Boatos sobre o carro flex continuam depois de 15 anos

O motor flex foi introduzido no mercado em 2003, e até hoje tem gente que não sabe o que pode ou não pode fazer com ele

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Por Boris Feldman
Publicado em 18/08/2018 às 17h00

Mesmo após se passar mais de uma década desde sua introdução no mercado brasileiro, boatos sobre o carro flex continuam circulando, confundindo motoristas sobre seu funcionamento. O Boris conta essa história.

boatos sobre o carro flex contiuam mesmo depois de 15 anos desde seu lançamento

O carro flex tem 15 anos. Lançado em 2003, foi a solução para reabilitar o motor a álcool que caiu em desgraça no final da década de 80: a falta de planejamento provocou sua falta nos postos. A enorme frota de carros que só podia ser abastecida com o álcool enfrentou fila nas bombas para abastecer o tanque. Eram motoristas que tinham aderido ao Pró-Álcool e se arrependeram amargamente.

Oficinas mecânicas que tinham adaptado milhares de automóveis a gasolina para o álcool passaram a fazer a conversão “do arrependimento”: a operação reversa, voltando para queimar gasolina o motor adaptado para o etanol.

A redenção do álcool veio com a eletrônica que permitiu desenvolver o flex, o motor que queima ambos os combustíveis e que permite ao dono do carro optar entre eles a qualquer momento. Quando o etanol está custando mais de 70% da gasolina, não vale a pena abastecer com ele.

Pois mesmo passados estes treze anos e com o motor flex mais que divulgado no Brasil, ainda circulam boatos sobre o carro flex, sem nenhum fundamento. Um deles diz que, se você estiver usando o etanol, ao decidir mudar para gasolina tem que usá-lo até o final do tanque antes de abastecer com ela. E vice-versa.

Esta “dica” às avessas contraria todo o conceito do flex que é receber qualquer combustível que esteja no tanque: etanol puro, gasolina pura ou uma mistura em qualquer proporção de ambos.

O motor pode passar meses queimando etanol puro. Se um belo dia o motorista decidir mudar para gasolina (por ser mais conveniente em termos financeiros, ou por proporcionar maior autonomia já que seu consumo é menor), pode fazê-lo mesmo que o tanque ainda tenha metade de etanol. E vice-versa.

O que permite esta mistura em qualquer proporção dos dois combustíveis é um sensor (“sonda lamba”) no escapamento. Ele analisa a quantidade de oxigênio presente no líquido que está sendo queimado no motor e passa esta informação para a central eletrônica que o programa automaticamente para funcionar com a mistura que está vindo do tanque.

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Boris Feldman

Jornalista e engenheiro com 50 anos de rodagem na imprensa automotiva. Comandou equipes de jornais, televisão e apresenta o programa AutoPapo em emissoras de rádio em todo o país.

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