[Avaliação] Onix Activ: qual é o segredo do líder de vendas?
Versão top de linha do hatch da Chevrolet se destaca pela decoração aventureira, mas fica devendo equipamentos de segurança
Versão top de linha do hatch da Chevrolet se destaca pela decoração aventureira, mas fica devendo equipamentos de segurança
Desde 2015, o Onix é o carro mais vendido do Brasil. Detalhe: ele assumiu a liderança menos de dois anos após ser lançado, em novembro de 2012. Em 2016, o design do modelo passou por algumas mudanças com a chegada de uma reestilização, e o desempenho mercadológico continuou de vento em popa.
Queridinho do consumidor, chegou a ter, em junho último, o dobro de unidades emplacadas que o atual segundo colocado, o Hyundai HB20. Mas, afinal, qual é o segredo do Onix, hatch compacto da Chevrolet? O AutoPapo avaliou o Onix Activ para tentar descobrir. A versão aventureira é também a top de linha.
No caso da versão Activ, o maior diferencial é a roupagem que remete ao off-road. Há todos os elementos decorativos típicos dos aventureiros, como molduras plásticas nos paralamas, racks no teto e apliques que simulam alumínio nos para-choques.
Na parte mecânica, a única alteração do Onix Activ é a suspensão 3 cm mais alta que a das demais configurações. A arquitetura, porém, com sistemas McPherson na dianteira e por barra de torção na traseira, não muda. Os pneus são de uso misto, para proporcionar alguma desenvoltura na terra. As exclusividades, porém, param por aí.
Sob o capô, nada de diferente. O Onix Activ é equipado com o veterano motor 1.4, capaz de gerar 106 cv de potência e 98 cv com gasolina. O torque é de 13,9 kgfm com o combustível vegetal e de 13 kgfm com o derivado do petróleo. Na essência, trata-se do mesmo propulsor que chegou ao Brasil em 1994, com o Corsa.
Todavia, de lá pra cá, o motor que equipa o Onix passou por atualizações, como a adoção um eficiente sistema de gerenciamento eletrônico com uma bobina para cada um dos quatro cilindros e alternador que atua somente sob demanda. Ainda assim, mantém correia dentada tradicional e o cabeçote de oito válvulas. O sistema de partida a frio ainda utiliza o antiquado subtanque auxiliar.
O Onix foi o primeiro hatch compacto nacional a oferecer câmbio automático de seis marchas. Atualmente, transmissões com esse tipo de arquitetura se tornaram padrão no segmento. Trata-se de um mecanismo do tipo epicíclico, com conversor de torque. A operação é suave e o escalonamento, correto, mas a programação eletrônica poderia ser mais caprichada. É que o sistema é mais “inquieto” do que deveria, fazendo trocas de marchas desnecessárias em determinadas situações.
De qualquer modo, o maior problema ocorre se o motorista quiser fazer trocas manuais no Onix. É que não há aletas (ou borboletas) no volante, apenas botõezinhos na lateral da alavanca. Solução pouco prática que a Chevrolet aplica à maioria de seus automóveis.
Ainda que com algumas limitações, o conjunto mecânico consegue proporcionar desempenho correto ao Onix Activ. O hatch demonstra alguma agilidade no trânsito urbano, inclusive em subidas. Na estrada não há muita sobra, mas é possível ultrapassagens sem sustos e manter a velocidade de cruzeiro sem grandes dificuldades.
A suspensão consegue filtrar razoavelmente bem as imperfeições do solo sem deixar a carroceria solta em curvas. A altura extra em relação ao solo deixa a parte inferior do Onix a salvo de esbarrões em valetas e rampas de garagem. A direção, com assistência elétrica, também concilia bem conforto e estabilidade: é leve em manobras e progressiva em velocidade. Os freios, com discos na dianteira e tambores na traseira, são adequados.
A bordo do Onix Activ automático, o AutoPapo aferiu médias de consumo de 10,4 km/l na cidade e 13,6 km/l na estrada, com gasolina. São marcas coerentes para um hatch compacto automático com motor 1.4. Como o tanque tem 54 litros, a autonomia pode chegar a bons 740 km. O Programa de Etiquetagem Veicular (PBE) do Inmetro indica números parecidos: 11,2 km/l no ciclo urbano e 12,6 km/l no rodoviário, com o mesmo combustível. Com etanol, segundo o PBE, são 7,7 km/l e 8,6 km/l, respectivamente.
No interior, a maior diferenciação do Onix Activ em relação ao restante da linha é o estofamento dos bancos. No mais, é o mesmo hatch de sempre. Entre os pontos positivos, estão o espaço interno coerente com o porte da carroceria e a presença de muitos porta-objetos. A área destinada a ombros, pernas e cabeças dos ocupantes do banco traseiro é boa para o segmento. Ali, a Chevrolet finalmente instalou, na linha 2019, encosto de cabeça e cinto de três pontos para o passageiro central.
