Relembre 10 escândalos automotivos que abalaram o mercado

Caso recente da Toyota resgata outras derrapadas feias de montadoras e executivos da indústria do automóvel ao redor do mundo

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Fraude nos testes de emissões dos motores diesel da VW mancharam a reputação da marca (Foto: VW | Divulgação)
Por Fernando Miragaya
Especial para AutoPapo
Publicado em 17/05/2023 às 10h03
Atualizado em 28/06/2023 às 15h35

A Toyota recentemente suspendeu a venda do Yaris na Tailândia devido a uma denúncia de fraude que envolve os testes de segurança do carro. Mas trata-se de só mais um escândalo automotivo em meio a tantos.

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Desde que inventaram a roda, o que não faltam são casos que envolvem não só defeitos de fabricação, como conduta pouco ortodoxa de executivos. Relembre agora 10 escândalos automotivos que ficaram na história.

Toyota: fraude nos testes de segurança

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Peça instalada para reforçar porta do Yaris Ativ, durante testes de colisões, foi descoberto e exigiu retratação do presidente da Toyota (Foto: Toyota | Divulgação)

Esse escândalo automotivo acaba de sair do forno. Supostamente para acelerar o processo de desenvolvimento do novo Yaris Ativ, uma turma da Daihatsu – marca da Toyota – teria colocado uma peça nas portas do compacto. O item ajudaria a minimizar os impactos laterais nos crash-test e deixaria o carro bem na fita nas avaliações de segurança.

O escândalo automotivo resultou em um pedido público de desculpas do presidente do conselho executivo da Toyota, Akio Toyoda. Além da suspensão da venda e distribuição do Yaris na Tailândia. A fraude pode impactar 88 mil unidades de carros comercializados na Tailândia e exportados para o México e países do Golfo Pérsico.

Volkswagen: escândalo do Dieselgate

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Escândalo do Dieselgate respingou no Brasil, envolvendo a picape Amarok (Foto: VW | Divulgação)

Um dos escândalos automotivos mais famosos e falados é o que envolve as fraudes nos testes de emissões dos carros com motores diesel da Volkswagen. Em 2014 a Agência de Proteção Ambiental (EPA), ligada ao Governo dos Estados Unidos, descobriu que a montadora alemã manipulava os níveis de poluentes dos veículos.

Como era feita a fraude? Com o uso de um software na central eletrônica, o dispositivo diminuía os números de emissões, como se eles poluíssem bem menos do que a realidade. Não tardou para as autoridades estadunidenses irem atrás da Volks, que foi processada por fraudar as emissões de 482 mil veículos fabricados entre 2009 e 2015.

A Volks admitiu a manipulação em 2015, mas revelou que a mesma fraude foi aplicada em seus carros e comerciais leves movidos por diesel mundo afora. Ao todo, 11 milhões de veículos de várias marcas do Grupo VW (Volkswagen, Audi, Porsche, Skoda, Seat e cia) tiveram seus níveis de poluição fraudados em um escândalo automotivo de proporções globais.

Enquanto a montadora pedia desculpas publicamente por mais de uma vez, os bastidores da empresa eram pura nitroglicerina. CEOs e membros do board pediram demissão, vários executivos tiveram de depor na justiça, os processos se multiplicaram e teve até o presidente da Audi, Rupert Stadler, preso por falso testemunho e ocultação de provas.

Fiat: Tipo que pega fogo

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Falha na mangueira do sistema hidráulico da direção fez com que mais de 100 unidades do tipo fossem consumidas pelo fogo (Foto: Fiat | Divulgação)

O Tipo protagonizou um escândalo automotivo no Brasil que acabou com sua reputação no país. Justamente quando o modelo era um dos líderes de venda e passou a ser produzido em Betim (MG).

O hatch médio começou importado em 1993 e dois anos depois foi nacionalizado. Foi nessa época em que começaram a pipocar casos de incêndio com unidades do Tipo. Os primeiros relatos surgiram no Rio, mas depois se multiplicaram ocorrências similares pelo país.

Foram mais de 100 incêndios involuntários relatados por donos do Tipo em pouco mais de dois meses. A causa do problema: um defeito na mangueira de alta pressão do fluido da direção hidráulica.

O desgaste precoce da peça originava o vazamento do óleo. Em contato com as partes quentes do motor, a substância inflamável provocava o fogo.

A Fiat colaborou um tanto para se tornar um escândalo automotivo de maiores proporções. A fabricante tardou em admitir o defeito como um erro do projeto. A marca só fez o recall em abril de 1996, quase um ano depois dos primeiros relatos de incêndio.

Foi criada até a Associação de Consumidores de Automóveis e Vítimas de Incêndio do Tipo (Avitipo). Em 2019, 23 anos após os casos de incêndio, a Justiça condenou a Fiat a indenizar os antigos proprietários do hatch.

