Audi E-Tron: 200 km ao volante do carro elétrico de 408 cv
Modelo une ótimo desempenho e interior sofisticado a sistema de propulsão sustentável, mas tem, literalmente, um preço alto: R$ 480 mil
Modelo une ótimo desempenho e interior sofisticado a sistema de propulsão sustentável, mas tem, literalmente, um preço alto: R$ 480 mil
Na cidade histórica de Tiradentes (MG) não faltam monumentos, casarões ou paisagens para chamar a atenção dos transeuntes. Porém, mesmo por lá, o Audi E-Tron conseguiu se destacar nas ruas centenárias. Uma unidade pintada na cor Vermelho Catalunya, disponibilizada para test drive de jornalistas, virou instantaneamente alvo de olhares de turistas e moradores.
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Muitos foram atraídos somente pelo design do E-Tron, que tem elementos distintos do restante da linha Audi. Os mais observadores, porém, logo notaram que o modelo tem propulsão elétrica, devido ao silêncio com o qual se deslocava pelas vielas históricas. Alguns curiosos chegaram a fazer perguntas sobre autonomia e recarga.
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Antes de mais nada, vale ressaltar que o modelo tem um raio de ação de até 417 km. Mais que suficiente, portanto, para percorrer os cerca de 200 km que separam Tiradentes de Belo Horizonte, roteiro ao qual o Audi E-Tron foi submetido. Uma recarga completa das baterias de íons de lítio do modelo dura quatro horas e meia em uma tomada de 220V.
Logo nos primeiros metros ao volante, já foi possível notar uma das características de projeto do Audi E-Tron: o vão livre do solo de 17 cm, que permitiu transitar com facilidade pelo calçamento irregular da cidade colonial. Isso porque o modelo é um crossover ao estilo SUV, embora a altura total, de 1,629 m, seja relativamente baixa. Nesse caso, o objetivo é aerodinâmico, algo essencial em um veículo elétrico.
Já na estrada, o Audi E-Tron não tardou a revelar uma de suas principais qualidades: o volume descomunal de torque. São nada menos que 67,7 kgfm gerados de maneira combinada pelos dois motores elétricos, posicionados um em cada eixo. Isso quando o motorista coloca o câmbio na posição Sport e, automaticamente, aciona um overboost. Em circunstâncias normais, são 57,2 kgfm, valor ainda abundante.
Isoladamente, o dianteiro entrega 31,5 kgfm, e o traseiro, 36,2 kgfm. Mas o melhor é que essa força é entregue de modo imediato, pois não há rotação de torque máximo, como em um motor a combustão. É só pisar que ele responde prontamente.
Quer saber como funciona a distribuição dessa força? O sistema de tração integral pode distribuí-los de maneira igualitária entre os dois eixos, ou concentrá-la em um ou outro, de maneira automática. Porém, as quatro rodas sempre têm tração. O câmbio tem só uma marcha para frente, além da ré. A alavanca, porém, é operada de modo similar a um sistema automático convencional.
A potência é igualmente exagerada: são 408 cv combinados com o overboost. Sem ele, o valor é de 362 cv. O motor elétrico dianteiro é capaz de desenvolver 183 cv, e o traseiro, 225 cv.
O resultado de todos esses números é um desempenho estonteante. Segundo o fabricante, o modelo acelera da imobilidade aos 100 km/h em apenas 6,6 segundos, mas a velocidade máxima é limitada a 200 km/h. Ainda assim, as sinuosas estradas que integraram itinerário proposto pela Audi foram insuficientes para experimentar todo o potencial do E-Tron.
Ultrapassagens são brincadeira: nesse caso, ao contrário do que acontece em automóveis convencionais, o mais seguro é não pisar fundo por muito tempo. Acelerações a todo pedal fazem o corpo colar no banco e, em poucos segundos, o bólido elétrico já concluiu a manobra, enquanto o velocímetro exibe dígitos ilegais por larga margem. Tudo isso em silêncio, sem a tradicional sensação de um motor subindo de giro.
A estabilidade está à altura de tanto desempenho. Porém, nas curvas, o modelo não consegue esconder sua elevada massa corporal. O Audi E-Tron tem nada menos que 2.490 kg de peso: culpa das baterias, que foram instaladas sob o assoalho justamente para reduzir o centro de gravidade. Impossível não notar a transferência de peso sobre os eixos em desvios de trajetória ou frenagens.
Entretanto, vale destacar que os freios são extremamente eficientes. Nem parece que o sistema com discos ventilados nas quatro rodas imobiliza um veículo tão pesado. A direção (elétrica, claro) também merece elogios devido à precisão e à progressividade.
Outra ponto que impressiona é o isolamento acústico. Em automóveis elétricos, ruídos aerodinâmicos e de atrito dos pneus com o solo tendem a ser mais incômodos, justamente por não serem sobrepujados pelo som do motor. Nada disso, porém, incomoda no Audi E-Tron.
O interior mescla excelente acabamento, com materiais nobres como couro e alumínio, com um design tecnológico. Não faltam telas a bordo, que mostram a instrumentação do painel e os recursos de infotenimento. Tudo é touch, até os comandos do ar-condicionado.
Uma das inovações mais peculiares do Audi E-Tron é a troca dos retrovisores convencionais por duas câmeras. Essa solução tem efeito aerodinâmico e ajuda a manter o coeficiente de penetração do modelo em baixos 0,27. As imagens captadas pelos aparelhos são exibidas em telinhas nas extremidades dos forros das portas dianteiras. É inevitável, porém, evitar que esse sistema cause algum estranhamento.
Isso porque olhar pelos retrovisores é uma ação tão automática que qualquer mudança demanda adaptação. Menos mal que as tais telinhas estão posicionadas bem perto de onde, tradicionalmente, ficam os espelhos. É verdade que o motorista não demora a se acostumar com esse sistema, mas eu, particularmente, ainda não me sentia totalmente adaptado a ele nem mesmo ao fim da viagem.
Por outro lado, o modelo provou ter boa autonomia. O E-Tron chegou ao destino demonstrando ter ainda 145 km de autonomia. Sim, o número obtido foi inferior ao informado pela Audi, mas o percurso teve trechos de trânsito lento provocado por obras, que atrapalharam o resultado.
Justamente nos quilômetros finais do trajeto, já chegando à capital mineira, o Audi E-Tron mostrou uma característica indesejada em centros urbanos: o porte um tanto exagerado. O modelo tem 4,901 m de comprimento e 1,935 de largura, além de 2,928 m de distância entre eixos.
Em uma parada de semáforo, o modelo chegou a dificultar o trânsito de motocicletas pelo chamado “corredor”. Embora os locais de saída e de chegada do test drive tivessem áreas generosas para estacionar, quem quiser comprar o Audi E-Tron deve conferir se a vaga na garagem é capaz de comportá-lo.
Pensando bem, talvez isso não seja problema para os compradores em potencial do E-Tron. Afinal, o modelo custa R$ 480 mil e pode chegar a R$ 600 mil com todos os opcionais. As apertadas vagas de edifícios residenciais de classe média não devem fazer parte das garagens do público-alvo.
Fotos Alexandre Carneiro | AutoPapo
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