Greenpeace protesta contra Dieselgate na sede da VW
ONG se uniu a médicos em manifestação contra a poluição causada por veículos a diesel - na Europa, 80% ainda poluem mais que o permitido
ONG se uniu a médicos em manifestação contra a poluição causada por veículos a diesel - na Europa, 80% ainda poluem mais que o permitido
Um grupo de ativistas do Greenpeace se reuniu, ontem (20), na frente da sede inglesa da Volkswagen, para um protesto. A ONG (Organização Não Governamental) estava se manifestando contra o Dieselgate, escândalo de emissões de carros a diesel. Após ação, fabricante concordou em se reunir com o grupo.
Segundo reportou o Greenpeace, médicos também estavam presentes entre os manifestantes, que bloquearam a entrada de mais que 800 funcionários da montadora na sede, em Milton Keynes. Eles chegaram ao local às 7 horas da manhã, e fizeram uma barricada com móveis em frente à porta de entrada.
Os médicos montaram uma clínica de atendimento no local, para oferecer recomendações de saúde com relação à poluição por diesel aos funcionários e ao público.
Dieselgate é como ficou conhecido o escândalo das emissões que veio à tona em 2015. Testes independentes feitos nos Estados Unidos revelaram que veículos da Volkswagen com motor a diesel estavam emitindo uma quantidade de poluentes maior do que a recomendada.
Investigações subsequentes revelaram que a fabricante havia desenvolvido um software que mudava o funcionamento do motor durante os testes. Assim, quando estava passando pelo processo de homologação, o carro diminuía as emissões, o que afetava seu desempenho.
Mas, quando estava na estrada, voltava ao funcionamento normal, e podia emitir até 40 vezes mais óxidos de nitrogênio (NOx) do que o permitido por lei, agravando a poluição atmosférica.
As consequências após a descoberta foram amplas para a montadora, que já pagou bilhões de dólares em multas, processos e recalls ao redor do globo. Além disso, funcionários em níveis altos da empresa foram detidos por conexão com as irregularidades.
Hoje, sabe-se que o Grupo Volkswagen e suas marcas (Volkswagen, Audi, Porsche e outras) não era a única marca a fraudar os testes de emissão em veículos a diesel. No mês passado, a Nissan admitiu que também executava a fraude. Na Europa, Daimler, BMW, Renault e outras já estiveram ou ainda estão sob suspeita ou sendo investigadas pelo crime.
Um estudo da organização Which? revelou que quase 80% dos carros a diesel novos na Europa ainda poluem além do que a lei determina.
Apesar disso, o Greenpeace escolheu a sede da Volkswagen para fazer os protestos. Além de a marca alemã ter sido a mais marcada pelo escândalo, segundo a organização de ativistas, ela é a maior fabricante de carros a diesel na região. Dados da ONG apontam que 20% dos veículos da categoria que circulam na Europa são da fabricante alemã.
A adoção do diesel como combustível foi estimulada por governos na Europa, pois se acreditava que a alternativa era menos poluente que a gasolina. Ao contrário do Brasil, onde a lei proíbe, carros de passeio a diesel são muito comuns naquele continente.
Assim, problemas da poluição do diesel, gerados pela manipulação de informações, tem graves consequências sobre a saúde da população europeia. Um estudo científico estimou cerca de 10 mil mortes prematuras causadas pela poluição do diesel na Europa, apenas em 2015.
Segundo investigações do governo alemão, as fabricantes envolvidas com a fraude chegaram a criar uma entidade para conduzir testes com seres humanos e macacos. Os experimentos colocavam as “cobaias” em contato com gases tóxicos produzidos pelo diesel e avaliavam os efeitos causados sobre o sistema respiratório.
Após os protestos, o Greenpeace informou que a fabricante aceitou se reunir com eles, o que seria uma mudança na política em comparação ao passado. A proposta da ONG é que a marca abandone os motores a diesel e passe a investir em veículos totalmente elétricos.
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