Bolsonaro atirou no que viu. Mas só acertou no que não viu…

Sou contra eliminar radares. Mas totalmente a favor de cabeças pensantes e sensatez das autoridades de trânsito

radar eletronico de velocidade shutterstock 3
Por Boris Feldman
Publicado em 08/06/2019 às 10h00

Não concordo com nenhuma das propostas do presidente Bolsonaro para alterações nas regras de trânsito. Mas ele acertou em pontos da legislação repletos de aberrações.

Cadeirinhas

Reduzem significativamente o risco de lesões ou mortes das crianças e sua obrigatoriedade deve ser mantida. Substituir, como sugerido, multa por advertência vai torná-la inócua. Mas o presidente acertou ao questionar o porquê de táxis e vans escolares estarem isentos da obrigatoriedade.

Ele nem imagina que a explicação está na incompetência do Denatran em regulamentar a cadeirinha em outros veículos. E criar situações surrealistas: o pai leva o filho para a escola em seu automóvel, sem a cadeirinha. Um policial o flagra, registra a infração e o impede de continuar em seu carro com a criança. O pai chama então um táxi para levar o filho. Sem a cadeirinha, pois ela não é obrigatória nos táxis…

A obrigatoriedade existe desde 2010, mas somente em 2017 o Denatran publicou a regulamentação para vans escolares. Obstáculo intransponível: as cadeirinhas exigem cintos de três pontos e as vans só contam com os de dois pontos. Um “gênio” do Denatran chegou a sugerir adaptar um terceiro ponto, de tão ignorante no assunto. Solução existe: exigir cintos de três pontos (ou sistema Isofix) de fábrica em veículos escolares.

Pontos no prontuário 

O sistema de pontuação que suspende a habilitação do motorista que atinge 20 pontos em um ano não é excessivamente rigoroso. O problema é outro: o critério absurdo para seu registro. A aberração é tamanha, que um erro puramente administrativo como o atraso na transferência de propriedade do carro gera infração “de trânsito”, com multa pecuniária e pontos (5) no prontuário. Qual é a lógica de suspender a CNH de um motorista que deixou – num ano – de transferir quatro vezes dentro do prazo o registro de propriedade de seus automóveis?

Outras infrações, como a própria falta da cadeirinha, não significam nenhuma interferência no trânsito nem colocam em risco a vida de pedestres e outros motoristas, como o excesso de velocidade, o avanço do sinal vermelho, a ultrapassagem em local proibido, etc.

Em países onde autoridades de trânsito e legisladores são seres pensantes, existe o sistema da pontuação, mas somente para infrações graves ou gravíssimas. Não por qualquer distração do motorista. Não por dirigir no “dia errado” em áreas de circulação restrita em São Paulo, onde não há sequer a indicação clara e expressa para quem desconhece este discutível sistema.

Radares 

O presidente está certo ao comentar que dificilmente um motorista volta de uma viagem sem ser “presenteado” com uma notificação de excesso de velocidade. Entretanto, vale também lembrar que o motorista que respeita a lei jamais será multado nem vítima da abominável “indústria da multa”.

radares eletrônicos de velocidade shutterstock 3


Chega às raias da irracionalidade o dirigente máximo de uma nação defender o fim das radares para que os motoristas voltem a ter o “prazer de dirigir”. Ele sugere que se possa acelerar à vontade, sem limites, para agravar ainda mais a carnificina de nossas ruas e rodovias? Ele não tem noção de que, mesmo na Alemanha, onde a velocidade é liberada em algumas estradas (“auto bahnen”), existem muitas outras, secundárias, com placas estabelecendo limites e radares que fiscalizam e punem (pesadamente) os infratores?

Novamente o presidente ouviu o galo cantar sem saber exatamente aonde. Na verdade, nossos radares constituem mesmo, em sua maioria, uma indústria de multas. Pois são instalados sem nenhum critério nem embasamento técnico que justifique a velocidade máxima no trecho. Ela permanece imutável durante dezenas de anos, sem levar em conta as novas tecnologias aplicadas aos automóveis e às próprias rodovias. Muitos radares são mesmo estrategicamente posicionados, não para que o motorista reduza a velocidade num local perigoso, mas para flagrá-lo numa eventual distração ao volante.

