Volkswagen Passat completa 50 anos, relembre sua história

O carro médio foi uma revolução para a marca quando chegou ao mercado e criou o DNA que é usado até hoje em seus carros de passeio

volkswagen passat l 1974 branco
O modelo original foi assinado por Giorgetto Giugiaro (Fotos: Volkswagen | Divulgação)
Por Eduardo Rodrigues
Publicado em 11/09/2024 às 09h00

A Volkswagen construiu sua fama com o Fusca, que era valente e resistente graças a seu motor refrigerado a ar montado na traseira. Mas os tempos mudam e essa fórmula sozinha não seria eterna, a montadora alemã ia precisar de uma mudança de chave. Isso veio em 1973, com o lançamento do Passat.

Esse modelo foi o primeiro com motor refrigerado a água na marca, algo necessário para obter maior potência específica, poluir mais e ser mais eficiente. Ele também trouxe a tração dianteira, que trazia uma dinâmica mais previsível e segura, além de permitir um aproveitamento mais otimizado da cabine.

volkswagen passat ts 1977 frente
O TS foi o primeiro esportivo, com motor 1.6

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As tentativas de fazer um carro familiar com motor traseiro refrigerado a ar não foram tão bem sucedidas na Europa como o Fusca foi no segmento de entrada. O Passat foi uma aposta muito ousada para a VW.

O Passat não foi desenvolvido do zero pela Volkswagen, ele nasceu como um derivado do Audi 80. Sua plataforma de tração dianteira utilizava motor longitudinal, suspensão dianteira McPherson e traseira por eixo de torção.

A VW também herdou da Audi o motor EA827, família que engloba os motores MD e AP. Para a época era um propulsor moderno e o tempo mostrou ser confiável, o que era uma grande preocupação de quem estava acostumado com os motores antigos refrigerados a ar.

Todo esse avanço seria em vão se o carro não fosse marcante. A Volkswagen acertou em cheio ao chamar o talentoso designer italiano Giorgetto Giugiaro para criar o Passat.

O resultado foi esse belo fastback, com linhas retas e uma grade simples margeadas por faróis circulares. O desenho original do Passat era elegante e bastante moderno para 1973.

O Passat chegou ao Brasil há 50 anos

volkswagen passat 1980
A VW foi atualizando o desenho com o tempo, a primeira mudança significativo foi com os faróis retangulares

A Volkswagen foi rápida ao trazer o Passat para o Brasil, o modelo estreou no Brasil já em 1974. Aqui ele veio em duas versões: L e LS. O motor era sempre o 1.5 de 65 cv e 10,3 kgfm. Parece pouco para os padrões atuais, mas estamos falando de um carro que pesava apenas 860 kg.

O Passat foi considerado um carro muito moderno no Brasil por causa de seu desenho e de soluções técnicas como as juntas homocinéticas, coluna de direção deformável, freios a discos na dianteira e freios com duplo circuito hidráulico.

Quem dirigiu o carro se encantou com a estabilidade e o bom comportamento dinâmico. Como seu motor era eficiente e a tração dianteira resultava em perdas mecânicas menores, o desempenho chegava a incomodar modelos maiores e mais fortes.

Por ter chegado próximo aos tempos de crise do petróleo, o Passat se tornou uma opção de carro familiar ou executivo mais frugal que o Chevrolet Opala ou o Ford Maverick.

Como era de costume na época, a Volkswagen tratou de criar uma versão esportiva para o Passat. A versão TS chegou em 1976, trazendo motor 1.6 equipado com carburador Solex de corpo duplo. A potência cresceu para 80 cv e torque foi para 12 kgfm.

O visual era diferenciado pelos faróis duplos, faixas decorativas, volante esportivo e instrumentos auxiliares no painel. O Passat TS foi o sonho de consumo do Boris durante sua juventude. Hoje ele possui um exemplar do esportivo, confira no vídeo:

Como sabemos bem, os carros tinham vida mais longa no Brasil que em suas terras natais. A primeira geração do Passat continuou em produção por aqui até 1989.

A primeira reestilização foi mais leve, adotando apenas faróis retangulares que integravam bem com o desenho. Na linha 1983 vieram os faróis quadrados duplos, que eram a moda do momento mas destoavam do estilo original.

Os parachoques envolventes e apliques plásticos que vieram depois ajudavam a deixar o visual mais harmônico. Em 1984 a Volkswagen trouxe a segunda geração do Passat de forma indireta com a família Santana.

Esse era o sedã do Passat de segunda geração, na Europa ainda usava a carroceria de fastback. No Brasil a primeira geração foi mantida em uma segmentação inferior ao Santana, que tentava ser um carro executivo.

Nessa fase o destaque foi outro modelo esportivo, o GTS Pointer. Ele usava o motor AP 1.8 que estreou no Santana e também era usado pelo Gol GT. A potência era de 92 cv, que mais tarde subiria para 99 cv após receber o comando de válvulas mais agressivo do Gol GT.

Para muitos esse foi o auge do Passat no Brasil. A estabilidade elogiada nos anos 70 foi incrementada com mudanças nas rodas e pneus, os bancos eram os famosos Recaro, o volante era o icônico “quatro bolas” e o motor era mais bravo. Ele ainda dava um caldo quando comparado ao moderno Monza S/R.

Foi nos anos 80 também que o Volkswagen Passat brasileiro ganhou um carimbo exótico em seu passaporte. O governo do Iraque firmou um acordo com a montadora de pagar a importação do carro com barris de petróleo, que foram revendidos para a Petrobras.

volkswagen passat gts pointer 1 8 1989
O GTS Pointer foi o Passat mais bravo e marcou o final da carreira com uma boa imagem

Os iraquianos exigiram algumas alterações no Passat para ser vendido lá, como o ar-condicionado, carroceria de quatro portas, interior com acabamento em vermelho e o motor MD 270, em uma época onde o AP já era o padrão.

Em 1986 a Petrobras exigiu que o acordo fosse encerrado, pois estava com um excedente de petróleo. Os carros que estavam prontos acabaram sendo vendidos no Brasil mesmo, com o nome LSE.

Essa versão era exótica para os padrões brasileiros da época. Mas quem comprou ficou com uma raridade em mãos, que hoje está bastante valorizado.

O fim do Passat nacional em 1989 foi foi a aposentadoria total do nome por aqui. Com a abertura das importações ele passou a vir da Alemanha, dessa vez como um sedã executivo e ocupando a posição de topo de linha da marca.

A carreira do Passat no Brasil terminou de forma oficial em 2019, quando a sétima geração deixou de ser importada. Hoje ele está na oitava geração, sendo vendido na Europa apenas como perua e na China como sedã.

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