9 momentos em que futebol, montadoras e carros jogaram juntos
Patrocínios, parcerias e até batismos de torneio marcam a relação entre o esporte e a endinheirada indústria automotiva
Patrocínios, parcerias e até batismos de torneio marcam a relação entre o esporte e a endinheirada indústria automotiva
Dizem que futebol e carros são duas das maiores paixões mundiais. Tanto é que volta e meia o nome de uma montadora aparece estampada na camisa de um clube, em painéis nos estádios ou mesmo na transmissão de TV.
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Recentemente, por exemplo, a Fiat assinou parceria com a Cazé TV para transmissão de partidas. A própria italiana e outras marcas, como Chevrolet e Volkswagen, já adquiriram cotas publicitárias que envolvem a cobertura de campeonatos de futebol em um passado não tão distante.
Prova de que a relação entre futebol, montadoras e carros continua muito próxima. Vamos relembrar agora outros momentos em que essas duas paixões se misturam.
Um dos casos mais famosos é o do Wolfsburg. A Volkswagen detém 95% do clube de futebol que foi fundado no pós-Guerra por funcionários da montadora. Além de estampar a marca no uniforme, a marca dá nome ao estádio onde o time joga, uma arena para 30 mil pessoas localizada próximo à principal fábrica do grupo.
Outro exemplo famoso é o do Sochaux. Fundado em 1928 por iniciativa da Peugeot e de seus funcionários da fábrica instalada na mesma cidade, foi o primeiro time de futebol profissional francês. A partir dos anos 1990 foi apontado como um exemplo de gestão no esporte.
Em 2015 a montadora vendeu o clube para o grupo chinês Nenking. Em oito anos de nova administração, contudo, o Sochaux acumulou dívidas e foi rebaixado à terceira divisão francesa. Para salvar o clube à beira da falência, Romain Peugeot, bisneto do fundador da marca, comprou-o em 2023.
Por falar em laços de família, os Agnelli, fundadores da Fiat, até hoje detêm 64% da Juventus. O tradicional clube de Turim, maior detentor de títulos do Campeonato Italiano, foi adquirido em 1923 por Giovanni Agnelli. Inclusive, desde 2012 – ainda da época de FCA – o time é patrocinado pela Jeep.
E tome de montadora dona de clube. Ainda na Europa, a Audi controla o Ingolstadt e tem 8,3% das ações do Bayern de Munique. No Japão, a Toyota é dona do Nagoya, na Coreia do Sul a Hyundai controla o Hyundai Motors FC e o Ulsan Hyundai Football Club, enquanto na China a Lifan tem 10% do Chongqing Dangdai.
No Brasil, as marcas de automóveis começaram a patrocinar os clubes nos anos 1990. Mas em alguns estados mais polarizados, as montadoras acharam por bem não apoiar apenas algum time de futebol.
Na virada do século, por exemplo, a Chevrolet patrocinou ao mesmo tempo os dois principais times de futebol do Rio Grande do Sul, estado onde havia acabado de instalar sua nova fábrica para produção do Celta. Desta forma, Grêmio e Internacional passaram a trazer o mesmíssimo símbolo da gravatinha nas camisas.
Depois, a General Motors foi dando um jeito de divulgar não só a marca, como também seus carros nos uniformes da dupla Gre-Nal. Modelos como Astra, Corsa e Vectra foram alguns dos exibidos.
Na mesma época a Fiat fez algo parecido com os times de Minas Gerais, onde fica sua principal planta fabril no continente. A marca italiana fechou patrocínio com os principais times do estado: além de Atlético e Cruzeiro, o tradicional América também foi contemplado.
A primeira fase de apoio foi até 2003 e incluiu também a exibição de nomes de veículos da Fiat nos uniformes do trio: Doblò, Marea, Palio e Stilo. Em 2008 a Fiat repetiu a ação nos times mineiros. Em 2019, exibiu o nome Cronos na parte inferior das costas das camisas das equipes.
Antes disso, em 2006, a Fiat adotou a mesma estratégia na Boa Terra. A montadora italiana patrocinou os dois principais times baianos: Bahia e Vitória.
Mas nem sempre as montadoras adotam essa regra de patrocinar todos os maiores times de futebol de cada estado, principalmente no Rio e em São Paulo. Uma das primeiras marcas a patrocinar um único clube carioca foi a Hyundai, em 1995, quando estampou sua marca no Fluminense.
