[Comparativo] Chevrolet S10 Midnight encara Nissan Frontier Attack
As duas picapes têm o visual incrementado como maior diferencial no mercado; ambas são equipadas com motor a diesel e tração 4x4
As duas picapes têm o visual incrementado como maior diferencial no mercado; ambas são equipadas com motor a diesel e tração 4x4
Duas picapes médias que têm o visual como destaque se encaram. De um lado, está a novata Nissan Frontier, que recentemente passou a ser produzida na Argentina. A mudança de nacionalidade deu a ela novas versões, como a Attack, cujo destaque está justamente nos acessórios estéticos. Seu uniforme é bem chamativo, com direito a adesivos no capô, nas portas e na caçamba, santantônio e quebra mato (sob o para-choque) tubulares e rodas escurecidas.
Do outro lado, posiciona-se a desafiante Chevrolet S10, fabricada no Brasil e consolidada há anos na vice-liderança de seu segmento. Ela também traz adereços, embora sua roupagem seja mais discreta. Há apenas um santantônio integrado à capota marítima, que já foi exclusivo da versão top de linha High Country. Porém, nela tudo é pintado de preto, desde as rodas até o emblema do fabricante. Por isso, o nome dessa versão é sugestivo: Midnight.
Ambas têm características técnicas semelhantes: são movidas por motores a diesel e vêm equipadas com câmbio automático e tração 4×4. A Chevrolet S10 Midnight é ligeiramente mais forte: seu motor 2.8 turboalimentado desenvolve 200 cv de potência e 51 kgfm de torque. Mas a vantagem não chega a ser grande, uma vez que o 2.3 da Nissan Frontier Attack entrega 190 cv e 45,9 kgfm. Isso porque, apesar de ter menor cilindrada, o propulsor da picape japonesa conta com o auxílio não de um, mas de dois turbocompressores.
Na prática, o desempenho das duas picapes também é parelho. A Chevrolet S10 Midnight é mais rápida em acelerações a pleno pedal. Assim sendo, é dela a melhor performance. Porém, o turbolag (nome que se dá ao retardo do turbocompressor em entrar em ação) de seu motor é mais perceptível, ainda que a programação do câmbio automático mascare um pouco esse efeito, reduzindo marchas rapidamente quando as rotações entram na faixa crítica. A Nissan Frontier Attack, apesar de dispor de menos força, a entrega de modo mais linear. O resultado vem na forma de respostas ágeis inclusive em baixas rotações.
Outro fator que faz a Nissan Frontier Attack aproveitar melhor os números de potência e torque é o câmbio automático de sete velocidades, ao passo que a transmissão da Chevrolet S10 Midnight tem apenas seis. Como há mais marchas, a relação entre elas é ligeiramente mais curta, o que permite que o motor trabalhe sempre perto da rotação ideal. Vale destacar que ambos os sistemas permitem trocas de marchas sequenciais por meio de toques na alavanca.
Nenhum dos dois modelos consegue se destacar em estabilidade. Isso é natural em picapes, uma vez que a altura elevada da carroceria, a distribuição de peso desigual entre os eixos e a construção sobre chassi prejudicam o comportamento em curvas. Porém, a Nissan Frontier Attack transmite mais segurança nesse tipo de situação. Isso graças à sua suspensão traseira, com molas helicoidais e eixo rígido com vários braços de fixação ao chassi. Não chega a ser um sistema multilink – que, por definição, deve ser independente -, como afirma o fabricante japonês. Porém, trata-se de uma arquitetura mais sofisticada que a Chevrolet S10 Midnight, que não tem elementos auxiliares de fixação e conta com molas semi-elípticas.
Além de proporcionar maior estabilidade, o sistema de suspensão mais sofisticado também dá maior conforto de marcha à Nissan Frontier Attack. Não que o rodar seja exatamente suave, pois boa parte das imperfeições do solo são sentidas no habitáculo da caminhonete. Porém, ainda assim, há maior absorção de impactos que na Chevrolet S10 Midnight, na qual nota-se a carroceria “gangorrando” sobre os eixos quando se passa por quebra-molas ou outros obstáculos.
