Fiat Mobi Drive com câmbio GSR, ex-Dualogic, vale a pena?
O câmbio do Mobi agora atende por GSR – sigla para Gear Smart Ride-Comfort. Apesar da modificação, a substância não mudou muito...
O câmbio do Mobi agora atende por GSR – sigla para Gear Smart Ride-Comfort. Apesar da modificação, a substância não mudou muito...
Mudanças de nome sempre indicam transformações substanciais no comportamento do sujeito. Cat Stevens, lenda da música pop, teve uma epifania em 1976 decorrente de um afogamento quase fatal. O músico se converteu ao islamismo no ano seguinte, vendeu todas as suas guitarras e se tornou Yusuf Islam. Cassius Clay, dos maiores lutadores de boxe do mundo, virou muçulmano por outros motivos e passou a ser Mohammad Ali. Quem também passou por mudança foi a transmissão automatizada Dualogic. O câmbio agora atende por GSR – sigla para Gear Smart Ride-Comfort – e equipa o Fiat Mobi Drive 2018. No entanto, apesar da modificação, a substância não mudou muito…
A transmissão não passa de um aperfeiçoamento. A caixa segue com as mesmas funções da velha Dualogic, assim como os comandos por botões e as aletas para trocas manuais no volante. A Fiat garante que as alterações no câmbio foram significativas. Porém, os atuadores seguem sendo hidráulicos, assim como eram no Dualogic. O motor 1.0 Firefly tricilíndrico, que gera potência máxima de 77 cv a 6.250 rpm e 10,4 kgfm de torque a 3.250 rpm, até que conversa bem com a transmissão automatizada.
Contudo, é notório que embreagens controladas eletronicamente deixam a desejar ante as automáticas, de melhor estirpe. O câmbio automatizado com única embreagem tem operação diferente. O engrenamento da marcha acontece por vez e nas reduções se faz necessário parar de acelerar para desacoplar a marcha em uso. Na hora de dar aquela pisada o sistema rouba o pedal de aceleração para realizar a troca, causando desconforto.
Por ser bem levinho (pesa menos de 970 kg), o Mobi GSR tem desempenho interessante. Nas estradas, com o câmbio no modo esportivo e com o domínio das trocas nas aletas, o resultado é satisfatório. A direção assistida eletricamente é competente e transmite sensação de que o subcompacto está na sua mão a todo o tempo. Contudo, o habitáculo é muito barulhento, e com o motor em altas rotações o condutor precisa colocar o som no talo. Na hora de realizar ultrapassagens o motorista deve ficar esperto, mas com certa cautela – e fazendo o uso correto do câmbio – não passará por muitos problemas.
Já em circuito urbano, especialmente em cidades com topografia acidentada, o Fiat Mobi automatizado se mostra problemático. Por causa dos problemas do GSR, o sistema tem dificuldade em definir qual marcha deve ser acoplada. Parece que você é um condutor que acabou de tirar a carteira. Ou um péssimo motorista mesmo.
Aqui tudo segue na mesma. O habitáculo, claro, continua um aperto que só. Os materiais também continuam pobres, traduzindo num acabamento pouco esmerado. O porta-malas tem capacidade de 215 litros, bem menos que o rival Volkswagen up! (285 litros de capacidade de carga).
Isso sem contar a inconveniente (porém leve) tampa de vidro do Mobi. A unidade testada não fechava nem por decreto e foi preciso usar uma ferramenta para travá-la por dentro.
Em termos ergonômicos o Fiat Mobi deixa a desejar para os mais gordinhos. O repórter, que se encaixa nesta categoria, não encontrou posição adequada para guiar o modelo de maneira confortável. O banco, que tem como objetivo maior abraçar motoristas de diferentes alturas e percentuais de gordura, é incapaz de fazê-lo. Os pedais, porém, estão bem dispostos, assim como os comandos no volante.
De fábrica o Mobi Drive GSR conta também com ar-condicionado, computador de bordo, vidros e travas elétricas. Rádio Connect com Bluetooth e volante multifuncional são vendidos em pacote separado, bem como o ajuste de altura para o banco do condutor.
Quanto ao sistema de som, inclusive, vale frisar que é uma gambiarra que funciona, mas não é perfeita. O usuário tem de baixar o aplicativo Live On para o seu celular e o pareamento com o Rádio Connect é demorado. Não dá para jogar o volume lá no alto, pois a qualidade sonora não é boa.
O conjunto carcaça/engrenagens é o mesmo do sistema manual. O resultado, claro, é uma construção muito mais barata e uma manutenção mais fácil do que a das transmissões automáticas convencionais. Mesmo com os inconvenientes citados é bem melhor aposentar o pé esquerdo do que ficar apertando o pedal da embreagem o dia inteiro.
Caso o condutor dê uma aliviada no acelerador antes das mudanças e force reduções ao pisar firme antes de subidas e ultrapassagens, o desempenho do câmbio melhora consideravelmente. Os mais exigentes podem ainda fazer trocas manuais por meio das borboletas no volante.
Equipado com a transmissão GSR, o preço do subcompacto saltou para R$ 44.780, cerca de R$ 4 mil a mais que a versão manual. Apesar de ser o automatizado mais barato do Brasil, os pacotes encarecem a ponto de chegar na casa dos R$ 50 mil.
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