Não há excesso de radares, há escassez de cabeças pensantes e sensatez das autoridades de trânsito.

Foto Shutterstock

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25 Comentários
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Marcos Freitas 16 de junho de 2019

O presidente está certíssimo quando diz que existe uma industrialização de multas. Lembro que no último reajustes das multas a rede Globo fez campanha apoiando os aumentos, na reportagem comparou o valor da multa de avanço de sinal, estacionamento em lugar impróprio, excessos de velocidade e uso de equipamentos aqui ao que é cobrado na Inglaterra, dando a entender que as multas eram baixíssimas, tive curiosidade de comparar multa ao salário mínimo desses países e descobri que nós é que cobramos exageradamente as infrações. Vale lembrar do kit de primeiros socorros, multas aos pedestres, emplacamentos das bicicletas, obrigatoriedade do uso dos faróis durante o dia, tudo isso com o apoio da mídia. Entendo que a mídia e alguns adversários políticos do Bolsonaro querem é denegri-lo.
Chega de hipocrisia.

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Nihkolas Barros 12 de junho de 2019

O presidente está mais do que certo, radares só servem pra fortalecer a indústria da multa. Se estão preocupados com segurança, que cobrem a instalação de lombadas comuns ou redutores de velocidade no lugar dos radares.

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Alaíde Prat 10 de junho de 2019

Já que estamos falando em mudanças. Peço encarecidamente, que olhem para as regras para tirar a primeira CNH. Aqui em Minas Gerais, mais precisamente em Pouso Alegre, é muito difícil tirar carteira. Eu já tentei várias vezes e não consegui. A prova de legislação é tranquila, minha dificuldade é o exame de rua, dirijo bem, mas quando sei que estou sendo testada, fico nervosa e então, sou reprovada novamente. Preciso da CNH e não sei o que fazer, pois posso fazer o exame várias vezes é sei que serei reprovada, infelizmente.

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Amarildo Filho 9 de junho de 2019

Concordo com o uso de radares em lugares NECESSÁRIOS, não essas armadilhas caça níquel, eu viajava 3mil km por mes do Paraná ao Uruguai, nunca levei uma multa porque eu usava o SIGIC RADARES e o WAZE ao mesmo temp e viajava a noite/madrugada… Era incrível a quantia de radares nas rodovias! Quer acabar com os acidentes, comecem com o replanejamento das curvas e rodovias em geral, muitos trechos são uma armadilha a cada 100m, cheias de lugares sem visibilidade, curvas mal projetadas, enfim…a culpa sempre é dos motoristas
Sem contar esses limites Idiotas de velocidade…tem rodovia que eu passo que bem no meio dela tem um trevinho, e o limite de 100km/h cai pra 40km/h… Quem anda a 40 na rodovia? Nem os caminhões de madeira passam a 40 naquele trecho! Repensem quem devemos punir!

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Santiago 9 de junho de 2019

Realmente.
Aqui em São Paulo estamos amargando uma degradante indústria de multas que, sob o falso e hipócrita argumento de “salvar vidas”, nos impõe limites ridículos de velocidade em grandes avenidas e até em vias expressas – verdadeiras arapucas de extorquir dinheiro.
Os verdadeiros algozes do trânsito, aqueles indivíduos que desprezam qualquer lei e contam com a impunidade, andam soltos e rindo a toa.

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PAULO RENATO 9 de junho de 2019

OBRIGADO PELAS SUAS VALIOSAS INFORMAÇÕES, BORIS. FRATERNO ABRAÇO.

