Alfa Romeo faz 110 anos: no Brasil, fracassou após vender só 8 modelos
História da fabricante italiana é cheia de reviravoltas: por aqui, porém, o sucesso comercial até hoje não aconteceu
História da fabricante italiana é cheia de reviravoltas: por aqui, porém, o sucesso comercial até hoje não aconteceu
O dia 24 de junho é especial para a Alfa Romeo, que neste ano comemora o aniversário de 110 anos. Na data em questão, em 1910, nascia oficialmente em Milão a Anonima Lombarda Fabbrica Automobili (ALFA), após o italiano Cavalier Ugo Stella comprar do francês Pierre Alexandre Darracq a Società Italiana Automobili Darracq.
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Nesse período de mais de um século, a fabricante italiana construiu uma história riquíssima, marcada por altos e baixos. Os problemas iniciais vieram já nos primeiros anos, quando eclodiu a Primeira Guerra Mundial. A empresa foi socorrida pelo italiano Nicola Romeo, que em 1920 adicionou seu sobrenome à marca.
Após outro período de dificuldade, a fabricante foi estatizada por Mussolini em 1933. Bombardeada durante a segunda Guerra Mundial e reerguida pela República Italiana após o conflito, a marca ficou em mãos governamentais até 1986. Naquele ano, a Alfa Romeo foi privatizada e adquirida pelo Grupo Fiat. Em 2014, passou a integrar o Grupo FCA (Fiat-Chrysler Automobiles).
Desde a fundação, a empresa soma glórias no Automobilismo. Na década de 1930, venceu várias corridas com veículos preparados por ninguém menos que Enzo Ferrari, que posteriormente fundou a própria escuderia.
Em 1950, o piloto Nino Farina tornou-se o primeiro campeão mundial de Fórmula 1 ao volante de um Alfa Romeo (na época ainda não existia título para construtores). No ano seguinte, foi a vez de Juan Manual Fangio ganhar o título com um carro da marca. Triunfos em ralis e em categorias de turismo também fazem parte da história do fabricante.
Além de glórias no automobilismo, a marca italiana também é famosa por ter produzido alguns dos mais belos automóveis da história. Entre outros, destacam-se o Giulia Sprint, o Montreal e o 8c Competizione.
A trajetória da Alfa Romeo inclui duas passagens pelo Brasil. Porém, ambas fracassaram e a empresa nunca conseguiu se estabelecer no país. Os motivos que fizeram a marca não obter sucesso por aqui são diversos e complexos.
A primeira passagem pelo país data de 1968. Naquele ano, a então estatal italiana adquiriu uma empresa pública brasileira: a FNM (Fábrica Nacional de Motores) sediada em Xerém, Duque de Caxias (RJ), que passava por um processo de privatização.
Inauguradas na década de 1940, as instalações da FNM estavam antiquadas. Os planos de investimentos da Alfa Romeo foram alterados durante a década de 1970, difícil para toda a indústria automobilística devido às crises do petróleo. Diante disso, a matriz, na Itália, não pôde destinar mais recursos ao Brasil, cujo interno mercado na época representava apenas uma fração do que é hoje.
Pequena e ineficiente, a fábrica brasileira não conseguia ter grande volume de produção. Além disso, ocorriam falhas no processo de montagem. A aquisição das operações brasileiras da Alfa Romeo pela Fiat e a transferência da linha de montagem de Xerém para Betim (MG) sanaram vários dos problemas, mas os números de fabricação permaneceram baixos.
Após deixar de produzir no Brasil em 1986, a Alfa Romeo voltou em 1990 como importadora. A segunda investida, porém, foi maculada principalmente pela estratégia comercial de vender os carros da marca em concessionárias Fiat.
Despreparada para prestar serviço premium, a rede fez trapalhadas como liquidar um lote encalhado de veículos 155, acentuando bastante a desvalorização dos similares usados. As variações cambiais e fiscais ocorridas na virada do século pioraram ainda mais a situação.
Em 2006, a Alfa Romeo deixou o país e até hoje não voltou. O listão de hoje relembra todos os 8 modelos que a fabricante comercializou oficialmente por aqui. Relembre!
