Alegações estapafúrdias para fugir da garantia do carro

Se o automóvel tem problema durante a garantia, a culpa é do motorista 'barbeiro', do combustível, do cocô do passarinho...

rasgando documento
Por Boris Feldman
Publicado em 30/03/2019 às 09h00
Atualizado em 06/04/2019 às 20h54

Se o automóvel tem problema durante a garantia, a culpa é do motorista ‘barbeiro’, do combustível, do cocô do passarinho… Separamos as alegações mais comuns.

Desgaste natural

Argumento campeão é o desgaste natural de embreagem, amortecedor, pastilhas de freio, pneus etc. Ninguém ignora que determinados componentes não têm vida eterna e devem mesmo ser substituídos ao final de sua vida útil. Mas o que define essa “vida útil”? Pneu dura 40 mil ou 80 mil km? E a embreagem? Não há dúvida de que  podem durar mais ou menos de acordo com o estilo do motorista, ou condições da estrada ou peso carregado.

Mas as fábricas se valem disso para se defender diante de um componente que se desgastou prematuramente e difícil de se determinar de quem a culpa: incompetência do motorista ou falta de qualidade da peça? Mas, muitas vezes o desgaste anormal se deu num grande volume de carros. Todos eles são dirigidos por  “barbeiros”?  A solução para estes casos, que muitas vezes vão parar na Justiça, é a emissão de um laudo técnico por um perito judicial para se determinar o culpado.

Terceirização

As fábricas “decidiram” ter o direito de transferir responsabilidade para seus fornecedores. E o fazem com pneus, baterias, equipamento de som e outros. O dono leva o carro à concessionária alegando um problema e ela sequer se enrubesce de encaminhá-lo, por exemplo, a uma loja do pneu. Mas esta alega que a culpa é da suspensão desalinhada e o manda de volta à concessionária. E não se resolve o jogo de empurra…

Homologado

A concessionária instala um acessório não homologado pelo fabricante e jura para o cliente que não há problema. E honra a garantia do automóvel. Mas, um belo dia, o carro é levado à oficina de uma outra concessionária, que nega a garantia exatamente em função daquele componente. E a fábrica tenta também se eximir, esquecendo-se de que seu logotipo está dependurado lá na fachada da concessionária. Vários desses casos são resolvidos na Justiça. Em geral, em favor do dono do carro.

Vício oculto

O problema pode ser detetado assim que o carro deixa o show-room. Outros, porém, podem surgir apenas depois de dezenas de milhares de km e de vencida a garantia.  A fábrica tem consciência de sua culpa no cartório pois o defeito se apresenta num grande volume de unidades produzidas. Mas se faz de desentendida e alega que o carro “está fora do período de garantia”. Se o freguês sempre leva o carro para revisão na concessionária, a fábrica dá uma de “boazinha” e concede como “cortesia” o reparo. Casos frequentes são defeitos no motor ou caixa em elevadas quilometragens, por falta de qualidade de um componente ou de projeto. Até as fábricas de carros premium dão de ombros e não assumem sua responsabilidade.

Na calada da noite

É frequente o carro  zero km sofrer avarias antes de ser entregue ao freguês. Pequenas esbarradas ao manobrar, carregar ou descarregar na “cegonha” ou chuva de granizo podem deixar marcas na pintura. A própria fábrica costuma efetuar o reparo, ou a concessionária. Mas é impossível igualar a pintura original depois que o carro deixou a linha de montagem com revestimentos, cabos elétricos e equipamentos.

reparo é realizado sigilosamente e não informado ao comprador. Depois de dois ou três anos começam a surgir “inexplicáveis” manchas na pintura. A culpa? Dos passarinhos nas árvores sob as quais o dono estacionava o carro…

Mau uso

A culpa do defeito pode também ser atribuída ao mau uso do carro. Se não é o dono, é seu filho que “topa pegas” à noite ou se envereda por trilhas no final de semana. Ou do combustível adulterado. Excesso de peso, de velocidade ou de buraco na estrada entram também na criativa lista “negra” das concessionárias.

Garantia: fábricas inventam várias desculpas para não honrar
Foto Shutterstock | Divulgação
Newsletter
Receba semanalmente notícias, dicas e conteúdos exclusivos que foram destaque no AutoPapo.

