Lembra deles? 13 réplicas nacionais de esportivos estrangeiros
País tem muita tradição em réplicas: várias empresas nacionais desenvolveram e produziram artesanalmente veículos desse tipo
País tem muita tradição em réplicas: várias empresas nacionais desenvolveram e produziram artesanalmente veículos desse tipo
No último domingo, o AutoPapo relembrou alguns esportivos fora de série nacionais. Agora, chegou a vez de enumerar outros modelos que marcaram época: as réplicas. São carros artesanais com design idêntico (ou quase) ao de sofisticados veículos de outros países, porém com características técnicas distintas.
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O mercado de réplicas atingiu o auge durante as décadas de 70 e 80. Naquele período, no qual as importações eram proibidas e poucas multinacionais atuavam no Brasil, ter algum desses modelos era o jeito mais viável de se sentir ao volante de um esportivo estrangeiro. Bem, ao menos no que diz respeito ao estilo…
Desde então, a indústria de réplicas desenvolveu-se a ponto de se criar tradição. Carros artesanais feitos por aqui foram exportados para diversos países e até participaram de filmes hollywoodianos. Confira o listão e compare o veículo original com seu “irmão gêmeo” nacional!
Há quem pense que o Dardo é uma criação legitimamente brasileira. Na verdade, era uma réplica praticamente idêntica do Fiat X1/9. Mas o chassi era próprio, com tubos de aço, desenvolvido por Toni Bianco. O modelo nacional foi produzido pela Corona (do grupo Caloi), sediada em Diadema (SP).
Talvez para honrar o X1/9 italiano, o Dardo era equipado com motor Fiat. Trata-se do 1.3 de quatro cilindros que equipava o 147 Rallye. E, assim como no modelo original, a réplica também dispunha o propulsor em posição central. A carroceria, porém, como é comum em carros artesanais, era de fibra de vidro.
O lançamento ocorreu em 1978, com direito a exibição no Salão do Automóvel de São Paulo. A mecânica e o design fizeram com que a Corona conseguisse fechar uma parceria com a própria Fiat, de modo que o Dardo era vendido pela rede autorizada da marca italiana.
O modelo chegou a ganhar motor 1.5 em 1982, mas a crise daquela década abalou a empresa brasileira. O projeto e o ferramental, então, foram vendidos para a Grifo, que produziu o esportivo em Cotia (SP) até 1985.
A Chevrolet não foi a primeira empresa a chamar um carro de Monza no Brasil. Antes do sedã que marcou as décadas de 80 e 90, um pequeno esportivo já utilizava esse nome no Brasil. Era uma réplica do Alfa Romeo P-3 1931, produzida pela paulista L’automobile a partir de 1976.
Apesar das semelhanças de estilo, o projeto não tinha relação alguma com a concepção do antigo Alfa Romeo. O chassi tinha origem Volkswagen, assim como o motor, posicionado na traseira, e não na dianteira. A carroceria, claro, era de fibra de vidro. O projeto baseava-se em réplicas do P-3 feitas, já na época, nos Estados Unidos.
Entre os carros artesanais feitos pela L’automobile, o Monza foi um dos que obteve maior sucesso comercial. Porém a empresa também sentiu os efeitos da crise e encerrou as atividades em 1983. Projetos e ferramental foram, então, adquiridos pela L’Auto Craft, que seguiu com a produção da réplica ao longo dos anos 80.
Espécie de divisão “popular” da Ferrari, a Dino produziu as belas 240 GT e 246 GT entre 1967 e 1974. Esses modelos ainda eram relativamente recentes, portanto, quando a carioca Fibrario lançou uma réplica que os emulava até no nome: Dimo GT.
Era preciso ter um olhar muito apurado para distinguir a Dino 246 de sua réplica, pois a Fibrario conseguiu praticamente cloná-la. Menos no motor, é claro: em vez do V6 italiano, havia um 1.6 arrefecido a água, posteriormente substituído por um 1.8, ambos Volkswagen. Pelo menos a unidade era instalada em posição central, como no modelo original.
A produção da Dimo foi de 1983 a 1986. O modelo foi quase tão longevo quanto a própria Fibrario, que havia entrado no mercado automotivo em 1982 com o bugre Terral. A partir de 1987, essa linha de carros artesanais passou a ser fabricada pela L’Auto Craft, que comprou os projetos.
Eis aqui um dos carros artesanais brasileiros de maior sucesso. O MP era uma réplica do MG (sigla de Morris Garage) TD, fabricado na Inglaterra entre 1949 e 1953. Até o emblema do esportivo nacional remetia ao símbolo da barca britânica, com duas letras dentro de um octógono. O modelo surgiu pelas mão da Lafer, de São Paulo, que então produzia móveis.
