Excesso de bagagem no carro pode comprometer os freios
Peso de bagagem ou passageiros dentro do veículo pode diminuir a eficiência dos freios, exigindo mais atenção do motorista
Peso de bagagem ou passageiros dentro do veículo pode diminuir a eficiência dos freios, exigindo mais atenção do motorista
Na hora de colocar a bagagem no carro para viajar nas férias ou ir ao sítio no fim de semana, o motorista deve estar atento para não ultrapassar a capacidade do veículo. Além de outros riscos, o excesso de peso pode comprometer o funcionamento dos freios, exigindo cuidado redobrado.
“Uma variação de carga grande pode significar um aumento no espaço de frenagem”, explica o engenheiro Camilo Adas, conselheiro de tecnologia da Sociedade de Engenheiro da Mobilidade do Brasil (SAE). Ou seja, se houver peso demais dentro do carro, ele pode precisar de um espaço maior até ser totalmente imobilizado.
Contudo, o fenômeno nem sempre vai ocorrer, observa o especialista. Nos carros de passeio, é mais difícil que alguém consiga colocar peso suficiente para representar perigo. Uma quantidade razoável de malas e três passageiros, provavelmente, ainda vão estar dentro de um limite aceitável.
O perigo começa quando entram cinco pessoas pesadas, acompanhadas de um excesso de bagagem, no carro. Se cada um dos ocupantes pesar 90 kg, por exemplo, já serão 450 kg de carga extra. Se cada um tiver 50 kg de bagagem, o total vai para 700 kg.
Agora, considere que um carro compacto pesa, em média, 1.000 kg. Uma carga de 700 kg representaria 70% do peso do veículo, um aumento bastante significativo. De acordo com Adas, uma variação de 50% já representaria diferenças no comportamento do veículo.
A razão pela qual o excesso de peso representa um perigo é que todos os veículos são projetados para suportarem um peso limitado até sua velocidade máxima, explica Adas. O Chevrolet Onix LT, por exemplo, tem a carga útil de 375 quilos, que é o peso máximo que ele pode transportar, incluindo a bagagem no carro e os passageiros. Já sua velocidade máxima é de 167 km/h.
Todos os componentes do carro foram pensados para operar dentro desses limites, incluindo o sistema de freios. Se eles forem ultrapassados, a frenagem já não funcionará da mesma forma.
Por causa disso, quanto mais leve for o veículo, menos carga ele vai suportar. Aqueles 700 kg de peso, por exemplo, serão 70% do Chevrolet Onix (1.023 kg), mas quase 100% do Renault Kwid, que pesa apenas 758 kg.
Como indica o manual do Kwid, o máximo de peso que ele suporta são 415 kg, segundo o manual do proprietário.
Há outra informação interessante que aparece no manual do Kwid. Embora as barras longitudinais no teto sejam um acessório disponível, ele não pode carregar bagagem no teto. Outro transporte proibido para o modelo é o uso de reboque. E há uma razão para isso.
Como nos explicou Camilo Adas, o transporte de bagagem no carro se torna mais perigoso quando é feito dessas formas. Quando o excesso de peso está no teto, isso vai alterar o centro de gravidade do veículo, criando, também, o risco de capotamento.
O perigo é o mesmo com o reboque. Nesse caso, a carga pode até mesmo puxar o carro, a depender da situação. E isso é difícil de controlar, aponta o engenheiro.
Além de aumentar o espaço necessário para parar o veículo, o excesso de bagagem no carro vai exigir mais dos freios. No caso da descida de serras, por exemplo, haverão mais chances de se perder o freio.
O fenômeno é conhecido como fading, explica o engenheiro. Ele pode ocorrer toda vez que os freios são acionados ininterruptamente e por um tempo longo. Isso pode acontecer em declives, quando é necessário “segurar” o carro o tempo todo.
Nessa situação, o atrito da frenagem vai aumentar a temperatura dos componentes, o que leva à diminuição da sua eficácia. Em casos extremos, o carro vai perder os freios completamente.
Isso pode acontecer tanto com freios a disco como de tambor, embora este último seja ainda menos resistente a altas temperaturas. Mesmo que não haja bagagem no carro, esses riscos existem.
Entretanto, quando o veículo está carregado, o atrito dos componentes do freio, sejam pastilhas (disco) ou lona (tambor), será maior, explica Adas. Por isso, um veículo pesado vai perder os freios antes de um mais leve.
Para evitar esse perigo, o motorista deve fazer uso do freio motor. Para tanto, deve engatar uma marcha mais baixa, que ajude a controlar a velocidade do carro. Assim, o pedal de freio não precisará ser usado o tempo inteiro, permitindo que os componentes se resfriem entre os acionamentos.
Como lembra o engenheiro, há uma boa fórmula para usar o freio motor: “use a mesma marcha que você usaria se estivesse subindo o mesmo trajeto”.
Mesmo dentro de certo limite, um carro carregando muito peso vai exigir experiência do motorista. Sua estabilidade nas curvas pode estar diferente, ou, como exemplifica Adas, o pedal do freio pode parecer mais pesado, exigindo mais atenção para frear.
Nesses casos, há alguns cuidados que podem evitar um acidente, aponta Adas:. Em primeiro lugar, aponta Adas, o condutor deve permanecer a uma distância maior do veículo da frente. Isso é devido ao possível aumento da distância necessária para parar o veículo.
Em segundo lugar, o motorista deve fazer uma revisão no carro para garantir que o sistema de freios (e outros) esteja funcionando da melhor forma possível. Em um terceiro ponto, ele deve fazer uso do freio motor em declives, especialmente quando houver muita bagagem no carro.
Além disso, quando está em um carro pesado, o motorista deve evitar, ainda mais, atingir velocidades altas. Se a capacidade de se parar o veículo já fica comprometida devido ao peso, ela será ainda menor se ele estiver muito acelerado.
Por fim, o condutor deve ficar atento na hora de acomodar a bagagem no carro. Nenhum objeto deve estar solto dentro do veículo. Além de ser uma infração de trânsito, eles vão se transformar em armas na hora de uma batida.
Caso isso aconteça, qualquer volume que não estiver preso será lançado para frente em grande velocidade e em linha reta. Assim, os objetos podem atingir e até mesmo matar os ocupantes. O mesmo ocorre com passageiros no banco traseiro: sem cinto de segurança, eles vão atingir os ocupantes do banco dianteiro.
👍 Curtiu? Apoie nosso trabalho seguindo nossas redes sociais e tenha acesso a conteúdos exclusivos. Não esqueça de comentar e compartilhar.
TikTok | YouTube | X |
Ah, e se você é fã dos áudios do Boris, acompanhe o AutoPapo no YouTube Podcasts:
Podcast - Ouviu na Rádio | AutoPapo Podcast |