Você está abastecendo do jeito errado?

Muitos postos oferecem encher o tanque até a boca, depois que a bomba já travou - mas será que essa é uma boa escolha?

marcelo camargo agencia brasil
Por Boris Feldman
Publicado em 03/05/2018 às 13h20
Atualizado em 15/01/2020 às 19h24

Fico impressionado com a quantidade de frentistas que teima em continuar abastecendo do jeito errado, enchendo o tanque até o gargalo. Às vezes, tomam eles mesmo a decisão e nem perguntam antes: “É para encher direto, madame?”

No passado, o maior problema provocado pela gasolina até o bocal do tanque era a possibilidade de o combustível vazar pela tampa e manchar a pintura.

Hoje, tem um problema mais grave, o do canister. É como se chama um filtro que recebe os gases do tanque para evitar a poluição da atmosfera. Estes gases são formados pelo combustível e chegam ao canister por um tubinho que fica no alto do tanque.

Por isso, deve-se deixar vazio o espaço de alguns litros de combustível, já previsto pelas fábricas de automóveis e das bombas dos postos.

Ora, se o frentista “engana” o sistema automático que trava o abastecimento e enche o tanque até a boca, o canister vai receber combustível líquido ao invés de gases. Além de se danificar, ainda prejudica o funcionamento do motor por estar conectado à central eletrônica.

Muitas vezes a marcha-lenta falha, o motor tosse, espirra, o mecânico faz de tudo e não descobre a causa do problema. Pois se esquece de verificar o canister.

Deixe a bomba travar quando estiver abastecendo

Postos oferecem encher o tanque até a boca quando estão abastecendo, depois que a bomba já travou - mas será que essa é uma boa escolha?

É difícil identificar o porquê desta mania: talvez o dono do posto estimule o frentista a continuar abastecendo mesmo até a boca, para faturar mais alguns litros: no final do dia pode fazer diferença.

Outros o fazem para arredondar a quantia a ser paga e evitar o troco, embora quase todos paguem hoje o abastecimento com cartão de credito. Em alguns casos, o próprio motorista pede para encher até a boca para aumentar a autonomia, poder rodar mais alguns quilômetros antes do próximo abastecimento.

O fato é que essa “mania” já criou até algumas habilidades dos frentistas, que manipulam o bico injetor do combustível no gargalo, de modo a evitar o desarme automático do abastecimento. Ou seja, o que os fabricantes de automóveis e bombas dos postos fazem o possível para evitar, frentistas e motoristas fazem o possível para ludibriar.

Foto Marcelo Camargo | Agência Brasil

Newsletter
Receba semanalmente notícias, dicas e conteúdos exclusivos que foram destaque no AutoPapo.

👍  Curtiu? Apoie nosso trabalho seguindo nossas redes sociais e tenha acesso a conteúdos exclusivos. Não esqueça de comentar e compartilhar.

TikTok TikTok YouTube YouTube Facebook Facebook X X Instagram Instagram

Ah, e se você é fã dos áudios do Boris, acompanhe o AutoPapo no YouTube Podcasts:

Podcast - Ouviu na Rádio Podcast - Ouviu na Rádio AutoPapo Podcast AutoPapo Podcast
Boris Feldman

Jornalista e engenheiro com 50 anos de rodagem na imprensa automotiva. Comandou equipes de jornais, televisão e apresenta o programa AutoPapo em emissoras de rádio em todo o país.

Boris Feldman
5 Comentários
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Comentários com palavrões e ofensas não serão publicados. Se identificar algo que viole os termos de uso, denuncie.
Avatar
robson 2 de abril de 2021

Fui abastecer eu carro e o bico travava, mesmo estando com tanque vazio. O frentista me informou que eram os gases e foi abastecendo aos poucos e fiquei acompanhando no painel eletrônico. Isto foi correto? Eram mesmo gases ou é algum defeito do carro ou da bomba do posto?

Avatar
RenanSF 9 de maio de 2021

Robson, não sou mecânico, sou frentista, mas o que muitos dizem e as poucas informações de pesquisa que encontrei mencionam o problema relacionado à quantidade de ar acumulada no respiro do tanque.
Muitos carros, no posto onde trabalho, possuem este problema; e é bem irritante quando o incidente ocorre, o serviço está fervilhando e com alta demanda de veículos.
Por fim, o ar acumulado faz com que o combustível suba pelo tubo de entrada do tanque e faz com que um sensor eletrônico do bico da pistola desarme, ou seja, para a própria segurança da efusão do combustível.
Outro grande problema está no fato de alguns clientes suspeitarem de falcatrua no ato do abastecimento (com mediana razão) devido ao defeito próprio do veículo; mas, na realidade, não há problema algum.
No máximo, como em meu caso, se o posto for novo, pode haver mais pressão no jato de combustível e, mesmo com a trava no fraco, haverá um contato mais intenso com o ar acumulado no tal respiro e fará com que o combustível volte antes de encher, ao culminar, assim, no destravamento do bico.
Fiorinos antigos na esmagadora maioria das vezes faz o bico desarmar, alguns Peugeots hatches, Kombis etc.

Avatar
Julio 10 de março de 2018

Já fui frentista e sempre odiei está prática, mas como eu trabalhava no último posto da cidade antes da rodovia os motoristas me obrigavam a encher o tanque até a boca o que sempre gerava o medo de derramar combustivel na pintura , pior de tudo que na época tinham uns modelos de carros que pegavam muito combustível depois do primeiro desarme do bico ex: Monza pegava 5 litros!

Avatar
Jerrie Alves Pereira 21 de fevereiro de 2018

Eu não sabia disso..
1 pergunta…eu enchi o tanque do meu carro até boca…depois percebi que ele ficou xoxo….deu uma enfraquecida..eu gostaria de saber…se deixar com o tempo ele retoma a força sozinho…

Avatar
Deixe um comentário