[Avaliação] ‘Bonitão’, novo Volkswagen Jetta não ficou melhor em tudo
Nova geração ganhou equipamentos e espaço, mas perdeu um dos maiores diferenciais do sedã em seu segmento: a suspensão traseira multilink
Nova geração ganhou equipamentos e espaço, mas perdeu um dos maiores diferenciais do sedã em seu segmento: a suspensão traseira multilink
Para quem conheceu o Volkswagen Jetta da geração anterior, é fácil perceber em quê o novo modelo está melhor. Por outro lado, também dá para ver com clareza alguns pontos nos quais o sedã piorou. Entre perdas e ganhos, como o modelo ficou? No cômputo geral, consideramos que houve uma ligeira evolução. O problema é que o avanço poderia ter ido além. Confira os todos os detalhes na sequência, em nossa avaliação.
Começando pelos pontos positivos, visualmente o sedã ganhou personalidade. Por mais que gosto seja algo pessoal, o antigo Volkswagen Jetta era frequentemente criticado pelo estilo, digamos… Genérico. Pois esses questionamentos parecem ter sido levados em consideração durante o desenvolvimento da nova geração, lançada em setembro do ano passado. Sim, o modelo ainda tem design sóbrio, típico da marca alemã, mas é inegável que tenha ficado mais agressivo. Repare na enorme grade dianteira em formato hexagonal e no capô bastante vincado. Na gama do fabricante, ele é o único que traz esses elementos tão destacados. Na traseira, porém, ainda há quem ache os traços muito parecidos com os do “irmão” menor Virtus.
Vale ressaltar ainda o espaço interno. O Volkswagen Jetta sempre foi amplo, mas a área destinada aos ocupantes ficou ainda maior. No banco traseiro, é possível até esticar as pernas, e a largura do assento permite que três pessoas de acomodem com relativo conforto. Já o porta-malas permanece com 510 litros. Tudo bem: esse volume faz dele um dos maiores da categoria. O compartimento poderia ser melhor aproveitado se houvessem dobradiças pantográficas, em vez das do tipo “pescoço de ganso”. Esse mal já existia na geração anterior, mas não foi dessa vez que ele solucionado. O vão de abertura, no entanto, é bom.
O acabamento também melhorou. O painel, por exemplo, ganhou maior área emborrachada. Os forros das portas agora têm enxertos emborrachados, além de tecido, antes inexistentes. Ainda há plásticos ali, mas nem tanto como em outros tempos. Os arremates são todos bem-feitos, como convém a um sedã médio. Na versão R-Line, avaliada, destacam-se os vários pontos de luz da cabine, cuja cor é personalizável (é possível escolher entre 10 tons). Trata-se de um item raro no segmento, que transmite sofisticação.
No entanto, os ocupantes do banco traseiro logo notarão uma perda: não há mais duto do ar-condicionado dedicado a eles, capricho do qual a geração anterior dispunha. É verdade que nem todos os concorrentes diretos oferecem tal item; porém, além da ausência constituir uma piora, o difusor traseiro está presente em modelos mais baratos da própria Volkswagen, como Polo e Virtus.
Em conectividade, o Jetta deu um verdadeiro salto. O sistema de infotenimento, com tela sensível ao toque de 8 polegadas, integra-se a aparelhos smartphone por meio do App-Connect (Android Auto, Apple CarPlay e Mirrorlink). O dispositivo traz ainda navegador GPS integrado. Outro destaque, exclusivo da versão R-Line, é o Active Info Display, que reúne os instrumentos em uma tela de 10,25 polegadas. O esquema de visualização é programável, de acordo com as preferências do condutor.
Na verdade, quando o assunto é equipamento de série, o Volkswagen Jetta incorporou bastante conteúdo. A versão R-Line vem com controlador automático de velocidade, sistema de frenagem automática (que funciona inclusive em marcha-a-ré), sistema de frenagem pós-colisão e regulagem automática do farol alto. Isso além dos itens já oferecidos na geração anterior, como ar-condicionado digital com duas zonas de temperatura, luzes de condução diurna (DRL) em LED, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, sensor de chuva, seis airbags (dois frontais, dois laterais e dois do tipo cortina), bloqueio eletrônico do diferencial, freio de estacionamento eletromecânico, assistente de partida em rampa e chave presencial com botão de partida.