Escândalo entre Carlos Ghosn e Nissan

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De super executivo a vilão, escândalo envolvendo executivo nascido no Brasil teve de tudo, espionagem, sabotagem e fuga mirabolante (Foto: Nissan | Divulgação)

Um escândalo automotivo que virou manchete internacional e ainda parece ter muitos capítulos pela frente. Em novembro de 2018, o presidente da Nissan, Carlos Ghosn, foi preso por má conduta financeira. A montadora acusou que o executivo havia relatado às autoridades japonesas receitas abaixo do real.

Em uma operação cinematográfica, Ghosn conseguiu fugir para o Líbano – ele é brasileiro, mas tem ascendência libanesa -, país que não tem acordo de extradição com o Japão. O executivo diz que é vítima de perseguição e refuta as acusações.

Ford: Pinto explosivo

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Despois de descobrir a falha, a Ford fez as contas e descobriu que as indenizações seriam mais baratas que mudar o projeto do Pinto (Foto: Ford | Divulgação)

O trocadilho de quinta série é inevitável quando se trata do Ford Pinto. Mas noves fora o nome do compacto – que chegou a ser cogitado para ser vendido no Brasil -, o fato é que o carro protagonizou, nos anos 1970, um escândalo automotivo explosivo – literalmente.

Lançado em 1970 para o segmento de entrada do mercado norte-americano, o modelo logo tornou-se líder de vendas. Porém, em 1974, a National Highway Traffic Safety Administration (NHTSA), agência reguladora de segurança viária dos Estados Unidos, começou a ficar de olho no pinto (desculpe, falta maturidade a este escriba).

A entidade passou a investigar casos de explosão do modelo da Ford após colisões traseiras. E tais ocorrências eram provocadas por batidas até em velocidades médias, de 50 km/h.

O caldo entornou mesmo em 1977. Chegou à imprensa estadunidense um documento da própria Ford no qual a montadora admitia que o tanque de gasolina tinha sido mal posicionado no projeto do Pinto.

Pior: no memorando, a marca usou a calculadora para ponderar o recall dos carros. Nas contas, a Ford ignorou os riscos aos seus clientes e terceiros e viu que o conserto de todos os veículos custaria US$ 137 milhões. Na outra parte da planilha, e estimativa com indenizações e acordos judiciais ficariam em menos de US$ 50 milhões

Depois de uma pressão da NHTSA, em 1978, a Ford teve que recolher mais de um milhão de unidades do Pinto. Só o programa de recall custou mais de US$ 100 milhões…

Volkswagen: Fox decepa dedo

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Peça que destravava o encosto do banco traseiro do Fox podia prender e decepar dedo de quem manuseasse  (Foto: Volkswagen | Divulgação)

Outro caso em que a montadora deu de ombros e que virou um escândalo automotivo brasileiro. E logo com o Fox, um dos modelos mais vendidos da Volkswagen na época, que tinha na funcionalidade um dos seus principais argumentos de compra.

Entre 2003 e 2004 apareceram casos de usuários do Fox que tiveram os dedos parcialmente decepados ao acionar o sistema do rebatimento do banco traseiro do hatch. Outras vítimas tiveram ferimentos graves nos membros ao fazerem o mesmo procedimento.

O problema estava na alça localizada no porta-malas, que destravava o encosto. Ela ficava fixada a uma argola, que podia prender o dedo do usuário.

Apesar de 37 pessoas terem os dedos parcialmente decepados, a Volkswagen fez que não era com ela. Rechaçou a necessidade de recall e garantiu que a operação era “segura”. Teve até executivo da marca que preferiu botar a culpa no cliente.

Só que o Ministério Público e o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), do Ministério da Justiça, chegaram com o pé na porta da VW. Em 2008, a montadora foi obrigada a fazer o recall não só do Fox, como de seus derivados SpaceFox e CrossFox. Ainda teve de depositar R$ 3 milhões em um fundo de defesa do consumidor.

Airbags fatais da Takata

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Estilhaços do invólucro da bolsa provocaram danos fatais em pelo menos 30 ocupantes de carros equipados com airbag da Takata e recall envolveu quase 40 milhões de carros (Foto: Adobe Stock)

Um dos maiores escândalos automotivos também é o maior recall da indústria até hoje. Os airbags assassinos da Takata equiparam 37 milhões de veículos de 14 marcas diferentes e deixaram um saldo de mais de 30 mortos e de, no mínimo, 250 feridos. No Brasil, houve uma morte comprovada e pelo menos 16 feridos.

As bolsas da Takata, que deveriam servir para proteger os ocupantes, podiam ser letais. Isso porque o material químico responsável por inflar o airbag se deteriorava com o tempo. Com isso, ativava as bolsas com muito mais força do que o necessário, e elas explodiam como granadas lançando toda a sorte de objetos e peças metálicas nos ocupantes.

