Tração dianteira, traseira ou nas quatro rodas: qual escolher?
É comum ouvirmos que um veículo é tração traseira, outro dianteira ou que tem tração nas quatro rodas. Mas o que isso muda para o condutor?
É comum ouvirmos que um veículo é tração traseira, outro dianteira ou que tem tração nas quatro rodas. Mas o que isso muda para o condutor?
Seja na hora de comprar um carro novo, ou ao procurar informações sobre um modelo de lançamento, em algum momento você se deparou com o termo ‘tração do carro’.
A expressão é sugestiva ao seu significado. A tração nada mais é do que a força que o motor exerce sobre as rodas para fazer o carro se movimentar. Assim, o veículo pode ter tração dianteira, traseira, nas quatro rodas (4×4) ou integral (AWD).
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Até meados do século XX, praticamente todos os carros tinham a força motriz nas rodas traseiras. A primeira montadora a desenvolver um veículo de tração dianteira vendido em série foi a DKW com o seu F1. O modelo teve seu primeiro teste dinâmico em novembro de 1931 e foi apresentado para o público no salão de Berlim, em fevereiro do ano seguinte.
O F1 foi um sucesso de vendas e sua filosofia de engenharia foi um marco para indústria, que até então nunca tinha visto um carro com tal configuração.
O cenário mudou mais ainda após uma inovação trazida por Sir Alec Issigonis em 1956. O projeto do greco-inglês sugeria um modelo compacto em que 80% do volume do veículo fosse destinado aos passageiros, bagagens e tivesse capacidade de quatro lugares. Então, Issigonis desenvolveu um esboço que, dentre as principais características, consistia em utilizar tração dianteira com motor transversal.
Após três anos de desenvolvimento o veículo foi lançado com o nome de Morris Mini. Na época, a fabricante apresentou ao mundo o primeiro veículo tração dianteira com motor transversal produzido em larga escala.
Essa mudança no posicionamento da unidade de potência foi muito aceito na época, pois economizava espaço no cofre do motor e representava uma redução nos custos para as montadoras. Assim, os veículos de tração dianteira e motor transversal foram se tornando cada vez mais populares e dominantes.
Essa superioridade, no entanto, não significa que os veículos de força motriz dianteira são melhores que os demais. Na verdade, todos têm pontos positivos e negativos e isso deve ser posto na balança na forma como o veículo será utilizado no dia a dia.
Pensando nisso, o AutoPapo vai te ajudar a entender melhor cada tração veicular para que você não tenha duvidas na hora de escolher o seu carro.
Configuração que já foi muito comum no passado, hoje se faz mais presente nos modelos maiores e mais sofisticados. A potência é enviada às rodas traseiras e as dianteiras ficam por conta apenas da direção. Isso passa uma sensação de condução mais ágil e esportiva, principalmente se o modelo dirigido tiver um bom desempenho.
A maioria dos modelos de tração traseira possuem motor dianteiro. Isso proporciona uma melhor distribuição do peso do veículo, o que ajuda a deixar o carro mais estável, mas não evita por completo os problemas que podem ser gerados em situações de baixa aderência.
Quando provocada, a parte de trás do veículo tende a escapar, o que possibilita o condutor realizar manobras esportivas com mais facilidade. A sensação pode ser muito boa para os mais experientes e que dominam alguns princípios básicos de condução esportiva. Contudo, para os condutores sem a devida expertise, pode ser uma grande dor de cabeça.
Pegue uma situação em que o condutor entra muito rápido em uma curva. Se o veículo tiver tração traseira, ele vai sobresterçar (quando se perde o controle da linha de trás). Para colocar o carro de volta no eixo, é necessário virar o volante no sentido oposto da curva. Esse movimento não é muito intuitivo e acaba confundindo alguns motoristas, causando acidentes.
Além disso, essa configuração é um pouco menos espaçosa. Normalmente, o eixo-cardã conecta o motor dianteiro às rodas de trás. Isso acaba roubando alguns preciosos centímetros da cabine e também do porta malas, devido ao diferencial instalado no eixo traseiro. Ademais, essas peças elevam o custo de produção do veículo e o tornam um pouco mais pesado.
