[Avaliação] VW Jetta GLI: agressivo no visual e no desempenho
Versão esportiva traz quase tudo que falta ao restante da gama, desde a suspensão traseira multilink e o motor 350 TSI até o visual invocado
Versão esportiva traz quase tudo que falta ao restante da gama, desde a suspensão traseira multilink e o motor 350 TSI até o visual invocado
O Volkswagen Jetta GLI, que trouxe de volta o motor 2.0 turbo (agora chamado de 350 TSI), quebrou uma tradição do modelo anterior: a discrição. Enquanto, na geração passada, a versão mais potente era quase uma sleeper (termo que identifica um carro de alto desempenho, mas com aparência comum), a atual deixa bem claro a que veio.
O modelo exibe toda a indumentária típica dos esportivos, com direito a spoiler, para-choque frontal exclusivo, grade com filete vermelho e rodas de 18 polegadas. Todavia, o melhor do sedã não está no que ele mudou, e sim no que ele evoluiu. A começar pela performance. As atualizações feitas pela Volkswagen no motor 2.0 TSI deixaram o Jetta GLI ligeiramente mais rápido que o antigo Highline.
Embora, na essência, a unidade seja a mesma, a adoção de um novo sistema de alimentação que concilia injeções direta e indireta aumentou a eficiência. Agora, são 230 cv de potência e 35,7 kgfm de torque: números idênticos aos do Golf GTI, que já não é mais fabricado Brasil. O câmbio automatizado, com duas embreagens banhadas a óleo e seis marchas, não mudou.
Esse conjunto mecânico afiadíssimo é justamente o ponto alto do sedã. Bem-casados, motor e câmbio empurram o Jetta GLI com vontade! Basta pisar para sentir aquela viciante sensação de ter as costas prensadas contra o banco, enquanto o velocímetro indica velocidades ilegais em poucos segundos. Mérito do 2.0 TSI, que é muito elástico: entrega o torque máximo entre 1.500 rpm e 4.600 rpm. É preciso reconhecer também o bom trabalho da transmissão, que faz trocas rapidíssimas e oportunas.
Como se não bastasse, a condução pode ficar ainda mais empolgante se o motorista ativar o modo de condução Sport, que deixa o volante mais firme e antecipa as reduções de marchas. Entretanto, no programa normal, a dirigibilidade já é bastante divertida. Apenas na opção Eco percebe-se alguma letargia ao comando do acelerador. Há ainda a função Individual, que é configurável. O que não muda é a eficiência dos freios, que esbanjam segurança.
Outra herança deixada pelo Jetta de geração passada é a suspensão traseira multilink, agora exclusiva da versão GLI. Ela é nitidamente mais rígida em relação às demais configurações; porém, se a comparação for com um Civic Si ou com um Golf GTI, o acerto dá a sensação de maior maciez. Na prática, o sedã tem um rodar firme, que transfere, sim, parte das imperfeições do solo ao habitáculo, mas não a ponto de fazer os ocupantes sacolejarem.
O objetivo do fabricante não foi entregar esportividade máxima, e sim conciliá-la a algum conforto no uso cotidiano. E, apesar de tais concessões, o conjunto suspensivo dá ótima estabilidade ao Jetta GLI. É verdade que, no limite, percebe-se que a dianteira “esfrega” um pouco em curvas fechadas, efeito que logo ativa os controles eletrônicos. Porém, ainda assim, o sedã está muito acima da média quando o assunto é comportamento dinâmico. A direção também ajuda: é bastante direta e progressiva, mesmo nos modos de condução mais “caretas”.
Já o consumo não é o forte do Jetta GLI, embora economia não seja algo que, de modo geral, combine com esportivos. A reportagem aferiu mádias de 7,4 km/l na cidade e de 10,3 km/l na estrada. Vale lembrar que o motor 350 TSI não é flex e, portanto, só consome gasolina. Com base nos números obtidos pelo AutoPapo, o tanque, de 50 litros, permite uma razoável autonomia de aproximadamente 515 km.
No interior, o Volkswagen Jetta GLI exibe volante esportivo com borboletas para mudanças de marchas, herdado do Golf GTI, além de bancos com abas mais estreitas. O resultado é uma ótima posição de dirigir, no meio-termo entre conforto e esportividade. Colaboram de modo essencial para a ergonomia os ajustes de altura do assento e da coluna de direção, que conta ainda com regulagem telescópica.
No mais, não há diferenças significativas em relação à versão R-Line, com motor 250 TSI. Da versão menos potente, veio o sistema de iluminação interna personalizável. O motorista pode escolher entre 10 cores, que dão requinte ao habitáculo.
Outro brinquedo tecnológico é o Active Info Display, nome dado pela Volkswagen à tela de 10,25 polegadas que reúne os instrumentos. Programável, o sistema exibe diferentes esquemas e informações.