O troco da S10 vem na direção, que tem assistência elétrica. A Frontier ainda tem assistência hidráulica, que vem caindo em desuso por roubar parte da energia do motor. Além de ser mais eficiente, a solução adotada na picape da Chevrolet deixa o volante mais macio em manobras. Na rival da Nissan, a direção é leve, mas nem tanto. Nas duas, os sistemas são progressivos e deixam o volante com peso correto em alta velocidade. Elas também se equivalem nas frenagens, manobra na qual não exigem espaços exagerados. Ambas têm discos ventilados no eixo dianteiro e tambores no traseiro.
Colocar as rodas na terra não é problema para essas picapes. As duas contam com tração 4×4 com reduzida, acionada eletronicamente, diferencial autoblocante, controlador de velocidade em descidas e assistente de partida em rampas. O vão livre do solo, de 22,8 cm na Chevrolet S10 Midnight e de 23,4 cm na Nissan Frontier Attack, faz com que elas dificilmente sofram esbarrões contra o solo. Os ângulos de ataque e de saída também são parecidos. Na primeira, essas medidas são de 30,6º e de 27,4º, enquanto na segunda elas são de 30,7º e de 26,1 º.
A maior capacidade de carga é da Chevrolet S10 Midnight, que transporta até 1.134 kg de peso. São quase 100 kg a mais que na concorrente, na qual o limite é de 1.040 kg. Esses números incluem sempre, além da carga, a massa dos ocupantes. As duas empatam tecnicamente no volume da caçamba: são 1.061 litros na picape nacional e 1.054 litros na Argentina. Ambas têm protetor de caçamba; porém, a Nissan Frontier Attack não traz capota marítima.
Por outro lado, o motor de menor capacidade cúbica deu à Frontier vantagem em consumo. Ela foi a mais econômica do comparativo, com médias de 11,7 km/l na estrada e de 8,3 km/l na cidade. A S10 praticamente empatou com ela em circuito rodoviário, com 11,6 km/l. Porém, ficou para trás no percurso urbano, onde fez apenas 7,6 km/l. Além de beber menos, a picape Nissan tem tanque de 80 litros, que lhe dá maior autonomia que a da S10, na qual o reservatório comporta 76 litros.
Por dentro, as duas picapes exibem acabamentos sem luxos. A Chevrolet S10 traz revestimento emborrachado em parte do painel, algo raro no segmento. Na Nissan Frontier, os plásticos são invariavelmente rígidos. Por outro lado, só ela traz enxertos acolchoados nas forrações das portas. Na Midnight, esses componentes têm aspecto simples. Além disso, o padrão de montagem da Attack é ligeiramente mais caprichado. Ambas vêm de fábrica com estofamento de tecido, sendo o da caminhonete de origem japonesa mais agradável ao toque que o da concorrente norte-americana.
Em espaço interno, as duas também estão niveladas. Não há aperto a bordo, mas em ambas os passageiros do banco traseiro sentam-se em posição desconfortável, uma vez que o assento é muito baixo. Trata-se de um mal típico de picapes médias, mas ao menos a Frontier tem encosto um pouco menos inclinado. Porém, sua maior vantagem em relação à S10 é a presença de encosto de cabeça para o quinto ocupante, inexistente na rival. A picape da Nissan ainda traz um encosto de braço ali, além de difusores de ar-condicionado dedicados: tais mimos estão simplesmente indisponíveis na Chevrolet. O cinto de segurança central traseiro é de três pontos em ambas.
Tanto o motorista da Chevrolet S10 Midnight quanto o da Nissan Frontier Attack são penalizados com a ausência da regulagem telescópica na coluna de direção. É que, em ambas, o volante só pode ser ajustado em altura. Ainda assim, a posição de dirigir é razoavelmente boa, com instrumentos visíveis e comandos à mão. As duas têm painel com instrumentação analógica completa, que inclui termômetro do fluido de arrefecimento do motor. A visibilidade também equivale-se, com bons resultados. Os retrovisores externos da S10 cobrem área um pouco maior. Ponto positivo, pois vale lembrar que, via de regra, picapes têm o campo de visão traseiro prejudicado pela caçamba.
Quanto aos equipamentos de série, as versões Attack e a Midnight estão novamente niveladas. Só a picape da Nissan traz volante multifuncional, mas tem rodas de 16 polegadas, enquanto as da rival têm aro 18. A Chevrolet abre ligeira vantagem ao oferecer vidros elétricos com um-toque em todas as janelas, ao passo que, na concorrente, só o do motorista têm essa função. Além disso, apenas ela dispõe de retrovisor interno eletrocrômico.
