Ford Mustang é brutal, mas também pode ser civilizado

Cupê equipado com motor V8 ronca e acelera como um autêntico muscle-car, sem abrir mão de boa estabilidade e de conforto ao rodar

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Por Alexandre Carneiro
Com Felipe Boutros (vídeo)
Publicado em 27/06/2018 às 17h05
Atualizado em 23/10/2018 às 11h41

O espaço interno é restrito, a direção que esterça pouco complica as manobras e o consumo de combustível mostra-se extremamente elevado. Se estivéssemos nos referindo a um carro convencional, tais falhas seriam imperdoáveis, mas não é esse o caso. Afinal, o veículo em questão é o Ford Mustang e, nele, tudo isso acaba ficando em segundo plano.

E daí que o banco traseiro é insuficiente para dois adultos? Em um modelo esportivo, bastam acomodações decentes para apenas duas pessoas. Tampouco é relevante o grande raio de giro do veículo: o que importa é que a direção é comunicativa e mantém o motorista com todo o controle em desvios de trajetórias e em velocidades elevadas. Quanto ao consumo, que se dane! A prioridade aqui é desempenho, coisa que o cupê entrega em doses cavalares.

Veja o vídeo com o Ford Mustang em ação:

Para quem não sabe, a única versão do Mustang importada para o Brasil, a GT Premium, é equipada com um motor 5.0 V8, capaz de despejar nada menos que 466 cv de potência a 7.000 rpm e 56,7 kgfm de torque a 4.600 rpm (sendo que 82% desse valor surge já a 2.000 rpm) nas rodas traseiras. A “usina de força” traz tecnologias como dois sistemas de injeção, direto e indireto, e duplo. comando de válvulas variável. Um inocente cutucão no acelerador já faz com que os ocupantes fiquem com seus corpos grudados aos bancos.

Levar o pedal da direita até o fim de seu curso exige pista livre à frente: nessas situações, o velocímetro vai riscando os dígitos com rapidez, o longo capô devora o asfalto à frente e bastam poucos segundos para atingir velocidades ilegais. Tudo isso com a trilha sonora dos oito cilindros do propulsor, que parecem ficar mais e mais afinados à medida que o giro sobe.

Brutalidade em acelerações é algo esperado em qualquer muscle-car norte-americano, certo? Claro, mas o Ford Mustang não só faz jus à escola automobilística de seu país, como vai além: ao mesmo tempo que consegue dar uma descarga de adrenalina no motorista com sua performance estonteante em linha reta, permite uma condução sem sustos nas curvas, graças à sua estabilidade. Nesse caso, o comportamento lembra o de um esportivo europeu, sem aquelas escapadas de traseira típicas das antigas gerações. O motorista só vai passar por esse tipo de situação se exagerar demais nos abusos.

Ford Mustang GT é esportivo de quase R$ 300 mil

Eletrônica capaz de mudar comportamento

As opções eletrônicas ao condutor, aliás, incluem cinco modos de condução, específicos para diferentes situações: Normal, Sport, Sport+, Track, Drag e Snow. Esses programas alteram os parâmetros de trabalho da assistência elétrica da direção, das trocas de marcha do câmbio, da atuação dos controles de estabilidade e tração e até do acerto da suspensão, que é adaptativa.

Os amortecedores dos conjuntos independentes dos dois eixos (do tipo McPherson no dianteiro e multilink no traseiro) podem ter mais ou menos carga, fazendo com que o rodar vá do firme ao muito firme. Até o ruído do escapamento pode se tornar mais ou menos silencioso, ao simples toque de um botão. A ideia da Ford é que o ronco possa deliciar o motorista nas ruas, mas sem incomodar os vizinhos na hora de sair da garagem.

Para situações cotidianas, o ideal é selecionar o modo normal ou, no máximo, o Sport. O Sport+, o Track e o Drag deixam a suspensão dura demais e os assistentes eletrônicos bastante liberais. Para usufruir deles, só mesmo em uma pista fechada, local ideal para desfrutar também de outro dos recursos do Mustang, batizado de Line Lock. Trata-se de uma espécie de assistente de burnouts: basta ligá-lo para queimar a borracha dos pneus traseiros e fazer muita fumaça em arrancadas. O programa Snow é apropriado para pisos de baixa aderência, como asfalto molhado, aumentando a assistência do controle de tração e reduzindo a velocidade das trocas de marchas, de modo a evitar derrapagens.

Trocas de marchas lentas só ocorrem mesmo nesse modo de condução. Nos demais, elas são muito rápidas. Nem parece que o Ford Mustang é equipado com um câmbio automático convencional, do tipo epicíclico, com conversor de torque, em vez de um automatizado de dupla embreagem, mais comum em esportivos. Aliás, quase convencional: trata-se de uma caixa de transmissão com 10 velocidades, desenvolvida para veículos de alta potência. Quem curte operar a alavanca manualmente não ficará frustrado, pois há paddle-shifts no volante para cambiar de modo sequencial.

Alto desempenho requer nível de segurança à altura. E o Mustang não decepciona, com um verdadeiro arsenal para livrar os ocupantes de um acidente ou atenuar seus efeitos caso seja inevitável. Há sistema de permanência em faixa, alerta de colisão com assistente de frenagem, assistente de frenagem de emergência, assistente de detecção de pedestres, faróis full LED com luz alta automática e oito airbags. O sistema de freios inclui discos ventilados na dianteira e na traseira, com ABS e EBD.

