Ford Escort: uma história de tecnologia além do seu tempo
Lançado em 1983, o Ford Escort foi um carro inovador que estreou suspensão independente nos compactos e se tornou referência em design
Lançado em 1983, o Ford Escort foi um carro inovador que estreou suspensão independente nos compactos e se tornou referência em design
O Ford Escort foi lançado no mercado nacional em meados de 1983, mais precisamente em agosto, já como modelo 1984. Ele chegou aqui com novidades tecnológicas que não eram usuais em carros nacionais, até mesmo aqueles de porte maior e, consequentemente, mais caros. Já começou sua carreira nacional com motor e transmissão dispostos transversalmente, sobre o eixo dianteiro, e suspensões independentes nas quatro rodas, além de uma aerodinâmica bem apurada quando comparada aos seus concorrentes.
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Graças às suspensões independentes e a boa distribuição de peso entre os eixos dianteiro e traseiro, a dinâmica do então novo carro surpreendia. E os números de consumo de combustível estavam bem abaixo daquilo visto na época, também graças ao bom perfil de carroceria e ao motor CHT (Compound High Turbulence), que foi inaugurado por ele no Brasil.
Apesar de ter sido lançado aqui como uma tremenda novidade, o Escort, na realidade, já era comum na Europa e estava em sua terceira geração. A primeira, lançada em 1968, já tinha sido um sucesso de vendas por lá, bem como a segunda, de 1975.
O carro nacional teve uma origem interessante: os projetistas dessa terceira geração foram um alemão (Uwe Bahnsen) e outro francês (Patrick Le Quément), mas o compacto foi desenvolvido para ser produzido pela Ford da Inglaterra, da Alemanha e Espanha. Um típico projeto europeu.
E para completar a miscelânea de nações, o modelo foi produzido na América do Norte e, claro, no Brasil. Lançado inicialmente em três versões (Básica, L e GL), com exceção da utilização do nosso CHT, o modelo nacional era praticamente idêntico ao europeu. Com a crescente pedida de carros com maior espaço interno da época, a novidade trazia duas carrocerias: três ou cinco portas, que poderiam servir a pessoas sozinhas ou famílias.
Para completar a gama de configurações desse novo carro, que seria o mais barato da Ford na época, em outubro de 1983 chegava a versão luxuosa Ghia, mais completa da gama e que contava com equipamentos bem interessantes até hoje (tinha até teto-solar opcional).
Antes do final daquele mesmo ano, ainda era lançada a esperada versão esportiva XR3 do Escort (sigla para Experimental Research 3, ou “Pesquisa Experimental 3”). Mas desse esportivo em particular, vamos falar em outra matéria específica, mostrando tudo que ele tinha de diferente com relação aos demais Escort, inclusive a carroceria conversível montada pela Karmann-Ghia que viria meses depois.
Voltando ao Ford em suas versões “comuns”, apesar de ele ser construtivamente semelhante ao carro europeu, o modelo nacional tinha significativas alterações na calibração de molas, amortecedores e buchas de todo o sistema de suspensão e direção. Afinal de contas, o Escort deveria estar apto aos nossos pisos, estradas e utilizações mais severas daquelas encontradas no Velho Continente.
Tudo foi reforçado e refeito também na motorização. O bom e velho motor CHT, de projeto francês e conhecido de bons anos pelos brasileiros (vinha do Corcel e, antes disso, dos Renault), era oferecido com 1.3 litro nas versões de entrada com cerca de 60 cv de potência, onde a economia de combustível valia mais que o desempenho.
Acima dela, nas versões mais caras, estava o 1.6 de aproximadamente 70 cv. Os dois motores contavam com opção de álcool ou gasolina, e vinham de série acoplados a um câmbio manual de 4 marchas (5ª era opcional).
Durante o ano de 1985, primeiro cheio do Escort no Brasil, a Ford promovia uma série de melhorias diversas no projeto, principalmente na mecânica: freios, direção, suspensão e aperfeiçoamentos na estrutura geral da carroceria, tudo para adequar o carro às características e usos daqui.
Já como linha 1987 e apenas três anos depois do lançamento inicial, o Escort passava por sua primeira reestilização, acompanhando aquilo que já havia sido feito na Europa antes. O monobloco (a carroceria básica) foi mantido. Portas, janelas e colunas eram as mesmas. Mas as alterações, fora isso, foram completas na dianteira, traseira e interior, totalmente reformulados e modernizados.
