E se o petróleo acabasse amanhã?

São dezenas de projetos para a energia “limpa”, desde uma cópia da locomotiva até o elétrico a partir do etanol

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Carros híbridos já existem há mais de 100 anos: este é um Lohner-Porsche de 1900 (Foto: Porsche | Divulgação)
Por Boris Feldman
Publicado em 25/09/2021 às 07h30
Atualizado em 04/10/2021 às 16h29

A situação hoje seria menos desesperadora  que num passado não muito distante, pois a corrida tecnológica em busca de alternativas para o combustível fóssil nunca esteve tão acelerada.

Entraram em cena novos combustíveis. Os principais são o biocombustível, gás natural, hidrogênio e energia elétrica. Aliás, dois deles – eletricidade e álcool – estão voltando ao palco, pois foram usados no século 19, antes mesmo da gasolina. Assista ao vídeo e entenda!

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Combustão “limpa”

Alternativa para se evitar a queima do carbono presente no petróleo é substituir seus derivados pelos de origem vegetal. Utilizados em motores convencionais ou adaptados para queimá-los.

Biocombustível

O Brasil é o maior especialista do mundo para o uso do álcool em motores a combustão, no lugar da gasolina.

O diesel dos nossos motores já recebe uma mistura de biodiesel (hoje em 12%) e já se desenvolve o “Diesel Verde” (ou HVO) que pode ser usado puro no motor (100%).

Hidrogênio

Foi utilizado experimentalmente em substituição à gasolina, entre outros pela BMW (série 7 em 2005) e pela Mazda num RX-8 com motor rotativo Wankel (2004). E voltou recentemente como combustível em novos projetos:

  • Akyo Toyoda, presidente da Toyota, foi piloto este ano ao volante de um Corolla com H2 (hidrogênio) no tanque. Os engenheiros da marca afirmaram ter obtido torque 15% maior que a gasolina.
  • A empresa belga de tecnologia Punch desenvolve em sua filial italiana (Turim) uma picape Nissan com motor a diesel, porém preparado para queimar H2.

Híbridos, há mais de 100 anos

Tecnologia muito em evidência hoje, foi apresentada inicialmente por Ferdinand Porsche em 1900. Isso mesmo: 1900, há 121 anos! É ele mesmo, o austríaco fundador da fábrica dos famosos esportivos alemães.

O híbrido “Lohner-Porsche” tinha motor a gasolina acionando elétricos dentro das rodas. Um século depois, o projeto foi reativado e quem tomou a dianteira foi a Toyota com o Prius, que já vendeu milhões de unidades pelo mundo. Os dois motores, elétrico e combustão, tracionam o carro.

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Ferdinand Porsche apresentou o primeiro carro híbrido da história

Na parede

A novidade seguinte foi o híbrido “plug-in”. Além de a bateria se recarregar nas reduções de marcha, ela se recupera também na tomada. Tem, portanto, maior capacidade e confere autonomia superior. Em geral suficiente para o carro rodar somente elétrico no dia-a-dia. Se o motor a combustão for alimentado com álcool, a solução passa a independer do petróleo.

“De Leve”

Surgiu também o híbrido “de leve”, ou “mild-hybrid”. O motor elétrico não traciona diretamente o carro, mas é recarregado nas frenagens e substitui motor de arranque e alternador. E ainda “auxilia” o motor a combustão nos momentos de maior exigência de potência.

Locomotiva

Outra ideia inteligente e que pode (no Brasil) se tornar independente do petróleo, partiu da engenharia da Nissan: um híbrido que tem um pequeno motor a combustão acoplado a um gerador elétrico.

Este aciona os motores que tracionam o carro. Sistema copiado das locomotivas: são igualmente movimentadas por motores elétricos que recebem energia de geradores acoplados a um enorme motor diesel…

Elétrica, a mais eficiente

A dificuldade desta opção vingar mais rapidamente não é do motor, mas da bateria. Desde o final do século 19, quando surgiram os primeiros automóveis elétricos, autonomia já era problema.

Ele voltou, mas a autonomia, ponto e tempo de recarga continuam problemáticos. Entretanto, tem uma notável e insuperável eficiência de cerca de 95% contra 40% do motor a combustão. E, enquanto este tem centenas de componentes, o elétrico tem uma única peça móvel e não exige manutenção.

Fuel cell

Mas o automóvel pode se movimentar eletricamente dispensando a bateria: é o sistema da célula a combustível (fuel cell) que gera sua própria energia elétrica. Uma reação química da célula (alimentada por hidrogênio) produz a energia elétrica. Tão limpo que sai apenas água pelo escapamento. E, apesar de elétrico, sem limite de autonomia.

Outro desenvolvimento para se tracionar o veículo eletricamente é a mesma célula a combustível, porém com etanol ao invés de H2 no tanque. Exige um equipamento adicional no próprio carro (ou no posto): um reformador que extrai hidrogênio do álcool.