Quanto à ergonomia, o sedã continua ótimo. O posto de condução é excelente, com instrumentos visíveis e comandos à mão. A coluna de direção ajustável em altura e em profundidade, e o assento, também regulável em altura, fazem com que motoristas das mais diversas estaturas encontrem a postura correta para dirigir. Os bancos apoiam muito bem as pernas e a coluna, e ainda dispõem de abas laterais suficientes para “segurar” o corpo em curvas. Já o volante, conhecido de outros modelos Volkswagen, tem ótima pegada.
Na mecânica, o Volkswagen Jetta teve mais perdas do que ganhos. O motor 1.4 TSI (agora chamado de 250 TSI, em alusão ao torque máximo em Newton/Metro) é, basicamente, o mesmo da geração anterior. Só que agora ele é flex (sim, o modelo antigo só aceitava gasolina), e essa é justamente a maior evolução sob o capô. Graças à injeção direta, não há necessidade de tanquinho auxiliar ou qualquer outro sistema de partida a frio. A potência, entretanto, não mudou: são 150 cv tanto com etanol quanto com gasolina. O torque, de 25,5 kgfm, também é o mesmo para os dois combustíveis. O valor máximo é entregue em uma ampla faixa de giros, que vai de 1.400 rpm a 3.500 rpm.
O câmbio também é o mesmo, um automático de seis velocidades que a Volkswagen chama de Tiptronic. Porém, só é possível operá-lo sequencialmente dando toques na alavanca. Isso porque as borboletas no volante, presentes na antiga geração, “voaram” até na versão top de linha. Esses itens são desejáveis em qualquer carro automático, mas especialmente em um com preço de seis dígitos como o Volkswagen Jetta. Novamente, chama atenção o fato de a marca alemã disponibilizá-los em veículos bem mais baratos: até Gol e Voyage podem tê-los opcionalmente.
Mas a maior perda ocorreu na suspensão. Na traseira, onde antes havia um sofisticado conjunto independente do tipo multilink, há agora um sistema semi-independente por eixo de torção. Não que haja algo de errado com esse tipo de arquitetura. Verdade seja dita, ela é adotada pela maioria dos automóveis, inclusive na categoria dos sedãs médios. Mas sem borboletas e com uma suspensão “feijão com arroz”, o modelo perde importantes toques de esportividade, que sempre foram seus diferenciais no segmento.
Em movimento, o Volkswagen Jetta demonstra que realmente mudou um pouco de personalidade na nova geração. O rodar, por exemplo, está mais macio, evidenciando que o fabricante privilegiou o conforto durante o desenvolvimento, seguindo a tônica dos concorrentes. A vantagem disso é a maior suavidade com a qual o veículo passa por desníveis e imperfeições na pista. A desvantagem aparece na hora de fazer curvas, pois a carroceria rola um pouco mais sobre os eixos.
Ainda assim, não se pode negar que o Volkswagen Jetta tem comportamento dinâmico acima da média de sua categoria. Mesmo mais solto, ele ainda é afiado em estradas sinuosas, transmitindo muita segurança ao motorista. A direção elétrica é bastante direta e progressiva, de modo a permitir que o condutor tenha bom “feeling” do carro. A transmissão troca as marchas com agilidade e em momentos certeiros. O modo Sport faz a central eletrônica cambiar em rotações mais altas, priorizando o desempenho e proporcionando diversão para o motorista.
Contudo, mesmo no modo normal, o modelo já entrega ótimo desempenho. Seja na cidade, onde ele arranca com muita agilidade, ou na estrada, com acelerações e retomadas rápidas, não há do que se queixar quanto à performance. São os milagres do turbo, cuja eficiência já está mais que comprovada. Na hora de frear, o sistema com discos nas quatro rodas atua à altura e imobiliza o sedã com muita eficiência.
Em consumo, o Volkswagen Jetta mostrou-se razoável. Nas mãos do AutoPapo, o sedã cravou exatos 9 km/l na cidade e 12 km/l na estrada, com gasolina no tanque. São números satisfatórios para um sedã médio, mas era de se esperar mais do tecnológico motor 1.4 TSI. Provavelmente, o culpado é o peso do modelo; na versão R-Line, são consideráveis 1.331 kg de massa corporal. Já o reservatório de combustível de apenas 50 litros permite uma autonomia de não mais que 600 km.