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José Eduardo 9 de junho de 2019

O adendo pertinente que deve ser feito a boa análise crítica do autor do texto é que suas colocações não podem e não devem ser usadas como justificativas para as medidas adotadas.
Se fosse uma pessoa sensata o ocupante da cadeira presidencial adoraria medidas de cunho técnico e não populistas, políticas (compra de apoios no congresso, algo que faz às escondidas e colocando a culpa em outro ente federativo sob a desculpa de não haver meios de governar) e de interesse (quem está por trás da reforma previdenciária????) … Defendo tudo que o Boris coloca no entanto, abandonar as leis atuais só fará a matança aumentar em nosso trânsito …

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Santiago 9 de junho de 2019

Falou tudo, Boris!
Aqui em São Paulo amargamos uma perfida indústria de multas turbinada por Haddad, e convenientemente mantida pelos seus sucessores.
Sob a falsa e hipócrita alegação de “salvar vidas”, impõem limites esdruxulos de 50 km/hora em grandes avenidas e até em vias expressas.
Ora, sabemos que os verdadeiros algozes do trânsito são uma minoria de individuos que debocham e desrespeitam todas as leis, ignoram os documentos e amparam-se na impunidade das leis. Geram mais da metade das multas, e obviamente não as pagam. Mas, como “não dão lucro”, a Prefeitura finge que eles não existem, enquanto parte pra cima da maioria que são responsáveis e andam na lei.

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Wilson Roberto Linares 9 de junho de 2019

Um amigo mora na Suiça, e lá no caso da cadeirinha acho um equipamento muito importa, mas a responsabilidade cabe aos pais de usar ou não, absurdo é ver pessoas com crianças no colo sentada no banco da frente.

a pessoa quando vende o carro, coloca a placa no veículo, e qdo vende o automóvel e tira a placa para colocar no novo veículo adquirido.
O proprietário decora o número e leva para a eternidade.

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Wilson Roberto Linares 9 de junho de 2019

Um amigo mora na Suiça, e lá a pessoa quando vende o carro, coloca a placa no veículo, e qdo vende o automóvel e tira a placa para colocar no novo veículo adquirido.
O proprietário decora o número e leva para a eternidade.

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Sérgio 8 de junho de 2019

Não tem como defender qualquer medida vinda do governo de um energúmeno.
Se começa pela intenção: CRIMINOSA. Tanto em relação quanto às cadeirinhas quanto aos radares quanto aos pontos.
Apologia à morte.
Continua pela forma: PURA IGNORÂNCIA. Sem discussão, sem análise técnica. Apenas por mero capricho, vontade, na contramão de legislações mais civilizadas.
Pelo andar da carruagem Já, já deve propor fim do cinto de segurança…

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Luiz 8 de junho de 2019

Grande conhecimento do Senhor. Vá viajar de carro para algum lugar e veja se você todo educadíssimo conseguirá vir sem multa com as pegadinhas indecentes, por exemplo uma rodovia de 315 km com limite a 120km/h, de repente com uma única placa que reduz a 100, e ligo em seguida um radar. Se tiver um caminhão na frente da placa baú bau… e muitos outros exemplos

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Paulo Matos 8 de junho de 2019

Basta inserir um chip em cada carro, assim como já tem em alguns modelos importados, lá tem todos os dados do proprietário e também será rastreado via satélite, obviamente se passar da velocidade permitida, além da percentagem , já levaria uma advertência, na 3a advertência, tornaria multa .
Outra coisa, com tantos aplicativo e aparelhos GPS , que sinalizam até lombadas, só é multado por falta de atenção .
Mas que é um exagero esses radares em tudo quanto é canto, não tenha dúvida.
???

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FATIMA 8 de junho de 2019

EU NÃO PRECISO DE UMA LEGISLAÇÃO PARA ME DIZER OQUE É SEGURO PARA MEU FILHO, VOU FAZER DA MELHOR FORMA PARA GARANTIR A SEGURANÇA DELE . TAMBÉM NÃO PRECISA ME FALAR QUE SE EU FOR ATINGIDO QUANDO ESTIVER EM MINHA MOTO POR UM CARRO E NÃO ESTIVER USANDO CAPACETE POSSO A MORRER.ENTÃO EU USO E PRONTO …CADA UM SABE ONDE SEU CALO DÓI.

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Gildo Pimentel 8 de junho de 2019

Mas se você atingir um motoqueiro sem capacete estará encrencada. Não adianta somente olhar para o próprio umbigo.

