Lombadas: Bolsonaro atirou no que viu…

Piores que as eletrônicas são os quebra-molas: além de irregulares, danificam carros, provocam acidentes e matam

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Por Boris Feldman
Publicado em 16/03/2019 às 10h00

Semana passada o presidente fulminou as lombadas eletrônicas. Diz que vai eliminá-las pois não passam de uma indústria de multas. Ele tem razão, em parte. Lombadas em trechos retas de estradas, sem cruzamentos, marginais ou curvas apertadas, existem exclusivamente para enfiar a mão no bolso do motorista. Mas algumas são estratégicas e o obrigam a respeitar a velocidade máxima indicada e reduzir riscos de acidentes em locais perigosos. Foi o que, aliás, ponderou Tarcisio Freitas, seu ministro de Infra Estrutura (e presidente do Contran) no dia seguinte: serão analisadas e só se renovarão os contratos das colocadas em pontos necessários.

Uma lombada leva à outra, que deveria merecer também a atenção do presidente: as fincadas no asfalto, ainda piores.

Para começo de conversa, a legislação de trânsito proíbe a instalação das “ondulações transversais” ou “quebra-molas”, só admitidas em “casos especiais”, com autorização expressa da autoridade de trânsito e depois do estudo de outras alternativas. Além disso, elas devem ser monitoradas e, um ano após sua implantação, avaliado se houve redução dos acidentes no local. Não sôa até jocoso? Quero ver, de qualquer lombada:

  1. o rigor do estudo de “outras alternativas”;
  2. a avaliação de sua eficiência depois de 12 meses!

Na verdade, o “quebra-molas” é uma excrescência só admissível num país que não respeita a lei nem os direitos do cidadão. A rigor, deveriam ser banidos de ruas e rodovias, pois:

  1. Não respeitam as dimensões estabelecidas pelo Contran. Mais altos que a altura máxima e mais estreitos que a largura mínima, danificam até carros em baixa velocidade;
  2. Não observam as exigências feitas pela lei em relação ao fluxo máximo de veículos, movimentação de pedestres e distância mínima da esquina;
  3. Raramente são precedidas pela obrigatória sinalização vertical para alertar o motorista de sua existência;
  4. Cada vez que o motorista reduz a marcha antes da lombada e volta a acelerar, há um aumento de consumo e emissões;
  5. Inúmeras lombadas são próximas a favelas e a redução de velocidade facilita o bandido de apontar a arma para o motorista;
  6. Muitas têm objetivos meramente eleitoreiros, para beneficiar moradores próximos;
  7. Às vezes são construídas por populares e fica tudo por isto mesmo…

A legislação específica (Contran – 600/16) é muito clara também ao proibir tachos e tachões (conhecidos também como “tijolinhos”) colocados transversalmente para limitar a velocidade.

Além disso, tanto as lombadas eletrônicas como as ondulações provocam congestionamentos e acidentes. A legislação permite também sua instalação em trechos de rodovias que serão reformadas, para alertar os motoristas de desvios à frente. Entretanto, é comum as autoridades de trânsito ou empreiteiras deixarem os obstáculos depois do final das obras.

Lombadas em marginal da BR-040 (Brasilia-Rio), de responsabilidade do DNIT: altura (14 cm) superior à máxima permitida (10cm) e largura inferior à minima, sem pintura e sem  sinalização anterior, nos dois sentidos
Lombada em marginal da BR-040 (Brasilia-Rio), de responsabilidade do DNIT: altura (14 cm) superior à máxima permitida (10 cm) e largura inferior à minima, sem pintura e sem sinalização anterior, nos dois sentidos

Já correram (e ainda correm) na Justiça inúmeras ações contra órgãos de trânsito (Detran, DNIT) exigindo indenizações de danos materiais e morais provocados por lombadas colocadas irregularmente. Existem algumas praticamente “invisíveis” e sequer pintadas de preto e amarelo como exige a lei. Dezenas de motos, carros e ônibus já se acidentaram devido aos quebra-molas sem sinalização que resultaram em feridos e mortos. Motociclistas são os mais prejudicados pois, se não reduzem a velocidade, levantam vôo com a moto. Ou são atingidos na traseira porque, ao reduzi-la, o motorista que vinha atrás não tinha percebido o quebra-molas.

