[Avaliação] Gol automático: projeto datado com mecânica eficiente
Motor e câmbio conciliam bom desempenho com consumo moderado; no mais, hatch compacto mantém qualidades e defeitos de sempre
Motor e câmbio conciliam bom desempenho com consumo moderado; no mais, hatch compacto mantém qualidades e defeitos de sempre
O Gol automático custou a chegar ao mercado. Apesar de ser um velho conhecido – a primeira geração foi lançada em 1980, enquanto a atual é de 2008 – só recentemente, depois de 38 anos, o modelo ganhou opção de câmbio automático. Não estamos falando do sistema I-Motion, que era automatizado equipou o hatch até recentemente.
A transmissão automática é uma das novidades da linha 2019. Trata-se de um sistema de seis velocidades, que não tem embreagem, e sim conversor de torque, além de função Sport. A caixa de marchas é produzida pela japonesa Aisin, que a fornece para a Volkswagen. Mas, afinal, como anda o Gol automático?
Muito bem, obrigado. Até porque o novo câmbio não veio sozinho: junto a ele, está o motor 1.6 16V EA-211. A versão 1.6 manual segue com o EA-111, com oito válvulas. As diferenças entre as duas gerações de propulsores não se limitam ao cabeçote, pois o bloco foi reprojetado. Ele mantém as medidas, mas é totalmente feito de alumínio no motor mais moderno. Há ainda uma bobina para cada cilindro e comando variável nas válvulas de admissão. O conjunto mecânico do Gol automático, portanto, é igual ao do Polo (um modelo maior e mais atual), mas com diferencial e relações exclusivas.
A aplicação de uma mecânica eficiente em um compacto bem leve não poderia ter outro resultado: o Gol automático anda muito bem para um carro 1.6. Afinal, são 120 cv de potência com etanol e 110 cv com gasolina, para mover 1.040 kg. O torque, de 16,8 kgfm com o primeiro combustível e de 15,8 kgfm com o segundo, também é expressivo. Elástico, o motor tem força desde as baixas rotações e ganha giro sem dificuldade. De quebra, seu funcionamento é liso, sem asperezas.
Desse modo, não chega a surpreender que o Gol automático entregue grande agilidade na cidade. Na estrada, ele também tem fôlego para fazer ultrapassagens e subir serras sem dificuldade. A transmissão também colabora para o bom comportamento, fazendo trocas rápidas e sem trancos. Há um porém: ela às vezes “segura” um pouco as marchas. Mas não há problema se o motorista intervier, pois há aletas para trocas sequenciais no volante. Trata-se de recurso opcional, mas mesmo assim bem raro no segmento.
O consumo, por sua vez, revelou-se baixo. Com etanol, o Gol automático faz 8 km/l na cidade e 10,9 km/l na estrada nas aferições do AutoPapo. Desse modo, o tanque, com 55 litros de capacidade, consegue proporcionar boa autonomia, de aproximadamente 600 km com o combustível vegetal.
No mais, a dirigibilidade do Gol automático é semelhante à de seus pares manuais. A suspensão, com conjuntos McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira, tem calibragem firme. Isso proporciona ótima estabilidade em curvas, contendo bem a rolagem da carroceria. Todavia, como contrapartida, ela transfere boa parte das imperfeições do piso para o habitáculo.
A direção mantém o sistema hidráulico, enquanto a maioria dos concorrentes já aderiu à assistência elétrica. Ela tem até boa progressividade, mas não é lá tão leve em manobras. Os freios do Gol automático também permanecem iguais ao do restante da linha, com discos ventilados na frente e tambores atrás. Permite frenagens eficientes, novamente, em grande parte, graças ao baixo peso do modelo.
Por dentro, o Gol automático continua sendo… Um Gol. Isso significa que o interior é simples. O novo painel, adotado a partir da linha 2017, é vistoso, mas destoa das forrações das portas, que não mudaram. Também falta um console pronunciado, com mais porta-objetos, entre os bancos dianteiros. O material predominante a bordo é o plástico duro, como em todo hatch de entrada. Para um carro desse segmento, o padrão de montagem é bom. O porta-luvas não tem iluminação.
Os bancos são os mesmos de sempre. Ou seja: desconfortáveis. Os dianteiros têm encosto com pouco apoio lombar e assento curto, que não acomoda bem as coxas. O do motorista permanecem com o estranho sistema de regulagem de altura que o faz gangorrar. Atrás, o assento também é curto, além de baixo. Mas o pior ali é a ausência do cinto de três pontos para o terceiro ocupante, que ao menos conta com encosto de cabeça.
