Família de Carlos Ghosn é impedida de entrar em imóvel no Rio
Ex-presidente da aliança Renault-Nissan, brasileiro foi formalmente acusado de fraude fiscal e permanecerá sob custódia
Ex-presidente da aliança Renault-Nissan, brasileiro foi formalmente acusado de fraude fiscal e permanecerá sob custódia
O brasileiro Carlos Ghosn está sendo acusado de sonegação de impostos pela justiça japonesa, e segue em disputa com a Nissan. O ex-presidente da japonesa foi indiciado, hoje (10), por declarar salário inferior ao real. A marca também foi indiciada, assim como o ex-diretor executivo Greg Kelly, acusados de envolvimento com as fraudes.
A disputa que vem se formando entre a Nissan e Carlos Ghosn envolve a responsabilização pelas irregularidades, tanto na justiça quanto aos olhos do público. A fabricante vem se esforçando para se distanciar da figura de Ghosn que, no passado, foi responsável por recuperar sua posição no mercado.
Entre as atitudes tomadas pela marca, estão o desligamento de Ghosn da posição de presidente, cargo de onde ele administrava, há quase 20 anos, a aliança Renault-Nissan. Agora, o executivo foi formalmente indiciado pela sonegação de impostos, e a marca está oficialmente implicada nos desvios, aos olhos da justiça japonesa.
As acusações contra Ghosn são de que ele estava declarando, desde 2015, receber metade do que seu salário era. O valor real correspondia a 10 bilhões de ienes, o equivalente a R$ 350 milhões, em conversão direta.
A justiça japonesa também acredita que Carlos Ghosn pode ter tido a colaboração do chefe executivo da companhia, Greg Kelly, para realizar os desvios.
Após demitir Ghosn, a Nissan fez uma auditoria de um apartamento em Copacabana, no Rio de Janeiro, que era utilizado pelo executivo. Segundo apontam documentos relativos ao processo judicial, aos quais o site americano Autoblog teve acesso, a marca encontrou três cofres trancados no local.
O apartamento também contém “mobiliário de designers, obras de arte e objetos decorativos”. Após a detenção do ex-presidente da Nissan, em 9 de novembro, pela acusações, sua família pediu à justiça para recolher bens pessoais que estavam no imóvel.
Entretanto, a Nissan entrou com uma ação judicial para tentar impedir o acesso dos familiares ao apartamento de Copacabana. Segundo comunicado, a companhia teme que eles destruam evidências que serão importantes para a resolução do caso. Veja a nota emitida pela marca, na íntegra:
A Nissan tem cooperado com autoridades para investigar má conduta por parte de seu ex-presidente, e está trabalhando para prevenir a destruição de qualquer evidência em potencial que poderia ocorrer ao permitir acesso dos residentes em questão.
Enquanto o apartamento em Copacabana, Rio de Janeiro, pertence à Nissan, representantes de Ghosn pediram à corte local permissão para entrarem na residência sob o pretexto de recolher objetos pessoais. A Nissan se opôs a isso, devido à grande probabilidade de evidências sendo removidas ou destruídas.
A corte aprovou o pedido para dar acesso, mas a Nissan está, agora, apelando em instância mais alta e requerendo uma reversão dessa decisão. Uma decisão subsequente ainda está sendo aguardada. Atualmente, os representantes de Ghosn estão impedidos de entrar no prédio legalmente.
Enquanto isso, familiares de Carlos Ghosn não querem dar à Nissan as senhas dos cofres porque temem que a marca coloque, ali, objetos que incriminem seu ex-presidente, segundo reportou O Globo.
Especialistas também apontam para a possibilidade de uma conspiração contra o executivo, por parte da Nissan. O objetivo seria removê-lo de seu cargo para obter mais poder dentro da aliança com a Renault.
Segundo a análise de economistas e outros especialistas da área, Carlos Ghosn comanda a aliança Renault-Nissan de forma a manter o poder no lado dos franceses, embora a fabricante japonesa tenha se tornado uma marca mais lucrativa que a parceira.
Questionada com relação às acusações pelo AutoPapo, a Nissan do Brasil não deu mais respostas além do comunicado publicado acima. Enquanto a fabricante segue em sua disputa jurídica com o ex-presidente, Ghosn permanecerá preso no Japão, aguardando julgamento. A depender da decisão, ele pode enfrentar até 10 anos de prisão e/ou 10 milhões de ienes (R$ 350 mil) em multas.
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