Deputado queria oficializar o carro do tipo ‘lambe formiga’

Câmara dos Deputados felizmente vetou o projeto de lei que permitiria alterar componentes estruturais do automóvel

carro branco estacionado na rua acessórios para carros e modificações
Carros rebaixados: muitos são feitos sem critério (Foto: Shutterstock)
Por Boris Feldman
Publicado em 15/05/2021 às 07h30

Não são poucos os carros que rodam com a suspensão completamente rebaixada, do tipo “lambendo formiga” pelo asfalto. São alterações em molas, amortecedores, rodas, pneus e outros componentes que teoricamente deixariam o carro mais estável. Mas muitos o fazem só para se distinguir na multidão. Outros pelo prazer de acelerar, para medir forças, ou participar de competições, oficiais ou não.

Algumas destas intervenções são feitas por oficinas de comprovada competência tecnológica, tendo engenheiros ou técnicos como donos ou consultores. São carros desenvolvidos para as pistas ou simplesmente para um ganho em desempenho. As próprias fábricas costumam lançar versões esportivas e anabolizadas de seus modelos.

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Mas a maioria é do tipo “fundo de quintal” e vai no “grito” mesmo, alterando e substituindo componentes sem nenhum critério técnico ou de qualidade. Na base do “achismo”.

Verdadeira “bomba-relógio”

Além da suspensão, motores podem também receber uma dose extra de adrenalina que chega a dobrar, triplicar (ou mais ainda) a potência original. Mas, nem sempre suspensão e freios são também modificados para conter – as vezes – centenas de cavalos sob o capô desta verdadeira bomba-relógio que representa risco por onde passa. E muitos os casos destes carros que provocam acidentes nas ruas.

Estes automóveis são chamados de “tunados”, “preparados”, “customizados”, quase todos fora da lei, pois o Código de Trânsito Brasileiro é explícito ao proibir que se alterem as características originais do veículo. Ou permite, desde que submetido a uma vistoria técnica por uma empresa homologada.

A restrição tem razão de ser, pois engenheiros das fábricas dedicam milhares de horas para desenvolver projetos, desenhar componentes e testar protótipos até obter a melhor relação entre desempenho e segurança do automóvel.

Consistência de um floco de neve

No mês passado, a Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados rejeitou um Projeto de Lei (2623/19) apresentado pelo deputado Giovani Cherini (PL-RS) para alterar o código de trânsito e permitir a modificação de elementos estruturais do automóvel. O argumento do deputado é tão consistente quanto um floco de neve: “a customização de carros é extremante popular”.

Eu critiquei o projeto deste deputado em áudio para rádio e vídeo para o portal e fui duramente criticado por uma (felizmente pequena) parte dos ouvintes e leitores. Com argumentos do tipo “o carro é meu e faço dele o que bem entender”, ou que “o governo não tem que se meter no que é meu” e até que “só mesmo no Brasil a lei proíbe alterar um automóvel”.

Confira o meu vídeo!

Irresponsáveis, se esquecem de que segurança veicular não se restringe a proteger passageiros daquele veículo, mas – principalmente – os que dividem com ele as vias públicas.

A Europa é mais rigorosa

A propósito, não me esqueço de uma vez que estava em Paris e fui a uma loja de acessórios e equipamentos para automóveis. Perguntei sobre chip para aumentar a potência de motores. O vendedor me pediu para especificar o automóvel (era um VW Passat) e o motor (V6 de 250 cv).

Ele me mostrou uma lista de chips, escolhi um deles e me preparei para pagar. O vendedor me pediu então o endereço da oficina para entregar o chip. Eu argumentei ser brasileiro, carro e oficina estavam no Brasil. Ele pediu desculpas mas, mesmo diante do meu argumento de ser um turista, não poderia infringir a lei que o proibia de entregar o chip ao dono.

Só a uma oficina homologada pelo governo francês que o instalaria depois de analisar o carro e avaliar não ser perigoso aumentar a potência. Ou depois de tornar o sistema de freios e a suspensão adequadas para o novo desempenho. Saí da loja de mãos abanando…

Alterações populares, mas perigosas

Tentei imaginar o que passa pela cabeça de um deputado capaz de apresentar um projeto tão irresponsável. E, neste caso, até redigir outros igualmente surrealistas e baseados no mesmo argumento da “popularidade”: se é ilegal e perigoso mas é “popular” com uma multidão de adeptos, por quê não oficializar também os “pegas” nas ruas, o carro homologado para quatro levar sete passageiros, picapes e caminhões levar o pessoal na carroceria e outras do gênero? É tudo muito “popular” também.