Outra tela, com 8 polegadas e sensível ao toque, reúne as funções de telefonia e áudio. Compatível com plataformas Android Auto, Apple CarPlay e Mirrorlink, o sistema mostra ainda mapas do navegador GPS e imagens da câmera de ré. A aparelhagem de som, com seis alto-falantes, é da marca Beats.
Todavia, esses mimos não escondem que o padrão de acabamento é, no máximo, razoável para um sedã médio. Enquanto painel e portas dianteiras exibem as porções superiores emborrachadas, as traseiras têm forração mais simples, em plástico comum. Ao menos todas elas têm enxertos de couro, que reveste também os bancos. Os passageiros posteriores tampouco contam com saídas de ar-condicionado dedicadas, presentes na antiga geração.
Ao menos ninguém vai reclamar de espaço. Como todo Jetta, o GLI é amplo, inclusive para quem se senta atrás: ali, há vãos generosos para as pernas e a cabeça. Até mesmo um quinto ocupante consegue se acomodar com relativo conforto, graças à boa largura do assento. A situação só não é melhor porque o ressalto no centro do assoalho é bastante saliente. Outro ponto positivo é a presença de cintos de três pontos e encostos de cabeça (fixos, sem regulagem de altura) para todos ali.
O porta-malas também é muito espaçoso, com 510 litros de capacidade. A área destinada à bagagem poderia ser melhor aproveitada as dobradiças fossem pantográficas, mas elas são do tipo “pescoço de ganso” e prejudicam o aproveitamento do compartimento. Por outro lado, o vão de abertura da tampa é bom para um sedã.
O Volkswagen Jetta GLi custa R$ 144.990: são exatos R$ 6.540 a menos que um Golf GTI. O único opcional é o teto solar, que acrescenta R$ 4.990 ao preço. Para ter um exemplar completão, inclusive com pintura perolizada, paga-se R$ 151.560. Boa notícia: a tonalidade Cinza Puro, como a do veículo avaliado pelo AutoPapo, não tem custo adicional.
Esse valor inclui um pacote de equipamentos completão, com destaque aos itens destinados à segurança. Há sistema de frenagem automática (que atua também em marcha-a-ré) integrado ao controlador de velocidade de cruzeiro adaptativo, faróis de LED com assistente de luz alta, frenagem pós-colisão, seis airbags (dois frontais, dois laterais e dois do tipo cortina), luzes diurnas de LED, bloqueio eletrônico do diferencial, controles eletrônicos de tração e estabilidade, ganchos Isofix para cadeirinhas e assistente de partida em rampa.
No mais, o sedã traz ainda ar-condicionado automático com duas zonas de temperatura, retrovisor interno eletrocrômico, sensores crepuscular e de chuva, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, bancos dianteiros com aquecimento, sendo que o do motorista tem ajustes elétricos, freio de mão eletromecânico e chave presencial com botão de partida.
No fim das contas, o Jetta GLI é bem-equipado, mas destaca-se mesmo é pelo desempenho. Por igual valor, não há outra opção capaz de entregar o mesmo nível de performance. O comportamento dinâmico faz com que, entre os sedãs médios, ele seja a opção dos entusiastas da direção. Ao menos para aqueles que têm R$ 144.990 para pagar em um carro.
A Volkswagen oferece garantia de três anos para seus automóveis, incluindo o Jetta GLI. As revisões, realizadas a cada 10 mil quilômetros, têm preços tabelados. A primeira é a mais em conta: sai por R$ 367,38. O custo da segunda é de R$ 666,38, e da terceira, de R$ 597,38. A partir daí, nas sete manutenções seguintes, esses dois últimos valores vão se alternando sucessivamente (R$ 666,38 na quarta parada, R$ 597,38 na quinta, etc).
Ficha técnica | Volkswagen Jetta GLI |
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Motor | a gasolina, dianteiro, transversal, 1.984 cm³, com quatro cilindros em linha, 82,5 mm de diâmetro e 92,8 mm de curso, 16 válvulas, injeção direta e indireta de combustível e turbocompressor |
Potência | 230 cv entre 4.700 rpm e 6.200 rpm |
Torque | 35,7 kgfm entre 1.500 rpm e 4.600 rpm |
Transmissão | automatizada com duas embreagens banhadas a óleo e seis velocidades, tração dianteira |
Suspensão | McPherson na dianteira e Multilink na traseira |
Rodas e pneus | rodas 7,5Jx18, pneus 225/45 R18 |
Freios | discos ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira, com ABS |
Direção | assistida eletricamente |
Dimensões | 4,709 m de comprimento, 1,478 m de altura, 2,680 m de distância entre-eixos, 1,799 m de largura |
Peso | 1.432 kg |
Carga útil | 518 kg |
Tanque de combustível | 50 litros |
Porta-malas | 510 litros |
Fotos Alexandre Carneiro |AutoPapo
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Gostei da reportagem feita as foto na minha cidade Sabará ! Quando voltarem, me avise ! *