Correia dentada banhada a óleo foi banida dos EUA? Explicamos!

Na internet está rodando algumas fake news sobre esse recurso ser banido em outros países e que só são usados no Brasil, checamos a veracidade

correia dentada banhada a oleo em funcionamento continental
Ela dura mais que a correia tradicional e gera menos perdas mecânicas (Foto: Continental | Divulgação)
Por Eduardo Rodrigues
Publicado em 01/01/2025 às 11h00
Atualizado em 01/01/2025 às 16h19

A correia dentada banhada a óleo, utilizada pelos motores de três cilindros da Chevrolet e da Ford, virou o novo alvo de mecânicos influencers atrás de cliques. Até mesmo em notícias de carros elétricos da GM aparecem comentários sobre esse recurso.

Uma das fake news que apareceram pegando carona nesse assunto foi que a correia dentada banhada a óleo foi banida nos EUA. Fomos apurar se isso é real mesmo ou apenas mais uma invenção da internet feita para criar terror.

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O 1.2 turbo utilizado por SUVs compactos da Buick e da Chevrolet nos EUA é idêntico ao nacional (Foto: Buick | Divulgação)

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A General Motors começou a oferecer motores 3 cilindros modernos nos EUA em 2020 com o lançamento do Buick Encore GX. Esse SUV importado da China utiliza um 1.3 turbo com corrente metálica tocando o comando de válvulas.

Esse motor 1.3 turbo faz parte da mesma família de motores E-Turbo da GM, que foi desenvolvido pela Opel antes de ser vendida para a PSA. Ele produz 164 cv e 24,5 kgfm.

Apesar de serem da mesma família, as diferenças vão além do deslocamento volumétrico e da forma que é feita a sincronia do comando. O motor 1.3 utiliza materiais diferentes na construção dos pistões, velas maiores e possui mudanças no sistema de injeção.

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Nos EUA existe também um 1.3 turbo, que utiliza corrente (Foto: Chevrolet | Divulgação)

O mesmo motor 1.2 turbo de três cilindros usado no Brasil também é oferecido hoje nos EUA em SUVs compactos da Buick e da Chevrolet. Ele utiliza a correia dentada banhada a óleo igual aos modelos nacionais, se diferenciava apenas pela injeção direta e por ser produzido no México.

A nova versão de injeção direta produzida no Brasil entrega a mesma potência do 1.2 turbo dos carros norte-americanos com gasolina, no etanol o nosso é mais forte. Nos EUA esse motor é ligado a um câmbio CVT nos carros de tração dianteira, em modelos de tração integral é usado a mesma caixa automática de seis marchas usada no Brasil.

O Chevrolet Onix mexicano realmente usa corrente, mas é outro motor

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O Onix vendido no México pode vir com um 1.3 aspirado com corrente ou com um 1.0 turbo idêntico ao do modelo brasileiro (Foto: Chevrolet | Divulgação)

O que está certo no discurso desse pessoal que fica criando terror com a correia dentada banhada a óleo é que o Chevrolet Onix Plus vendido no México utiliza corrente. Mas não se trata do mesmo motor utilizado no Brasil.

O Onix era produzido no México até 2022 e desde então passou a vir da China. O motor utilizado por ele é o 1.3 aspirado, diferente dos 1.0 e 1.2 do modelo brasileiro.

Esse 1.3 aspirado utiliza corrente metálica cuidando do sincronismo do comando de válvulas. Ele rende 107 cv e 13 kgfm. O 1.0 turbo com correia banhada a óleo também é oferecido no México.

O país norte-americano recebe o Tracker e a Montana produzidos no Brasil, ambos com o mesmo 1.2 turbo oferecido no Brasil.