Que o Volkswagen Jetta é um bom sedã, não há dúvidas. O modelo tem um motor vivaz em diferentes rotações, estabilidade acima da média, acabamento coerente, espaço interno generoso e, na versão R-Line, um pacotão de itens de série. Porém, o veículo poderia ser ainda melhor. Dá uma certa frustração pensar em como o comportamento dinâmico seria caso a suspensão multilink tivesse sido mantida. Ou em como as trocas de marchas seriam mais interativas se ainda houvessem as borboletas no volante. Ou ainda no maior conforto que os ocupantes traseiros teriam se ainda existissem difusores de ar dedicados a eles.
É verdade que a maior parte dos anseios dos mais saudosistas serão atendidos em breve. É que a Volkswagen já confirmou que disponibilizará o motor 350 TSI para o novo Jetta neste ano. Trata-se da conhecida unidade 2.0 turbo da marca, com 230 cv e 35,7 kgfm, que virá acompanhada da suspensão traseira multilink e das borboletas para troca de marchas no volante, além de câmbio automatizado de dupla embreagem. É pena, porém, que esses itens ficarão restritos a uma única versão, posicionada acima da R-Line, que certamente terá preço mais elevado.
Confira a galeria de fotos do Volkswagen Jetta R-Line:
Ficha técnica | Volkswagen Jetta R-Line |
---|---|
Motor | Dianteiro, transversal, flex, 1.395 cm³, com quatro cilindros, 16 válvulas, injeção direta de combustível e turbocompressor |
Potência | 150 cv (gasolina e etanol) a 5.000 rpm |
Torque | 25,5 kgfm (gasolina e etanol) entre 1.400 rpm e 3.500 rpm |
Transmissão | automática de seis velocidades, tração dianteira |
Suspensão | McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira |
Freios | disco ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira, com ABS |
Direção | assistida eletricamente |
Dimensões | 4,702 m de comprimento, 1,474 m de altura, 2,688 m de distância entre-eixos, 1,799 m de largura |
Peso | 1.331 kg |
Carga útil | 519 kg |
Tanque de combustível | 50 litros |
Porta-malas | 510 litros |
Fotos Alexandre Carneiro | AutoPapo
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Decepção com o carro um acessorio do carro.
Preciso comprar 1 pneus que por uma infelicidade rasgou com um buraco na rua.
Fui as concessionárias, fui as lojas de pneus brigston e liguei em todos os lugares possíveis para comprar 1 pneu e acabei sabendo q o pneu é importado e não tem estoque e nem tem previsão de chegar no Brasil. E ainda fiquei sabendo q 1 pneu, se eu achar para comprar custa o absurda de $ 1.850,00.
A concessionária por sua vez não me deu nenhuma satisfação e ainda disse que era pra eu comprar 1 pneu de outra marca acaso eu não queira ficar rodando com estepe… absurdo.
Brincadeira isso é Brasil… Vc compra um determinado produto e quando necessita de auxílio, ajuda, reparo e etc, não existe suporte…e nada acontece.
Um bom carro, mas a VW deixa muito a deseja no desing. Os carros são sempre muito parecidos, se colocar um Jetta, Virtus e Voyage lado a lado, vc tem que reparar bem p identificar qual é qual. Os carros deveriam ter mais identidade.
Tive o Jetta 17/17 1.4. Macio e uma ótima estabilidade. Após os oito mil km, fiz 740 km em viagem de Florianópolis a cidade de Lages/SC via serra gaucha com um tanque de combustível. Da categoria dos sedas é o mais econômico e seu motor aparenta responder mais do que seus 150 cv.
Infelizmente, desta vez, deixando a desejar.
Vamos esperar o 2.0 230cv e que venha com mais “mimos”.
O novo Ka Sedan já vem com dobradiças pantográficas mo porta-malas.
Enfim, piorou suspensão, tiraram mimos importantes como troca marchas por borboleta, ar atrás….
Virou sedã de taxista.
As ausências e deficiências do Jetta são difíceis de aceitar porém fáceis de serem entendidas: esse é um carro global, e em países que já estão no século 21 ele é um carro de entrada, não de luxo como aqui….
O autor cita que este Jetta R-Line não tem suspensão multi link, não tem borboletas atrás do volante, sem saída de ar atrás, e o motor poderia ser melhor.
Ai ele cita que vira o Jetta com estes equipamentos em breve mas coloca o preço como uma espécie de fator negativo no meu entender.
Assim fica difícil agradar a todos.
Caro Cláudio,
Então, a crítica é justamente no sentido de restringir esses itens à versão 2.0, sendo que, na geração anterior, eles equipavam toda a gama.
Abraço!