Carro flex: etanol ou gasolina?
Mesmo após os veículos bicombustíveis celebrarem 15 anos de lançamento no Brasil, o motorista ainda vacila ao abastecer
Mesmo após os veículos bicombustíveis celebrarem 15 anos de lançamento no Brasil, o motorista ainda vacila ao abastecer
A expressão “perde-ganha” é perfeitamente aplicável às vantagens e desvantagens de se abastecer o carro flex com o derivado do petróleo ou da cana. Mesmo celebrando 15 anos de lançamento no Brasil, o motorista ainda vacila ao abastecer, principalmente quando há variação de preços nos postos. Esta é uma das questões campeãs no ranking dos e-mails que recebemos diariamente.
Sua indiscutível vantagem é seu consumo inferior ao do etanol. Não representa necessariamente um custo menor por quilômetro rodado, pois ele é – geralmente – compensado pelo preço proporcionalmente inferior do derivado da cana. Mas a consequência direta é proporcionar maior autonomia, ou seja, reduzir as paradas para abastecer. Vantagem que se percebe principalmente na estrada, onde o motorista é forçado a parar em postos desconhecidos.
Graças à sua elevada octanagem, permite que o motor tenha taxa de compressão superior, aumentando sua eficiência térmica. Em outras palavras, mais potência nas rodas. Outra vantagem é seu reduzido teor de carbono, cerca de 1/3 da gasolina, que o torna mais “limpo”. Usado no motor de um carro flex, dificilmente ocorre a formação de depósitos carboníferos no interior da câmara de combustão (cabeça do pistão), como na gasolina. O que explica também a necessidade de aditivos no derivado do petróleo, desnecessários no da cana.
Outra vantagem do etanol é ser mais “ecológico”: apesar de sua combustão também emitir CO2 (dióxido de carbono, que contribui para o efeito estufa), este é absorvido do ar pela cana de açúcar no campo. Então, é uma equação que quase se anula no final das contas. Ao contrário do carbono do petróleo, buscado no fundo da terra ou dos mares e lançado no ar que respiramos como resultado da combustão de seus derivados.
Em compensação, o consumo do etanol é cerca de 25% a 30% superior ao da gasolina, obrigando o motorista a parar mais vezes para abastecer. O flex ainda é uma adaptação do projeto para o motor a gasolina, pois não compensa investir centenas de milhões de dólares num motor (a etanol) apenas para o Brasil. Quando for viável desenvolver um projeto específico, é quase certo que os números de consumo dos dois combustíveis serão mais próximos.
O motorista pode não se importar com potência, autonomia nem meio ambiente, mas somente pelo custo do km rodado. Em outras palavras: “qual dos dois representa menor despesa no final do mês?”.
Neste caso, só fazendo as contas. Em termos financeiros, o etanol é mais vantajoso se custar até 70 a 75% do preço da gasolina. Para se ter ideia do percentual exato, só avaliando o consumo de cada carro com os dois combustíveis. Durante muitos anos se convencionou estabelecer o percentual de 70%. Entretanto, com o desenvolvimento dos motores e do etanol, ele pode chegar a 75%.
Existe também uma teoria de que a melhor fórmula para se abastecer um carro flex é dividir o tanque entre gasolina e etanol: 50% de cada. Nesta solução “em cima do muro”, o motorista usufrui das duas vantagens. Ganha um pouco de desempenho com o etanol sem perder muita autonomia ao manter 50% de gasolina no tanque.
Vários carros flex ainda utilizam o sistema de partida a frio, um tanquinho de gasolina utilizado nos dias mais frios se o tanque principal foi abastecido com etanol. Pode apresentar problemas com o envelhecimento da gasolina ou a central não reconhecer a presença de etanol no tanque. Ou a bombinha elétrica que injeta gasolina estar pifada.
Projetos mais modernos resolveram o problema da partida do carro flex em dias frios aquecendo o etanol. Ou os automóveis contam com a injeção direta de combustível, que dispensa qualquer sistema de ajuda. Outra dica: motoristas que só abastecem com etanol costumam, no inverno, adicionar cerca de 10% de gasolina no tanque.
Foto Volkswagen | Divulgação
👍 Curtiu? Apoie nosso trabalho seguindo nossas redes sociais e tenha acesso a conteúdos exclusivos. Não esqueça de comentar e compartilhar.
TikTok | YouTube | X |
Ah, e se você é fã dos áudios do Boris, acompanhe o AutoPapo no YouTube Podcasts:
Podcast - Ouviu na Rádio | AutoPapo Podcast |
tenho um carro flez; nunca misturei e nunca me incomodei com meu pois .nao confio no alcool muito menos no etanol mesmo porque o preço nao compensa,
Isso não é balela, a grande verdade é Que temos um carro flex usa álcool ou gasolina, ele não vai funcionar com meio a meio de combustível, porque a sonda lambda não faz leituras com dois combustível juntos, agora se eles fossem mix aí sim funcionária normal, o módulo não reconhece assim, poucas pessoas sabem dessa informação, que nos temos até o momento e um veículo flex e não e mix.
Sua afirmação está equivocada. Pode abastecer com a quantidade que quiser dos 2 combustíveis. Eu tenho carro flex e no manual do mesmo diz isso.
Se informe antes de postar coisa errada na internet… Se é flex serve pra ambos os combustíveis e em qualquer proporção. Se não servisse teriam muito carros com problema ao abastecer com gasolina, já que tem centenas de postos pilantras que colocam a proporção que bem entendem de etanol…
Boa noite estou pretendendo comprar um CRV 2010 vc disse no programa que no CRV 1.5 está passando vapor para o motor são todos os Crvs ou só os 1.5 e os 2.0?
Boris. Ainda ontem, estava com 1/2 tanque de álcool e completei com gasolina. Não deu mais partida. Levei na concessionária e o consultor disse que NÃO pode misturar os combustíveis, que o motor pode não reconhecer e pode não ligar. Acompanho vc e seu ex programa (no SBT) e tenho visto vc comentar que isso é “BALELA”. Como fica essa situação? Obrigado.
Andou alguns km’s antes de desligar o carro após abastecer? Alguns sistemas (senão todos) necessitam um período para adaptação da nova mistura de combustível. Embora, mesmo que não tenha feito isso (que é o correto) ainda existe a alternativa de insistir na ignição, acelerando por algum tempo (mesmo depois de pegar) para que o carro volte a funcionar. Esse “macete” serve inclusive para eventuais desajustes involuntários na injeção.
Resposta do Boris Feldman: A sonda lambda não sabe, realmente, qual combustível tem no tanque, pois ela mede a quantidade de oxigênio presente na combustão do motor. Como este teor é diferente entre os dois combustíveis, o resultado é um volume que muda significativamente entre gasolina e álcool. E esse valor é informado para a central eletrônica, para que ela ajuste os parâmetros da injeção e ignição. Tanto faz, portanto, se tem só álcool, ou só gasolina, ou uma mistura dos dois: o resultado, medido pela sonda Lambda em oxigênio, é que interessa para a central eletrônica, encarregada de ajustar o funcionamento do motor para qualquer mistura dos dois combustíveis.