Ford Pinto: o carro que explodia; conheça a história

Compacto que a Ford lançou na década de 70 é digno da frase do homem dos "reclames do plim-plim": TÁ PEGANDO FOGO, BICHO

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Ford Pinto Azul (Foto: Ford | Divulgação)
Por AutoPapo
Publicado em 25/11/2017 às 11h03
Atualizado em 25/05/2021 às 15h18

Existem carros tão ruins, mas tão ruins, que acabam sendo alçados ao status de lenda tamanha infâmia que os cercam. Um grande exemplo, senão o maior, é o Ford Pinto. Sim. Pinto. O nome sugestivo para nós, brasileiros, torna o subcompacto ainda mais cômico.

Produzido entre 1970 (o modelo foi para as lojas, curiosamente, no dia 11 de setembro) e 1980, o Pinto nunca chegou ao Brasil. Mas sua entrada no mercado nacional chegou a ser cogitada pela fabricante, a fim de preencher uma lacuna nas opções do saudoso Corcel.

TÁ PEGANDO FOGO, BICHO!

Apesar de engraçadinho para nós, bobões que rimos de qualquer coisa dúbia, a nomenclatura do Pinto advém das cores da pelagem dos cavalos malhados – que alternam o branco, como cor primária, com manchas de outra coloração.

Uma evolução no quesito de downgrading com relação ao Maverick, o modelo vinha com opção de dois motores em sua primeira geração. O primeiro era um propulsor britânico (Kent) 1.6 de quatro cilindros, que entregava 76 cv de potência.

Já o segundo, um 2.0 de fabricação alemã, tinha generosos 101 pintos, quer dizer, cavalos, de potência. Quanto à transmissão, o carango tinha opção de câmbio manual de quatro velocidades e automático de três.

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Comercializado primeiramente em configuração para quatro passageiros, o Ford Pinto podia ser comprado por US$ 1.191. Com preço competitivo, o subcompacto se tornou sucesso imediato.

Ele terminou 1971 com mais de 280 mil unidades nas ruas, se tornando o campeão de vendas da Ford no ano, e em pouquíssimo tempo chegou à liderança do segmento.

O veículo ainda ganhou versão com rebatimento do banco traseiro para ganho de espaço no porta-malas. Quanto às dimensões, o Pinto tinha 2,3 m de entre-eixos e 4,1 m de comprimento.

Ford Pinto

Polêmicas

O Ford Pinto foi lançado para concorrer diretamente com duas outras bizarrices do início da década de 1970. Uma é o Chevrolet Vega, que à época custava 2.090 dólares. A outra era o icônico Gremlin, da famigerada American Motor Company, que saía das revendas por 1.900 dólares em sua configuração básica.

Além do precinho camarada, os modelos partilhavam de outra característica não tão camarada assim: eram péssimos carros. Contudo, o Pinto tinha um quê a mais, um “tchan” que seus concorrentes não tinham. O subcompacto da Ford conseguia ser pior.

Ford Pinto

Picaretagem da Ford resultou em incêndios do Pinto

Os primeiros incidentes com o Pinto começaram a (literalmente) explodir a partir de 1974. O NHTSA (National Highway Traffic Safety Administration), agência responsável pela segurança no trânsito nos Estados Unidos, começou a investigar denúncias de proprietários do automóvel, que reclamavam que o carro entrava em combustão quando atingido na traseira.

O órgão não deu muita bola até 1977, quando um documento da própria Ford acabou sendo vazado pela imprensa. A própria fabricante admitia que o tanque de gasolina não fora disposto de maneira correta no processo de montagem do subcompacto. No memorando, a Ford fez as contas e preferiu “pagar pra ver”.

Por quê? O custo nos reparos de cada unidade do modelo totalizaria US$ 137 milhões. Já os gastos com indenizações e acordos decorrentes de abalroamentos envolvendo o Pinto e o fogaréu chegariam a menos de US$ 50 milhões.

Ford Pinto

Recall do Ford Pinto

Se você acha que o Pinto passou incólume a um recall está redondamente enganado. Depois de uma pressão feroz do NHTSA, em 1978, a Ford teve que recolher mais de um milhão de unidades de seu campeão de vendas. O serviço de recall custou aos cofres da montadora mais de 100 milhões de dólares.

O diagnóstico final da agência de segurança era de que o “Ford Pinto era suscetível a danos no tanque de combustível, que consequentemente causavam vazamento e fogo. Como resultado disso, houve ocorrências que resultaram em mortes e queimaduras não fatais”.

O mais “quente” da história toda é que os impactos na traseira do modelo não precisavam ser tão violentos. Se outro carro atingisse o Pinto a 50 km/h já poderia desencadear todo o processo explosivo. Que bomba esse cavalo malhado, hein!

Fotos: Ford | Divulgação

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8 Comentários
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tetragrammatony 31 de janeiro de 2023

Papo furado dos papagaios da internet, existem ainda milhares de Ford Pinto andando nos EUA, com clubes de proprietários e tudo mais….

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Rodrigo Almeida 10 de janeiro de 2024

Tem nada de papo furado, é apenas a história de um dos defeitos crônicos mais conhecidos do mercado automotivo americano.
É claro que haverão milhares nos EUA, na própria matéria diz que foi muito bem vendido.

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Fabio Elorza 24 de outubro de 2021

Isso é a “ética” do capitalismo: não interessa se os nossos clientes serão queimados vivos dentro do nosso produto: se a alteração do projeto for mais custosa que as possíveis indenizações, que se dane as chamas lamberem a carne dos consumidores!
Uma vez assisti a um documentário sobre o escândalo que foi a divulgação desse relatório técnico interno da Ford, em que a empresa SABIA que uma mínima batida causaria um incêndio que assaria vivos os ocupantes do banco traseiro desse modelo (situação agravada pelo fato de ser um carro de duas portas), mas mesmo assim a empresa “deu uma de Mané” e se calou, e quando isso vazou foi um escândalo que até o órgão de segurança NHTSA foi investigado do porquê não ter dado atenção às centenas de denuncias… Muitos lesionados entraram com procesos contra a Ford, sendo o mais emblemático o de uma família de afroamericanos que ficaram terrivelmente queimados após uma batida na traseira de seu Ford Pinto, mas duas crianças morreram (centenas morreram nesse carro) e houve uma campanha de boicote aos carros Ford em 1982, ano desse processo, que foi o início da decadência dessa montadora que quase faliu nos anos 90 e enfrenta dificuldades globais nos dias de hoje!

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Tiago 28 de outubro de 2022

Parei de ler em “capitalismo”. Mais um bocó que não sabe diferenciar capitalismo e corporativismo. Na coreia do norte ninguém tem problemas com carros, até por que nem trânsito existe lá.

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Flavio Cruz 28 de março de 2021

Vim ler sobre por causa de Stranger Things. hehe

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cu de pedra 16 de julho de 2021

e achou o pinto

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Marcello rego 22 de janeiro de 2020

mas achei um bonito carro m se fosse rico comprava um consertaria esse problema bem grave por sinal .

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Leior Magri 21 de junho de 2023

Não achei bonito, pois os que vi são de outras pessoas. Mas se eu comprar um (que sofreu recall, claro…) e cuidar dele direitinho, ai vou gostar dele e o achar bonito, pois o único pinto que acho bonito é o meu….

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