Por que o Mercedes-Benz Classe A não terá sucessor?
Compacto alemão que nasceu como monovolume e se transformou em hatch foi engolido por sua derivação SUV, GLA e não faz mais sentido para Mercedes
Compacto alemão que nasceu como monovolume e se transformou em hatch foi engolido por sua derivação SUV, GLA e não faz mais sentido para Mercedes
Perto de completar 30 anos de mercado, o Mercedes-Benz Classe A sairá de linha. O compacto alemão é um exemplo de resiliência, mas desta vez não conseguirá se reinventar.
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A própria Mercedes já dava pistas de que o carro não teria sucessor e a confirmação veio do diretor de tecnologia da marca, Markus Schäfer. Assim, o monovolume que virou hatch e posteriormente ganhou versões cupê, sedã e SUV sairá de cena.
Precisamos de modelos que funcionem em todo o mundo, incluindo China e EUA. Sei que o hatchback é o favorito na Europa, mas não fazia parte dos planos e tivemos que fazer escolhas, mesmo que difíceis”, explica.
Junto do Classe A (hatch) também partirá desta para melhor a versão sedã. Continuarão no mercado o cupê CLA, que acabou de estrear sua terceira geração e passa a contar com versão puramente elétrica. Inclusive, foi na revelação do modelo que o Schäfer jogou a pá de cal sobre o hatch.
Também continuará na praça o pivô da morte do Classe A, o GLA. O SUV derivado do hatch é seu sucessor natural. A primeira geração foi lançada em 2014 e renovada em 2019 e tem maior apelo de vendas e praticamente demanda dos mesmos insumos para fabricação.
Como o próprio Schäfer argumentou, o Classe A é um modelo que não consegue concorrer em todos os mercados. Hoje, o SUV é uma tendência global, e já ceifou segmentos de monovolumes, peruas, sedãs e também os hatchbacks.
Mas convenhamos, mesmo se desconsiderarmos todo fomento feito pela própria indústria em prol do SUV (que tem maior valor agregado e consequentemente maior rentabilidade), o utilitário-esportivo entrega muito mais status e até mesmo praticidade. Por ter suspensão elevada, que facilita a circulação em terrenos acidentados, assim como a posição de dirigir mais vertical ajuda na visibilidade.
O Mercedes Classe A chegou ao mercado em 1997. Foi o primeiro monovolume da marca alemã, que buscava se posicionar em um segmento em ascensão.
Logo na largada, o Classe A quase jogou todo o trabalho da Mercedes no lixo. O carrinho foi reprovado no Teste do Alce, uma manobra evasiva, a 60 km/h, que simula o animal invadindo a pista.
Na ocasião, um jornalista sueco da publicação Teknikens Värld capotou ao tentar executar a manobra. O acidente obrigou a marca a adicionar o controle de estabilidade (ESP) em todas as versões do Classe A.
O monovolume também foi protagonista da desastrosa tentativa da Mercedes em fabricar automóveis de passeio no Brasil. Em 1999 ela inaugurou uma linha de montagem em Juiz de Fora (MG) para produção do Classe A.
Apesar do lastro da marca, qualidade do conjunto mecânico, o modelo foi um fracasso comercial, pois era muito caro para o padrão de consumo do brasileiro. Fabricado por apenas seis anos, o modelo teve exatos 63.448 unidades produzidas.
A segunda geração do Classe A estreou na Europa em 2004. Com as vendas em baixa por aqui, a Mercedes nem cogitou importá-lo para o Brasil. No lugar dele, ela trouxe o Classe B, outro monovolume, também de pouco apelo comercial, pois tinha jeitão de carro familiar, mas com preço de automóvel de luxo.
Em 2012, a Mercedes transformou o Classe em hatch. Ela finalmente conseguiu desenvolver um modelo capaz de competir com o Audi A3, que reinou solitário nos anos 2000 como única opção de hatch premium.
Junto com as versões convencionais, a marca também lançou a nervosa derivação A45 AMG, com motor 2.0 turbo de 381 cv e 48 kgfm de torque, combinado com transmissão de dupla embreagem e sete marchas e tração integral 4Matic.
Com números de vendas sempre acima das 120 mil unidades anuais, a Estrela das Três Pontas decidiu renovar o hatch em 2018, agregando novas tecnologias como o sistema de MBUX, que contava com comandos por voz.
No entanto, num mercado em que o produto precisa ter bom desempenho bem em todo o planeta, a carroceria hatch já não tem mais o mesmo apelo que antes. Assim, o Classe A cumprirá seu cronograma de programação sem uma nova metamorfose.
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