O mesmo fez depois a Peugeot e a Jeep, quando exibiram suas logos no uniforme do Flamengo, nos anos 2010. Na mesma década, a Nissan optou por patrocinar apenas o Vasco no estado onde fica sua fábrica.
Dizem que para honrar as origens italianas, a Fiat só apoiou o Palmeiras em São Paulo. E por duas vezes: 2008 e 2010. O time com mais títulos brasileiros também teve patrocínio da Kia Motors em 2012. Ah, e voltando à Fiat e em clubes alviverdes, o Goiás foi outro solitário de seu estado com a marca italiana no uniforme.
De volta a São Paulo, a Iveco patrocinou o Corinthians em 2012, enquanto a Chey fechou parceria com o Santos em 2013 para embalar a inauguração de sua fábrica em Jacareí (SP). Sem esquecer que bem antes, em 1998, a Hyundai patrocinou outro time solo em outro estado: o Bahia.
Para quem é supersticioso, alguns dados interessantes sobre a relação dos patrocínios das montadoras a times de futebol que se deram bem. Vamos começar lá em 1995, naquele primeiro apoio da Hyundai a um clube brasileiro, o Fluminense.
Pois bem, naquele ano o Tricolor foi campeão carioca em cima de seu maior rival, o Flamengo (no ano de seu centenário), em um Fla-Flu eternizado pelo gol de barriga de Renato Gaúcho. À época, os torcedores do Flu cantavam “Ai, ai, ai, ai. Ai ai ai ai ai ai: flamenguista anda de Fusca, tricolor vai de Hyundai”…
A Fiat pode se vangloriar de ser pé-quente. Em 2003 o Cruzeiro conquistou a Tríplice Coroa. Ou seja: venceu os campeonatos Mineiro e Brasileiro e a Copa do Brasil com o patrocínio da marca. Em 2008, o Palmeiras foi campeão paulista também com a italiana na camisa.
O patrocínio da Iveco no Corinthians é outro feito enaltecido pelos supersticiosos. A montadora de veículos comerciais começou a apoiar o time de futebol paulista nas semifinais da Taça Libertadores de 2012. O Timão passou pelo Peixe e derrotou o Boca Juniors na final, conquistando o inédito título continental.
Naquele mesmo ano o Palmeiras foi campeão da Copa do Brasil com a marca da Kia no uniforme. No ano seguinte, outra montadora era “campeã” do torneio, só que pelo Flamengo, que tinha patrocínio da Peugeot.
Para aqueles caras que usam a mesma cueca nos jogos do seu time de coração, tem patrocínio de montadoras que trazem má sorte também. Lembra que o Palmeiras foi campeão da Copa do Brasil de 2012 com o apoio da Kia?
No fim daquele mesmo ano o time campeão e com vaga na Libertadores conseguiu a façanha de ser rebaixado. E com a estampa da marca sul-coreana no uniforme.
Em 2013 foi a vez da Nissan marcar a inauguração de sua fábrica de Resende (RJ) patrocinando o Vasco – dizem que por pressão do então governador do estado Sérgio Cabral, vascaíno confesso.
Só que o Vasco acabou rebaixado naquele ano em um dos capítulos mais tristes do Campeonato Brasileiro. Torcedores do time carioca e do Atlético-PR promoveram cenas de selvageria em Joinville (SC) que resultaram em quatro feridos no hospital.
Comentam que foi, inclusive, a senha para a Nissan sair fora da parceria, marcada por não cumprimento de várias partes do contrato.
Mais recentemente foi a vez de o Cruzeiro ser rebaixado pela primeira vez em sua história. Em 2019 o time mineiro estava atolado em dívidas e caiu no Brasileirão quando a Fiat estampava a barra inferior da camisa do time.
Name right de arena e estádio é coisa relativamente recente, mas por décadas a Toyota foi a patrocinadora da Libertadores. Em algumas edições, inclusive, chamava-se Copa Toyota Conmebol Libertadores, pelo fato de a montadora ser a “bancadora” principal do torneio de futebol.
Depois de quase duas décadas, a Toyota deixou de ser parceira da competição. Em 2020 a Ford passou a ser uma das patrocinadoras. Coincidentemente, no ano seguinte, a marca estava lá em evidência no Maracanã em uma final brasileira da Libertadores entre Palmeiras e Santos no mesmo ano em que encerrou suas fábricas por aqui…
A principal competição de futebol do continentes ficou sem montadoras como patrocinadora por um tempo, mas uma empresa do setor automotivo, a Bridgestone, também teve relação íntima com o torneio.
