Os carros-conceito servem para quê?
Tentamos descobrir o que é verdade e o que é mentira nos conceitos exibidos durante o Salão de São Paulo de 2018
Tentamos descobrir o que é verdade e o que é mentira nos conceitos exibidos durante o Salão de São Paulo de 2018
Em todas as edições de salões do automóvel, em qualquer cidade, uma coisa é certa de aparecer: os carros-conceito. No Salão de São Paulo de 2018, não foi diferente. Dessa vez, o AutoPapo aproveitou a oportunidade, e conversamos com os designers por trás de dois desses conceitos para entender: afinal, o carro-conceito serve para quê?
O chefe do centro de design da Volkswagen para a América do Sul, José Carlos Pavone, falou sobre o carro-conceito Tarok, cujo desenvolvimento ele liderou. Ele logo se transformará em uma nova picape da Volkswagen para enfrentar a Fiat Toro – embora o designer não comprove a afirmação.
Conversando com o AutoPapo, Pavone disse que “80% do que vimos no conceito tem potencial de chegar ao carro de produção”. Segundo ele, isso inclui a largura, altura e escultura do veículo, ou seja, seu formato.
Entre os carros-conceito exibidos no Salão de São Paulo, o Tarok está entre os que mais se aproximam de uma versão de produção. Muitas vezes, as montadoras desenvolvem esses projetos para desenvolver ideias que nunca chegarão às ruas. Nesses casos, os carros servem apenas para representar ideias ou visões da marca, e estão bem distantes da realidade.
Em outros casos, como no do Tarok, o projeto já está bastante desenvolvido, e podemos pensar que o veículo de produção a que ele dará origem será muito parecido. Mesmo assim, os veículos que sairão da fábrica dificilmente serão iguais aos conceitos expostos nesses eventos.
“Existe certa liberdade de dar uma girada no showcar”, explicou Pavone. Assim, no Tarok, vemos uma grade dianteira toda iluminada, incluindo o logotipo da Volkswagen, que não deverá estar na versão de produção.
A razão por trás disso, é que as montadoras aproveitam o espaço de exibição nos salões de automóveis para tentar encantar o público. “Que graça tem em trazer aqui um carro idêntico ao que estará nas concessionárias no futuro?”, resume o designer. Pavone diz, contudo, que o componente vai aparecer em outros carros, no futuro, mas que esse processo de implementação é longo, uma “revolução”.
Ao mesmo tempo, também há uma preocupação em não frustrar o consumidor que vê os carros-conceito no salão, e encontra veículos muito diferentes quando vai à loja para fechar o negócio. Quanto a isso, a razão é que o design de um modelo não pode ultrapassar seu orçamento, comprometendo a parte financeira da empresa. “Não pode haver um desequilíbrio”, conclui ele.
Para compreender os objetivos da Fiat com o conceito Fastback, o AutoPapo conversou com o chefe do centro de design da FCA para a América do Sul, Peter Fassbender. Ele é responsável pelo projeto. Da mesma forma que o Tarok, esse carro-conceito parece estar bem próximo do que será uma versão de produção.
Contudo, o Fastback – nome que não será o mesmo no veículo de produção – traz uma proposta mais ousada que a do conceito da Volkswagen. Ele é um utilitário-esportivo, mas tem estrutura de fastback. Assim, é um carro grande mas, devido à inclinação do teto na traseira, não tem espaço nem para quatro ocupantes.
Como nos contou Fassbender, o conceito tem capacidade para 2 + 2 ocupantes. Isso significa que comporta duas pessoas nos bancos traseiros, mas não há muito conforto para elas. Apesar da proposta pouco usual, o Fastback deverá ser lançado como a configuração SUV da picape Toro.
Todavia, a informação não é confirmada pela Fiat, que prefere fazer mistério. “Isso faz parte do nosso trabalho”, diz Fassbender. Para o designer, os carros-conceito servem para “experimentar formas, volumes e materiais”. A própria tinta que aparece sobre a carroceria do Fastback, um prata escuro, foi desenvolvida especialmente para o projeto. De acordo com material de divulgação da marca, ela foi pensada para lembrar um diamante.
Insistindo em ser misterioso, Fassbender não dá mais explicações sobre o carro-conceito que exibe. “Damos um petisco hoje para depois revelar uma coisa mais concreta, daqui a alguns anos”, diz ele. Assim, vemos que os carros-conceito também têm a função de instigar a curiosidade dos consumidores.
O Saga EV foi outros dos carros-conceito que estiveram no Salão de São Paulo e mostram mais uma função que esses projetos podem ter. Exibido como um utilitário-esportivo elétrico, ele foi identificado como a próxima geração do hatch Hyundai HB20.
Assim, apesar de estar sendo exposto com uma proposta completamente diferente, os conceitos também podem dar dicas do caminho que os modelos atuais da marca seguirão quando receberem reestilizações.
No caso do HB20, um flagra confiram que o hatch anda para os lados do Saga EV. Entre os carros-conceito citados aqui, ele é o único cujo desenvolvimento ocorreu fora do Brasil. O projeto tomou forma no centro de design da Hyundai dos Estados Unidos. Entretanto, o setor de planejamento de produto da Hyundai do Brasil também participou de sua criação.
Fotos (a não ser quando indicado): Felipe Boutros | AutoPapo
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