Carro é lugar de namorar sim, ‘ora pois’!
"Acreditamos que o romântico casal português esteja blasfemando contra nós até hoje, pois interrompemos um maravilhoso momento de amor do casal."
"Acreditamos que o romântico casal português esteja blasfemando contra nós até hoje, pois interrompemos um maravilhoso momento de amor do casal."
Esse é daqueles “causos” inusitado nos 45 anos de minha carreira profissional de jornalista na área automotiva. Como editor técnico de uma revista especializada, fui convidado, em meados dos anos 90, a participar do lançamento mundial de um novo carro da Mercedes-Benz que aconteceria em Portugal.
Como o novo carro, na época, era relevante para os leitores da revista para qual trabalhava, aceitei o tal convite e rumei para o Velho Continente, mais especificamente para as adoráveis terras portuguesas. O evento, destinado a toda imprensa mundial, como não poderia deixar de ser para um Mercedes, foi repleto de muita pompa e os alemães não economizaram para apresentar o novo carro ao mundo.
Depois das apresentações técnicas cabíveis, em que os alemães mostravam em detalhes o novo carro da marca, os jornalistas de todo mundo juntaram-se em duplas para o test-drive, que mostraria aos participantes as verdadeiras qualidades do novo carro.
Como na época ainda não existia a facilidade dos navegadores eletrônicos, hoje tão comuns, era necessário que o jornalista que estivesse de passageiro, fosse com um mapa nas mãos, indicando ao motorista qual o caminho a seguir. Dessa forma, eram possíveis test-drive de 100 a 150 km por trechos, em que rodávamos por regiões desconhecidas por horas a fio, avaliando o novo carro.
Essa prática era tão comum entre os fabricantes do mundo, que era comum fazermos esse tipo de test-drive em qualquer país do mundo. Todos se viravam e acabavam chegando ao seu destino, com a impressão exata de como era o novo carro que estava sendo testado.
Pois bem, nessa ocasião, fiz o test-drive do tal Mercedes com o jornalista Heymar Lopes Nunes, de uma outra revista especializada. Como rodávamos muito e por regiões desconhecidas, era fundamental saber das qualidades de motorista do profissional que dividiria a avaliação do carro contigo.
Heymar, além de amigo, era um motorista bem confiável e, por isso, eu o escolhi para fazer dupla. O test-drive escolhido pela Mercedes, era na badalada região do Algarve, que além de muito bonita possuía ótimas estradas com trechos planos para se desenvolver alguma velocidade e outros trechos sinuosos beirando o mar em região montanhosa que poderia oferecer um ótimo pano de fundo para as fotos do novo carro.
Foi exatamente nesse trecho que o fato inusitado ocorreu. Maravilhados com a paisagem da estradinha sinuosa que serpenteava o mar, resolvemos, eu e o meu companheiro de teste, fazer por ali algumas fotos do novo Mercedes que certamente agradariam nossos leitores. Andando na estreita estrada, tínhamos o mar a nossa esquerda e, nesse ponto, meu colega Heymar é quem dirigia a novidade alemã.
Fiz um alerta: “assim que aparecer um mirante que tenha o mar e pedras de fundo, pare o carro para fazermos algumas fotos”. Rodamos por alguns quilômetros e nada de um lugar para pararmos o carro. Repentinamente, surgiu uma área excelente, ideal para o trabalho e fotos que queríamos fazer. Além disso, para a nossa sorte não havia carros parados por lá, exceção feita a um pequeno Peugeot com a porta do lado do passageiro aberta.
Um carro só, não nos atrapalharia. Tudo era uma questão de posicionar corretamente o Mercedes para a foto. Quando fomos estacionando o Mercedes, paramos o carro de frente ao pequeno Peugeot que, na realidade, estava estacionado em sentido oposto ao nosso. Achamos estranho o pequeno carro estar lá, com a porta direita aberta, mas não víamos ninguém nas imediações ou mesmo dentro do carro.
Tudo aconteceu muito rápido! Paramos o carro de frente ao Peugeot, olhamos ao redor sem ver nada ou ninguém, apenas aquela linda paisagem e o som do mar batendo nas pedras. Mas ficamos surpresos ao olhar no para-brisa do Peugeot e vermos uma cabeça masculina aparecer na altura do volante e, mais surpresos ainda, ficamos ao surgir perto da cabeça masculina uma feminina e ambos nos olhavam assustados, como crianças pegas fazendo traquinagens.
Nesse momento, entendemos rapidamente o que acontecia. O casal português enebriado com aquela paisagem exuberante, se empolgou e resolveu, ali mesmo, dar uma rápida namorada nos bancos dianteiros do pequeno Peugeot, na porta direita aberta ficavam as pernas dos românticos namorados e, dessa forma davam vazão a exuberância de seu amor.
Eles não contavam era aqueles brasileiros “malas” que cismaram de fazer fotos justamente ao lado de seu improvisado ninho de amor.
Heymar, vendo a cara de assustado do casal, imediatamente me disse: “vamos cair fora daqui, pois acho que chegamos em um momento inadequado!”.
O motor do “Mercedão”, não chegou sequer a ser desligado. Engatamos o carro e saímos rapidinho da cena do crime. Ou será da cena de amor? O fato é que caímos fora dando boas gargalhadas da cena inusitada que havíamos nos deparado.
Acreditamos que o romântico casal português esteja blasfemando contra nós até hoje, pois interrompemos um maravilhoso momento de amor do casal. E quem é que disse que carro também não foi feito para namorar, ora pois!
Quem não tiver uma boa história para contar de namoro dentro do carro, que atire a primeira pedra!
Visite o site do Douglas: www.carrosegaragem.com.br.
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