Salão de Frankfurt vai para Munique. E o de São Paulo?
Logo depois de anunciado o adiamento do Salão de São Paulo para 2021, a GM ligou novamente sua ducha de água fria
Logo depois de anunciado o adiamento do Salão de São Paulo para 2021, a GM ligou novamente sua ducha de água fria
Quem gosta de carro a-do-ra salão do automóvel. Chance única de conferir, num único lugar, todas as novidades do setor. Nacionais, importados, caros e baratos, foras-de-série, tem para todos os gostos. Desde Fiat Mobi e VW Gol até Rolls Royce ou Ferrari, uma grande festa.
Programa perfeito para o fim de semana que inclui comércio de miniaturas, literatura e acessórios. Pista de test-drive. Bares e restaurantes. Para os homens (me desculpem o machismo), dezenas de mulheres do tipo “colírio para os olhos”.
Mas qual é o retorno efetivo dessas horas de lazer do respeitável público para as fábricas, que investem milhões dólares nos estandes? Custos crescentes e formas mais modernas de comunicação e interatividade com o mercado puseram os executivos a fazer contas. Para descobrir que não fecham: a mesma verba investida num salão traz melhores resultados em outros eventos, promoções e divulgação.
Marcas premium foram as primeiras a perceber: carrão da BMW enche os olhos do público, mas não converte o investimento em vendas. Alimenta o imaginário. Mas vale a pena?
Marcas generalistas reclamam que sequer podem comercializar – no salão paulista – seus modelos, pois há uma lei (chamada Renato Ferrari) que impede a venda direta da fábrica ao consumidor.
O fenômeno não é recente: já tem quatro ou cinco anos uma crise que assola os principais salões do mundo, pelos mesmos motivos que o de São Paulo. Marcado para novembro deste ano, começou a receber negativas de fábricas e importadoras, até que a 15ª a confirmar ausência entornou o caldo: GM, a líder de vendas do mercado. Foi quando a Reed, sua organizadora, entregou os pontos e adiou o evento para o próximo ano
Para atrair as fábricas, promete uma reviravolta de conceito, focando evolução, tecnologia, entretenimento e mobilidade. Visitantes serão identificados para se tentar a venda mais tarde.
Outro que vinha sofrendo com o rigoroso inverno de janeiro e a concorrência da feira de eletrônica de Las Vegas (CES) era o de Detroit. Na tentativa de sobreviver, mudou este ano para julho.
Nesse meio tempo, o coronavirus começou também a fazer estragos: um dos três mais importantes salões do mundo, o de Genebra, foi proibido pelo governo suíço uma semana antes de abrir as portas: nenhum evento que reunisse mais de 1.000 pessoas no país.
Impossível estimar o tamanho do rombo, mas na ordem de centenas de milhões de euros, pois o pavilhão de exposições já estava pronto, montado. Centenas de hotéis na cidade e proximidades esgotados.
Vôos lotados, exércitos de funcionários e convidados vindos do mundo inteiro, sistemas de transporte, bares, restaurantes, tudo cancelado.
Outros dois contaminados pelo coronavirus foram o de New York, que seria realizado em abril mas adiado para agosto. E também o de Pequim, também marcado para abril e sem nova data estabelecida.
Enquanto isso, notícias vindas da Alemanha davam conta de que o próximo Salão de Frankfurt (em 2021) iria se mudar de mala e cuia para outra cidade. Entre as três finalistas das diversas que se candidataram, Munique levou a melhor sobre Berlim e Hamburgo. É uma cidade que já recebe grandes eventos, como o Oktoberfest, sedia a matriz da BMW e próxima de Ingolstadt, sede da Audi.
A mudança do salão alemão não será apenas de endereço, mas também conceitual para focar , além de automóveis, em sustentabilidade, mobilidade, conectividade e tecnologia.
Mais do que isso: além dos eventos no pavilhão de exposições, o centro de Munique também vai abrigar estandes ligados ao tema. A via de acesso do centro ao salão terá uma faixa dedicada aos veículos com energia alternativa.
Voltando a São Paulo, poucos dias depois que a Reed anunciou seu adiamento para o primeiro semestre de 2021, a GM acionou novamente sua ducha de água fria e informou oficialmente que não participará também no próximo ano. Será que adianta se ele adotar mesma solução de Frankfurt e mudar de cidade?
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