[Vídeo] Poderosos foram beneficiados por fraude do DPVAT
O promotor do Ministério Público de Minas Gerais Paulo Márcio explica que a Líder Seguradora está, ao que tudo indica, envolvida em financiamentos políticos e em esquemas com grandes empresas, o que tem dificultado as investigações
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AutoPapo Publicado em 10/03/2018 às 12h30
Atualizado em 06/04/2018 às 11h12
No terceiro vídeo da série sobre o esquema de fraude envolvendo o seguro obrigatório (DPVAT) para veículos, o promotor do Ministério Público de Minas Gerais Paulo Márcio explica que a Líder Seguradora está, ao que tudo indica, envolvida com poderosos. Entre os beneficiados pelas irregularidades, estariam políticos e grandes empresas, o que tem dificultado as investigações sobre o caso.
As fraudes estão sendo investigadas pela operação Tempo de Despertar, deflagrada em 2015. Os indícios apontam que bilhões de reais arrecadados pelo seguro DPVAT foram desviados no esquema. As irregularidades ocorriam nas duas pontas: em uma delas, acidentes de trânsito foram forjados para possibilitar pedidos de indenização criminosos. Na outra, a falta de estrutura da Seguradora Líder permitia esse tipo de situação.
A Seguradora Líder é a responsável pelo DPVAT: trata-se de um consórcio formado 77 companhias de seguros. É ela que recebe o dinheiro e administra os pagamentos para acidentados no trânsito. Os beneficiados podem receber indenizações, por exemplo, decorrentes de morte, invalidez permanente ou de reembolso de despesas hospitalares.
[TRANSCRIÇÃO]
PAULO LEITE: A gente pode afirmar, ou supor, que existem interesses no corpo de operação, de gestão, da Seguradora Líder pela manutenção deses sistemas de fraudes? Existem interesses diretamente ligados a essa seguradora, ou a essa ficção jurídica como citou o dr. Marcelo, para que continue, esse sistema continue a ser operado?
PAULO MÁRCIO: Sem dúvida nenhuma, isso é latente, não é? E a gente investiga inclusive a possibilidade de essa empresa, ela ser financiadora de alguns interesses políticos. Então, os valores envolvidos são monumentais, nós estamos falando de algo em torno de R$ 9 milhões, R$ 10 milhões a cada ano.
Então, há uma disputa enorme de bastidores, para, desses grupos, né, para se apoderarem desses valores. Aí, a gente está falando de grupos empresariais, de grandes bancos, de políticos, de empresários… E isso é só a ponta do iceberg. Nós conseguimos levantar apenas a pontinha do tapete, e há muita coisa ainda para ser trazida à tona, e que a gente tem lutado com muita dificuldade.
Vocês não imaginam o que é que nós sofremos, não é, em razão dessas investigações. São pressões de toda a ordem para que a investigação pare no andar de baixo, ela não atinja o andar de cima. Mas a gente está determinado a chegar onde devemos chegar.
Foto Reprodução
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Fred Figueiredo
26 de junho de 2018
As fraudes e as maracutaias continuam e vão sempre continuar pois eles têm a certeza de que nada vai acontecer e continuarão ocupando seus cargos e a arquitetar outras fraudes ao bolso próprio. Pobre BRASIL.