Primeiro e até hoje único produto nacional da Alfa Romeo, o 2300 foi lançado em 1974. Desenvolvido exclusivamente para o mercado brasileiro, o sedã era o carro mais moderno do país na época, com câmbio de cinco marchas, freios a disco nas quatro rodas e cintos de segurança de três pontos. Tinha motor 2.3 de quatro cilindros, inicialmente com 140 cv de potência bruta, e tração traseira.
O sedã passou por uma reestilização para a linha 1977. Naquele ano, a Alfa Romeo vendeu as operações brasileiras para a Fiat – interessante notar que, em nível global, a segunda só passaria a controlar a primeira em 1986 – e transferiu a produção para Betim (MG). O 2300 passou por mais uma plástica para 1985 e, no ano seguinte, saiu de linha.
Com o encerramento da produção, a marca milanesa deixou de operar no país. Ao longo de 12 anos, cerca de 30 mil unidades do 2300 foram fabricadas. Desse total, aproximadamente 1.000 exemplares chegaram a ser exportados para a Europa no fim da década de 1970.
Primeiro produto Alfa Romeo projetado após a aquisição pela Fiat, o 164 é também lembrado por ter sido um dos primeiros automóveis estrangeiros a chegar ao Brasil após a reabertura do mercado, em 1990. O grande e luxuoso sedã com design assinado pelo estúdio Pininfarina marcou o retorno da Alfa Romeo ao país, agora como importadora.
Inicialmente, o 164 era movido sempre por um motor 3.0 V6 de 12 válvulas e 192 cv. No anos seguintes, passou a ser comercializado também na versão Super, na qual um cabeçote de 24 válvulas elevava a potência do V6 para 2015 cv.
O modelo permaneceu no mercado local até 1997, quando saiu de linha na Itália. Depois do 2300, é o automóvel da marca italiana mais emplacado do país: cerca de 6.000 exemplares foram comercializados.
O Spider é um dos produtos mais famosos da Alfa Romeo. O da primeira geração, em especial, tornou-se sonho de consumo após ser dirigido por Dustin Hoffman no clássico filme A Primeira Noite de um Homem (1967). O modelo da segunda safra, lançado mundialmente em 1995, é menos carismático, mas foi o único vendido no Brasil.
Conhece o Alfa Romeo Spider da primeira geração? Boris Feldman apresenta um exemplar 1972: assista ao vídeo!
De qualquer modo, quando chegou ao país, em 1996, o conversível impressionou. O design desenvolvido pelo estúdio Pininfarina esbanjava arrojo. Já o motor 3.0 V6 de 190 cv, semelhante ao do 164, assegurava ótimo desempenho. O pênalti era a tração dianteira, que traía a tradição do modelo original.
Apesar de o Spider ter permanecido à venda em outros mercados até 2006, por aqui as importações oficiais só duraram até 1998. Estima-se que, nesse período, pouco mais de 200 unidades tenham sido trazidas, o que faz dele um dos carros da marca mais raros no país.
Em 1996, a linha da marca italiana cresceu no Brasil com o sedã 155. Menor e mais acessível que o 164, mas também luxuoso, era equipado por um motor 2.0 16V com duas velas por cilindro (sistema que o fabricante chama de Twin Spark) de 150 cv.
O Alfa Romeo 155 teve carreira curta por aqui: permaneceu no mercado por menos de dois anos. Isso porque, em 1998, o modelo deixou de ser fabricado na Itália. Durante esse período, cerca de 1.000 exemplares foram importados.
Na verdade, a trajetória do 155 não fui muito mais longa nem mesmo na Itália: entre o lançamento, em 1992, e o fim da produção, passaram-se apenas seis anos. Apesar do pouco tempo de vida, o sedã protagonizou o feito de sagrar-se campeão na famosa categoria alemã DTM de automobilismo, em 1993.
O ano de 1996 foi movimentado para a Alfa Romeo no Brasil. Além do Spider e do 155, a gama foi reforçada também com o 145, primeiro hatch que a marca italiana comercializou no mercado local. O projeto ainda era recente em nível mundial: datado de 1994, impressionava pelo design arrojado.
