Carro batido? Saiba como descobrir na hora de comprar
Conversamos com especialistas que indicam os sinais mais claros de que um veículo sofreu um acidente no passado
Conversamos com especialistas que indicam os sinais mais claros de que um veículo sofreu um acidente no passado
Na hora de comprar um usado, um dos maiores perigos é de acabar com um carro que já foi batido sem saber. Pensando nisso, coletamos algumas dicas com especialistas para você escapar dessa.
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Existem três coisas que devem ser checadas para avaliar a possibilidade de o veículo ter sofrido uma colisão no passado, segundo o engenheiro mecânico e perito judicial, Sérgio Melo: a carroceria, os componentes mecânicos, e os componentes eletrônicos.
E os defeitos na carroceria de um carro batido são os mais graves, na visão do perito, porque não têm solução. “O defeito de motor pode ser reparado, mas problemas na carroceria, muitas vezes, não têm conserto. O carro vai ter problema para o resto da vida”, alerta ele.
“No geral, as colisões acontecem na parte dianteira e traseira do veículo, afetando os componentes dessas regiões”, acrescenta o Centro de Experimentação e Segurança Viária (Cesvi).
Confira se a pintura tem aspecto original, e faça com o veículo limpo e seco, recomenda o Cesvi. Para isso, procure por regiões que parecem mais foscas ou ásperas que as outras, detalha Melo. Fique atento também à variações de cor e pequenos degraus na superfície.
Outra dica para descobrir uma pintura refeita é reparar no reflexo de objetos sobre a carroceria, esclarece ele. Ele deve ser retilíneo, começando na dianteira e seguindo por toda a lateral.
O Cesvi também dá a dica de se avaliarem as partes móveis, como faróis, grades, para-choques, capô e para-lamas, portas, tampa dos porta malas, entre outros componentes.
Elas devem estar alinhadas, serem idênticas nos dois lados, e portas devem estar se fechando corretamente. “Quando as peças apresentarem ondulações, pequenas irregularidades e marcas de lixas, significa que algum tipo de reparo foi realizado”, indica o órgão.
Se encontrar irregularidades na pintura, pode se tratar de um carro batido. Nesse caso, avalie o interior do local, olhando debaixo do capô ou dentro do porta-malas. Procure pelas partes metálicas que compõem a estrutura do veículo, buscando por remendos e soldas, especialmente nas pontas.
A dica de Melo é que os consertos não costumam mostrar a cara na superfície, mas sim, nos cantinhos mais escondidos. ”Por fora, os caras tapeiam e sempre dão um jeito do reparo ficar mais ou menos. Por isso, deve-se olhar o carro por dentro, por que ali os caras não capricham e os sinais aparecem”, revela ele.
Também existe, no mercado, um dispositivo chamado especímetro que mede a espessura do filme de tinta sobre a carroceria. Ela deve ser sempre a mesma e, se variar, pode haver massa retocando um amassado debaixo da pintura.
Melo também recomenda que se avalie o espaçamento nos encaixes das portas, porta-malas e capô. Ele deve ser sempre o mesmo. Se estiver maior ou menor em algum ponto, indica que uma das duas peças foi trocada ou reparada após o carro ter batido.
Se encontrar remendos e soldas, fique esperto, pois o carro por ter sido batido. Nesse caso, é preciso procurar a avaliação de um especialista para saber se ele ainda oferece segurança ou se tem problemas mais graves.
Um grande perigo, explica o especialista, é de o monobloco estar empenado devido a uma colisão mais grave. Se isso ocorrer, não há conserto, o carro perde estabilidade e se torna perigoso.
Caso haja indícios de colisão na lateral, há risco de a coluna ter sido afetada – ela fica entre as portas dianteiras e traseiras. Isso também compromete a segurança. Pior ainda, indica Melo, é encontrar esses sinais no teto, pois quer dizer que o carro capotou.
Se sinais de colisão lateral forem encontrados, também é importante dar uma conferida debaixo do veículo para ver se o assoalho foi amassado, recomenda o perito.
O Cesvi recomenda, ainda, que se verifique se a caixa de estepe e assoalho do porta malas estão com “enrugamento da chapa”, que mesmo após serem reparados, podem continuar apresentando essa característica.
Confira, também, debaixo das borrachas de encaixe das portas, capô e porta-malas. Ali também é um local escondido, onde remendos e restos de massa e tinta podem ser deixados após um conserto, explica Melo.