Apresentados ao público brasileiro em agosto de 1986, os carros logo foram para as revendas Ford e caíram no gosto do consumidor graças às linhas mais arredondadas e graciosas, que deixavam o compacto com aparência de ser maior. Curiosamente, essa reestilização foi chamada de “nova geração” na Europa, ganhando inclusive o apelido de MK4.
A pouca procura da carroceria de quatro portas, bem como das versões equipadas com motor 1.3, fizeram com que elas fossem extintas: o Novo Escort 87 só estava disponível com carroceria duas portas e motor 1.6. A unidade passou por melhorias e ficou mais potente e econômico, mesmo ainda trazendo o velho carburador. Afinal a injeção eletrônica só viria dois anos depois. Além disso, o câmbio manual ganhava a quinta marcha de série para toda a linha.
Apesar de nenhuma alteração profunda na mecânica, ela foi aperfeiçoada com suspensões recalibradas, mais firmes em prol da dinâmica da carroceria, além de receber barra estabilizadora dianteira mais firme. E, como principal novidade, uma barra estabilizadora traseira, o que evitava a rolagem excessiva da carroceria em curvas, reclamação frequente do Escort até então. Realmente, essa linha 87 foi um marco importante na vida do compacto da Ford.
Mas não parava por aí, já que, ainda em 1988, outra boa novidade chegava: seu tanque de combustível passava para generosos 65 litros, ante 48 de antes. E, como pioneirismo no Brasil, o reservatório era fundido em plástico. Com isso, o modelo, que ainda era novidade, passava a ter maior alcance tanto no uso urbano quanto rodoviário.
Na história do Escort, em 1987 aconteceu um fato que não causou alterações imediatas, mas importantes: estamos falando da criação da Autolatina, união entre Volkswagen e Ford visando a produção de veículos compartilhados entre elas.
A partir da linha 1989, ele passou a receber os famosos e cultuados motores VW 1.8 AP para as versões top de linha, como XR3, que trazia a mesma configuração esportiva utilizada no Gol GTS, ou Ghia, com potência e torque mais comedidos visando menor consumo e docilidade.
Os Escort Ghia e XR3 1.8 AP tinham melhor desempenho e, dependendo do caso, ainda mais força quando comparados com os VW. Explico: os motores AP eram instalados transversalmente no Escort, enquanto na família VW Gol era longitudinal, o que gera maior perda mecânica. E o interessante é que o motor CHT do Escort foi parar na família Gol/Parati/Saveiro/Voyage, mostrando-se mais econômico que os AP 1.6, apesar das limitações de desempenho.
Vale lembrar também que a transmissão manual de 5 marchas dos Escort 1.8 AP passou a ser também VW, importada, enquanto o motor 1.6 CHT era mantido nas versões de entrada do compacto da Ford, inclusive com a mesma caixa de marchas de antes.
Em 1991, logo após outra série de melhorias na gama Escort, focando principalmente na versão XR3 (catalisador para toda a linha, novas rodas e calotas, para-choques pintados na cor da carroceria e mais), a Ford percebia que a carroceria de quatro portas, retirada de linha em 1986, estava fazendo falta. O público consumidor dessa época, início dos anos 90, já buscava praticidade com as portas traseiras.
Assim, na linha 1992, chegava importado da Argentina o Escort Guarujá, série especial que estava mais para versão em linha, que trazia as tais quatro portas e só motor 1.8 AP a gasolina. Apesar da investida de crescer a linha Escort no Brasil, a Ford não foi muito feliz com o Guarujá quatro portas, que durou menos de um ano por aqui e logo saiu de cena outra vez.
A Autolatina permaneceu até a segunda metade dos anos 90, o que favoreceu bastante o Escort por aqui. Ela inclusive gerou frutos como os sedans Ford Verona/VW Apollo, VW Pointer (um Escort com carroceria diferenciada) e VW Logus (versão sedan do Pointer), além das trocas de motores e tecnologias (motores AP nos Ford, CHT nos VW e por aí vai).
A história do compacto da Ford não parava por aí: na segunda parte dessa trajetória, falaremos da chegada da segunda geração em 1992, estreia do popular Hobby 1.0 na carroceria antiga, crescimento da família com três volumes (Verona e depois Escort Sedan) e perua (Escort SW), até sua despedida definitiva em 2003. Não perca!