A fabricante de pneus foi uma das patrocinadoras da Libertadores desde a década de 2000. Depois, de 2012 a 2017, foi a marca master da competição.
Só no ano passado, a Libertadores voltou a ter uma montadora entre os principais parceiros comerciais. A Hyundai assinou contrato até 2026 com a Conmebol. A fabricante sul-coreana, porém, já é velha conhecida do universo da bola, como você verá adiante.
Ainda na regiãol, a Copa Sul-Americana também já teve marcas automotivas como parceiras principais. A Nissan patrocinou a competição no fim dos anos 2000.
Mais recentemente, a MG começou a ter uma das cotas do torneio. A marca faz parte do Grupo Geely e tem operações em diversos países do continente, porém no Brasil (ainda) não vende seus carros.
Especificamente em nosso país, a Copa do Brasil já adotou o nome de duas empresas do setor. De 2009 a 2012 a Kia foi o name right do torneio.
Já a Continental Pneus patrocina a competição há 10 anos, que por algumas edições se chamou Copa Continental do Brasil. No ano passado, teve direito até ao “troféu Continental” para os melhores goleiros das partidas.
No Campeonato Brasileiro a Chevrolet foi a principal parceira do torneio entre 2014 e 2017. Mesmo período em que a GM fechou contrato com a CBF – veja adiante.
Nas ligas europeias, a Nissan também deu o ar da graça. De 2014 a 2021 a marca japonesa foi a patrocinadora de um dos mais cultuados campeonatos de futebol do mundo: a Liga dos Campeões da UEFA.
E nas duas principais competições regionais de seleções da atualidade só da BYD. Desde 2024 a marca chinesa é a patrocinadora da Copa América e da Eurocopa.
Por falar em BYD a montadora recentemente protagonizou alguns fatos inusitados envolvendo futebol. Após vencer o Campeonato Paulista de 2024, o técnico Abel Ferreira, do Palmeiras, ganhou o híbrido Song Plus pela conquista.
Logo depois, o treinador disse que não gostava de veículos elétricos. E que não sabia o que ia fazer com o carro.
A BYD aproveitou a polêmica e fez um vídeo onde um motorista a bordo de um Ford Mustang tenta achar uma vaga em frente a um muro verde. Logo depois um BYD Dolphin Mini estaciona em uma vaga onde não coube o muscle car e de lá sai um sujeito com a camisa do Palmeiras.
Abel já tinha declarado que era um amante de carros clássicos e que estava restaurando um Mustang 1966. Passadas as ironias, o técnico alviverde depois elogiou o carro da BYD.
Agora em 2025, na volta de Neymar ao Santos, a chinesa ainda aproveitou para fazer marketing. Mudou a tipologia da sua marca nos painéis publicitários da Vila Belmiro em homenagem ao craque no jogo que marcou sua reestreia no Peixe.
A maior competição de futebol do universo tem uma montadora entre os protagonistas. Desde 1999 a Hyundai – que recentemente começou a apoiar a “Liberta” – é uma das patrocinadoras principais da Copa do Mundo.
O que, obviamente, já rendeu algumas séries especiais de seus carros vendidos aqui em alusão aos Mundiais de 2014, 2018 e 2022.
Em 2022, após a competição no Qatar, a montadora renovou a parceria com a Fifa até a Copa do Mundo de Futebol de 2030. O que inclui os mundiais femininos.
A Volkswagen teve por um bom tempo o Gol como carro mais vendido do país. Mas só em 2010 é que a marca se aproximou da Seleção Brasileira, ao assinar contrato com a CBF até a fatídica Copa do Mundo de 2014.
O suficiente para a Volks lançar suas séries especiais de seus carros em alusão ao patrocínio, como Gol, Voyage e Fox Seleção.
Passado os 7 a 1, a GM começou a patrocinar a CBF, ao mesmo tempo em que apoiava o Campeonato Brasileiro. O contrato previa cinco anos de parceria mas a Chevrolet nem viu uma Copa do Mundo com a Seleção.
O patrocínio foi encerrado em 2017. Porém, a GM não perdeu tempo e também lançou o seu Onix Seleção neste período de acordo com a confederação .
Em 2018 foi a vez de a Fiat se tornar a patrocinadora do time Canarinho. O contrato durou até 2022, o que rendeu um Argo Seleção. Só ficou faltando o “Fiat Sete a Uno…”
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