A primeira unidade foi apresentada em 1972, no Salão do Automóvel paulista, mas a chegada ao mercado só ocorreu em 1974. A fórmula era a mesma adotada pela maioria dos pequenos fabricantes brasileiros: plataforma e motor Volkswagen. O 1.600 a ar era disposto na traseira.
A fabricação do MP prosseguiu até 1987, quando, diante da instabilidade do mercado automotivo, a Lafer decidiu manter o nos seus demais produtos. Ao longo da trajetória, o conversível protagonizou um feito memorável: uma unidade participou do filme “007 Contra o Foguete da Morte”, que teve cenas gravadas no Rio de Janeiro em 1979.
Assim como a Lafer, a Avallone também fez uma replicou os carros ingleses da MG. Contudo, em vez do TD, o modelo escolhido foi o TF, que o sucedeu: foi fabricado de 1953 a 1955. O TF brasileiro foi lançado em 1976, por iniciativa do advogado piloto e industrial Antonio Carlos Avallone.
Tanto o TD inglês quanto o brasileiro tinham motor dianteiro. No, mais, porém, eram distintos: a Avallone utilizava mecânica 1.4 do Chevette, chassi próprio e carroceria de fibra. Posteriormente, foram utilizados motores mais potentes, mas sempre da Chevrolet: o 2.5 de quatro cilindros do Opala (com opção de turboalimentação) e o 1.8 do Monza.
A crise da década de 80 atingiu duramente os fabricantes artesanais de carros no Brasil, e a Avallone não resistiu aos abalos. O TD foi retirado do mercado em 1985, mas algumas unidades ainda foram montadas com peças remanescentes ao longo dos anos seguintes.
Pelo visto, os carros ingleses eram muito admirados pelos fabricantes de réplicas. A Artefatos Metálicos Bola, de São Paulo, escolheu o Jaguar XK 120 1948 como fonte de inspiração. O modelo chegou ao mercado em 1981.
Além do estilo, o Fera XK tinha como destaque o motor de seis cilindros 4.1 proveniente do Opala, que garantia bom desempenho. Eixos, freios, direção e câmbio também vinham do modelo da Chevrolet, mas o chassi era próprio, com estrutura tubular. Tanta sofisticação, claro tinha, literalmente, um preço: o automóvel era um dos mais caros vendidos no Brasil.
Consequentemente, já em 1983, o fabricante fechou as portas, após fabricar apenas 12 de seus carros artesanais com jeitão de Jaguar. Projeto e matrizes, entretanto, foram adquiridos pela Indusfera Indústria e Comércio e, posteriormente, pela Americar.
Diferentes fabricantes artesanais de carros produziram réplicas do AC Cobra no Brasil. QHS e Newtrack estão entre as que desenvolveram versões nacionais do esportivo britânico com motor americano, preparado pelo piloto Carroll Shelby. Porém, possivelmente o modelo mais famoso foi o primeiro: o Glaspac Cobra, com chassi tubular e carroceria de fibra de vidro.
A paulista Glaspac fabricava bugres desde 1969, mas a partir de 1975 passou a se dedicar a outros produtos em fibra de vidro. A volta ao mercado automotivo ocorreu em 1981, justamente com a réplica do Cobra. E ela era fiel até no uso de um motor V8 de origem Ford: o esportivo nacional era movido pelo 4.9 que equipava Maverick e Landau.
Leve e potente, o Gasplac Cobra era o carro mais rápido do país no início dos anos 80. O projeto sofreu diversos aperfeiçoamentos, mas a fabricação acabou sendo encerrada em 1987. A produção somou cerca de 90 exemplares.
A história de um dos conversíveis mais icônicos da Mercedes-Benz começou em 1963, com o lançamento do 230 SL. O modelo chegou ao ápice entre 1967 e 1971, quando ganhou motor mais potente e passou a se chamar 280 SL. Apelidado de Pagoda devido à capota, cujo estilo assemelhava-se a um templo budista, esse veículo foi replicado pela LHM, do Rio de Janeiro.
O LHM Phoenix foi lançado em 1982 e, tal qual o 280 SL, vinha com duas capotas, uma de lona e outra rígida, de fibra. Chassi e mecânica provinham do Opala: o comprador podia escolher entre o 2.5 de quatro cilindros e o 4.1 de seis. Havia até opção de câmbio automático.
A Phoenix chegou a confeccionar um chassi próprio e até a oferecer motor V8 de origem Ford. Porém, mesmo após lançar mais carros artesanais, a produção da LHM, já pequena, caiu significativamente a partir de 1986. A empresa manteve-se viva por mais alguns anos, mas não chegou à virada para a década de 90.