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Tenho um Escort ano 1991 motor AP 1.8 e muito bom e show
O Escort quando foi lançado em 1983 eu tinha 15 anos, fiquei maravilhado pois era moderno demais para época, aqui no Brasil, quando o xr3 foi lançado na cor vermelha, e tendo o Senna como garoto propaganda, aí arrebentou, só perdia para o gol gt em mecânica, pois o motor do gt era muito elástico e rápido, bons tempos.
O problema dele é por ser um carro perigoso de se conduzir nas rodovias, pois é um carro potente mais muito leve, tomba muito fácil, se o motorista não for expert não vai muito longe., suspensão dele é esquisita o carro anda dançando no asfalto. Isso foi comprovado por várias pessoas que já morreram no passado por causa disso. O xr3 é o mais perigoso ainda por causa do aerofólio. Antes de andar faça uma boa revisão na suspensão e não seja pé de chumbo que você vai se dar mal.
já tive vários xr3, hoje tenho dois: um xr3 vermelho motor 2.0 e outro conversível ano 1989 motor 1.8. Combinei com meu neto Miguel que quando ele fizer 21 anos, vamos fazer um passeio na estrada da Graciosa no Paraná. Só alegria……..
Esse carro tem uma história muito longa pra ser contada, quem viveu no passado e conheceu bem esse carro sabe os pós e contras que ele tem. Um carro com muito estilo esportivo que já tirou a vida de muita gente nas rodovias do país, me lembro que foi eleito o carro matador da Ford kkkkkk quantas almas já saiu de dentro de carro, olha. É um carro que ensina o motorista a ser um bom motorista, se você for barbeiro é melhor não pegar um Escort, principalmente numa rodovia, na primeira curva você se perde. Ande devagar que o negócio é pesado, se tiver pé igual um tijolo não pegue porque é certeza que você vá parar num caixão. Também sempre revise a suspensão dianteira, a qualquer momento ela pode quebrar e te levar pro caixão. Um carro que jamais será esquecido e ficará na história. Se todos os carros fosse igual um Escort eu acredito que não teria motoristas ruins e imprudêntes!!!
Então ele é pra mim . Eu já possuo um escorte zetec 1.8 16v sw quero esse também.
Adorei a matéria! Tenho um Escort 96, que pra mim é a junção perfeita de marca americana, design europeu, e motor alemão! O que me faz ser apaixonado por ele, é o design. Parabéns ao editor pela matéria!
Eu tenho um pretinho de lista vermelha e nesse momento estava querendo vender pois estou tendo mto gasto com ele ,mais depois de ler a matéria e os comentários mudei de idéia ,vou arrumar ele e ficar com ele mesmo .
É carro pra vida toda, rsssss……. Foi meu sonho de “jovem madura”. Mas, cadê o dinheiro para ter e manter??? Parabém pela decisão. É um clássico eterno!!!!!
Tive um GL 1986, um L 1992 e tenhp um Verona LX até hoje. Gosto do motor CHT a álcool. Velocidade e torque excelentes.
Tenho um 94 CHT 1,6 comprei em 98 vou seguindo pra praia em SC nunca me deixo empenhado nem uma vez
Tenho um 84, lindo! Modifiquei um pouco. Rodas 17, central multimídia, câmera de ré, iluminação toda em led, bancos recaro em couro.
Sou apaixonado por escort,tenho um se 97 se glx,.
Eu tenho um 92 cinza muito bonito
Escort tinha um design muito moderno para a época. Carro muito bom, eu tive dois, um era o sapao GLX 1.8 96 e um Zetec 1.8 16V 97.
Eu tenho um 86 e não troco por carro nenhum só me dá alegria
Tenho um escort xr3 ano 87 top
Depois de 4 Escorts, 2 Veronas e no sexto Focus, todos de variados anos, versões e gerações, tenho propriedade para dizer que a Ford sempre acertou nos veículos e errou cada vez mais no marketing. Sempre foram referência e acabamento, conforto e economia, mas sempre pareceu correr atrás da concorrência em pós-venda e absorção de determinadas tecnologias. Uma pena…
Ja tive um modelo 84. Um 86 agora estou com um 87/88 nao vendo por nada
Tive um europeu ano 96 motor AP 1 8 até hj me arrependo de ter vendido fui sei terceiro dono carro era show
Só uma correção: o Escort foi lançado em agosto de 1983 como modelo 1984. O primeiro ano de vendas cheio foi, portanto, 1984 e não 1985 como citado na matéria.