Segurança automotiva: quem tem menos dinheiro merece correr mais riscos?
O consumidor brasileiro não pode se contentar em ser dividido em duas categorias e deve exigir sim mais equipamentos de segurança
O consumidor brasileiro não pode se contentar em ser dividido em duas categorias e deve exigir sim mais equipamentos de segurança
Você está disposto a pagar mais barato em um carro mesmo que isso coloque a sua vida ou a da sua família em risco? Infelizmente, muitos responderam sim. Na semana passada, a Citroën lançou o novo C3 com um preço muito competitivo (inicial por menos de R$ 70 mil) – isso somado a outros atibutos o qualificam para disputar o topo do ranking de carros mais vendidos do Brasil.
E por que eu citei o novo C3 ao falar de segurança. Porque a marca francesa desenvolveu um carro bem interessante em diversos aspectos, mas “colocou o regulamento embaixo do braço” e o lançou com o mínimo necessário quando o assunto é segurança: dois airbags e controle de estabilidade. E, ao justificar essa escolha, o executivo da marca falou claramente: “se houver demanda do mercado…”.
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Já vi youtuber/influencer defendendo que a segurança deveria ser escolha do motorista/comprador do carro. Deveriam existir opções mais em conta no mercado, abrindo mão de equipamentos que podem salvar vidas. Mas eu discordo disso com muita força! Quer dizer então que as pessoas com menor poder aquisito podem ter mais chances de morrer ou de ficar com sequelas, em caso de acidente? Carro para trabalhar, por exemplo, em uma frota, pode ser do mais simples?
Mesmo se a discussão fosse apenas a para frieza dos números, é importante destacar que os acidentes de trânsito causam prejuízos bilionários ao Brasil todos os anos – tanto em atendimento médico, quanto em pensão e perda de força de trabalho. Mas, claro, a preocupação vai muito além disso.
Veja o que achamos do novo C3:
A partir do momento em que você defende a opção de oferecer carros mais baratos, porém mais inseguros, você cria uma linha que divide os brasileiros em dispensáveis e indispensáveis. Bem elitista, isso, não?
Você, leitor, não se contente com pouco. Exija carros mais seguros. Se há poucos anos, ar-condicionado e direção hidráulica eram itens raros na frota e agora são praxe, não há motivo para não esperarmos o mesmo de dispositivos como controle de estabilidade (ESP) e tração, mais airbags e afins. Mais oferta, preços menores, não é assim?
“Ah, mas isso é uma bobagem? Eu dirijo devagar, com prudência, não preciso de controle de estabilidade no meu carro! Eu consigo modular a frenagem, ABS é para quem é braço-duro”.
Olha só, você está analisando tudo isso como sempre dirigisse em um ambiente controlado, o que sabemos que não é verdade. E se você estiver em uma rodovia e um cavalo entrar na sua frente? Vai dar golpe no volante sim para desviar e tem grandes chances de perder o controle da direção. E o ESP estará lá pra salvar a sua vida e a da sua família.
Os testes de colisão estão aí para provar que os airbags salvam sim a vida dos ocupantes dos carros. Claro que isso precisa trabalhar junto com um carro com boa estrutura, e isso também requer investimentos. Também gera custos, também encarece o carro… Ou seja, não é tão simples oferecer modelos mais baratos com menos segurança.
Claro que carros premium, mais sofisticados, vão oferecer mais tecnologias de ponta, algo mais inovador para seus consumidores. Estou falando de popularizar dispositivos que já estão no mercado há mais de 20 anos. Por isso, cada lançamento que traz novidades para algum segmento, que “sobe a régua” e se torna um novo paradigma em segurança – como a Honda fez com o novo HR-V, por exemplo, deve ser parabenizado.
E que você consumidor exija sim segurança ao comprar um carro novo.
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Felipe você está coberto de razão, mas as montadoras não usam essa política, quase assassina, em escala local não, elas a usam em escala global. Consideremos os corolas cross, fords ecosports, chevrolets trackers e outros mais por ai que são muito mais seguros nos Estados Unidos e na Europa do que aqui. Sempre com a desculpa de que são modelos desenvolvidos para países emergentes, onde os habitantes aceitam (infelizmente) correr mais riscos. INSANO!