Reduzir a velocidade nas ruas do Brasil é uma medida necessária

Acidente com ator Kayky Brito reacende discussão sobre os limites de velocidades nas grandes cidades brasileiras

placa de transito reduza a velocidade
Velocidades mais baixas diminuem as consequências graves em acidentes (Foto: Shutterstock)
Por Felipe Boutros
Publicado em 10/09/2023 às 11h03

O atropelamento do ator Kayky Brito reacendeu uma discussão que a maioria dos motoristas odeia: a redução da velocidade em avenidas e corredores das grandes cidades brasileiras. Depois do acidente, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, declarou a sua intenção de baixar o limite nas avenidas da cidade: a do local do acidente, hoje, é 70 km/h.

Anos atrás, o então prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, reduziu a velocidade máxima nas marginais da capital paulista. Resultado: redução no número de acidentes entre carros e motos e atropelamentos. Mas isso não sensibilizou os paulistanos e a discussão que deveria ser técnica virou mote de campanha para João Dória que, poucos dias após assumir como alcaíde, elevou o limite de velocidade nas vias. E o que aconteceu é óbvio: aumento no registro de ocorrências de trânsito.

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Outras metrópoles mundiais já trabalham para reduzir a velocidade em suas ruas e avenidas, todas com resultados positivos quando o objetivo é redução de acidentes. Londres, no Reino Unido, por exemplo, comemorou os resultados desse tipo de medida. Segundo apuração da BBC, a cidade viu uma redução de 25% em colisões que resultaram em morte ou ferimentos graves depois que os limites de velocidade foram reduzidos para cerca de 30 km/h nas principais ruas da cidade, em março de 2020.

E ao contrário do que o senso comum leva a crer, não houve aumento nos engarrafamentos ou no tempo de deslocamento por Londres.

zona de baixa velocidade londres
Zonas de velocidade controlada em Londres (Foto: Shutterstock)

Aliás, a velocidade máxima de 30 km/h é uma recomendação da própria Onu. Ainda de acordo com levantamento da BBC, segundo o órgão de transporte da prefeitura de Londres, pessoas atropeladas por um veículo a 32 km/h têm cerca de cinco vezes menos probabilidade de morrer do que a  48 km/h.

Limites reduzidos de velocidade já foram implementados em cidades da Espanha, em Paris e outras grandes cidades – todas com sucesso no que se propuseram.

Infelizmente no Brasil os debates que envolvem questões de trânsito, que deveriam ser meramente técnicos, são contaminados pelo Fla-Flu que se tornou a política. A experiência em São Paulo foi um exemplo disso. E antes que venham aqui me acusar de A ou B, eu estou defendendo aqui medidas para reduzir a carnificina que é o trânsito brasileiro – são quase 35 mil mortos anualmente, segundo informações do DataSUS.

Brasileiro é inconsequente

O motorista brasileiro tem complexo de piloto e se acha acima das regras – basta ver a constante reclamação sobre a “indústria da multa”. Mas não é difícil ver nas redes sociais condutores fazendo verdadeira loucuras nas vias sem qualquer respeito com as vidas que estão à volta.

Claro que, além de implementar a redução de velocidade, é necessário fiscalização rigorosa. Medida impopular, vista apenas como uma forma de as autoridades engordarem seus caixas. Será mesmo? Ou você que não quer admitir que é um irresponsável?

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3 Comentários
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Artur da Silva 19 de setembro de 2023

É isso ai, abaixar a velocidade e avenidas, e facilitar a vida dos criminosos que atuam nesses tipos de locais, parabéns, sem comentários.
Quando se trata de vias em ambientes urbanos, realmente eu compreendo que é necessário, mas do que adianta leis e leis, e o cidadão não ter a garantia de proteção do estado? Ser assaltado… fora outros tipos de crimes, tanto por quem esta em veículos como para quem esta fora deles?

Mas reduzir velocidades em avenidas, afff, isso é ridículo… é como dizem…
Vamos fazer mais leis para complicar ainda mais a vida do cidadão… e expor ele aos criminosos, e para estes, facilitar ainda mais a situação…

Transito lento, ou baixas velocidades de tráfego… é um prato cheio para criminosos nas estradas.

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HAF 10 de setembro de 2023

Mas uma matéria ao estilo complexo de vira-lata! Tudo o que é de fora, é melhor! E deve ser imitado nós, pois é o modelo supremo! Nossas vias e impostos são iguais aos da Europa, claro!… devemos imitar a redução de velocidade, óbvio! Não bastam as crateras as vias? O excesso de radares escondidos?… a violência nas ruas?… a idiotização do trânsito, se faz necessária! Usem capacete! Todos! Sim, motoristas de carros particulares! Não só motociclistas! É para segurança! Usem dentro dos coletivos também! Todos de capacete! Abraço!

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Paulo A Franke 10 de setembro de 2023

Texto corajoso, necessário e relevante. Mas agora é se preparar para a quantidade colossal de estupidez que os deploráveis irresponsáveis vão despejar aqui. E já que se falou em polarização política, é muito claro que a extrema direita sabe muito bem que – também na selvageria do trânsito – os policias militares são aliados confiáveis. Não fiscalizam, não reprimem, não multam, deixam a barbárie rolar solta. Exemplo claríssimo, irrefutável: motoboys são eleitores fiéis do golpismo autoritário. Fazem o querem no trânsito, com seus macabros escapamentos ruidosos, e nada acontece. Zero.

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