Grade dianteira grande demais gera críticas há décadas: veja o top 10
Tendência nos modelos atuais, as tomadas de ar frontais com tamanho exagerado já foram adotadas em vários carros ao longo do tempo
Tendência nos modelos atuais, as tomadas de ar frontais com tamanho exagerado já foram adotadas em vários carros ao longo do tempo
Design de carro costuma ser um assunto polêmico. Vira e mexe, aparece algum modelo que causa controvérsias pela aparência, digamos, exótica… O último a polemizar nesse sentido foi o novo Série 4, devido, especificamente: a grade dianteira bipartida, típica da marca, ganhou aberturas enormes, que chegam a envolver a placa. A julgar pelos comentários vistos nas redes sociais do AutoPapo, pouca gente gostou…
VEJA TAMBÉM:
O cupê alemão, porém, está longe de ser o primeiro a passar por essa situação. Ao longo da história, vários automóveis foram criticados justamente devido à tomada de ar frontal exagerada. Já entendeu qual é o tema do listão de hoje, certo? Lembramos os carros nos quais a grade dianteira parece ser desproporcional. Confira o Top 10!
Na década de 1930, o movimento Art Déco influenciava praticamente todos os produtos industrializados, especialmente os carros. A Chrysler, porém, decidiu trilhar um caminho diferente com o modelo Airflow (algo como Fluxo de Ar, em uma tradução livre).
Como o próprio nome diz, o modelo foi elaborado com base na aerodinâmica, conceito então pouco desenvolvido no setor automotivo. Os traços ao estilo streamline foram inspirados em trens-bala e aviões. É inegável que o Airflow era fruto de um projeto à frente daquele tempo, mas a ousadia da Chrysler não atraiu compradores. Pelo contrário: lançado em 1934, o modelo foi um fiasco em termos de vendas.
Um dos itens mais criticados no veículo era a grade frontal, enorme mesmo para os padrões da época, cujo design era frequentemente associado a uma cachoeira. A rejeição foi tamanha que a Chrysler providenciou uma reestilização já para a linha 1935, que reduziu as dimensões desse componente.
Porém, o estrago já estava feito, e o Airflow saiu de linha precocemente em 1937. Nesses quatro anos, menos de 30 mil exemplares foram produzidos. Hoje, os remanescentes são cobiçados por colecionadores.
A Edsel foi pensada para ser uma inédita marca do grupo Ford nos Estados Unidos. O design automotivo da época já era bastante ornamentado, mas a empresa quis ir além. A identidade visual da nova divisão era marcada por uma entrada de ar central, em formato vertical. Esse elemento estava presente em toda a gama, formada pelos modelos Bermuda, Citation, Corsair, Pacer, Ranger, Roundup e Villager.
O caso é que essa solução, incomum por si só, ficou exageradamente grande. O público considerou o veículo horroroso: alguns compararam a grade dianteira a uma coleira de cavalo, outros a uma boca após chupar um limão. Mas o apelido mais maldoso que o componente recebeu era de… vagina!
Boris Feldman fala sobre o Edsel e também sobre outros carros com design ‘controverso’: assista ao vídeo!
Com os carros encalhados nas concessionárias, o fabricante promoveu seguidas reestilizações na linha Edsel. A primeira, para 1959, deixou a grade central menor e mais discreta. Depois, para 1960, outra plástica simplesmente aboliu esse elemento. Não adiantou, contudo: a divisão foi extinta após somente três anos.
Cerca de 116 mil veículos foram produzidos: parece muito, mas é menos da metade do total esperado pela Ford, que amargou prejuízo milionário. Hoje, o caso da Edsel é geralmente lembrado para ilustrar fracassos comerciais no ramo automotivo.
A década de 1960 foi um período de efervescência para a indústria automobilística, mas também foi marcada por algumas bolas fora. Uma delas foi protagonizada pela Chrysler Corporation, com o DeSoto Diplomat.
Ao contrário do Airflow, cujo design era fruto de pioneirismo com efeitos aerodinâmicos, o Diplomat não era tecnicamente diferente de outros veículos da época. A gigantesca e ovalada grade dianteira, que chegava a envolver dois faróis, resultava de pura extravagância.
A Chrysler não limitou esse visual à extinta subsidiária DeSoto: a marca Dodge também teve produtos com design semelhante. Todos integraram a linha 1962, e apenas ela: para o ano seguinte, esses modelos passaram por uma ampla reestilização, que alterou bastante o aspecto frontal.
