Trânsito: Bolsonaro atirou no que viu e errou no que não viu

Se a legislação tem falhas, que sejam corrigidas. Tirar radares é para permitir que os motoristas a desrespeitem?

carteira de motorista cnh
Por Boris Feldman
Publicado em 21/12/2019 às 09h00

O presidente Bolsonaro é pelo menos coerente com suas ideias. Na campanha eleitoral, disse ser um absurdo restringir as atividades agrícolas e que iria afrouxar a fiscalização na Amazônia. Deu no que deu.

Ele acha também que pai não é doido de largar os filhos soltos no banco traseiro correndo riscos. E quer derrubar a punição de quem não protege crianças com as cadeirinhas infantis.

Para ele, só 20 pontos na carteira de habilitação é pouco para tomá-la do motorista: quer subir a régua de punição para 40 pontos.

Radar na estrada “é indústria da multa. Não é educativo, é para faturar às custas do motorista distraído”. Além do mais, diz Bolsonaro, motorista não é “otário” de entrar na curva a 200 por hora.

O presidente atirou no que viu e errou no que não viu.

No caso das cadeirinhas, é justo fazer a criança pagar pela irresponsabilidade do pai? Além disso, ele deveria se inteirar melhor do assunto e se preocupar, isto sim, com a inexplicável leniência do governo de só ter regulamentado a exigência em automóveis particulares.

Ficou famoso o caso do pai que levava o filho para a escola sem a cadeirinha. O policial parou o carro, anotou a infração e disse ao pai que não poderia prosseguir sem a cadeirinha. Ele então parou um táxi para acabar de chegar com o filho na escola. Sem cadeirinha, pois o Denatran ainda não estabeleceu as regras para seu uso em táxis… Nem para ônibus e tampouco – acreditem – para as vans escolares.

Pontos na carteira: o absurdo não é desabilitar o motorista que atinge 20 pontos no prontuário. O surrealismo é penalizar quem não cumpriu o prazo de 30 dias para registrar a transferência do carro que comprou. Desde quando falta administrativa interfere na segurança do trânsito?

Outras infrações que não prejudicam o fluxo do trânsito nem ameaçam a segurança também não deveriam gerar pontos na carteira no prontuário. Exceder o tempo permitido para estacionar numa via pública, por exemplo.

pontos na carteira de motorista cnh

E, se o presidente está preocupado com os direitos do motorista, ele deveria corrigir o absurdo, o surrealismo tipicamente kafkiano de se transferir os pontos de uma infração para o novo dono do carro.

Quanto aos radares, Bolsonaro está certo em parte: alguns deles são mesmo colocados em pontos estratégicos, “pegadinha” para multar o motorista confuso com uma sucessão de alterações das velocidades máximas numa estrada, por exemplo.

Radares instalados em locais inadequados podem resultar num tiro pela culatra. Em trechos muito movimentados provocam congestionamentos. Pois se a máxima numa lombada eletrônica é de 60 km/h, a maioria dos motoristas reduz para menos de 50 km/h.

Por outro lado, são comuns os acidentes provocados pelo automóvel que só percebe a presença do “pardal” na última hora num trecho de alta velocidade. O motorista pisa com vontade no freio e… leva uma bela batida do outro que vinha atrás!

A solução simplista de eliminar radares é absurda. Em todos os países eles existem para coibir excessos. O que se deve corrigir no Brasil é a falta de critério e de estudos técnicos para estabelecer a velocidade ideal de cada trecho e o local para ser instalado.

Nos últimos meses, em que os radares móveis foram desligados por determinação do presidente, cresceram acidentes e mortes nas estradas.

Premissa básica esquecida nos delírios presidenciais é o respeito à legislação vigente. Se ela não atende aos interesses da sociedade, que seja alterada. É para isso que existe o poder legislativo. E que o executivo quer atropelar.

Não existe lei “ruim” ou lei “boa”. Lei é lei e deve ser cumprida. Quem a respeita não será jamais multado por radares nem terá pontos registrados no prontuário.

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10 Comentários
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ronaldo azize 2 de janeiro de 2020

a cadeirinha deveria ser item do veiculo, pois alem de cada um fazer seu modelo as cadeirinha na sua maioria não são compativeis tudo por quen ão são padronizadas, o IMETRO, que deveria normatizar só avalia o funcionamento da cadeirinha fora do carro e não instaladas neles

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André 23 de dezembro de 2019

Este governo é um completo desastre.
O governo da morte.

