Família de Carlos Ghosn é impedida de entrar em imóvel no Rio

Ex-presidente da aliança Renault-Nissan, brasileiro foi formalmente acusado de fraude fiscal e permanecerá sob custódia

carlos ghosn alianca renault nissan
Por AutoPapo
Publicado em 10/12/2018 às 18h32

O brasileiro Carlos Ghosn está sendo acusado de sonegação de impostos pela justiça japonesa, e segue em disputa com a Nissan. O ex-presidente da japonesa foi indiciado, hoje (10), por declarar salário inferior ao real. A marca também foi indiciada, assim como o ex-diretor executivo Greg Kelly, acusados de envolvimento com as fraudes.

Ex-presidente da aliança Renault-Nissan, brasileiro Carlos Ghosn foi formalmente indiciado por fraude fiscal em processo que implica a Nissan.
Carlos Ghosn foi indiciado por sonegação – família e especialistas apontam conspiração.

A disputa que vem se formando entre a Nissan e Carlos Ghosn envolve a responsabilização pelas irregularidades, tanto na justiça quanto aos olhos do público. A fabricante vem se esforçando para se distanciar da figura de Ghosn que, no passado, foi responsável por recuperar sua posição no mercado.

Entre as atitudes tomadas pela marca, estão o desligamento de Ghosn da posição de presidente, cargo de onde ele administrava, há quase 20 anos, a aliança Renault-Nissan. Agora, o executivo foi formalmente indiciado pela sonegação de impostos, e a marca está oficialmente implicada nos desvios, aos olhos da justiça japonesa.

As acusações contra Ghosn são de que ele estava declarando, desde 2015, receber metade do que seu salário era. O valor real correspondia a 10 bilhões de ienes, o equivalente a R$ 350 milhões, em conversão direta.

A justiça japonesa também acredita que Carlos Ghosn pode ter tido a colaboração do chefe executivo da companhia, Greg Kelly, para realizar os desvios.

Familiares de Carlos Ghosn estão impedidos de acessar apartamento

Após demitir Ghosn, a Nissan fez uma auditoria de um apartamento em Copacabana, no Rio de Janeiro, que era utilizado pelo executivo. Segundo apontam documentos relativos ao processo judicial, aos quais o site americano Autoblog teve acesso, a marca encontrou três cofres trancados no local.

Ex-presidente da aliança Renault-Nissan, brasileiro Carlos Ghosn foi formalmente indiciado por fraude fiscal em processo que implica a Nissan.
Carlos Ghosn ao lado dos Renault Kwid, Captur e Koleos. (Renault | Divulgação)

O apartamento também contém “mobiliário de designers, obras de arte e objetos decorativos”. Após a detenção do ex-presidente da Nissan, em 9 de novembro, pela acusações, sua família pediu à justiça para recolher bens pessoais que estavam no imóvel.

Entretanto, a Nissan entrou com uma ação judicial para tentar impedir o acesso dos familiares ao apartamento de Copacabana. Segundo comunicado, a companhia teme que eles destruam evidências que serão importantes para a resolução do caso. Veja a nota emitida pela marca, na íntegra:

A Nissan tem cooperado com autoridades para investigar má conduta por parte de seu ex-presidente, e está trabalhando para prevenir a destruição de qualquer evidência em potencial que poderia ocorrer ao permitir acesso dos residentes em questão.

Enquanto o apartamento em Copacabana, Rio de Janeiro, pertence à Nissan, representantes de Ghosn pediram à corte local permissão para entrarem na residência sob o pretexto de recolher objetos pessoais. A Nissan se opôs a isso, devido à grande probabilidade de evidências sendo removidas ou destruídas.

A corte aprovou o pedido para dar acesso, mas a Nissan está, agora, apelando em instância mais alta e requerendo uma reversão dessa decisão. Uma decisão subsequente ainda está sendo aguardada. Atualmente, os representantes de Ghosn estão impedidos de entrar no prédio legalmente.

Especialistas e familiares apontam conspiração contra executivo

Enquanto isso, familiares de Carlos Ghosn não querem dar à Nissan as senhas dos cofres porque temem que a marca coloque, ali, objetos que incriminem seu ex-presidente, segundo reportou O Globo.

Especialistas também apontam para a possibilidade de uma conspiração contra o executivo, por parte da Nissan. O objetivo seria removê-lo de seu cargo para obter mais poder dentro da aliança com a Renault.

Segundo a análise de economistas e outros especialistas da área, Carlos Ghosn comanda a aliança Renault-Nissan de forma a manter o poder no lado dos franceses, embora a fabricante japonesa tenha se tornado uma marca mais lucrativa que a parceira.

Questionada com relação às acusações pelo AutoPapo, a Nissan do Brasil não deu mais respostas além do comunicado publicado acima. Enquanto a fabricante segue em sua disputa jurídica com o ex-presidente, Ghosn permanecerá preso no Japão, aguardando julgamento. A depender da decisão, ele pode enfrentar até 10 anos de prisão e/ou 10 milhões de ienes (R$ 350 mil) em multas.

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