Donos de carros que tiveram danificados componentes inferiores (molas, amortecedores, cárter do motor, caixa de marchas, travessas) sequer se animam a processar os órgãos de trânsito responsáveis pelas ondulações irregulares. Desanimam diante da morosidade da justiça brasileira.

Uma objetiva e irrefutável comprovação da inobservância da legislação pelos próprios órgãos do governo está gravada na parte superior da maioria dos quebra-molas: marcas indeléveis deixadas pelos automóveis atestam estarem fora das dimensões estabelecidas pelo próprio Contran.

Foto Boris Feldman | AutoPapo

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22 Comentários
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William 21 de agosto de 2019

Sou usuário das vias, dirijo carro e moto praticamente o dia todo, sinceramente quem morre nas lombadas por levantar voo ou capotar deve estar, no mínimo, >>cometendo um crime<Pareserve para sinalizar mudança de faixa<, só para citar alguns equipamentos que não estão ali só para bonito e que os demais usuários das vias também tem vida como a sua, não ocorreria está "GUERRA" no transito. Minha cidade é pequena e o povo corre a toda, na rua onde moro, necessita de quebra molas, pois se depender de "alguns motoristas" os demais vão morrer atropelados. Prefiro reduzir a velocidade para as lombadas ou faixas de pedestres elevadas que reduzir a vida de outro a zero ou pior, que alguém correndo reduza a vida de um filho meu a zero. Garanto que o ilustre presidente não anda a pé nas ruas para ver a guerra urbana que está instaurada, más garanto que se alguém passar correndo na frente de seu gabinete terá as punições da lei.
(((SE DISCORDAR, não brigue, É SÓ PROVAR que um carro ou moto, que reduz corretamente a velocidade para os 20km/h ou 30km/h vai sofrer um acidente nas lombadas que eu mudo de opinião e carrego a sua bandeira). #Depois de um mudança de hábitos, tenho mais de 10 anos que não sei o que é pagar multa!

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Eduardo Bernhardt 5 de abril de 2019

Sobre a redução drástica dos radares de velocidade nas estradas sob o argumento que só servem para arrecadar.
Vejam como a matemática é interessante.
– O valor das multas varia de acordo com a porcentagem acima do limite de velocidade;
– A multa mais barata é de R$ 130,16; a média é de R$ 195,23 e a mais cara R$ 880,41;
– Em 2018 o Brasil arrecadou em multas R$ 11,3 bilhões;
– Em 2017 foram aplicadas 2.853.000 de multas por excesso de velocidade o que corresponde a R$ 443.644.730 ou 3,9% de todas as multas de 2018. Não achei números do mesmo ano;
– A frota circulante no Brasil em 2017 era de 65,8 milhões de veículos, ou seja, apenas 4,33% receberam uma multa por excesso de velocidade;
– Alguém nas cabeças do governo federal precisa de ajuda com a matemática. Na surreal hipótese de haver uma indústria da multa, o excesso de velocidade seria um produto de baixo rendimento nessa empresa.

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ricardo vasconcellos 20 de março de 2019

Muito mais danosos ao nossos veículos são os tachões!!! Inclusive, nos Shoppings existem em abundância. Deviam começar a limpeza logo por esses infratores de colarinho branco

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Eduardo C 18 de março de 2019

Ainda acho que a melhor solução seria ACABAR COM OS BURACOS DAS NOSSAS RODOVIAS, estes sim, causam mortes e outros prejuízos incalculáveis aos nossos veículos e à economia do país. Deixem as lombadas em paz!!!

