Coronavírus força a férias coletivas em montadoras no Brasil

Dispersão do Covid-19 já está afetando a produção de automóveis também no país, e diversas marcas já decretaram paralisações

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Por Bárbara Angelo
Publicado em 17/03/2020 às 18h03
Atualizado em 20/03/2020 às 18h22

A pandemia de Coronavírus está afetando a produção de automóveis no Brasil e no mundo. Fábricas de todo o país determinaram férias coletivas e paralisações já a partir do dia 24. No resto do mundo, greves e paralisações também afetam a produção.

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De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a Volkswagen já entrou com pedido de férias coletivas de 10 dias para todos os operários da fábrica a partir do dia 30 de março. Férias coletivas devem ser aprovadas com 15 dias de antecedência devido à legislação brasileira.

Em comunicado, a empresa confirma o afastamento:

Até o dia 30 de março de 2020, os empregados da área administrativa continuam em trabalho remoto e os empregados da linha de produção em folgas administradas por banco de horas. A partir de 31 de março de 2020, os empregados estarão em férias coletivas por duas semanas. Ambas as medidas são parte das ferramentas de flexibilização previstas em Acordo Coletivo de Trabalho.

O mesmo ocorre nas fábricas da Toyota, em São Bernardo do Campo, Sorocaba, Indaiatuba e Porto Feliz, todas no estado de São Paulo. A montadora confirma a paralisação:

A Toyota do Brasil informa que suspenderá a produção de suas quatro plantas industriais no País a partir do dia 24 de março com retorno previsto para 06 de abril.

Enquanto isso, funcionários de setores administrativos estão trabalhando de casa.

Nas plantas da Mercedes-Benz de todo o país, incluindo no ABC, férias coletivas já foram determinadas, com a duração de 20 dias. O afastamento começa em 30 de março e termina no dia 19 de abril. Também haverão folgas, debitadas dos banco de horas dos funcionários, nos dias 25, 26 e 27 de março, e 20 de abril.

A montadora prevê que que as atividades retornem ao normal no dia 22 de abril, a depender da situação.

Honda também comunica que está entre as montadoras a determinar férias coletivas em suas fábricas de Sumaré e Itirapina, ambas em São Paulo:

A empresa irá suspender a produção por 20 dias, a partir de 25 de março, com retorno previsto para 14 de abril, podendo ser postergado para 27 de abril. A retomada da produção dependerá das orientações dos governos federal e estadual, das condições de segurança dos colaboradores e dos impactos da pandemia no mercado de automóveis.

Mais decisões devem ser tomadas pelas fabricantes nos próximos dias, em um cenário que permanece imprevisível devido à dispersão do Coronavírus.

Coronavírus e fábricas de outras regiões

Em outras localidades, apesar de o epicentro brasileiro ser em São Paulo, medidas também estão sendo tomadas. Nas plantas da FCA em Betim (Minas Gerais), Goiana (Pernambuco), e Campo Largo (Paraná), uma paralisação está prevista para a semana que vem, informa a empresa:

A Fiat Chrysler Automóveis (FCA) anuncia que iniciou esta semana a diminuição gradual da produção em suas fábricas no Brasil, tendo a paralisação total prevista para ocorrer até 27 de março. As atividades fabris serão retomadas em 21 de abril.

A BMW também informa férias coletivas devido ao surto de Coronavírus em sua fábrica de Araquari (Santa Catarina):

O BMW Group Brasil anuncia a suspensão temporária da planta de Araquari, em Santa Catarina, a partir do dia 30 de março. O retorno das atividades é previsto para 22 de abril.

A Renault também tomou a decisão, de acordo com comunicado:

A Renault do Brasil informa que irá suspender a produção no Complexo Ayrton Senna, em São José dos Pinhais – PR, no período de 25 de março a 14 de abril de 2020 em função do crescente impacto do Coronavírus (Covid-19).

Medidas semelhantes estão sendo adotadas por outras fabricantes, segundo informou a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea):

Com foco na segurança e na saúde dos familiares e funcionários das montadoras associadas à Anfavea, informamos que, em função do agravamento da crise gerada pelo COVID-19, todas as nossas empresas estão analisando e se preparando para tomar ações de paralisação das suas fábricas no Brasil, e discutindo caso a caso com seus respectivos sindicatos.

“A prioridade é a saúde dos nossos mais de 125 mil colaboradores diretos em 67 fábricas e 10 estados, e também a de seus familiares”, declara o presidente da entidade, Luiz Carlos Moraes. São 26 empresas associadas à Anfavea.

