Celular ao volante é mais perigoso do que você pensa
Dirigir enquanto se escreve ou lê uma mensagem de texto a 88 km/h é o mesmo que conduzir por 110 metros de olhos fechados
Dirigir enquanto se escreve ou lê uma mensagem de texto a 88 km/h é o mesmo que conduzir por 110 metros de olhos fechados
Fazer uso do celular ao volante pode parecer loucura, mas tem se tornado um perigoso hábito que contribui para a distração do motorista. Os números apontam que, no mínimo, 21% dos acidentes no Brasil ocorrem devido à falta de atenção. Por isso, não se engane. Aquela mensagem para avisar que você está chegando pode ser a última que você mandará.
Diversas instituições internacionais têm estudado a prática do uso de celular ao volante e concluem, sem exceção, que o mal uso do celular pode levar à morte.
O órgão norte-americano de segurança no trânsito, NHTSA (National Highway Traffic Safety Administration), afirma que dirigir enquanto se escreve ou lê uma mensagem de texto a 88 km/h é o mesmo que conduzir por 110 metros de olhos fechados.
A instituição também contabiliza que 3.477 pessoas morreram no país devido à distração, apenas em 2015.
No Brasil, o cenário não é diferente. No ano passado, o estado com a maior malha rodoviária, Minas Gerais, teve 21% dos acidentes com vítimas em rodovias atribuídos à falta de atenção. Em 2014, esse número foi de 27% e em 2013, de 23%, de acordo com dados do Denatran.
A parcela, no entanto, considera o que foi oficialmente informado. O ativista e criador da ONG Trânsito Amigo, Fernando Diniz, explica que o número real é maior devido a mortes que ocorrem posteriormente, e não no momento do acidente.
“Eu não compactuo com os números oficiais do governo”, afirma. Enquanto isso, no exterior existem estudos mais compreensivos e que ilustram um preocupante cenário global.
Além da NHTSA, a Organização Mundial de Saúde (OMS) fez uma extensa análise do trânsito ao redor do mundo em 2015, concluindo que um motorista falando ao telefone tem uma chance quatro vezes maior de se envolver em um acidente, e essas chances não mudam se ele utilizar fones de ouvido.
Em ambos os casos a atenção do tipo cognitivo estará diminuída, retardando as reações do motorista, explica o documento. No caso de escrever mensagens de texto, o cenário se agrava. Ao “teclar”, também há diminuição da atenção visual e manual.
O cenário é comum no dia-a-dia, quando vemos motoristas segurando o celular ao volante e se mostrando incapazes de arrancar quando o sinal abre ou invadindo faixas de trânsito sem perceber.
“Se já existia um risco quando a pessoa usava o celular para falar, para escrever mensagem, o risco é maior ainda”, avalia o inspetor da Polícia Rodoviária Federal, Aristides Júnior. Mas apesar das evidências, motoristas continuam dirigindo e “textando”, colocando suas vidas e a vida de outros em risco.
Para Fernando Diniz, ativista da Trânsito Amigo, a razão para isso é a educação dos motoristas. “A lei, por mais abrangente que seja, continua sendo desrespeitada pelas pessoas”, aponta ele. Diniz acredita que deve haver uma mudança no comportamento dos motoristas e pedestres, pois a lei não tem atingido seus objetivos. A educação, portanto, deve partir de nós mesmos.
Como auxílio, a OMS sugere aplicativos de celular que não funcionam em velocidades superiores a 10km/h, equipamentos de segurança veicular como o aviso de desvio de faixa e a proibição por parte de empresas de que seus funcionários utilizem o celular quando estiverem dirigindo.
Outras recomendações gerais são evitar a fadiga e exercer a atenção consciente, ignorando as notificações do celular ou parando o veículo para atender a elas.
Recentemente, a Nissan também entrou na briga, apresentando o conceito de um dispositivo que bloqueia sinais de celular. O Nissan Signal Shield é um compartimento que fica acoplado ao painel e contém uma gaiola Faraday, inventada no século XIX.
Quando o aparelho é depositado dentro dela, todos os sinais de comunicação são bloqueados. Considerando o cenário, a solução simples pode ser um bom auxílio nesta guerra silenciosa.
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