No mais, ambas as picapes vêm com ar-condicionado manual, travas e retrovisores elétricos, faróis de neblina, cruise-control, controles eletrônicos de estabilidade e tração. No mais, os itens destinados à segurança incluem apenas os obrigatórios airbags frontais e freios ABS. Uma incoerência: enquanto a S10 tem sensores de ré, mas não câmera, a Frontier traz o alerta sonoro, mas não projeta imagens do que está atrás do carro. Em razão do porte dos dois veículos, que têm comprimento superior a 5 metros, e também devido às já citadas limitações à visibilidade traseira, era de se esperar ambos os recursos tanto em uma quanto em outra.
A Nissan Frontier Attack tem um sistema multimídia com tela de 8 polegadas e duas entradas USB. A Chevrolet S10 Midnight tem tela menor, de 7 polegadas, e só incorpora uma entrada USB, mas contra-ataca com o sistema OnStar, uma concierge online, acionada via telefonia e gratuita por um ano. Os dois dispositivos permitem integração com smartphones por meio de Android Auto e Apple CarPlay.
Até aqui, viu-se uma disputa parelha entre as versões “vistosas” das duas picapes médias. A Nissan Frontier Attack tem rodar mais estável e confortável, é mais econômica e traz interior mais cômodo. Já a Chevrolet S10 Midnight é mais rápida, transporta mais carga e vem mais equipada de fábrica. Porém, um fator acaba desequilibrando a disputa: o preço. Enquanto a picape de origem japonesa tem valor tabelado em R$ 153.590, a adversária da marca norte-americana custa R$ 174.590.
É preciso ficar perdidamente seduzido pelo pretinho básico dos trajes da Chevrolet S10 Midnight para desembolsar uma diferença superior a R$ 20 mil por ela. Como tecnicamente não há como justificar esse degrau entre os preços de ambas, a vencedora é a novata Nissan Frontier Attack. Ainda que seu look mais radical pareça não agradar a todos, é dela o melhor custo-benefício.
Prós e contras | Chevrolet S10 Midnight | Nissan Frontier Attack |
---|---|---|
Pontos fortes | Desempenho, capacidade de carga, equipamentos de série | Estabilidade, conforto de marcha, consumo urbano |
Pontos fracos | Ergonomia, preço de compra, falta de encosto de cabeça central no banco traseiro | Ergonomia, direção menos progressiva |
Confira a galeria de fotos da Nissan Frontier Attack!
Ficha técnica | Chevrolet S10 Midnight | Nissan Frontier Attack |
---|---|---|
Motor | Dianteiro, longitudinal, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, 2.766 cm³ de cilindrada, a diesel com injeção direta e turbocompressor | Dianteiro, longitudinal, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, 2.298 cm³ de cilindrada, a diesel com injeção direta e dois turbocompressores |
Potência | 200 cv a 3.600 rpm | 190 cv a 3.750 rpm |
Torque | 51 kgfm a 2.000 rpm | 45,9 kgfm entre 1.500 e 2.500 rpm |
Transmissão | câmbio automático de seis marchas, tração 4×4 e reduzida com acionamento eletrônico | câmbio automático de sete marchas, tração 4×4 e reduzida com acionamento eletrônico |
Suspensão | dianteira independente com braços articulados sobrepostos; traseira com eixo rígido e feixes de molas semi-elípticas | dianteira independente com braços duplos; traseira com eixo rígido fixado por braços múltiplos e molas helicoidais |
Freios | discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com ABS | discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com ABS |
Direção | pinhão e cremalheira, com assistência elétrica | pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica |
Dimensões | 5,361 m de comprimento; 1,874 m de largura; 1,781 m de altura; 3,096 m de distância entre-eixos | 5,264 m de comprimento; 1,850 m de largura; 1,855 m de altura; 3,150 m de distância entre-eixos |
Peso | 2.016 kg | 2.075 kg |
Tanque de combustível | 76 litros | 80 litros |
Carga útil | 1.134 kg | 1.040 kg |
Caçamba | 1.061 litros | 1.054 litros |
Confira a galeria de fotos da Chevrolet S10 Midnight!
Fotos Alexandre Carneiro | AutoPapo (exceto quando indicado)
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Infelizmente a frontier e importada quem pode comprar tudo bem o senão será o Alto custo de peças conheço gente que teve uma destacou que e bom mas de peças e puxado