Outro Mercedes, dessa vez o SSK 1929, serviu de inspiração para a Classic Motors Carriages do Brasil. A empresa adquiriu os moldes das carrocerias em fibra de vidro de uma montadora norte-americana quase homônima e passou a fabricá-las em Contagem (MG). Plataforma e motor 1.600 a ar eram produzidos pela Volkswagen.
As referências à Mercedes-Benz incluíam até o célebre emblema de três pontas posicionado em destaque na dianteira. O Gazelle, porém, não era uma cópia fiel do SSK: além da mudança da posição do motor, proporções da carroceria e detalhes de acabamento eram distintos.
Entre 1979 e 1986, enquanto esteve em atividade, a Classic Motors Carriages do Brasil produziu cerca de 100 unidades do Gazelle. Quantidade pequena até para um fabricante de carros artesanais.
Lembrada especialmente por fazer transformações em picapes durante os anos 80, a paulistana Envemo desenvolveu uma das réplicas brasileiras mais fiéis ao modelo original: o Super 90. Trata-se de um clone do Porsche 356, produzido entre 1948 e 1965.
Nesse caso, o uso de chassi e motor do Volkswagen Brasília nem destoava do modelo original. Afinal, o propulsor do Porsche também era traseiro e refrigerado a ar. O desempenho, é verdade, estava longe de entregar esportividade.
Por outro lado, a atenção aos detalhes convencia. Os instrumentos VDO com grafia em verde, os bancos revestidos em couro e até os emblemas da carroceria (de fibra, claro) demonstravam cuidado da Envemo com a fidelidade.
É claro que tanto capricho tinha um preço alto, que fez a produção do Super 90 ser baixa. Cerca de 200 unidades foram concluídas entre 1980 e 1983, quando a Envemo transferiu o maquinário de fabricação para a CBP. Posteriormente, quem assumiu as operações foi a Chamonix, que fabricou uma linha completa de réplicas de Porsche.
Desde 1987, a paulista Chamonix faz réplicas de esportivos da Porsche. Entre os modelos da empresa, o mais lembrado, provavelmente, é o 550 S. Ele é um tributo ao 550 Spyder, feito entre 1953 e 1956. O modelo original é lembrado tanto pelos bons resultados em corridas tanto por ter sido o carro no qual o ator James Dean sofreu um acidente fatal em 1955.
Assim como a Envemo, também a Chamonix caprichava nos detalhes. Instrumentos, faróis, volante e emblemas eram muito fiéis aos dos 550 Spyder originais. O esportivo nacional tinha chassi tubular e ofereceu diferentes opções de motorização ao longo do tempo, entre os quais unidades 1.8 e 2.0 da linha AP, da Volkswagen, já com injeção eletrônica.
Durante a primeira década deste século, a maioria da produção da era exportada. Veículos foram enviados à América do Norte, África, Ásia e Europa. Protagonizaram até trabalhos em Hollywood: no filme Ford x Ferrari, um Porsche 356 vermelho que aparece com Matt Demon ao volante é, na verdade, um Chamonix.
Contudo, a crise estadunidense do Subprime derrubou as vendas de veículos no exterior e afetou a empresa, que acabou encerrando as atividades em 2010. Uma ressurreição foi tentada em 2011, com a Chamonix New Generation. A produção, então, passou a ser sob encomenda e voltada ao mercado interno. Porém, após apenas alguns anos, a fabricante fechou novamente as portas.
Uma das primeiras fabricantes artesanais de carros a desenvolver réplicas no Brasil foi a paulistana Thunderbuggy. Existem muito poucas informações sobre a história da empresa, mas registros apontam que, em 1973, ela já fabricava o 35B, que emulava um Bugatti homônimo datado de 1927.
O 35B original foi um dos automóveis mais impressionantes do período entre guerras. Equipado com um motor de oito cilindros em linha que o fazia beirar os 200 km/h, o bólido deu à francesa Bugatti incontáveis vitórias em corridas. O similar nacional era bem menos pretensioso: a mecânica Volkswagen 1.500 a ar o fazia andar com estilo, mas não com tanta rapidez.
Embora o projeto tivesse sido formulado pela Thunderbuggy, a moldagem da carroceria de fibra e a montagem do 35B eram feitas pela Glaspac. Em 1976, a empresa, já rebatizada de Tander Car, lançava outra réplica de Bugatti, agora do modelo Royale, porém com menos fidelidade. O comprador podia comprar o veículo já pronto ou como kit, para se montado em um chassi Volkswagen.
