Mobileye: de olho no motorista distraído
Estamos a décadas do veículo autônomo, mas já podemos usar sua tecnologia para reduzir acidentes de trânsito
Estamos a décadas do veículo autônomo, mas já podemos usar sua tecnologia para reduzir acidentes de trânsito
Carro autônomo? Pode ser, mas o Brasil está lá atrás na fila de países aptos a recebê-lo. Aliás, numa lista elaborada pela KPMG, empresa de consultoria, ele se classificou em 17º lugar em 2017. E baixou para 25º país em 2018. Piorou ao invés de melhorar!
Entrevistei Ernesto Pesochinsky, da Mobileye, empresa israelense que lidera o desenvolvimento mundial de tecnologia para sistemas de assistência ao motorista e direção autônoma.
Ele divide a tecnologia do carro autônomo em três pilares:
O primeiro deles, de situar um automóvel não é complicado: sistemas como Waze ou outros GPS são capazes de localizá-lo geograficamente. Entretanto, o nível de precisão exigido pela direção autônoma é muito mais rigoroso e não admite a mesma tolerância do Waze, por exemplo.
Nenhum problema nem perigo de acidente se o Waze identifica a posição de um carro com erro de um metro. Mas, no caso dos sistemas desenvolvidos para a autonomia veicular, a tolerância é de 10 cm no máximo. Dois carros numa mesma rua em sentido inverso poderiam se chocar frontalmente ao se cruzarem se estiverem ambos deslocados um metro para o mesmo lado em relação à sua posição ideal.
O segundo pilar exige não somente mapas detalhados de todas as cidades e estradas de cada país, mas também uma perfeita sinalização horizontal e vertical. A primeira é, por exemplo, a pintura de faixas muito bem definidas nas estradas para orientar corretamente os sensores. A vertical é que indica, por exemplo, a velocidade máxima permitida ou a existência de obstáculos à frente.
O terceiro pilar é o “cérebro” do carro autônomo, responsável por acionar seus comandos, repetindo exatamente (e com maior precisão) as atitudes tomadas pelo motorista ao volante. É o sistema mais complexo tecnologicamente e a quem cabe decisões simples como virar o volante numa curva ou complicada de perceber se uma pessoa parada numa esquina vai (ou não) atravessar a rua.
Apesar dos bilhões de dólares investidos no desenvolvimento desta tecnologia, sua adoção ainda enfrenta questões cruciais. Ernesto cita os acidentes: “Só no Brasil morrem hoje, no mínimo, 50 mil pessoas por ano em acidentes com automóveis. Mas quantos seriam aceitos com os veículos autônomos?”
E, também, o perigo de ataque dos hackers, pois os autônomos são conectados à internet. E também a responsabilidade dos eventuais acidentes: de quem fabrica o carro ou dos responsáveis pelos equipamentos de assistência à direção? E o desemprego gerado pelos autônomos?
Preocupações ainda distantes da nossa realidade pois, segundo Ernesto, nossa malha rodoviária é precária, com poucas exceções. Seu ponto mais crítico é a sinalização quase inexistente, tanto a horizontal como a vertical. Mas ele enfatiza que a Mobileye desenvolve equipamentos essenciais para a segurança veicular e que já estão presentes em diversos modelos que rodam no Brasil, nacionais e importados.
Claro que a autonomia veicular é seu principal produto mas ela oferece também dispositivos avulsos para equipar o veículo na linha de montagem ou depois dela. O campeão de vendas é o que alerta o motorista para um choque iminente quando o carro se aproxima perigosamente de outro que vai à frente. Ou do pedestre cruzando a pista. Tem também o que aciona o alarme para o motorista distraído (ou sonolento) se o carro estiver invadindo outra faixa (na mesma pista) ou, pior ainda, se desviar para pista contrária.
Alguns destes sistemas são tão importantes para a segurança veicular que já foram tornados obrigatórios em outros países. Mas no Brasil, infelizmente, a preocupação atual é eliminar radares, aumentar a tolerância de pontos no prontuário e desconsiderar as multas pela falta de cadeirinhas.
Entenda o funcionamento do Mobileye 8
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Toda essa baboseira requentada pra fazer uma crítica ao governo no final? Se bilhões não tivessem sido roubados poderíamos investir no que interessa.