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Daniel Mello 8 de junho de 2019

O problema real dos radares é o limite de velocidade dos mesmos quae sempre 50% do limite de velocidade da via. Assim numa estrada com velocidade maxima de 80kmh temos radares de 40 e 60kmh pois assim nao se multa quem realmente corre e na verdade multa o coitado que respeitou os 80kmh. Verdadeira industria da corrupcao.

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Joseph Ribeiro 8 de junho de 2019

Se radar evitasse acidentes, era só colocar um a cada km que o problema estaria resolvido! O motorista imprudente freia no radar e acelera depois. Umas dad maiores causas de acidentes são as péssimas condições das estradas que na sua maioria são de pista simples, até mesmo pedagiadas. O que realmente iria ter resultado na diminuição de acidentes são investimentos em infraestrutura e educação desde a base infantil.

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Thiago 8 de junho de 2019

QUANDO, O POVO, COMEÇAR SER MAIS EDUCADO,SER HONESTO, EXERCER A CIDADANIA, O PAÍS MUDA, CONHECER MAIS SEUS DIREITOS,O PAÍS, VAI PARA FRENTE,VAI DIMINUIR A ARRECADAÇÃO DAS MULTAS, INFELIZMENTE, AS PESSOAS DE BENS, TEM QUE TER UM POUCO DE MALÍCIAS, PARA NÃO CAIR EM NUMA FRIA, NÃO CAIR NAS MALANDRAGENS DAS PESSOAS, NÃO CAIR NO CONTO DO VIGÁRIO, NEM 171, DISSO ESTAR CHEIO, ISSO JÁ, ESTAR VIRANDO QUASE PROFISSÃO, EM 2018, SÓ NO ESTADO DE MINAS, FORAM CASSADAS 42.988 MIL CNHS, SÓ NO ESTADO, MINAS GERAIS, É UM ESTADO DIFÍCIL TIRAR A CNH E DIFICILMENTE PASSA DE PRIMEIRA, NO EXAME DE DIREÇÃO, ME SURPREENDEU, FORAM OS 42.988 MIL CNHS, CASSADOS NO ESTADO DE MINAS GERAIS, PRINCIPALMENTE ,NÃO CAIR NAS PICARETAGENS, DISSO ESTAR CHEIO, SER HONESTO NO BRASIL, SE VOCÊ FALAR É HONESTO, CAPAZ, A PESSOA FICAR ESPANTADA, A EDUCAÇÃO É BASE DO FUTURO.

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Sérgio 8 de junho de 2019

Concordo, já passou da hora de se revisar esses radares que desconsideram completamente a evolução tecnológica dos veículos ao estabelecerem os limites de velocidade, alguns dos quais absolutamente inexplicáveis como os de 30km/h em plena 040, em Ewbank da Câmara.

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Sérgio 8 de junho de 2019

Os radares das rodovias federais ficaram uma boa temporada desligados, salvo engano aguardando nova licitação. Me pergunto se existe algum estudo verificando se realmente houve aumento de acidentes nesse período.

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Vinicius 18 de outubro de 2019

Não tem como. Ninguém sabe que estão desligados.

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Josiel 8 de junho de 2019

De certo modo concordo com a afirmação do presidente Bolsonaro sobre a “industria da multa” e o banimento dos radares.
Porém, acredito que a solução para acabar com isso seria a volta das lombadas físicas, pois a Lombada Eletrônica não impede que o motorista pare, apenas seja multado (dias após) caso o mesmo não o faça. A lombada física o faz reduzir obrigatoriamente.

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GILSON SILVA 8 de junho de 2019

Não concordo plenamente com seu comentário. O presidente não quer a extinção dos radares e as mudanças propostas para as cadeirinhas, pelo que entendi, também não estão definidas. Concordo que ambos os assuntos devem ser analisados por técnicos que definirão os melhores caminhos. Deixar como está, isto sim é uma irresponsabilidade.

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Ivan Moraes 8 de junho de 2019

Até agora é o único comentário sensato e objetivo que pude ler sobre os temas de segurança de trânsito. Parabéns Boris!

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ROGERIO AUGUSTO PINTO DA SILVA 8 de junho de 2019

Maus uma vez Boris, vc com seu cinhecimemto, sensatez e inteligência mostra o caminho certo, onde o presidente tem derrapado cinstantemente.

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