Ford Ka e Ka+ fracassam no teste de segurança

Teste de impacto lateral mostrou fragilidade dos modelos da Ford, que alega cumprir a lei; especialistas entendem que as empresas devem pensar nos consumidores

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Por AutoPapo
Publicado em 25/10/2017 às 13h40
Atualizado em 22/10/2018 às 18h46

Ford Ka, o terceiro veículo mais vendido do Brasil, fracassou no teste de impacto. Não recebeu nenhuma estrela das cinco possíveis no que diz respeito à proteção para ocupantes adultos. Na proteção para crianças recebeu três estrelas. O resultado também vale para o sedã Ka+.

Desde que o Programa de Avaliação de Veículos Novos para América Latina e o Caribe (Latin NCAP) ampliou as exigências do teste de segurança, os resultados dos veículos de entrada passaram a ser catastróficos. O Chevrolet Onix, líder de mercado, também zerou. Outro que fracassou foi o Fiat Mobi. A principal modificação foi que o Latin NCAP passou a adotar o teste de impacto lateral.

Porém, o fracasso não é regra. O novo Volkswagen Polo, Toyota Corolla e Renault Captur mostraram mais segurança mesmo com a nova exigência.

O Ford Ka já havia sido avaliado em um impacto frontal, em 2015, conseguindo quatro estrelas para o ocupante adulto. Porém, o Latin NCAP fez agora o teste de impacto lateral. De acordo com entidade, o Ka apresentou “um desempenho pobre no teste de impacto lateral”. Com o impacto foi possível perceber níveis altos de lesões no peito do ocupante adulto, penetração profunda do pilar B no habitáculo e abertura da porta.

O Ka, segundo o Latin NCAP, não proporciona dispositivos de absorção de energia de impacto lateral em sua estrutura nem no painel interior nas portas.

O modelo foi reprovado conforme a norma básica de proteção contra impactos laterais das Nações Unidas (UN95), obrigatória na Europa desde 1995. Porém, vale destacar que a legislação brasileira não tem o mesmo rigor. Ou seja: apesar da insegurança exposta, o Ka cumpre os requisitos da lei.

“O Ka está disponível no Brasil desde 1997 e cumpre integralmente com a respectiva legislação brasileira. O Ka também oferece equipamentos de série que vão além das exigências locais de segurança, como distribuição eletrônica de freios (EBD), ISOFIX (para ancoragem de bebê conforto), encosto de cabeça e cinto de segurança de três pontos no banco traseiro central e lembrete de uso do cinto de segurança para o banco do motorista”, informou a Ford, por nota divulgada pela assessoria de imprensa da empresa.

Falta interesse?

“A falta de interesse na segurança por parte de alguns fabricantes em seu afã de vender mais unidades é inaceitável e deve parar. É necessário, de forma urgente, contar com ações comprometidas por parte dos governos para eliminar o flagelo dos carros zero estrela da região”, afirmou o presidente da Comissão Diretiva do Latin NCAP, Ricardo Morales Rubio.

Para Rubio, sem as regulamentações adequadas, os fabricantes podem vender veículos inseguros que não poderiam vender na Europa, na Austrália, no Japão ou na América do Norte. “O Latin NCAP considera que esse comportamento demonstra uma falha grave quanto à responsabilidade social corporativa das empresas”.

“Esse resultado ruim deveria servir como uma lição para os governos de toda a região, já que alguns fabricantes ainda não conseguem proporcionar níveis mínimos de segurança voluntariamente”, afirmou o secretário geral do Latin NCAP, Alejandro Furas.

Proteção infantil do Ford Ka

A proteção infantil foi considerada aceitável no teste impacto. Porém, o modelo não oferece cintos de três pontos em todas as posições, a sinalização de ancoragens ISOFIX é deficiente e não conta com a possibilidade de desligar o airbag do passageiro na hora de instalar um Sistema de Retenção Infantil (SRI) olhando para trás, o que contribuiu para reduzir a pontuação. A porta traseira direita foi aberta no teste de impacto lateral, expondo os passageiros crianças a riscos maiores.

O Latin NCAP destaca que o resultado do Ford Ka e válido, também, para o modelo Ford Figo/Aspire comercializado no México, na Costa Rica, em El Salvador, na Guatemala, em Honduras, na Nicarágua e no Panamá.

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