A trajetória da Tander Car terminou em 1981, quando a L’Automobile, sua concorrente direta, adquiriu os projetos e o ferramental para produção. Àquela altura, a empresa já utilizava motor Volkswagen 1.600 a ar e havia lançado uma réplica do Ford Modelo A 1929.
Desde o ano 2000, quando criou uma réplica do AC Cobra, a empresa sediada em Santo André (SP) produziu clones de Ford Thunderbird e Jaguar XK 120. Antes disso, já havia desenvolvido experimentalmente um irmão gêmeo do Willys Americar Coupé 1941; qualquer semelhança entre os nomes do carro e da empresa não é mera coincidência…
O projeto mais ousado da Americar surgiu em 2007: uma réplica do Ford GT40, esportivo norte-americano que venceu a icônica corrida de 24 Horas de Le Mans em 1966, 1967, 1968 e 1969. Tinha motor Ford 5.0 V8 importado dos Estados Unidos, posicionado, tal qual o modelo original, entre os eixos, .
A partir de 2011, a Americar transformou-se em American Classic Veículos Especiais. A empresa permanece ativa: além de comercializar veículos, ainda produz e exporta carros artesanais.
Fotos: Divulgação
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bom dia, estou a procura de um conversivel nacional,tenho opal 86 original.
Tenho uma réplica do MG A, , no documento identificado como CBP SUPER 90 SPeedster, 1987.
Gostaria de ter mais informações sobre o fabricante, quantos foram produzidos, motorização, etc
Acabei de ver um modelo Chamonix Spyder aqui em Recife,(acho q era esse) achei lindo e logo fui pesquisar. Muito legal a reportagem. Parabéns aos colecionadores dessas peças raras.
Existiu uma réplica brasileira do ford thunderbird 1955?
Alguém conhece o carro artesanal feito no final dos anos 60 com o nome karman gato?
A Bugatti não é francesa, é italiana.
A Bugatti era originalmente alemã, fundada por um italiano mas a região onde ela ficava foi cedida à França como indenização de guerra por isso hoje fica no território francês. Atualmente ela pertence à Wolksvagen.
Alguém sabe o contato do EDGARD PESSOA que produziu o TRIUMPH SPIFIRE ou conhece alguém que tenha essa replica
E os Monza-Benz q eram Chevrolets Monza só q com cara de Mercedes-Benz 190 E
Muito feios, deviam ter vergonha de vender essas réplicas mal feitas!
Bela reportagem.
vc sabe fazer réplica bem feita? então não critique… mostre-nos do que você é capaz!
E o Lorena que era um clone do Ford GT40?
Beleza
Estou com quase 65 anos, ou seja vivenciei na mesma época essas icônicas maravilhas, porém muitos detalhes vim a conhecer agora.
Bela reportagem
Parabéns
onde vejo o fornecedor das carrocerias
por favor
Como conseguir um chamonix spider?
Não sei se a matéria realmente está correta, pois existe uma empresa em Jarinu/São Paulo que fabrica réplicas Porsche com o nome Chamonix,que segundo eles possuem 59 anos de tradição. As réplicas são com motores VW a ar e são de fino acabamento. http://www.athos-cars.com
Alexandre, acabei de adquirir uma réplica de um Prorsche 356. No documento o carro é 1980, e trata-se de um protótipo com motor 1660. O bloco, camisas e cabeçotes são de motor VW de um ano abaixo de 1980. O chassi é tubular, a cabine é muito bem acabada, com alinhamento perfeito. O acabamento é em couro animal. Existe uma plaqueta na carroceria, que indica carroceria “ Reutter”, protótipo número 4, para caracterizar a réplica, creio eu. A minha questão é se nos anos 80 havia mais algum construtor dessas réplicas além da Envemo? Haveria possibilidade de ser Envemo, sendo o chassi tubular? Um dono mais antigo disse que seria uma carroceria importada da Alemanha, você ache que isso seria plausível?
Faltaram os Willys Interlagos :berlineta ,coupe e conversivel
Olá, Rubens!
O Interlagos não foi citado porque, tecnicamente, não é uma réplica. Trata-se do projeto original produzido sob licença pela Willys. É, literalmente, um Alpine A108 com outra marca, inclusive no que diz respeito à mecânica. Vale lembrar que a Willys mantinha um acordo industrial com a Renault, de modo que alguns de seus produtos tinham origem francesa. Além do Alpine A108, também o Renault Dauphine foi nacionalizado pelas mãos da Willys.
Abraço e obrigado por comentar.
Recentemente foi noticiado que estava sendo fabricada nova interlagos.