Ford também oferece correia banhada a óleo nos EUA

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O 1.5 turbo de três cilindros que a Ford usa nos EUA adota a correia banhada (Foto: Ford | Divulgação)

Você se lembra do motor 1.0 turbo de três cilindros que o Ford Fiesta ofereceu em versão única no Brasil? Apesar de ser pouco lembrado por aqui, esse propulsor foi popular em outros mercados e ainda está em linha na Europa.

O 1.0 turbo Fox faz parte da mesma família do Dragon aspirado utilizado pelo Ford Ka nacional. Nos EUA ele equipou o EcoSport até sair de linha em 2022.

Os motores com correia dentada banhada a óleo são alvo de polêmica nos EUA da mesma forma que são no Brasil. Na maioria dos casos o “problema” sempre cai na negligência com a manutenção, seja por usar o lubrificante errado ou por atrasar as trocas.

A Ford possui também uma versão turbinada de seu 1.5 de três cilindros, que é usada hoje nos EUA pelo Bronco Sport e pelo Escape. Ele utiliza a correia banhada a óleo.

Apesar de todas as polêmicas nas redes, esses motores nunca foram banidos de algum mercado. A Ford também adota esse recursos em seu motor turbodiesel EcoBlue de quatro cilindros.

A marca que trocou a correia banhada por corrente

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O 1.2 Puretech desenvolvido pela PSA passou a usar corrente a partir dos híbridos (Foto: Citroën | Divulgação)

Um dos primeiros motores a gasolina com correia dentada banhada a óleo foi o Puretech da PSA, que existe em versões 1.0 e 1.2. Sua versão aspirada foi usada no Brasil pelo Peugeot 208 e pelo Citroën C3.

Por ter sido menos popular que o motor de três cilindros da Chevrolet e por ter recomendação de troca da correia com 80 mil km, esse motor costuma ser esquecido pelos mecânicos influencers. Porém na Europa ele é alvo de muitas críticas.

O 1.2 Puretech começou a utilizar corrente metálica nas versões híbridas. Durante 2023 essa mudança chegou aos modelos puramente a combustão.

As vantagens da correia dentada banhada a óleo

Com a atual busca pelo máximo de eficiência nos motores a combustão, as montadoras estão procurando tirar perdas mecânicas onde consegue. A direção com assistência elétrica, por exemplo, ajuda nisso por não exigir que o motor toque uma bomba hidráulica.

A correia dentada banhada a óleo foi uma solução que permitiu reduzir esse tipo de perda parasitária por exigir um esforço menor do motor para manter o sincronismo das válvulas quando comparada a corrente. O fato de ser lubrificada e rodar dentro do motor aumenta a durabilidade, que é estipulada em 240 mil km nos motores da Chevrolet.

Outro benefício desse recurso é ser mais silencioso que a corrente.

Os cuidados para conseguir a durabilidade

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O óleo correto e trocado na hora certa evita problemas (Foto: Shutterstock)

O senso comum que vemos na internet diz que óleo e borracha não se misturam, que a correia fica “cozinhando” dentro do motor e que ele é descartável. Obviamente a correia dentada que trabalha junto do óleo não é uma correia de borracha simples.

Ela é feita de borracha de nitrila butadieno hidrogenada (HNBR), que é resistente a altas temperaturas e a óleos. Na composição também vai um revestimento em teflon para aumentar a resistência.

O óleo lubrificante exigido por esses motores também é específico. Ele possui uma aditivação especial para evitar danos a correia.

Por isso, o único cuidado exigido para que a correia dentada banhada a óleo dure os mais de 200 mil km que o fabricante promete é: utilize o lubrificante correto indicado no manual. Nos carros da Chevrolet é o Dexos 1GEN3, nos Ford pode ser qualquer óleo com que atenda a norma WSS-M2C948-B.

Também é importante tomar cuidado com a periodicidade da troca. O uso em trânsito urbano intenso é configurado como severo, o que obriga adiantar as trocas. Por fim, não coloque aditivos externos ao óleo, além de ser desnecessário, isso pode atacar a correia.

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