Inicialmente, o 145 era comercializado unicamente com o motor 2.0 16V Twin Spark de 150 cv. A partir de 1998, passou a ser oferecido também um 1.8 16V de 138 cv. O modelo permaneceu no país até 1999, quando deixou de ser importado. Nesse período, enfrentou outros hatches como o BMW 318i Compact e o Audi A3.
No total, aproximadamente 1.700 unidades do hatch foram emplacadas por aqui. Curiosamente, a Alfa Romeo nunca trouxe o 146, derivado de quatro portas do 145. Ambos foram retirados de produção em 2000.
Para muitos, o 156 é o melhor Alfa Romeo da fase mais recente, após a aquisição pela Fiat. O sedã já chegou ao mundo impressionando: lançado em 1997, logo recebeu o título de Carro Europeu do Ano, em 1998, em uma votação que reúne jornalistas automotivos de vários países do continente. O prêmio era creditado, entre outros motivos, à ótima dirigibilidade do modelo.
O estilo, contudo, também era destaque: o 156 foi o primeiro resultado de uma reformulação completa que a linha da marca receberia na virada do século. O designer Walter de Silva rompeu com os traços quadrados que o fabricante vinha adotando até então e foi criativo ao esconder as maçanetas das portas traseiras, fazendo o sedã lembrar um cupê.
Com essas credenciais, o modelo chegou ao Brasil já em 1998. Por aqui, ele também deveria representar o início de uma reformulação para a Alfa Romeo. Sob o capô, trazia o já conhecido motor 2.0 16V Twin Spark, com 153 cv. Em 2000, a linha 156 cresceu com a perua Sportwagon. No ano seguinte, a station desembarcou no país com a mesma motorização do sedã.
Para 2003, a Alfa Romeo passou a oferecer como única opção um motor 2.5 24V de 190 cv, associado a um câmbio automático. Mas aquele seria o último ano dos dois modelos no país. No exterior, porém, ambos seguiram em linha até 2007.
Mundialmente, a gama 156 está entre as mais bem-aceitas da marca italiana: a produção chegou a cerca de 680 mil veículos. Desse total, aproximadamente 1600 vieram para cá, incluindo a Sportwagon. Desse modo, apenas o 164 e o 2300 tiveram números de vendas superiores no mercado local.
O substituto do 164 surgiu mundialmente em 1998 e começou a ser comercializado no Brasil no ano seguinte. Top de linha da marca, era um sedã grande e imponente, embora o design não tenha sido tão feliz como o do 156.
Mecanicamente, o 166 associava o motor V6 3.0 24 válvulas Twin Spark com 226 cv a um câmbio automático. No mundo todo, o modelo acabou tendo vendas discretas. No Brasil, ainda mais: o número de veículos importados teria sido inferior a 150.
Mundialmente, o 166 passou por uma reestilização na linha 2003, que melhorou o aspecto frontal. Essa atualização, entretanto, ficou restrita a outros países, uma vez que, no Brasil, as vendas foram suspensas já em 2002. Na Itália, a produção só foi encerrada em 2007.
O último produto que a Alfa Romeo vendeu no mercado brasileiro foi o 147. Honrando as tradições do fabricante, o hatch médio tinha estilo arrojado e interior sofisticado. Ao contrário do que aconteceu com o antecessor 145, a marca italiana optou por trazê-lo apenas com carroceria de quatro portas.
O motor era o mesmo 2.0 16V Twin Spark que equipava outros veículos da gama da empresa. Calibrada para entregar 148 cv de potência, a unidade trabalhava em conjunto com um câmbio automatizado de uma embreagem. Era o único conjunto disponível.
As importações do 147 ocorreram entre 2002 e 2005 e envolveram menos de 100 exemplares. No ano seguinte, a Alfa Romeo interrompeu as operações no país. A trajetória internacional do hatch começou antes, em 2000, e terminou bem depois, em 2010. Naquele ano, ele foi substituído pela Giulietta.
A Alfa Romeo já tinha ligações com a FNM muito antes de adquiri-la. Embora as duas fossem completamente distintas, toda a linha de veículos da extinta estatal brasileira, na verdade, tinha origem milanesa. Os projetos eram fabricados no país sob licença, após terem sido desenvolvidos na Itália.