Se notar qualquer sinal de ferrugem, saia correndo, recomenda o profissional. “Ferrugem é a maior encrenca do mundo. Você lixa e pinta, mas depois de um tempo ela aparece de novo, de dentro para fora”, alerta ele.
Por fim, odores estranhos, manchas nos carpetes e forração do teto em formato de líquido escorrido também podem ser indícios de infiltração indicando uma possível reparação, completa o Cesvi.
Sérgio Melo, perito e engenheiro, aconselha que se preste atenção no som do motor do carro andando e também parado, nesse caso com o capô aberto. Qualquer ruído que pareça estranho deve ser investigado por um mecânico.
Outra dica do profissional é avaliar o desempenho dinâmico do veículo para saber se é um carro batido. Se ele está “puxando” para um dos lados, pode estar desalinhado, mas também pode ser indício de monobloco empenado.
Para tanto, ele ensina um teste simples. Ande com o carro em uma pista reta e o mais plana possível. A 60 km/h, solte o volante e veja se ele começa a ir para a direita ou para a esquerda.
Se não for, acelere, ainda sem tocar no volante. Se mesmo assim ele continuar andando em linha reta, freie. Ele deve continuar na mesma direção, sem precisar de correções no volante, nas três situações.
“Na colisão dianteira, alguns componentes mecânicos também podem ser afetados e reaproveitados, observe se não possuem algum tipo de avaria, principalmente em regiões de fixação”, acrescenta o Centro de Experimentação e Segurança Viária.
Melo também recomenda avaliar a direção hidráulica, virando o volante completamente para os dois lados, e reparando se ela faz algum ruído nessas situações.
Para checar os amortecedores, deixe o veículo em um local plano, solte o freio e mão e desengrene o câmbio. Então, balance o carro acima de cada uma das quatro rodas, fazendo pressão para que ele suba e desça, ensina ele.
Se ele continuar balançando, parecendo frouxo, é sinal de problema no componente. O correto é que ele resista e pare de balançar rapidamente.
O terceiro ponto que deve ser avaliado para comprar um carro usado é a eletrônica. Nessa parte, afirma Melo, fica difícil um leigo saber muita coisa, mas dá para se ter uma noção.
Ele recomenda que se cheque as luzes do painel. Ao virar a chave na ignição, todas devem se acender para indicar que estão funcionando. Se uma não se iluminar, pode ser sinal de um serviço mal feito.
“O carro, por exemplo, pode ter tido um problema no airbag e a pessoa ao invés de repará-lo, simplesmente tirou a lâmpada”, ilustra o perito.
Outros indícios de um carro batido podem ser encontrados com um aparelho de diagnóstico. Existem algumas opções mais acessíveis no mercado que se conectam ao celular.
Apesar de serem limitados, eles podem dar uma noção superficial de defeitos mais graves que mostram que o carro foi batido, recomenda ele.
“Checar se o número de informação de monobloco ou chassi e motor constam no documento e no carro é imprescindível”, pontua o Cesvi. Essa numeração também aparece nos vidros.
Outra recomendação do órgão é que se cheque as condições das placas, pois o carro batido pode ter sido consertado, mas elas não terem sido substituídas.
Na documentação, as marcações “sinistrado” ou “rem” (chassi remarcado) indica que o carro tem um histórico de problemas graves.
Além de dar uma olhada no carro presencialmente, também pode ser uma boa ideia contratar um serviço profissional de avaliação, recomenda Melo. Um mecânico de confiança ou empresas que prestam esse serviço poderão identificar sinais que um leigo não pode.
Eles dispõem de equipamentos profissionais, mais precisos, e também podem desmontar partes do veículo para analisá-lo mais profundamente. Além disso, podem fazer uma análise documental do veículo para descobrir se já passou por leilões, sinistros, ou está envolvido em problemas legais.
O Cesvi reforça a recomendação do especialista. “Há também as empresas de vistoria cautelar, que verificam diversos itens, como históricos de acidentes, se o carro já esteve em leilões ou foi roubado, quilometragem real e as condições do veículo”, afirma o órgão.
Por isso, uma boa ideia pode ser fazer a análise pessoalmente em um primeiro momento, e contratar esse serviço profissional para avaliar apenas o carro que parecer mais interessante, antes de fechar negócio.
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Exelentes orientações
Obrigado
Mim ajudou como proceder ao comprar um carro usado