👍  Curtiu? Apoie nosso trabalho seguindo nossas redes sociais e tenha acesso a conteúdos exclusivos. Não esqueça de comentar e compartilhar.

TikTok TikTok YouTube YouTube Facebook Facebook X X Instagram Instagram

Ah, e se você é fã dos áudios do Boris, procure o AutoPapo nas principais plataformas de podcasts:

Spotify Spotify Google PodCast Google PodCasts Deezer Deezer Apple PodCast Apple PodCasts Amazon Music Amazon Music
SOBRE
2 Comentários
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Comentários com palavrões e ofensas não serão publicados. Se identificar algo que viole os termos de uso, denuncie.
Avatar
TALES AMERICO 6 de junho de 2019

Aconteceu o mesmo comigo. Eu tinha um Chevrolet Classic NOVO, e poucos dias depois que retirei o veículo na Concessionária e saí tranquilo com meu carro NOVO – achando que fiz um bom negócio, porque pensava eu, como qualquer outra pessoa que compra um carro NOVO, que carro NOVO NÃO DÁ PROBLEMA.

Obviamente não poderia esperar que, exatamente 30 (trinta) dias depois de ter recebido meu carro NOVO, DE REPENTE E SEM NENHUMA RAZÃO APARENTE, O VOLANTE DA DIREÇÃO IRIA FOLGAR ATÉ QUASE SALTAR FORA.

Minha sorte é que eu estava dirigindo em baixa velocidade e não realizava nenhuma conversão de direção no momento em que o problema aconteceu e, apesar do enorme susto que levei ao sentir o volante ficar totalmente solto (como se fosse sacar fora), parei o carro com segurança e sem causar nenhum acidente. MAS E SE AS CIRCUNSTÂNCIAS FOSSEM ADVERSAS no momento do ocorrido, e isso tivesse PROVOCADO UM ACIDENTE?

“Não, o volante não iria saltar fora, pois há um eficiente sistema de travamento que impede que isso ocorra” foi a resposta dos responsáveis pelo esperado reparo na Concessionária. Essa explicação não me satisfez, pois eu passei um PERIGO REAL GRAVE.

Como se isso não bastasse, dois meses depois ACONTECEU DE NOVO. O volante de repente folga totalmente, e parece ameaçar saltar fora do lugar, e com o carro em movimento.

POR SORTE DE NOVO, no momento desse segundo acontecimento, eu dirigia nas mesmas condições – em baixa velocidade e em linha reta (vale ressaltar que não havia passado por nenhum buraco na rua nem qualquer outra situação que se pudesse ligar direta ou indiretamente ao fato, nem na primeira nem na reincidência do mesmo).

Ou seja, em apenas 3 (três) meses de uso, eu fui submetido POR VÁRIAS VEZES a situações de risco à minha integridade física utilizando um veículo NOVO, MAS DEFEITUOSO. Não restava dúvida de que o veículo novo que adquiri saiu da fábrica com defeito de fabricação, mas eles sempre alegam “mau uso” do condutor, o que neste caso é ridículo considerar isso.

Então fui à Justiça e os processei. Já vão fazer 5 anos que o processo está rolando e nada!

Coloquei no Reclame Aqui! https://www.reclameaqui.com.br/chevrolet/chevrolet-nao-conte-comigo-classic-2013-e-uma-crianca-problema_9964914/

Avatar
Antonio Donizeti Martins 30 de março de 2019

Eu já estive diante de problemas desse tipo. Carro zero retirado da concessionária e dentro da garantia. O problema não era do carro e sim do combustível adulterado. Pois bem, fiz o que me propuzeram: limpeza dos bicos injetores e ficar de “olho no combustível”. Não resolveu. Voltei à concessionária e disse a eles que: ou resolviam ou eu lhes devolveria o carro, mediante a devolução do valor pago, claro. Resolveram. Hoje eu penso que: “GARANTIA é um produto que você paga antes de usar, e se precisar usar, TODOS dizem que a mesma não cobre aquele (exatamente aquele) defeito que seu carro apresentou. É nosso Brasil.

Avatar
Deixe um comentário