Já ouviu falar na Vanden Plas? A marca de origem belga integrava a British Leyland quando lançou, em 1974, os modelos 1500. Na verdade, era uma derivação mais luxuosa do Allegro, da divisão Austin, que também fazia parte do grupo. Externamente, o que diferenciava os dois modelos era justamente a grade dianteira.
No Vanden Plas 1.500, a peça era cromada e destacada, ao melhor estilo Rolls Royce. Parecia totalmente destoante do restante da carroceria, que tinha dimensões compactas. Se o Austin Allegro já costuma ser lembrado pela falta de beleza, o “irmão” mais sofisticado era praticamente uma aberração, com um aspecto “narigudo”.
Apesar disso tudo, o Vanden Plas 1500 teve uma carreira relativamente longa. Em 1980, foi rebatizado de 1750 devido ao aumento da cilindrada do motor, mas era, basicamente o mesmo carro. O fim da linha chegou em 1982.
Nesse período, foram produzidos cerca de 642 mil exemplares de toda a gama, incluindo Vanden Plas 1500 e 1750, Austin Allegro e ainda o Innocenti Regent, esse último voltado para o mercado italiano. Tal número, ainda que vistoso, está muito abaixo das expectativas do fabricante, que pretendia superar a marca de 1 milhão de unidades. Para alguns, o projeto acabou sendo um erro fatal para a British Leyland, desintegrada em 1986.
É comum que os fabricantes apliquem elementos agressivos no design dos SUVs, o que costuma incluir uma grade dianteira pronunciada. A Lincoln, divisão de veículos de luxo da Ford, porém, exagerou na dose com o MKT. Lançado em 2009, o modelo é caracterizado por duas imensas entradas de ar frontais.
A ideia até que era original e foi aplicada a outros produtos da marca, mas não funcionou bem para o MKT: consumidores de Estados Unidos e Canadá, os maiores mercados do modelo, o consideraram estranho. E olha que o SUV tinha interior requintado e muitos equipamentos.
O MKT foi mantido em produção até 2019, quando foi descontinuado sem deixar sucessor direto. Ao longo de quase 10 anos, foram fabricados pouco mais de 50 mil exemplares. Número muito baixo, mesmo para um SUV de luxo.
A virada da primeira para a segunda década deste século foi um período fértil na criação de carros com visual discutível. Além do Lincoln MKT, houve ainda o Nissan Juke. O crossover apresentado ao mundo em março de 2010.
É verdade que a Nissan nunca escondeu que o Juke foi concebido para ter um design incomum e criativo. Nem por isso, contudo, o modelo foi poupado de críticas. Muitas delas recaíram justamente sobre a grade, que literalmente rasgava a dianteira de um lado a outro. Para completar, havia o incomum conjunto de faróis, sendo dois deles circulares.
Vale destacar que o Juke não foi descontinuado como a maioria dos demais carros da lista. Pelo contrário: em 2019, ele ganhou uma nova geração, que manteve muitos dos elementos de estilo originais, mas livrou-se justamente da larga grade frontal. A Nissan deixou de vender o modelo em alguns mercados, entre os quais a América do Norte, mas segue ofertando-o na Europa e em países da Ásia.
A grade dianteira sempre fez parte da identidade da Aston Martin. A peça mantém, essencialmente, o mesmo formato orgânico desde a década de 1950. Nos últimos anos, a exemplo de outros fabricantes, a marca vem aumentando sistematicamente o tamanho do componente.
A atual linha DBS que o diga! Em 2018, o superesportivo Superleggera trouxe a maior entrada de ar vista em um Aston Martin até então. Na dianteira do bólido, praticamente só se vê grade e faróis. No ano seguinte, o GT Zagato trouxe uma abertura ainda maior: esse modelo, porém, foi desenvolvido para homenagear os 100 anos do estúdio de design e teve apenas 19 unidades construídas.
A marca inglesa deve continuar utilizando essa grande tomada de ar frontal ao longo dos próximos anos. No ano passado, a Aston Martin revelou que planeja lançar novos produtos até 2023, que devem vir alinhados com tal tendência estilística.
O uso de tomadas de ar de grandes proporções é característico da Lexus, marca de luxo da Toyota. Porém, parece estar se disseminando entre todas as marcas do grupo, como mostram as atuais gerações de Corolla e Camry. O recordista, todavia, é um grande sedã voltado para o mercado: o Avalon.
Na atual geração do modelo, lançada em 2018, a grade preenche praticamente toda a dianteira. Desde a área entre os faróis até a parte inferior do para-choque, tudo é ocupado pelo componente. Haja radiador para precisar de tanto arrefecimento!