O escândalo custou a reputação da fornecedora japonesa. Em 2017, a Takata entrou com pedido de falência.

Toyota: tapete ou acelerador?

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Toyota foi responsabilizada por falha em que o tapete mantinha o pedal do acelerador pressionado (Foto: Toyota | Divulgação)

Apesar de sua fama de qualidade inquestionável, a Toyota teve outro escândalo automotivo recente. Em 2009, proprietários dos então sedãs mais vendidos da marca nos Estados Unidos reclamavam que os carros “aceleravam involuntariamente”. Ao menos 19 mortes foram registradas no país devido ao problema.

O primeiro culpado foi o tapete que cobria o assoalho do carro na área do motorista. Devido a um problema de fixação do revestimento, o mesmo escorregava e pressionava o pedal do acelerador. Foram 5,5 milhões de unidades de sete modelos diferentes (inclusive da Lexus) em um recall para troca dos tapetes

Porém, não era só isso. Depois a Toyota descobriu uma falha no sistema do acelerador que travava o pedal. Novo recall e uma multa que custou US$ 1,2 bilhão aos cofres da montadora. A marca ainda teve de admitir publicamente que “enganou” os consumidores a respeito das causas do problema.

O escândalo automotivo respingou no Brasil. O Corolla chegou a ter a venda proibida em 2010 por determinação do Ministério Público de Minas Gerais, também devido ao problema da aceleração involuntária.

Ford Explorer e Firestone

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Pneus Firestone que equipavam o Ford Explorer eram verdadeiras armadilhas para os motoristas e passageiros (Foto: Ford | Divulgação)

Este escândalo envolveu duas gigantes do segmento automotivo. Na década de 1990, mais de 200 mortes foram causadas por estouros dos pneus Firestone que equipavam o SUV Ford Explorer. A culpa recaiu primeiro sobre o pneu, mas depois descobriu-se que o buraco era mais embaixo.

De imediato, a fornecedora teve de fazer um recall de 14,4 milhões de pneus (de modelos Ford, Mercury e Mazda). Isso porque testes da época revelaram que as bandas de rodagem dos modelos Firestone ATX se soltavam com o Explorer em alta velocidade.

Só que investigações posteriores mostraram que a culpa era do modelo da Ford. Os órgãos de segurança veicular dos EUA fizeram testes com os mesmos ATX em outros SUVs vendidos nos EUA, que suportaram as altas velocidades.

Ou seja, o problema estava no projeto do Explorer. A Ford foi condenada e teve de fazer recall de mais de 1,6 milhão de unidades do SUV. A montadora também precisou desembolsar US$ 3,5 bilhões em indenizações às vítimas.

DeLorean traficante

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John DeLorean e seu DMC 12: vida do ex-cartola da GM poderia render um dramalhão mais marcante que a trilogia estrelada pelo carro (Foto: DeLorean | Divulgação)

Um escândalo pessoal de uma figura emblemática do setor automotivo. John DeLorean, o ex-VP da GM e criador do carro que foi fazer sucesso no cinema, foi preso nos anos 1980 por tráfico de drogas. De acordo com a investigação do FBI da época, o executivo pretendia levantar US$ 24 milhões comercializando cocaína vinda da Colômbia nos EUA.

O fato ocorreu após o fracasso do DMC-12. O carro não vendeu nada nos EUA e ficou famoso mesmo em 1985, como a máquina do tempo da trilogia “De Volta Para o Futuro”. Atolado em dívidas, DeLorean estava com o governo britânico, que investiu US$ 156 milhões na fábrica erguida na Irlanda do Norte, no seu cangote.

A virada para a carreira de traficante teria sido motivada pela situação financeira. Curiosamente, ele foi absolvido de todas as acusações dois anos depois de ser preso, mas continuou às voltas com credores e ex-acionistas da DeLorean Motor Company até a sua morte, em 2005.

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4 Comentários
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Fernado 19 de maio de 2023

Eu já presenciei dois acidente graves com carros da Toyota sendo um Etios e outro Corolla em que o airbag não atuou . Foram acidentes de grande monta sendo que o Etios foi PT. Prefiro não me arriscar com este fabricante de veículos.

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Elioricardoalvessilva 18 de maio de 2023

A estória do Ford pinto soube o modelo na época era até bacana mas o projeto matou o modelo pior foi a Ford nem está aí para Recall que se dane o consumidor só fez o Recall por se obrigada a tal

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Tobias 17 de maio de 2023

Quando a ganância por lucros é muito grande, acontece isso.

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Santos Lemos 17 de maio de 2023

Isso chama-se falta de profissionalismo. Se houvesse mais inspeção no trabalho estes problemas não teriam esta frequência.

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