O Onix Activ também mantém alguns incômodos herdados do restante da linha. Entre eles, estão a coluna de direção sem ajuste telescópico (há apenas a de altura) e a regulagem de altura do banco do motorista que movimenta apenas o assento, e não o encosto. Mesmo na posição mais baixa, o motorista fica em posição elevada, característica do modelo.
No mais, o posto de comando inclui volante com boa pegada. Muita gente não gosta do quadro de instrumentos com velocímetro digital, mas é fato que ele permite leitura fácil. O que o painel fica devendo é um termômetro do fluido de arrefecimento do motor.
O porta-malas, de 280 litros, tem capacidade mediana dentro da categoria do Onix. Deslize: falta uma luz interna ao compartimento. O rebatimento do banco poderia ser mais prático se o encosto traseiro fosse bipartido, em vez de inteiriço. O acabamento não traz luxos, mas os plásticos, apesar de duros, têm bom aspecto e montagem correta. Apenas as portas dianteiras trazem uma faixa de tecido, que, todavia, não é acolchoada. A polêmica pintura laranja do painel, que era de série na versão Activ na época do lançamento, foi abolida. Agora, ela só vem se a cor da carroceria for igual.
A lista de equipamentos de segurança do Onix Activ é bem pequena. Além dos obrigatórios por lei airbags frontais e freios ABS, há apenas ganchos Isofix com Top Tether para fixação de cadeirinhas. Controle de estabilidade e airbags laterais não estão disponíveis. Ao menos o modelo ganhou reforços estruturais em janeiro deste ano, após tirar nota zero nos crash tests realizados pelo Latin NCAP. Testado novamente após ganhar as melhorias, o Onix ficou com três estrelas, de cinco possíveis, tanto na proteção a ocupantes adultos quanto na para crianças.
O Onix Activ também vem de série com ar-condicionado manual, direção elétrica, abertura elétrica do porta-malas, travas elétricas com acionamento por telecomando, volante multifuncional, vidros elétricos nas quatro portas com sistema um-toque, retrovisores elétricos, computador de bordo, controlador de velocidade de cruzeiro, alarme, faróis de neblina, sensores de estacionamento traseiros, monitoramento da pressão dos pneus e rodas de liga leve de 15 polegadas.
A conetividade fica por conta do sistema multimídia MyLink, com conexão Bluetooth para celular e integração a smartphones por meio de Android Auto e Apple CarPlay. O sistema inclui rádio AM/FM, entradas USB e Aux-in, função Audio Streaming, câmera de ré e tela LCD sensível ao toque de 7 polegadas. Há ainda o sistema OnStar, com cobertura gratuita por um ano.
Terminado o teste, é hora de responder à pergunta: qual é o segredo do sucesso do Onix? Provavelmente, é o equilíbrio: o hatch não se mostrou excepcional em nenhum quesito, mas tampouco causou decepção. Some-se isso a um design sem ousadias, mas agradável, e à enorme rede de concessionárias Chevrolet, e tudo parece fazer sentido.
Todavia, a versão Activ do Onix não é a mais vantajosa para o consumidor. Afinal, ela custa R$ 62.990 com câmbio manual ou R$ 68.390 com transmissão automática, como o veículo avaliado pelo AutoPapo. Por esse valor, o modelo já começa a esbarrar em carros de categorias superiores. No fim das contas, é muito para um carro de entrada, ainda que em sua configuração mais vistosa e equipada.
Ficha técnica | Chevrolet Onix Activ |
---|---|
Motor | Dianteiro, transversal, flex, 1.389 cm³, com quatro cilindros e oito válvulas |
Potência | 98 cv (gasolina) e 106 cv (etanol) a 6.000 rpm |
Torque | 13 kgfm (gasolina) 13 kgfm (etanol) a 4.800 rpm |
Transmissão | automática de seis velocidades, tração dianteira |
Suspensão | McPherson na dianteira e barra de torção na traseira |
Freios | disco ventilados na dianteira e tambores na traseira, com ABS |
Direção | assistida eletricamente |
Dimensões | 3,958 m de comprimento, 1,554 m de altura, 2,528 m de distância entre-eixos, 1,737 m de largura |
Peso | 1.092 kg |
Carga útil | 375 kg |
Tanque de combustível | 54 litros |
Porta-malas | 280 litros |
Fotos Alexandre Carneiro | AutoPapo
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comprei um activ 1.4 automatico 2018 modelo 2019 com 5.000 km ja tive que trocar a bomba da agua
Bomba d’água em GM Chevrolet a gente compra o carro já sabendo que vai ter que trocar, meu amigo!