A atual geração do Toyota Avalon tem participação razoável no mercado, mas as vendas têm se mostrado inferiores às da antiga safra. Será efeito do crescimento dos SUVs ou do design “arejado” demais?
Até mesmo a Audi, tradicionalmente adepta de design simples e funcional, está aderindo à moda da grade frontal de tamanho exagerado. Em alguns modelos, como nos SUVs Q8 e Q3 Sportback, até que não caiu mal. Por outro lado, no sedã de alto luxo A8, a peça parece um tanto excessiva.
Esse elemento caracteriza o A8 desde 2018, quando a atual geração chegou ao mercado. Alta e larga, a grade se estende por toda a dianteira. Como se não bastasse, ainda é destacada por grossos contornos cromados.
Percebe-se que o grupo Volkswagen vem crescendo o tamanho da grade de vários produtos. O Arteon, vendido na Europa, é um dos novos modelos com estilo bocão. As marcas Lamborghini e Porsche, com os SUVs Urus e Cayenne, também são exemplos.
O último carro do listão é o mais recente a entrar na moda da grade dianteira bem grande e, por isso mesmo, o último causador de polêmica sobre esse assunto. Todos os automóveis da BMW têm, por tradição, duas entradas de ar frontais. Nunca antes, porém, um modelo havia exibido aberturas tão grandes, a ponto de envolver a placa, como o novo Série 4.
Não é de hoje, porém, que a marca vem crescendo a característica grade dianteira bipartida de seus produtos. O SUV X7 foi o primeiro a sofrer críticas a respeito do tamanho exagerado do componente. O sedã Série 7 seguiu pelo mesmo caminho. O próximo, ao que tudo indica, será o esportivo M3.
Verdade seja dita, enquanto a frente do Série 4 divide opiniões, as laterais e a traseira parecem ter agradado, com linhas clássicas e fluidas. Também não há o que reclamar do interior, que traz a sofisticação típica da marca.
Será que a BMW vai manter a tendência de crescimento da grade dianteira de seus veículos ou cederá às críticas? Ainda é cedo para dizer: o fabricante aposta que, a médio prazo, os consumidores passarão a apreciar essa solução. Mas resposta, claro, virá de acordo com a recepção do mercado.
Perto de outros modelos citados, a grade dianteira do Agile nem parece tão grande, certo? A própria Chevrolet tem no currículo veículos com grades frontais maiores ao redor do mundo, entre os quais as atuais gerações de Silverado Heavy Duty e Camaro. Mas o hatch entrou para a lista justamente por ser o automóvel vendido no Brasil com as tomadas de ar mais criticadas da história.
Lançado em outubro de 2009, o Agile marcou o início de uma fase na qual a subsidiária brasileira da Chevrolet estava desenvolvendo muitos projetos polêmicos. Depois dele, vieram Cobalt e Spin: em ambos, a grade dianteira também parecia grande demais.
Porém, mesmo os dois modelos posteriores pareciam não conseguir superará-lo nesse quesito. Ademais, o sedã e o monovolume foram reestilizados e perderam essa característica. O Agile até chegou a passar por uma plástica, mas ela não provocou mudanças radicais.
Apesar do visual controvertido, o Agile teve, inicialmente, bom desempenho comercial. Isso até outubro de 2012: a partir de então, a participação de mercado do hatch começou a despencar. É que a Chevrolet lançou a primeira geração do Onix, mais moderno e harmonioso, que acabou virando campeão de vendas. A já citada reestilização do Agile marcou a chegada da linha 2014. Não foi capaz, contudo, de mudar os rumos da história.
O modelo deixou de ser vendido no Brasil em setembro de 2014, após cerca de 200 mil unidades terem sido emplacadas: número respeitável. Em dezembro daquele mesmo ano, saiu de linha na Argentina, onde era produzido. A picape Montana, porém, baseada no hatch, segue em produção até hoje, com a mesma e exagerada grade dianteira.
Fotos de divulgação
👍 Curtiu? Apoie nosso trabalho seguindo nossas redes sociais e tenha acesso a conteúdos exclusivos. Não esqueça de comentar e compartilhar.
TikTok | YouTube | X |
Ah, e se você é fã dos áudios do Boris, acompanhe o AutoPapo no YouTube Podcasts:
Podcast - Ouviu na Rádio | AutoPapo Podcast |
As grades aumentadas são para almentar a ventilação do radiador. Fica feio, porém almentar a eficácia da refrigeração do motor.
O Ágile é o pai de todos os carros horrorosos feitos no Brasil…
Principalmente qdo ele nunca foi feito no Brasil. Ele sempre foi montado na Argentina.
O FORD KA, É FEIO HÁ MUITOS ANOS