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Gabriel 18 de março de 2019

Autopapo,
Vocês poderiam fazer uma reportegem nos instruindo como processar o governo em caso de o carro ser estragado em lombadas ou buracos nas rodovias?
Grato,

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Gabriel 18 de março de 2019

Acho que falta cultura para o povo brasileiro não ter lomabdas físicas e eletrônicas… São raras cidades no Brasil que os motoristas respeitam as faixas de pedestres como por exemplo Campos do Jordão/SP e Gramados/RS.
Aqui em São Paulo/SP é uma selva sem lei… pedestre não tem vez nem na faixa de pedestre. Falo isso por experiência própria… vou trabalhar de ônibus e volto a pé e sei o que falo… ando com meu carro só nos finais de semana.
O problema é que a maioria dos motoristas só veem o lado deles, não se colocam no lugar do pedestre.

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Iran Getúlio Zanini Longhi 18 de março de 2019

As curvas sem inclinação obrigam o motorista diminuir a velocidade e fica nada prático adequar a velocidade do veículo à determinada pelas placas. No local está um radar pra enfiar a mão no bolso do motorista.
Os construtores deveriam entender que a força centrífuga não foi banida no Brasil

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Kheithy Marroney 17 de março de 2019

Lendo essas baboseiras imaginei o Pateta no trânsito sentado na frente do PC.

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Ricardo Vasconcellos 20 de março de 2019

Pateta seria quem fica sentado no seu volante, levando multa encomendada e passando em cima de objetos proibidos que danificam seu carro e ainda debocha de quem está batalhando pra acabar com essa patetada! Quem fala bobagem, calado é um porta. Porque não te calas?

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Ricardo Vasconcellos 20 de março de 2019

Pateta seria quem fica sentado no seu volante, levando multa encomendada e passando em cima de objetos proibidos que danificam seu carro e ainda debocha de quem está batalhando pra acabar com essa patetada! Quem fala bobagem, calado é um poeta. Porque não te calas?

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Ana Oliveira 17 de março de 2019

Excelente artigo. Moro em Itapetiniga, São Paulo e é um verdadeiro absurdo o número de lombadas (não eletrônicas) existentes na cidade. Lombadas em subidas, descidas, riotatorias, além da pouca distância entre elas.
Absolutamente fora de qq propósito e, pelo visto, também fora da lei.
Recorrer a quem? Quando não há fiscalização e a impressão que fica é que alguém manda colocar como bem entende!?
Lombadas não são solução. Solução é EDUCAR os cidadãos a exercerem seus diretoria E DEVERES para conviver em sociedade.

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Ana Oliveira 17 de março de 2019

Excelente artigo. Moro em Itapetiniga, São Paulo e é um verdadeiro absurdo o número de lombadas (não eletrônicas) existentes na cidade. Lombadas em subidas, descidas, riotatorias, além da pouca distância entre elas.
Absolutamente fora de qq propósito e, pelo visto, também fora da lei.
Recorrer a quem? Quando não há fiscalização e a impressão que fica é que alguém manda colocar como bem entende!?

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Marco Moreira 16 de março de 2019

Quebramolas é um crime contra o cidadão motorista! Coisa típica de paisinho de terceiro mundo…

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J. R. Moraes 16 de março de 2019

Boa noite a todos.

Bastariam as placas para limitar velocidade, isso se fôssemos motoristas minimamente educados (e não venhamos pôr a culpa no governo: é nossa responsabilidade nos educarmos também!)

Sei o que passo nas rodovias ao ousar respeitar os limites, especialmente nos trechos em obras, com trabalhadores na pista e tudo para deixar patente a necessidade de redução, de motoristas amadores e dos ditos profissionais.

Radares e bafômetros: quantos mais, melhor.