Nessa configuração o motor, a caixa de câmbio e o conjunto mecânico se encontram na parte da frente do veículo. Isso o torna mais leve pois, diferente da tração traseira, ele não possui o eixo-cardã. Por consequência, há uma melhor eficiência do combustível e mais espaço na cabine para os passageiros e para a bagagem.
Esses automóveis tendem a sair de frente nas curvas, caso o motorista abuse da velocidade. Se isso acontecer ele tende a subesterçar (deslizar a dianteira para o lado de fora da curva). Para consertar a trajetória o certo é girar o volante no mesmo sentido da curva e desacelerar, o que é um movimento bastante intuitivo. Ademais, modelos mais novos contam com o sistema de controle de tração e estabilidade, que também ajuda a resolver esse problema.
Outro ponto a se observar é o desgaste dos pneus, que sofrem mais na parte dianteira, pois são responsáveis tanto pela tração quanto pela direção. Por isso, devem ser acompanhados pelo motorista para que seja feito o rodízio quando necessário.
Ideal para enfrentar terrenos irregulares como estradas de terra, regiões serranas e locais íngremes. Essa configuração é mais comum em jipes, e picapes de trabalho, e distribui a força do motor para as quatro rodas do veículo.
Apesar de ser, na teoria, muito parecida com a AWD, o carro 4WD se difere em alguns pontos. Ambos possuem tração nas quatro rodas, é verdade, porém, a atuação do sistema é um pouco diferente.
No 4WD é permitido que o motorista escolha qual tipo de condução ele pretende usar, conforme varia a situação da estrada. Inicialmente o veículo é 4×2 (com tração traseira), mas, por meio de uma alavanca, é possível engatar o eixo dianteiro, permitindo que o motor exerça força sobre todas as rodas.
A sigla AWD (All Wheel Drive, ou todas as rodas motrizes) se aplica a veículos que têm tração nas quadro rodas, mas não a todo momento como muitos pensam. Geralmente presente em SUVs, esses veículos têm, inicialmente, a força do motor exercida nas rodas dianteiras, sendo 4×2.
Porém, um sensor que percebe as condições da via ativa o sistema “On Demand”, que é o responsável por acionar o eixo traseiro. Além disso, ele é capaz de variar o torque de uma roda, ou de um eixo, para a outra. Isso permite o aumento da estabilidade e aderência do veículo, além de evitar danos ao trafegar no asfalto.
Apesar dessa pequena diferença, entre as configurações 4×4 e AWD não existe uma necessariamente melhor do que a outra. Cabe ao proprietário avaliar como e onde seu veículo será utilizado.
Assim, suas vantagens e desvantagens são bem semelhantes. Pelo lado bom, esse carros são capazes de entregar uma melhor segurança na direção, têm boa estabilidade e distribuição de peso, e são eficientes em terrenos off-road.
Em contrapartida, o veículo fica mais pesado devido à presença de alguns componentes específicos, o que torna a aceleração e velocidade mais lentas quando comparadas à alguns veículos de tração apenas em duas rodas.
Além disso, o custo tanto de compra quanto de manutenção costumam ser mais elevados. Cabe ao consumidor colocar as contas na ponta do lápis e decidir qual tração é a mais indicada para o seu uso no dia a dia.
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Caro Boris, eu ia perguntar justamente sobre qual carro tem a tração mais segura, mas ao ver essa reportagem antiga fiquei satisfeito. Depois que minha esposa rodou o carro dela que tem tração dianteira e controle de estabilidade em um asfalto liso cheio de areia, cheguei à conclusão de que os carros MAIS SEGUROS SÃO OS QUE TEM TRAÇÃO NAS QUATRO RODAS, mas são poucos os carros de passeio com esse recurso. Um grande abraço!!!!
A maior vantagem da tração traseira vem quando o carro está carregado.
Ao ver o vídeo, lembrei que em certa ocasião vi uma picape Willys, com a tração engatada, tentar subir um aclive enlameado várias vezes sem conseguir.
O motorista, já danado, resolveu subir de ré e conseguiu de primeira.
Nesse caso específico da picape, por ter tração nas quatro rodas, não conta a gravidade dito pelo Boris, mas a marcha a ré, mais reduzida que a primeira, corrobora o que foi dito.