Coronavírus afeta economia do setor

De acordo com a Bright Consulting, os impactos das paralisações e férias coletivas no Brasil e no mundo vão afetar a economia do setor negativamente. A empresa de consultoria faz previsões trágicas para o futuro brasileiro.

“O choque econômico pela paralisação de tantas atividades será grande. Se, por um lado, grandes empresas conseguem calcular o prejuízo gerado em uma semana sem produção, empresas de pequena escala como lojas, prestadores de serviço e trabalhadores autônomos se perguntam como sobreviverão a esse período de portas fechadas que representará uma redução dramática de seus recursos e, provavelmente, muitas falências”, afirma.

A Bright Consulting prevê que o pico da disseminação do Coronavírus no país ocorra entre os dias 20 de abril e 5 de maio. Nesses cálculos, a estabilização viria apenas no último trimestre de 2020.

Em uma situação de cadeia, que afeta o processo fabril desde a importação de componentes de outros países afetados pela pandemia, o processo fabril sofrerá impactos.

“Com importações menores por conta da queda das vendas e do câmbio depreciado e exportações reduzidas em função da recessão dos mercados com quem nos relacionamos, estimamos, neste momento, que a produção de veículos leves atinja 2,67 milhões de unidades em 2020, 4% menor em relação a 2019”, avalia a Bright Consulting.

Além disso, as vendas de carros no geral devem cair, segundo análise da empresa. A limitação da circulação de consumidores nas lojas, com muitas cidades determinando quarentenas, é outro fator que afeta o cenário.

“Estimamos que as vendas de veículos leves cheguem a 2,61 milhões de unidades em 2020,  3% menor que em 2019”, calcula a empresa de consultoria.

Por fim, os especialistas preveem um aumento no preço de carros devido ao Coronavírus. O mercado vai repassar ao consumidor uma elevação nos custos, que também inclui a alta do dólar.

“Comparativamente à taxa de câmbio de R$ 3,8/US$ de um ano atrás, aumentos de preços entre 10% e 20%, adicionais aos aumentos já aplicados no período, terão que ser repassados ao mercado rapidamente o que irá impactar ainda mais as vendas no varejo”, conclui a Bright Consulting.

Greves e paralisações no mundo

Globalmente, funcionários estão entrando em greve enquanto sindicatos pressionam as empresas por atitudes de preservação da saúde de seus funcionários.

Nos Estados Unidos, o sindicato nacional United Auto Workers encorajou funcionários da General Motors, Ford e FCA a interromperem o funcionamento de fábricas em todo o país.

As três grandes fabricantes de Detroit negociaram um período de 48 horas para tomar decisões de contenção ao Coronavírus nos locais. Esse prazo acaba hoje.

No Canadá, uma fábrica da FCA ficou sem funcionar por 24 horas após os funcionários se recusarem a trabalhar, na semana passada.

Em outra fábrica da mesma companhia, em Indiana (EUA), um funcionário testou positivo para o COVID-19. O local permanece em funcionamento.

Coronavírus na Europa

Na cidade de Vitoria, na Espanha, uma fábrica da Mercedes-Benz com cerca de 5 mil funcionários entrou em greve na segunda-feira. Foi identificado um caso positivo de Coronavírus no local, e diversos outros suspeitos, que ficaram em quarentena.

A marca, que produz vans no local, não suspendeu o funcionamento, levando os operários à paralisação.

Outras fábricas automotivas do velho continente serão fechadas devido à pandemia viral. Na Europa, o contágio da doença alcança mais pessoas que nos Estados Unidos, e a Itália já é o segundo maior foco do mundo.

O Grupo Volkswagen, Ford, PSA (Peugeot Citroën), Nissan, FCA, Ferrari, Renault e Daimler estão interrompendo o funcionamento de suas principais plantas na região por tempo indeterminado devido ao Coronavírus.

Permanecem em funcionamento as fábricas de alguns países.

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Dispersão do Coronavírus já está afetando a produção de automóveis também no país, e diversas marcas já decretaram medidas de contenção
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2 Comentários
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RAFAEL BEHS 18 de março de 2020

Devo comprar um carro usado agora, neste situação de pre crise, ou devo aguardar um pouco mais?

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João paulo 19 de março de 2020

Compra um com volante infectado animal..kkk tanta coisa para se preocupar…rs

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