Desse modo, o sedã que a FNM produziu por aqui entre 1960 e 1973 era, na verdade, idêntico ao Alfa Romeo 2.000 Berlina italiano. Até o característico coure sportivo marcava presença na dianteira! A maior diferença entre os dois estava praticamente só no emblema do fabricante, uma vez que até a mecânica era igual.
No lançamento, o sedã nacional recebeu o nome de JK, em homenagem ao então presidente da república. Porém, em 1964, ano em que ocorreu o golpe militar, o modelo foi rebatizado de FNM 2000. Era uma alusão ao motor 2.0, com câmaras de combustão hemisféricas e duplo comando de válvulas, inicialmente capaz de entregar 115 cv de potência bruta.
Outra mudança de identidade veio em 1969, quando o veículo passou a ser chamado de 2150, em virtude de um aumento de cilindrada, que elevou a potência bruta para 125 cv. Nessa época, a FNM já estava sob controle da Alfa Romeo, mas a empresa italiana manteve a marca brasileira até 1974, quando enfim adotou a própria identidade.
O sedã marcou a década de 1960 devido à modernidade: chegou a ter freios a disco servoassistidos, câmbio de cinco marchas sincronizadas e pneus radiais. Menos de 7.500 unidades foram produzidas no país. Os números discretos devem-se não à falta de demanda, mas a problemas na direção da FNM e ao fato de o fabricante sempre ter priorizado a linha de caminhões.
Fotos Alfa Romeo | Divulgação
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Faltou o Onça. Ou era projeto apenas?
será que ainda após tantos anos fora do brasil, é fácil conseguir peças para essas belas máquinas aqui.
VENDI’A MINHA AFA 155 SUPER 10 ANOS ATRAZ POR 11 MIL REAIS ,ABSURDO,HOJE CUSTA DE 50 MIL A 75MIL ANO 1996
Alfa Romeo pura paixão
A Alfa Romeo é igual a amante: vc vê os defeitos mas sente uma falta danada quando a manda embora. É incrível o que esse carro proporciona em termos de dirigibilidade e fusão entre homem e máquina. Eu tive uma 164, andava demais, e o ronco era hipnotizante. Claro que a embreagem era duríssima, diâmetro de giro ruim para pequenos espaços e apesar de seu habitáculo traseiro ser amplo, muito amplo, em termos de profundidade era ruim para quem tinha a partir de 1,80m, com o inconveniente dos pés não encontrarem abrigo embaixo do banco dianteiro. Na minha opinião, falhas graves de um projeto que visava também o público europeu, mais alto em estatura do que a média mundial. Hoje, sinceramente eu a vejo como um veículo exótico, excelente para compor uma coleção, mas não serve ao dia a dia.
Os comentários acima mostra que esses “paspalhos”, não conhecem nada de veículos. Somente quem tem o sangue italiano sabe definir a beleza dessas máquinas. Esses veículos provocam paixões e Pinifarina, Bertoni, Giugiaro e tantos outros mestres do disigner Italiano. Sem contar que o ronco do motor é meraviglioso. Auguri a tutti.
“…cabeçote de 24 válvulas elevava a potência do V6 para 2015 cv.” Tenho certeza que era esportivo, mas nem tanto, não seriam 215 cv?
Alfa Romeo no Brasil só se venderem por um valor mais em conta que BMW e Mercedes.
Pois por preço de Série 3 ou mais cara o cliente mesmo gostando muito de Alfa ainda vai comprar um carro alemão.
Nem nem é necessário vender mais barato, um carro popular da Alfa Romeo já detonava esses carrinhos mais ou menos que somos obrigados a tolerar aqui no Brasil. Mais uma vez estamos a mercê das 4 marcas de carro mais ruins. C. F. VW. Fo. Como disse Fernando Collor que foi a única coisa que fez de bom pro Brasil, “carros brasileiros são carroça”.
Verdade
Elementar que carros fantásticos como os da alfa romeo, não é para republiqueta bananeira, onde é um país de um povo idiota e ridículo. Estes carros são de qualidade, mecânica de ponta, alto desempenho, ou seja para mercado de pessoas que realmente sabem o que querem e usufruir o que há de mais moderno.