Nem tudo, porém, é ruim no habitáculo do Gol automático. O suporte para celular no painel é muito prático, e os instrumentos proporcionam ótima leitura. O cluster é completo, com direito a termômetro do fluido de arrefecimento. O volante tem boa pegada. A coluna de direção regulável inclui ajustes altura e em profundidade, ainda que opcionais, o que beneficia a posição de dirigir. O acesso aos comando também é fácil, com exceção dos botões de acionamento dos vidros traseiros elétricos. É que as teclas destinadas ao manuseio do motorista ficam no painel.
Desde que a atual geração do hatch compacto da Volkswagen foi lançada, os concorrentes cresceram. Maiores por fora, eles ficaram mais amplos por dentro. Por isso, o Gol automático não se destaca em espaço, principalmente no banco traseiro. Ali, falta área tanto para os joelhos quanto para a cabeça de pessoas mais altas. Por outro lado, o porta-malas tem 285 litros, volume razoável dentro da categoria. O rebatimento poderia ser mais prático se o encosto do banco fosse bipartido.
O Gol automático tem preço sugerido de R$ 54.580. É, portanto, um dos carros automáticos mais baratos do país. O modelo é vendido em versão única e vem de série com poucos equipamentos: os principais são direção hidráulica, ar-condicionado, travamento elétrico das portas e vidros dianteiros elétricos. Há ainda os obrigatórios por lei freios ABS e dois airbags frontais, além do sistema ESS, que aciona automaticamente o pisca-alerta em frenagens fortes.
Todo o resto é opcional. O comprador do Gol automático pode optar por dois pacotes, dos quais o mais amplo é o Urban. Ele agrega computador de bordo, alarme, sensores de ré, retrovisores elétricos, faróis de neblina, volante regulável em altura e profundidade, rodas de liga leve de 15 polegadas e vidros elétricos traseiros, entre outros pormenores.
O outro, chamado de Conectividade, inclui sistema multimídia com tela sensível ao toque, entradas USB e para SD-card, conexão Bluetooth e conectividade por meio do App-connect com plataformas Android Auto, Apple CarPlay e Mirrorlink, além de volante multifuncional com aletas para troca de marchas. Completão, incluindo pintura metálica, o preço do Gol automático vai para R$ 61.100.
Com uma década de estrada, o projeto do hatch compacto sente o peso dos anos. Isso fica evidente, em especial, no espaço interno limitado. Porém, a compensação vem no conjunto mecânico, atual e muito eficiente. Como, além do mais, o Gol automático tem preço inicial competitivo, pode ser um bom negócio. Falta só a Volkswagen melhorar um pouco a lista de equipamentos: ao menos um sistema de som, mesmo que sem tela tátil, alarme e coluna de direção regulável deveriam vir de série.
Ficha técnica | Volkswagen Gol automático |
---|---|
Motor | Dianteiro, transversal, flex, 1.598 cm³, quatro cilindros em linha, com 76,5 mm de diâmetro e86,9 mm de curso, e 16 válvulas, com variável na admissão. |
Potência | 110 cv (gasolina) e 120 cv (etanol) a 5.750 rpm |
Torque | 15,8 kgfm (gasolina) 16,8 kgfm (etanol) a 4.000 rpm |
Transmissão | automática de seis marchas, tração dianteira |
Suspensão | McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira |
Rodas e pneus | rodas em liga de alumínio de 15" (opcionais), pneus 195/55 R15 |
Freios | disco ventilados na dianteira e tambores na traseira, com ABS |
Direção | com assistência hidráulica |
Dimensões | 3,892 m de comprimento, 1,656 m de largura, 2,467 m de distância entre-eixos, 1,474 m de altura |
Peso | 1.040 kg |
Carga útil | 460 kg |
Tanque de combustível | 55 litros |
Porta-malas | 285 litros |
Fotos Alexandre Carneiro | AutoPapo
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alguem poderia explicar ,porque nao se aplica o cambio automatico do Gol, na Saveiro
Não fala besteira, Gol 2020 AUT. é o carro…..
“Os bancos são os mesmos de sempre. Ou seja: desconfortáveis”.
Esse é o tipo de coisa que não consigo entender… Será que é muito complicado colocar bancos decentes?
Vish, a Volkswagen não aprende mesmo. Conseguiram acrescentar mais um item caro(transmissão automática). A Volkswagen é uma “máquina de vendas”isso não há dúvida,os números não mentem…porém depois de todos problemas que ocorreram com milhares de recall e processos judiciais em 2009/2010 com o lançamento do gol GV, está se tornando uma marca pouco confiável.