Bateria ou híbrido? Nenhum dos dois!

O Brasil tem uma solução (doméstica) para evitar o elétrico com baterias. E o elevado custo do híbrido com seus dois motores

Ideia consiste em extrair o nitrogênio presente no etanol para alimentar a Fuel Cell, que gera energia para movimentar o carro elétrico.
Por Boris Feldman
Publicado em 13/07/2019 às 09h00
Atualizado em 13/07/2019 às 23h55

Como serão os carros do futuro ainda é uma discussão que agita o mundo, pois vai além da tecnologia específica dos veículos e envolve o próprio conceito de mobilidade.

Já existe uma sinalização aceita consensualmente de que:

  • Mais dia menos dia o carro será acionado por energia elétrica;
  • Vai se reduzir a interferência do ser humano em sua condução.

Mas ainda se discute como será gerada a eletricidade, que pode se originar dos ventos (eólica), rios (hidráulica), solar, térmica (combustível fóssil ou carvão), química (fuel-cell) ou nuclear. Além disso, o ritmo em que o motorista será substituído pelo computador não depende só da tecnologia do automóvel, mas da infraestrutura de cada país.

Vai se tornando claro também que  não haverá uma solução global para os carros do futuro, mas diversas regionais. Cada país (ou região) desenvolve uma tecnologia mais adequada aos seus recursos naturais. Países produtores de petróleo serão provavelmente os últimos a adotar integralmente o carro elétrico, mas deverão eletrificar um razoável percentual de sua frota para se ajustar ao rigor cada vez maior da legislação que limita as emissões de dióxido de carbono.

A presença do carro autônomo será também gradual nos países, em função das condições de infraestrutura para recebê-los. A KPMG, empresa internacional de consultoria e auditoria, pesquisou recentemente a adequação de um país para implantar a autonomia veicular e o Brasil ficou mal na foto.

A mudança do automóvel convencional, com motor a combustão, para um novo padrão nos carros do futuro, também está sendo questionada. Vai diretamente para o elétrico ou por uma transição com o híbrido, provocada pelos problemas das baterias?

E no caso do elétrico, de onde virá sua energia? De um pacote de baterias ou da célula a combustível (fuel-cell)? E para complicar mais um pouco: no caso da fuel-cell, o carro será abastecido com hidrogênio ou com outro combustível líquido (como um álcool, por exemplo) do qual se extrairá o H2?

Carros do futuro: hidrogênio extraído do álcool

nissan e bio fuel cell prototype vehicle 05 source
Protótipo da Nissan com tecnologia Solid Oxide Fuel-Cell (SOFC)

Na minha opinião, solução do tipo “sopa no mel” para os carros do futuro no Brasil seria o carro elétrico movido por fuel-cell com o H2 extraído do etanol. A Nissan já levou um veículo que funciona exatamente assim para ser desenvolvido pela Unicamp. Vantagens?

  • Solução superamigável com o ambiente, pois o carro é acionado por motores elétricos e expele água pura pelo escapamento;
  • É um carro elétrico, mas sem o pesado e caro pacote de baterias: apenas duas ou três para o funcionamento de equipamentos e uma reserva para momentos em que os motores exigem uma dose maior de energia elétrica;
  • Nenhum problema de abastecimento nem demora na recarga, pois já existe uma completa rede de postos em todo o país com bombas de etanol;
  • Custo de manutenção tão reduzido como o elétrico com baterias pois também dispensam a parafernália exigida pelo motor a combustão: escapamento, injeção, polias, correias, alternador, catalisador, filtros, óleos, fluidos, velas e outras;
  • Não tem, como o elétrico, a autonomia limitada. Neste aspecto, ele se comporta exatamente como um carro com motor a combustão.

O automóvel elétrico com célula a combustível  (H2) já existe e é produzido pela Toyota (Mirai), Honda (Clarity) e Hyundai (Nexo). Só não alçou voo pela dificuldade da obtenção, armazenamento e distribuição do hidrogênio.

Por outro lado, o “calcanhar de Aquiles” do elétrico a fuel-cell abastecido com etanol é o reformador, equipamento que extrai o H2 do álcool. Grande, pesado e caro, inviabiliza sua presença no automóvel. Mas o reformador poderia ser instalado no posto e neste caso, receberia etanol da bomba de um lado e entregaria hidrogênio – do outro – no tanque do automóvel.

