que Onix, e, no caso do sedã, bem menos que o Cobalt.
Só durou até 2014 e acabou no rol de carros injustiçados pelo mercado, assim como nosso Vini Jr. E com parcela de culpa do seu posicionamento.
O Etios não foi um fracasso de vendas. Mas foi um dos carros mais injustiçados desde sua pré-estreia até o fim de sua vida. Nem quando continuou em produção no Brasil só para exportação teve sossego. Tudo por conta daquela coisa de expectativa e realidade de um projeto concebido na Índia.
Não bastasse o desenho para lá de controverso, o Toyota foi lançado em 2012 com praticamente o mesmo padrão de acabamento usado em mercados asiáticos. Para o consumidor, nem de longe parecia um carro da marca japonesa. O que acabou se sobrepondo às qualidades mecânicas irrefutáveis do Etios.
Quando chegou o Yaris, o primeiro a sentir o baque nas vendas foi o Etios. Tanto hatch quanto sedã saíram de linha em 2021. E apesar de terem somado 620 mil unidades produzidas no país, até hoje são dois carros injustiçados.
Imagine que você tem o Fit, um carro querido e defendido por 10 em cada 10 clientes. Por que raios você trocaria o seu modelo por um WR-V, que nada mais é que o monovolume mais alto, parrudo e com vontade de ser um SUV? E pior: mais caro e com desenho longe de ser unanimidade.
Só que o WR-V é considerado um dos carros injustiçados porque ele tem as mesmas virtudes do Fit: bom nível de conforto, conjunto mecânico confiável e fama de carro que não dá problema. Mas não emplacou em vendas e a Honda pouco ajudou também nesse sentido.
Lançado em 2017, o crossover não passou por quase nenhuma mudança. Estreou um equipamento aqui ou ali e só em 2021 teve um discreto face-lift. E só aí recebeu controles de estabilidade e tração de série e uma nova opção de entrada. Ninguém nem entendeu essa atualização, já que sua produção foi encerrada em 2022.
Se você gostou do novo Peugeot 2008, aviso que a primeira geração do crossover já era boa, mas foi um dos carros injustiçados tal qual Vini Jr. Bom desempenho, dinâmica acertada, conforto na medida e ergonomia eficiente, além de um projeto alinhado com seu similar europeu.
Só que foi outro modelo que pecou pelo timing. O 2008 foi lançado em abril de 2015, espremido entre duas outras aguardadas estreias no segmento de SUVs compactos: Honda HR-V e Jeep Renegade. O mercado ávido por utilitários com a mesma proposta do EcoSport preteriu o Peugeot.
O carro foi até meio largado de mão pela própria marca francesa. Em 2019 teve uma reestilização e em 2022 ganhou alguns equipamentos, enquanto a segunda geração já rodava na Europa. Esta mesma que foi recentemente lançada depois que o velho e bom primeiro 2008 saiu de linha, no fim de 2023.
O Up! é um daqueles casos de carros injustiçados no mercado brasileiro que lamentamos tanto quanto a perda da Bola de Ouro do Vini Jr. Isso porque o subcompacto que chegou ao Brasil no primeiro trimestre de 2014 trazia uma plataforma moderna, motores três-cilindros eficientes (com direito ao divertido TSI) e a dinâmica conhecida da Volkswagen.
Também figurou como um dos carros mais seguros produzidos e vendidos na região, com 4 estrelas (de um total de cinco possíveis) nos testes do Latin NCAP – um feito e tanto para um modelo do segmento de entrada. Cenário ideal para estourar em vendas, certo?
Esqueceram de combinar com a Volkswagen e com o mercado. O Up! era um projeto de custo mais elevado que os simplórios Gol e Fox. Resultado: era bem menor que os dois, só que tinha preço muito próximo ou até superior à veterana dupla de compactos da marca alemã.
Apesar de ter vendido bem e roubado vendas do Gol – que custou a liderança de 28 anos do hatch no mercado -, o Up! nunca teve o retorno esperado – e merecido. Saiu de cena no Brasil em 2021.
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