Atmosfera esportiva do Ford Mustang

Todo o ambiente a bordo corrobora para a condução esportiva do modelo. A posição de dirigir é extremamente baixa, fazendo com que motorista e passageiro se acomodem com as pernas quase totalmente esticadas. O volante pequeno permite excelente empunhadura, enquanto o painel é facilmente legível. Aliás, essa é uma das atrações do Ford Mustang, pois os instrumentos são mostrados em uma tela de 12 polegadas configurável. Diferentes informações ganham maior ou menor destaque dependendo das preferências do condutor e do modo de direção selecionado. Uma falha: os bancos, apesar de confortáveis, não condizem com a proposta do cupê. Poltronas mais ao estilo concha, com abas laterais maiores, segurariam melhor o corpo em curvas. Eles também poderiam estender os ajustes elétricos, presentes apenas para o assento, também para o encosto.

Como ninguém quer esportividade o tempo todo, o cupê da Ford traz comodidades capazes de assegurar bom nível de conforto a bordo, como o sistema de som de alta fidelidade com 12 alto-falantes e 390 W, ar-condicionado digital, chave presencial com botão de partida e sistema multimídia com tela de toque de oito polegadas, conexão Bluetooth, comandos de voz em português, navegador GPS, compatibilidade com os Apple CarPlay e Android Auto e duas entradas USB capazes de carregar baterias de celulares. O acabamento não chega a ser super luxuoso, mas é bem-feito, com materiais macios ao toque, couro e detalhes em alumínio.

Grande e nada discreto

Não parece, mas o Ford Mustang é um carro bem grande: tem 4,789 m de comprimento e 1,916 de largura. Por isso, ele se mostra meio desajeitado para circular na cidade. Porém, para um esportivo, a altura em relação ao solo não chega a ser crítica, de modo que, tomando o devido cuidado, a base do para-choque dianteiro e a seção central inferior não raspam em quebra-molas e outros obstáculos. A visibilidade também é boa, apesar da baixa altura da carroceria, e o porta-malas, com 382 litros, é até espaçoso para a proposta.

Quem dirige o Mustang logo se deleita com seus atributos dinâmicos e tecnológicos, mas muitos se encantam com o cupê apenas ao olhá-lo. E como ele é olhado: uma simples voltinha no quarteirão já faz com que o motorista se torne o centro das atenções. Em determinadas situações, chega até a ser constrangedor andar com ele pelas ruas. Definitivamente, não é o carro ideal para quem gosta de passar despercebido. É o preço a se pagar por rodar em um dos mais icônicos esportivos do planeta, além, claro, dos R$ 299,9 mil que a Ford cobra por ele.

Ficha técnica: Ford Mustang GT Premium

Motor: Dianteiro, longitudinal, a gasolina, 5.038 cm³, com oito cilindros em V, 32 válvulas com duplo comando variável e sisiemas de injeção direta e indireta de combustível

Potência: 466 cv a 7.00 rpm

Torque: 56,7 kgfm a 4.600 rpm

Transmissão: automática de 10 velocidades, tração traseira

Suspensão: McPherson na dianteira e multilink na traseira

Rodas: 9 x 19 na dianteira e 9,5 x 19 na traseira, calçadas com pneus 255/40 R 19 e 275/40 R 19, respectivamente

Freios: disco ventilados na dianteira e na traseira, com ABS e EBD

Direção: do tipo pinhão e cremalheira, assistida eletricamente

Dimensões: 4,789 m de comprimento, 1,382 m de altura, 2,720 m de distância entre-eixos, 1,916 m de largura

Peso: 1.783 kg

Tanque de combustível: 61 litros

Porta-malas: 382 litros

Fotos Reprodução / Galeria: Ford | Divulgação

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4 Comentários
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marcus mendes 29 de junho de 2018

Só uma paixão desenfreada pelo modelo justifica essa compra. R$299.000,00 !!!!
Em qual estrada brasileira voce vai explorar toda a potencia desse veiculo?
Um exemplo, Honda Accord, conforto e estabilidade por R$ 163.000,00.

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David 18 de dezembro de 2020

Não quer comparar um Honda com um mito, uma lenda que è o Mustang, muscle cars sò valotiz com o tempo e vc recupera o investimento, existem mustangs da decafa de 60 e 70 por 2.milhões de dólares, ja esse honda accord que vc citou compra nos EUA por 12 a 17 mil dólares. Qualquer estudante ou garçom compra.

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marcus 29 de junho de 2018

Só uma paixão desenfreada pelo modelo justifica essa compra. R$299.000,00 !!!!
Em qual estrada brasileira voce vai explorar toda a potencia desse veiculo?
Um exemplo, Honda Accord, conforto e estabilidade por R$ 163.000,00.

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Ary Rocha Filho 28 de junho de 2018

QUAL GASOLINA NACIONAL PODE SER USADA NO FORD MUSTANG???QUAL A MÉDIA DE KM/LITRO NA CIDADE E ESTRADA. CARRÃO SONHO DE CONSUMO DE MUITOS BRASILEIROS MAS POUCOS VÃO PODER PAGAR 300 MIL REAIS PELO CARRO COMPARADO AOS IMPORTADOS DE OUTRAS MONTADORAS PELO MESMO PREÇO. SÓ COMPRA O MUSTANG QUEM É APAIXONADO PELA MARCA OU QUER APARECER MUITO PRO VIZINHO MESMO QUE O CARRO ESTEJA FINANCIADO OU ALIENADO NO LEASING.

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