Direção assistida: Euro NCAP mostra o que pode dar errado

Organização de segurança veicular testou 10 modelos equipados com essas tecnologias e provou que ainda não podemos tirar as mãos do volante

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Por AutoPapo
Publicado em 18/10/2018 às 17h04

Tecnologias de direção assistida têm se tornado cada vez mais comuns nos carros, inclusive no Brasil. Elas começaram devagar, com sensores de estacionamento, mas hoje já chegam a acelerar e frear o veículo, dando um descanso para o condutor.

Organização de segurança veicular testou 10 modelos equipados com direção assistida e provou que ainda não podemos tirar as mãos do volante.

Se, por um lado, o auxílio é bem vindo e aumenta a segurança nas estradas, ele também pode se transformar em um perigo. Os riscos foram apontados em testes do Euro NCAP, órgão de segurança veicular europeu, que avaliou alguns modelos e entrevistou motoristas.

Pesquisa mostra confusão entre os motoristas

O Euro NCAP descobriu que mais de 71% dos condutores entrevistados, a nível global, acreditam que já é possível adquirir carros que andam sozinhos, o que não é verdade. Um veículo equipado com tecnologias de assistência não é o mesmo que um veículo completamente autônomo, aponta a organização.

Assim, existe o risco de que motoristas depositem confiança excessiva nessas tecnologias, abandonando o controle do carro e colocando sua segurança e a de outros em perigo. As entrevistas apontaram que 11% dos participantes ficariam tentados a tirar uma soneca durante um percurso de estrada enquanto desfrutam dos recursos de direção assistida.

Organização de segurança veicular testou 10 modelos equipados com direção assistida e provou que ainda não podemos tirar as mãos do volante.

Outros 34% se sentiriam à vontade para mandar mensagens de texto em um celular, enquanto 33% fariam chamadas telefônicas sem uso do viva-voz. Ademais, 18% acreditam que carros anunciados como capazes de controlar o volante, frenagem e aceleração sozinhos permitiram que eles abandonassem a atenção e apenas aproveitassem o passeio enquanto o carro cuida da condução.

Por fim, apenas 51% dos motoristas acreditam que seriam responsáveis se um acidente ocorresse enquanto eles usam as tecnologias de direção assistida. Dado o conhecimento técnico necessário para compreender as limitações desses recursos, o Euro NCAP também se preocupa com as campanhas de marketing desses veículos, que podem agravar a confusão do motorista.

“Alguns fabricantes estão projetando e anunciando seus veículos de forma que os motoristas acreditam que podem abrir mão do controle. Fabricantes querem ser mais competitivos ao se referirem a capacidades ‘self-driving‘ ou ‘semi-autônomas’ em seus anúncios, mas isso está alimentando a confusão entre os consumidores”, disse Mathew Avery, diretor da pesquisa.

Direção assistida é diferente em cada carro

Outro fator de risco que se apresenta com esses novos recursos é que cada veículo terá uma resposta diferente em determinadas situações, como mostram as avaliações de modelos específico feitas pelo Euro NCAP.

Em testes anteriores, por exemplo, a organização descobriu que carros equipados com Frenagem Automática de Emergência (AEB) tinham a reação esperada quando veículos à sua frente reduziam a velocidade. Se eles encontrassem um carro parado na pista, entretanto, alguns freavam, e outros não.

Vídeo: Nissan Leaf não foi capaz de detectar carro que entrou na faixa durante simulação. Todos os modelos testados precisaram da intervenção do motorista para evitar colisões em casos específicos.

Outra ocasião que suscita um comportamento imprevisível em carros equipados com esses sistemas de direção assistida é quando um veículo à frente sai ou entra da faixa de trânsito em que o carro está. Imagine três veículos andando em linha, na mesma faixa, sendo que o último da fila é equipado com ACC. Se o segundo carro sai da via repentinamente porque o primeiro parou, o carro com ACC pode não detectar o carro parado e colidir contra ele.

Este cenário foi um dos simulados pelo Euro NCAP. O órgão testou um conjunto de tecnologias que inclui o Controle de Cruzeiro Adaptativo (ou Piloto Automático Adaptativo, ACC), sistemas de permanência em faixa (LKA), e controles de velocidade.

Os modelos testados foram: Audi A6, BMW Série 5, DS 7 Crossback, Ford Focus, Hyundai Nexo, Mercedes-Benz Classe C, Nissan Leaf, Tesla Model S, Toyota Corolla e Volvo V60. Através desses testes, a organização descobriu que todos os veículos testados – que estão entre os mais avançados do mundo – tinham falhas graves em suas tecnologias de assistência.

Eles se mostraram problemáticos especialmente no cenário de três carros em fila, ou quando um veículo entra na faixa de trânsito repentinamente. De acordo com os resultados, nenhum dos modelos evitou as colisões em todos os cenários, e precisaram de um motorista atento para assumir a direção rapidamente.

Sistema de permanência em faixa deve permitir correções do motorista

Outro cenário testado foi o de um buraco na pista, para avaliar os sistemas de permanência em faixa. Essas tecnologias identificam as pinturas na pista e fazem correções no volante para evitar que o veículo saia da faixa de trânsito em que está. Entretanto, se houver um buraco na pista, por exemplo, o motorista vai dar uma guinada com o volante e pode se desviar da faixa.

O carro não vai entender isso, mas, de todos os testados pelo Euro NCAP, o único que teve comportamento inadequado foi o Tesla Model S. Segundo os resultados, o Model S desativa o LKA se o condutor controlar o volante, criando uma “dependência excessiva” por parte do motorista.

Assim, de acordo com a organização, o ideal é que o auxílio de manutenção em faixa permita que o motorista faça correções na direção do veículo e não o leve a pensar que pode atuar em todas as situações.

Vídeo: Testamos os recursos de assistência do Jeep Compass, incluindo o AEB

Nós também pudemos conhecer mais a fundo esses recursos de direção assistida, quando fizemos simulações com o Jeep Compass na pista da FCA, em Pernambuco. Na ocasião, também apontamos que estes recursos são suscetíveis ao erro, exigindo a atenção constante do motorista.

Uma outra limitação que indicamos é que os sistema de frenagem de emergência (AEB) não são capazes de evitar uma colisão entre dois carros em direções contrárias. Ele só funciona para carros que estão andando na frente do veículo, ou seja, para evitar colisões traseiras.

Você também pode assistir a vídeos de todos os testes de direção assistida feitos pelo Euro NCAP, com cada um dos modelos, ao fim desta página.

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1 Comentário
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Fabio Pereira 20 de março de 2019

Realmente preocupante confiar demasiadamente nestas assistências, o motorista deve sempre estar atento na estrada, principalmente no Brasil

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