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Alencar 16 de março de 2019

Embora transito cerca de 3.000 km por mês, não sou motorista que leva multas.
Ao meu ver, resumindo…
Sim as roubadas eletrônicas em grande parte estão em locais que se poderia andar ao dobro da velocidade que elas determinam.
Da mesma forma que as policias Estaduais ou PRF geralmente se posicionam para multar nos raros locais que se pode andar um pouco mais, tipo depois da ¨tranquiera¨ ou de monte de curvas e subidas e filas; apareceu a reta, lá estão a postos e autoritários multando no que podem mediante as leis é claro, desculpa a franqueza.
Visto que em 1973 os veículos eram muito inferiores aos de hoje, e a velocidade permitida era geralmente 120 km/h.
Então vejo as leis como ¨arrecadativas¨, e aqui na região tem casas de longos trajetos com restas e até sem movimento que tem faixa amarela contínua em 98% do trajeto, como é o caso de Chapecó p/ Maravilha.

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Thiago 16 de março de 2019

SEMANA PASSADA, FUI NA CIDADE DE POUSO ALEGRE, NO SUL DE MINAS, ANTIGAMENTE QUANDO PASSAVA NA POLICIA RODOVIÁRIA FEDERAL, TINHA A PLACA DE REGULAMENTAÇÃO DE 60 KM PARA PASSAR NESSE TRECHO E FRENTE DA POLICIA RODOVIÁRIA FEDERAL, AGORA TEM UM TIPO DE LOMBADA ELETRÔNICA OU RADAR ELETRÔNICO EM FRENTE DA POLICIA RODOVIÁRIA FEDERAL FEDERAL, FICAM NOS DOIS SENTIDOS DE SP A BH,HÁ 21 ANOS ATRÁS, NÃO TINHA ESSES RADARES, ISSO SE CHAMA ARRECADAÇÃO DE DINHEIRO, O ESTADO DE SÃO PAULO, ESTAR RICO, SÓ NA ARRECADAÇÃO DE MULTAS, NA CIDADE SÃO PAULO, ARRECADAÇÃO SÃO MILHÕES EM UM ANO NA CIDADE, TEM UMA MUSICA DO ENGENHEIROS DO HAWAII, A MÚSICA SE CHAMA TCHAU RADAR, ERA TANTO RADAR, O HUMBERTO GESSINGER, FALOU TCHAU RADAR, VIROU MÚSICA.

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Vanderlei 17 de março de 2019

Se a placa indicar 60 Km , o motorista consciente e que respeita as leis de trânsito, deverá obedecer a sinalização e andar no máximo 60 Km/h , pois vale lembrar que o excesso de velocidade e ultrapassagem i devida é o maior fator de acidentes de trânsito no Brasil,tirando a vida e deixando em cadeiras de rodas milhares de brasileiros por ano, da mais segurança para quem viaja com a família a onde existem lombadas , agora é claro em alguns trechos andar a 50 por hora deveria ser revisto.

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Carlos 16 de março de 2019

Finalmente uma pessoa esclarecida e com conhecimento. Excelentes comentários! Parabéns pela lucidez!

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Até que enfim uma pessoa racional . Excelentes colocações 16 de março de 2019

Até que enfim uma pessoa racional . Excelentes colocações

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César Gomes Dantas 16 de março de 2019

Qual é a alternativa às lombadas? O desrespeito e excesso de velocidade são doenças incuráveis. Parece que a pessoa tem que mostrar que é “bom de roda”, desrespeitando as leis. Moro numa cidade pequena e mesmo com lombadas ocorre desrespeito. Imagine sem elas!

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Gabriel 18 de março de 2019

Exatamente!

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Rosalvo 16 de março de 2019

Excelentes colocações!
Só gostaria de acrescentar o risco quando “aparecem” no meio da pista tachões ou até pinos para limitar o tráfego.
Em carros já causam inúmeros transtornos, porém no caso de motos as consequências são muito piores.
Falta conhecimento técnico, bom senso e respeito aos motoristas.

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