Apoia a venda indiscriminada de armas, facilitando aos bandidos e miliciamos a compra e o porte. Em breve um miliciano a mais pra te assaltar no sinaleiro e devidamente armado!!

A questão das cadeirinhas é outra loucura. Deve ser obrigatória sim e sem ela tem de multar e multa bem alta.
É assim em todo país civilizado. O resto é mimimi de milicianos que não dão valor a vida.

O fim do DPVAT é outra tragédia. tem de modernizar, agilizar, mas não acabar. Exemplo de modernização é não cobrar se a pessoa já tem seguro do carro. Bastaria a seguradora notificar que já tem seguro e que cobre os benefícios do DPVAT.

Outro desastre a retirada de radares. São fundamentais e estão instalados em sua maioria nos pontos corretos. Engenheiros especialistas devem identificar os instalados em lugar errados, os caça níqueis. Mas daí a acabar vai longo caminho…

Infelizmente é um governo de ignorantes, ignoram o valor da vida e os valores cristãos. Embora usem em vão o nome Dele.

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jose 23 de dezembro de 2019

facilitando aos bandidos e miliciamos a compra e o porte…………..hã?

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Rosa 30 de março de 2024

Eu preferia ter um porte e precisar e ter do quê precisar e não ter! Uma vez que Bandidos sempre vão ter armas, por isso são bandidos, dão geitinho brasileiro.

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José Hamilton Ferreira 30 de março de 2024

Vc é ignorante

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Antonio donizeti martins 22 de dezembro de 2019

Ronaldo, concordo com você.
“A esquerda quando perde uma eleição, tenta destruir o país. Quando ganha, consegue”. Se fizerem a coisa certa, acaba a boquinha de muita gente. Um país precisa de mais gente trabalhando numa atividade produtiva e nenos gente com blá blá blá e vivendo às custas do povo.

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Alessandro 22 de dezembro de 2019

Detran radar é ladrão indústria de multas e milhões de reais pra eles.
Quanto a cadeirinha deve ser avaliada por especialista em segurança no trânsito.
Também por modelo de veículos e seus itens de segurança.

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ronaldo azize 2 de janeiro de 2020

a cadeirinha deveria ser item do veiculo, pois alem de cada um fazer seu modelo as cadeirinha na sua maioria não são compativeis tudo por quen ão são padronizadas, o IMETRO, que deveria normatizar só avalia o funcionamento da cadeirinha fora do carro e não instaladas neles

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JOSE ALVINO 21 de abril de 2020

CONCORDO QUE A CADEIRINHA DEVERIA SER ITEM DE FABRICA. ANTES DA EXIGENCIA AS CADEIRINHAS AQUI NO SUPERMERCADO WALL MART ERAM 80,00 R$ NO ANO DE 2007. QUANDO PASSOU A SEREM EXIGIDAS O PREÇO DISPAROU PARA 220,00 R$. ENTÃO NOTA-SE QUE A LEI PARECE ITEN DE EXPLORAÇÃO, UM COMPLÔ ENTRE OS PODERES E AS FÁBRICAS.

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Ronaldo Nascimento 21 de dezembro de 2019

Bom, em relação a cadeira o presidente não tirou a obrigatoriedade, e sim a multa por não colocar, cabe a cada pai ou responsável cuidar de sua família, o pai é quem decide o que é melhor e seguro, e não obrigado a pagar por isso, e enquanto aos radares, vcs que tanto criticam não anda em estradas e rodovias como os caminhoneiros por exemplo, que as vezes levam multas desnecessária, o certo seria as blitz da PRF juntamente com as polícias de cada estado, quem tivesse errado, aí sim multa, a questão é que os governos anteriores cobraram tanto e fizeram tantos impostos, que quando chega um presidente que quer mudar o país e tirar a carga tributária, a própria população é contra, depois fica reclamando que tudo tem que ser pago, realmente eu não sei o que esse povo de esquerda e essa mídia comprada por ela tem que posta tudo que é bom para o povo, distorce e faz os bestas acreditar que tem que pagar por tudo, esse pessoal por perder o poder, só querem destruir o que está sendo feito para melhorar ??????

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