O reformador é pesado, caro e grande, alegam os que se opõem à ideia. Porém, mais leve, barato e menor que o compressor necessário em qualquer posto que tenha bomba de GNV!

Quer conhecer a Kombi do futuro? Veja o vídeo!

Foto Nissan | Divulgação

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9 Comentários
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Claudemir Donizeti Ferraz 1 de junho de 2021

Fico pensando oque ganharíamos com isso,um carro movido a celula de hidrogênio, produzido através do álcool se hoje já estamos pagando mais de 4 reais em um litro, com certeza se caso vir acontecer a tal tecnologia, quanto iria custar o litro de álcool , num país que tem excelente produto para substituir o petróleo, mas fazendo as contas ultimamente não está compensando continuaremos usando terras boas para a produção do mesmo, invés de produzirmos alimentos

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J K 3 de outubro de 2020

Para quem escreveu há um ano pondo em duvida o futuro do projeto, o futuro já chegou.

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Aldo Naletto 27 de outubro de 2019

O carro do futuro será elétrico, não há dúvida – o problema é o que vai fornecer energia para ele. Baterias são inviáveis: caríssimas, pesadas, levam muito tempo pra carregar e duram pouco – imagine ter de trocar o pack de baterias, que custa mais da metade do carro, a cada 3 ou 4 anos como acontece com celulares, notebooks etc.
Existe alguma esperança nos supercapacitores, que armazenam energia por atração eletrostática ao invés de reações químicas lentas e desgastantes como nas baterias, porém ainda tem muito chão pela frente antes que sejam viáveis.
A melhor solução é gerar esta energia através de meios químicos, como nas células de combustível, mas até mesmo motores a queima de combustível podem ser muito mais eficientes que os atuais motores a explosão. Para se ter uma ideia, uma turbina do tamanho de uma garrafa térmica seria capaz de gerar energia suficiente operando com eficiência em próxima a 95% – muito melhor que os 35% dos motores a explosão atuais, e muito mais simples e leve.

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Marcus 27 de outubro de 2019

O combustível do futuro pra mim é o gnv, não precisa plantar, colher ou refinaria vem do lixo de tudo que morre apodrece e vira gás afinal o que mais tem na terra é lixo e morte e pra pegar o gás é simples faz um buraco no solo puxa com compressor elétrico levado até o posto por tubulação pressurizado no posto e abastecido no carro e ainda polui menos que álcool e gasolina o problema é o governo e as gambiarras não fiscalizadas uso GNV desde 1997 e dá pra contar nos dedos os postos que pediram o selo do Inmetro e abriram o porta malas para abastecer está escrito na bomba mas os postos não fazem os procedimentos para abastecer

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Roberto 21 de julho de 2019

É muito bom a gente sempre pensar no futuro para não sermos ultrapassados, desempregados ou alienados.
Nós estamos passando por uma nova Revolução Industrial.
Muitas mudanças estão ocorrendo todos os dias, em quase tudo, na tecnologia, na medicina e, até nos costumes.
Num futuro muito próximo, estaremos vivenciando grandes transformações.
Muitos já perderam empregos tradicionais. Mas muito mais gente perderá empregos e terão que se adaptar aos novos tempos.
Nesta conjuntura, é difícil afirmar qual será a tecnologia que moverá os nossos veículos nos próximos 10-15 anos. Com certeza, nem mais precisaremos de carros com volantes e pedais, tudo será pela informática ou outra denominação.
Ônibus, se existir, será sem motorista. Taxis não existirão mais, tudo será com drones com ou sem aplicativos. As congestionadas ruas das grandes cidades poderão desaparecer, porque os carros serão substituídos por veículos aéreos, tipo drones.
É só uma * mental. Desculpem.
[EDITADO]

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Adalberto 16 de julho de 2019

Isso do reformador ser grande, pesado e caro é só uma questão de tempo para sua miniaturização. Nano tecnologia está aí para provar, o restante é desculpa esfarrapada!

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paulo 15 de julho de 2019

Jamais vou confia numa máquina

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Pedro Gouvêa Muniz Filho 14 de julho de 2019

Acho que deveria ser movido a energia solar

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Rodrigo Casarin 14 de julho de 2019

Gostei desse exercício de futuro, até que seria bem interessante se essa ideia vingasse, um carro com as vantagens do elétrico e do combustível…. Além de o Brasil já ter boa parte do caminho andado ainda criaria mais uma barreira natural contra os importados. Pode fazer, rsrsrs!!

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