Na verdade, nosso Código de Trânsito Brasileiro falha ao legislar sobre vários temas. Mas tem pilares essenciais no sentido de manter a disciplina nas vias públicas, a segurança veicular, o respeito ao meio ambiente, o protocolo para conceder a habilitação e outros aspectos importantes do trânsito.

Porém, mais importante ainda é estabelecer e levar a sério uma fiscalização objetiva e eficaz nas ruas. Por enquanto, o governo só se mexe para faturar com radares. Mas os “lambedores de formiga” e quetais rodam impunemente e raramente são “importunados” pela polícia.

Nem precisava de mudar o código…

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10 Comentários
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Yan 16 de outubro de 2021

Meuu pelo amor de Deus cada um que tem seu carro faça o que quiser com ele, rebaixe,turbine ou se for um gear read como eu faça os 2 ou se você é um Zé frisinho deixe-o original como saiu de fabrica eu curto carro baixo e com som, você pode não curtir mas pelo menos respeite a opinião do outro, não seja invejoso, críticas sempre vai ter,se o cara rebaixou o carro dele e tem que andar a 30 ou 20km e desviar de buracos e passar de lado no quebra mola deixe ele ser feliz, ultrapasse ele deixe ele em para traz e se vc tá com pressa quem se atrasou foi vc e não ele?‍♂️, e se o cara tem som e você não gosta não ligue deixa para traz não julgue ou reclame, vcs Zé frisinhos acham q todos tem que ter ou manter o carro original mas sabemos que não é bem ass,eu concordo com 50% que o Boris disse e discordo do resto concordo que tem que ter peças verificadas e tudo mais, mas discordo do deboche que ele fez contra a turma dos rebaixados e turbos, tem sim que aver uma legalização para turbo e suspensão e a lenda é quanto + baixo melhor e quanto + forte o som é mais idiotas vão se encontrar mas esse é lema do automobilismo e pra quem gosta de carro, seja baixo,turbo, ou original todos nós gostamos de uma máquina de 4 rodas entt vamos respeitar a preferência do outro e vc que só vê o carro como meio de locomoção não cuida só roda e não faz manutenção você não tem o direito de falar algo sobre isso tenha uma boa tarde

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Fredinho 16 de maio de 2021

Mano vcs incistem em criticar nós que rebaixamos nossos carro, gosto é gosto, cada um tem o seu. Isso se chama-se persseguição, pq nós incomoda quando passa geral para pra olhar.

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Nanael Soubaim 17 de maio de 2021

Não tem nada a ver com gosto.

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FELIPE 21 de agosto de 2021

Realmente, vocês incomodam… ao andar a 10km/h nas vias para não bater o fundo do carro nas irregularidades do asfalto…

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rafael 15 de maio de 2021

Pobres fazendo pobrices

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Nilson 15 de maio de 2021

O deputado entende do assunto tanto quanto os potenciais eleitores que ganharia com essa proposta sem pé nem cabeça.
Existe quem rebaixe um carro a ponto de cortar parte das longarinas dianteiras para os semieixos não baterem nelas. É surreal.

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OpalaSemCaneco 15 de maio de 2021

Os cara tem cada ideia kkkkkkkk se carro com suspenção original (por exemplo Idea, experiência própria) já raspa a frente por qualquer coisa, imagina rebaixar ao ponto de não poder nem sair da garagem kkkkkkkkkk deviam legalizar o lift na suspenção das camionetes, porque ai sim faz sentido

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Denilson 15 de maio de 2021

E quanto a carros com parafernalia de alto falantes que inferniza a cidade? Tem legislação específica pra isso?

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Cláudio A S Lima 15 de maio de 2021

Boa!! Pode até ter lei mas fiscalização é zero. Infelizmente.

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José da Silva 15 de maio de 2021

Cada povo tem o legislativo que merece.

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