Já está em desenvolvimento no Brasil numa parceria entre a Nissan e a USP (IPEN). Sistema que seria ideal para o Brasil, onde já existe postos de etanol em todo o país.

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14 Comentários
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joseluizdacosta@bol.com.br 1 de outubro de 2021

Secou o petróleo… Näo…… Para o mundo por um ano até se ajustar precariamente..

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Helida Maria Ribeiro 1 de outubro de 2021

Meu carro bateu motor em 04/2019, está na oficina e estou sem condições para consertar, estou vendendo, mais apareceu 2 restrição judicial, no ano de 2020 e 2021, não paguei o IPVA. A restrição judicial, será que é por causa do não pagamento.

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Luís Fonseca 30 de setembro de 2021

Primeiro é mais importante se o petróleo terminar iram ter de repensar a construção e manutenção das estradas pois uma boa parte do petróleo ou seja o alcatrão não iria igualmente ser usado. Tal como os plásticos fazendo parte da multitude de objetos legeiros.

O problema não é o petróleo mas sim a corrida ao consumo e falta de equilíbrio nos recursos e falta de qualidade na elaboração de produtos (tal como na realização de estradas e sua manutenção).

A isso ainda é adicionado a falta de respeito pela natureza e o avanço das ambições humanas em construir a betão e desmatar florestas sendo por corte ou incêndios.

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Santiago 29 de setembro de 2021

Há pouco tempo, a VWCO desenvolveu um notável onibus urbano hibrido-locomotiva, cuja carga para as baterias é garantida por um singelo motor 1.6 Flex (do Fox). Uma genial idéia que agora a Nissan desenvolve para os automóveis.
Uma idéia simples e inteligente, que nos garante a mesma eficiência e conforto com muito menos consumo de petróleo.

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Paul Muadib 1 de outubro de 2021

A NIssan já tem o sistema E-Power faz alguns anos.

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Francisco Novais 29 de setembro de 2021

Acho que antes do petroleo acabar a energia elétrica entra em colapso e aí onde vai enfiar a tomada do seu carro elétrico ?

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Raniel 30 de setembro de 2021

O que a energia tem a ver com o petróleo acabar ?

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Paul Muadib 29 de setembro de 2021

As mentes tapadas acham que petróleo só serve para fabricar gasolina mas estão grandemente enganados. Asfalto, nafta, óleo combustível, óleo lubrificante, parafina, gasóleo, querosene de aviação, gasolina de aviação e dezenas de outros produtos mais. Teríamos uma regressão grande de tecnologia num prazo curto.

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Polvo 27 de setembro de 2021

O mundo sem petróleo pararia, não só para donos de automóveis, mas praticamente todos os meios de transporte seriam afetados. Todos os ramos industriais que dependem de plástico também seriam afetados, ou seja, seria um completo caos. O mundo não conseguiria viver sem petróleo.

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Reges F. 29 de setembro de 2021

Nós temos etanol, então aqui não mudaria mt coisa.

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Valter Gomes Ribeiro 26 de setembro de 2021

gente o bovao cai na realidade si a acabar e andar de carroça ai cai o preço dos carro ou carroça

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Rodolfo 25 de setembro de 2021

Na minha opinião se hoje acabasse o petróleo no mundo o Brasil iria ter os seguintes problemas caóticos:
1. não teria diesel para caminhões de transporte de carga e nem para trens de transporte de carga;
2. Algumas termoelétricas poderiam sentir a falta do derivado de petróleo, então teriam que recorrer a outras alternativas, pois o seu funcionamento ocorre a partir da geração de calor resultante da queima de combustíveis sólidos, líquidos ou gasosos. Assim o preço dos combutíveis alternativos poderia subir;
3. Não seria mais possível produzir o plástico a partir do petróleo, apenas seria possível pela reciclagem.
Por fim, o que não tem solução, solucionado está!

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Raniel 30 de setembro de 2021

Termoelétricas brasileiras usam carvão mineral só sul do Brasil pra gerar energia, não derivados do petróleo.

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João Carlos Braga 25 de setembro de 2021

Na minha humilde opinião, um dos maiores entraves nos elétricos, é o luxo. Falo luxo por que a classe economicamente alta, insiste em ter carros luxuosos.
Os carros de luxo, são grandes, pesados e envolve baterias com maiores capacidades em Ampéres.
Quem tem carros populares (Motores 1000 CC), e está habituado ao baixo custo e luxo, e sim com a sua mobilidade, certamente, gostaria de ter (como eu), um Uno, Gol ou o Kwid elétrico, que seria adequado para as suas necessidades de mobilidades urbana.
Acredito nisso. O tempo dirá, se estou certo ou errado.

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